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VERBA TUA MANENT IN AETERNUM

• Aderir firmemente à doutrina ascética tradicional, sem deixar-se desviar por novidades

PIO XII: Que os Superiores adiram firmemente, ademais, à doutrina ascética sólida e equilibrada, tal qual lhes foi dada pelos primeiros Fundadores e amplamente aprovada pelo uso da Igreja, e dela não se afastem por causa de algumas novidades. A razão de aderir à verdade não resulta, com efeito, do fato de que ela leve consigo a adesão geral dos homens, mas de que ela é a verdade, colocada por Deus na natureza ou revelada por Ele com bondade aos homens. Desacreditem-na alguns. É isto suficiente para que ela cesse de ser a verdade e o caminho que conduz a Deus? — (Discurso aos Superiores Gerais das Famílias Religiosas, de 11-II-1958).

• Condenável a difusão do que ofende a moral, mas tem valor artístico e técnico?

PIO XII: Não se pode também aceitar a teoria dos que, apesar das evidentes ruínas morais e materiais causadas no passado por semelhantes doutrinas, defendem a “liberdade de expressão”, não no sentido verdadeiro que acima indicamos, mas como liberdade de difundir sem nenhum controle tudo quanto se quer, mesmo que seja imoral e perigoso para as almas.

A Igreja, que protege e apóia o desenvolvimento de todos os verdadeiros valores espirituais — tanto as ciências quanto as artes A têm tido como Patrona e Mãe — não pode permitir que se atente contra os valores que ordenam o homem para Deus, seu fim último. Ninguém deve, pois, surpreender-se de que nesta matéria que requer, também, muita prudência, Ela tome uma atitude de vigilância, conforme a recomendação do Apóstolo: "Provai todas as coisas; retende o que é bom; abstende-vos de toda aparência de mal" (1 Tess. 5, 21-22).

É necessário, portanto, condenar os que ousam afirmar que determinada forma de difusão pode ser explorada, valorizada e exaltada, mesmo se falta gravemente à ordem moral, contanto que tenha valor artístico e técnico. "É verdade que a arte, — como relembramos por ocasião do V Centenário da morte do Angélico — para ser tal, não precisa necessariamente cumprir uma missão ética ou religiosa explicita. Mas se a linguagem artística se adaptasse, nas palavras e cadências, a espíritos falsos, vazios e perturbados, isto é, se, desviando-se dos desígnios do Criador, em vez de elevar o espírito e o coração a nobres sentimentos excitasse as paixões mais vulgares, ela encontraria via de regra uma acolhida favorável, mesmo que fosse apenas em virtude da novidade, que nem sempre é um valor, e da tênue parte de real que toda linguagem contém. Tal arte, todavia, se degradaria, renunciando a seu aspecto primordial e essencial, e não seria universal e eterna como o espírito humano a quem se dirige". — (Encíclica "Miranda Prorsus", sobre o Cinema, o Rádio e a Televisão, de 8-IX-1957).

• O materialismo não está só no comunismo

PIO XII: O mundo, que oferece em nossos dias tantos motivos justos de ufania e de esperança, conhece também uma terrível tentação de materialismo, muitas vezes denunciada por Nossos Predecessores e por Nós mesmo. Este materialismo não está somente na filosofia condenada que preside à política e à economia de parte da humanidade; manifesta-se também no amor ao dinheiro, cujas devastações se ampliam na proporção dos empreendimentos modernos, e que comanda, desgraçadamente, tantas determinações que pesam sobre a vida dos povos; traduz-se pelo culto do corpo, pela procura excessiva do conforto e pela fuga de toda austeridade de vida; impele ao desprezo da vida humana, dessa vida que é destruída antes que tenha visto a luz; encontra-se na busca desenfreada do prazer que se estadeia sem pudor e mesmo tenta seduzir, pelas leituras e espetáculos, almas ainda puras; está no descaso para com o irmão, no egoísmo que o esmaga, na injustiça que o priva de seus direitos, numa palavra, nessa concepção da vida que tudo regula exclusivamente em vista da prosperidade material e das satisfações terrestres. "Ó minha alma, dizia um rico, tens abundância de bens em reserva para muito tempo; repousa, come, bebe e regala-te. Mas Deus lhe diz: Insensato, ainda esta noite será reclamada de ti a tua alma" (Luc. 12, 19-20). — (Encíclica "Le Pélerinage de Lourdes", de 2-VII-1957).

