VERBA TUA MANENT IN AETERNUM
Rezemos pela Hungria Àquele que tem nas mãos a sorte dos povos e a vida de seus chefes
PIO XII: Os acontecimentos lutuosíssimos que atingem os povos da Europa Oriental, e principalmente a tão cara nação húngara, que está sendo nestes dias ensanguentada por um terrível massacre, comovem profundamente Nosso coração paternal; e não somente o Nosso, mas ainda o coração de todos os que têm apego aos direitos da civilização, da dignidade humana e da liberdade devida às pessoas e às nações.
Por isso, em virtude do dever de Nosso munus apostólico, não podemos eximir-Nos de lançar um apelo urgente a vós, Veneráveis Irmãos, bem como aos rebanhos confiados aos vossos cuidados, a fim de que, movidos por uma caridade fraterna, vós vos unais a Nós numa oração suplicante a Deus. Que ela faça violência Aquele que detém entre as mãos a sorte dos povos, e não somente o poderio, mas a vida mesma de seus chefes, para que se ponha termo à carnificina e que resplandeça enfim a paz verdadeira fundada na justiça, na caridade e na liberdade. - (Encíclica "Luctuosissimi Eventus", de 28-X-56).
O sangue do povo húngaro clama até Deus como o do justo Abel
PIO XII: Mas as noticias que se seguiram (após a aparente melhoria da situação na Hungria) encheram Nossa alma da mais amarga dor: eis aí, correndo novamente, nas cidades, nas vilas e aldeias da Hungria, o sangue dos cidadãos que aspiravam com toda a alma a uma justa liberdade; eis aí as instituições nacionais que, mal restauradas, de novo são abatidas
é aniquiladas pela violência, e a escravidão imposta pelas armas do estrangeiro a um povo ensanguentado. Esses trágicos acontecimentos, que provocam uma indignação e uma dor extremas não somente em todos os católicos, mas no conjunto das nações livres, Nós não podemos, na consciência de Nosso munus, deixar de deplorá-los e condená-los. Que aqueles cujas ordens causaram tais crimes considerem enfim que não se pode sufocar no sangue a justa liberdade dos povos.
Quanto a Nós, que nutrimos para com todos sentimentos paternais, declaramos que nenhum ato de força, nenhuma violência, injustamente perpetrada por quem quer que seja, pode ser justificada; é à paz, fundada na justiça, na liberdade e na caridade, e por elas mantida, que exortamos todos os povos e todas as classes sociais. Mas a palavra do Senhor a Caim — "A voz do sangue de teu irmão clama da terra até Mim" (Gen. 4, 9-10) — se verifica ainda hoje: o sangue do povo húngaro clama até Deus. E se o justo Juiz frequentemente não pune os indivíduos por seus pecados senão após a morte, Ele atinge às vezes já nesta vida — e a história o prova — os, governantes que fizeram os outros padecerem a injustiça. — (Carta Encíclica "Luctuosissimi Hungariae", de 5-XI-1956).
Em meio à perseguição, propugnadores de novidades querem unir na Polônia a Religião a um falso progresso
PIO XII — No que concerne ao vosso país, é preciso acrescentar a isso (à perseguição religiosa) os esforços crescentes desses propugnadores de novidades que pretendem uma união entre um falso progresso e a Religião Cristã, esvaziada das verdades e princípios que lhe são próprios. Causa-Nos suma dor saber que nesse país alguns se imiscuem injustamente em coisas que não lhes competem, e que, esquecidos inteiramente dos seus deveres, entram no redil não pela porta, mas por outro ponto (cfr. Ioan. 10, 1). A esses exortamos paternalmente a que, obedecendo às ordens da autoridade legitima, nisso encontrem o seu próprio bem e não prejudiquem a disciplina e os interesses da Religião. É para Nós motivo de grande pena ver que eles, por suas palavras ou seus escritos impressos, procuram contaminar os ensinamentos da doutrina cristã com opiniões errôneas que são difundidas e de certo modo impostas. Todos devem velar com maior cuidado para que a luz não ceda às trevas, mas, pelo contrário, purificada nessas próprias trevas, brilhe afinal um dia vitoriosamente. — (Carta ao Episcopado Polonês, de 8-XII1955).
Nunca sacrificar a verdade aos senhores do momento ou ao gosto dos leitores
PIO XII: O ideal consistindo portanto em conservar a objetividade mais franca, sem perder nunca o contato com o público, não podemos senão vos exortar a tender sempre para esse ideal, mas sem jamais sacrificar a verdade, o preceito divino e o bem comum para satisfazer os senhores do momento, ou o gosto dos leitores e dos ouvintes. — (Discurso aos Diretores de Agencias de Informação, de 26-X-1956).
ESCREVEM OS LEITORES
Revmo. Pe. Nicolau Baltazar, Vigário de Castro (Est. Paraná): "Às pessoas a quem dei (CATOLICISMO), para apreciarem o seu conteúdo, agradou muito a atitude de "linhas justas" (dura lex sed lex) adotada pelo intrépido pioneiro de um Catolicismo "vivo" em nossa terra.
Meus sinceros votos, mais uma vez, e muito sinceros, pela continuidade desse mentor sadio de consciências e inteligências. Colherá o Brasil católico do futuro os frutos desse árduo labor da presente sementeira".
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Revmo. Pe. Frei Celso Figueiredo, O. Carro., Braga (Portugal): "Tenho recebido com muita satisfação quase todos os números do jornal. Digo: quase todos, porque alguns não chegaram ...
Peço apresentar cumprimentos meus ao Sr. Plinio Corrêa de Oliveira, cujos artigos aprecio sempre muito, bem como a todo o pessoal de CATOLICISMO, para o qual desejo as bênçãos de Deus e os melhores êxitos sempre".
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Prof. Rafael Gambra, da Universidade de Pamplona, Madrid (Espanha): "Ya me era conocida su magnífica revista, pero puedo decirle que la lectura atenta de estos números ha sido un verdadero regalo para mi espíritu. Es confortador ver las ideas por las que tanto hemos luchado aqui expresadas con tanto vigor y maestria en los pueblos hispánicos del otro lado del mar. La única verdadera comunidad de ideales y de pensamiento que existe en el mundo la formamos, incluso en el orden político, los que pensamos y queremos con-
forme a la fe y la tradición de nuestros mayores, católicos y tradicionalistas.
Si todo en estos números me ha interesado vivamente, me ha llamado poderosamente la atención la sección titulada "Ambientes, costumes, civilizações" por la valentia y precisión con que defiende ideas fundamentalísimas pero que constituyen casi una blasfemia en el mundo igualitario y materialista que nos rodea.
Tengo el honor de remitirle unas cuartillas por si considera oportuna su inserción en la revista, sin que — si no fuera así — experimente el menor compromiso en ello.
Recibiría com muchísimo gusto esa publicación que constituye para mí un verdadero solaz en el triste ambiente espiritual de nuestra época y enmedio de todo lo que se lee y se ve prosperar".
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Sr. Joaquim Bento Ribeiro Dantas, Rio de Janeiro (Distrito Federal): "Tendo recebido de presente uma assinatura de CATOLICISMO, desejei imediatamente difundir tão extraordinária leitura; por esta razão, sirvo-me da presente para adquirir uma assinatura para uma pessoa amiga.
Na esperança de poder fazer mais pela difusão de CATOLICISMO ..."
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Sr. Antonio Bretas Carmo, Rio de Janeiro (Distrito Federal): "Quatro novos assinantes acabo de angariar, ... pessoas capazes de assimilar o sentido profundo e a alta finalidade da moderna e magnifica publicação mensal do Sr. Bispo de Campos".
AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES
Varonilidade pagã e falsa paciência cristã
Plinio Corrêa de Oliveira
Se compararmos os traços deste romano do século III de nossa era - representado em uma esplêndida escultura que se conserva no Palácio do Capitolino - com os do famoso Apolo do Belvedere, a incorreção deles se patenteia imediatamente. Deste ponto de vista, não se poderia dizer com rigor de expressão que se trate de um belo homem.
Entretanto, ninguém pode negar que uma certa sensação de beleza se desprende do conjunto de sua fisionomia. Mas é uma beleza principalmente moral. O talhe do rosto e a conformação do crânio são muito proporcionados. A fronte, as orelhas, os olhos, o nariz e a boca se adéquam reciprocamente com perfeição. Destes traços, cada uma dá uma impressão de justa medida, de força, de regularidade, que parece encontrar no olhar sua mais alta e viva representação. Olhar límpido, sereno, grave, habituado a analisar o mundo com um senso de dominação e uma confiança em seus próprios recursos, realmente admirável. Olhar que deixa transparecer uma alma de têmpera varonil, capaz de enfrentar com força e nobreza os embates e os reveses da vida.
Tal era o romano, todos o sabem. E estas foram as qualidades que ele soube comunicar às suas grandes realizações: o Império, o direito, e as obras primas de sua literatura e de sua arte.
Mas se tal era o romano, muito particularmente tal era em Roma o militar. Pois foi pelo alto teor com que possuíram as qualidades do povo, que os exércitos romanos dominaram o mundo.
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São Sebastião foi, no mesmo século III, comandante da primeira coorte sob os imperadores Diocleciano e Maximiniano. Esta tropa era a elite do exército, o qual, do ponto de vista da varonilidade, era por sua vez ( como dissemos ) a elite do povo. Não conhecemos nenhum documento capaz de nos esclarecer sobre a fisionomia do glorioso Mártir. Mas tudo leva a crer que seria ainda muito mais grave e forte do que a do romano anônimo do primeiro clichê.
E isto tanto mais quanto São Sebastião era católico. E a graça, elevando e fortificando a natureza, longe de debilitar nele as virtudes do romano, lhes dava um valor e uma intensidade incomparáveis.
Como admitir então que o nobre chefe de coorte se parecesse com este jovem, que crivado embora de flechas, se diria a um tempo a antítese da mortificação cristã e da gravidade de espírito?
Trata-se de um moço bem feito de rosto e de corpo, muito seguro de sua boa aparência, encantado de se exibir. Seu rosto tem uma expressão sentimental e caprichosa. A atitude de seu corpo é de quem está molemente gozando o sol e as brisas, um pouco cansado de estar de pé. Ele usa o tronco de árvore como confortável encosto, e arranjou um jeito de apoiar comodamente os pés em dois galhos cortados. As flechas não lhe causam a mínima dor. Nada, na sua figura, nos dá a impressão de que ele vai morrer. A lembrança de Deus e da vida eterna, a súplica para alcançar a perseverança final, a prece pela Santa Igreja, a invectiva salutar ou a palavra de bondade aos algozes, nada disto se exprime ou se representa no quadro.
Dir-se-ia que este moço, enfastiado por se achar só, está esperando que o venham buscar, a fim de volver aos afazeres da vida quotidiana.
Em última análise, trata-se de uma figura moralmente medíocre, preocupada exclusivamente consigo e com o mundo... na medida em que este lhe diz respeito. Pertence à família moral das almas banais.
Artisticamente, um grande quadro, que, aliás, se deve ao pincel imortal de Botticelli. Mas que o mestre não deveria ter intitulado "São Sebastião". Melhor teria sido apagar as flechas, figurar o jovem no nível do chão, e chamar o quadro "moço faceiro, tomando sol".
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A que estes comentários? Para fazer sentir todo o mal que a Renascença pagã fez às almas, difundindo pela arte um estado de espírito impalpável mas contagioso, capaz de contradizer discretamente todas as ideias da Igreja sobre perfeição moral.
Advertência para os católicos, postos em face das aberrações tão mais graves de numerosos artistas modernos!