• Nas escolas católicas não deve haver transigência, compromisso, ou indulgência para com a fraqueza

PIO XII: As alunas saem de vossas Casas como cristãs completas? Completas quanto ao desenvolvimento de seu ser e de suas capacidades humanas; completas quanto ao desenvolvimento resolutamente querido da vida divina? Estão elas prontas, cada uma no domínio que a Providencia lhe confiará, a assegurar seu concurso à reconstrução do mundo, nestes nossos dias em que todos suplicam, mesmo inconscientemente, que se empreenda uma transformação de estruturas, para torná-las mais habitáveis?

Em vossas Casas não se deveria transigir, aceitar compromissos, ser indulgente para com a fraqueza. O discernimento não deve significar privilégio; a moderação, lentidão; a suavidade, moleza. Preparar as jovens para julgar cristãmente o mundo: para ver como ele é de fato, para saber como ele deveria ser, para aplicar-se a fim de que ele seja conforme o ideal divino, e corresponda ao plano de Deus — eis ai os fins práticos para os Institutos católicos de instrução e educação. — (Discurso às Religiosas Assistentes da Juventude Feminina da Ação Católica da Itália, de 3-I-1958).


ESCREVEM OS LEITORES

Provocou invulgar interesse entre nossos leitores o documento que publicamos na secção de "Ambientes, Costumes, Civilizações" de nosso número 88, de abril p.p. Essa velha carta, contendo os conselhos de um comerciante português a seu filho que vinha iniciar-se na profissão neste "Império do Brazil", apresentava especial interesse também para os que se dedicam ao comércio. Por isso, com permissão de seu atual proprietário, foi ela igualmente publicada no último número do "Digesto Econômico", da Associação Comercial de São Paulo.

Diversos leitores nos manifestaram que essa carta teria valor documentário ainda maior se divulgássemos os nomes das pessoas através das quais ela chegou até nós. Vimos, pois, fazê-lo, devidamente autorizados: a carta foi copiada, do próprio original, pelo Com. Bernardino José Dias Torres de Oliveira, em 1838, conforme declaração que ele teve o cuidado de, na ocasião, lançar e assinar ao pé da cópia. Esta pertenceu depois a seu filho, Dr. José Torres de Oliveira, Presidente Perpétuo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, e, com o falecimento deste, passou para seu neto, Dr. José Carlos Castilho de Andrade, nosso redator.

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Capitão de corveta Mauricio Maggessi Susini Ribeiro, agente de CATOLICISMO no Centro de Instrução da Marinha, Natal (Est. Rio Grande do Norte): "Foi para mim um prazer e constituiu um privilégio especial haver sido escolhido para colaborar no movimento de apostolado católico exercido por meio da excelente revista CATOLICISMO".

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Sr. Atayde Gomes, Nova Odessa (Est. São Paulo): "De minha parte estou satisfeitíssimo com o jornal, máxime no que concerne aos usos e costumes antigos e novos. A posição dele é francamente conforme aos ensinamentos do Papa, e não o reputo partidário, tendencioso, como julgou uma Freira numa das páginas desse mesmo jornal" (in "Escrevem os leitores", n.° 83).

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Sr. Pedro Siqueira, jornalista, Amparo (Est. São Paulo): "Tenho lido sempre com muita satisfação esse denodado batalhador da boa causa. Como humilde escrevinhador da roça, tenho, tanto quanto possível, aproveitado das idéias aí expostas na elaboração dos meus artigos".


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Quando viviam na placidez os homens

e as coisas do comércio

Plinio Corrêa de Oliveira

Nas águas plácidas deste canal da cidade belga de Gand [*], refletem-se há séculos as fachadas típicas de alguns prédios da Idade Média e da Renascença. Prédios que dão uma singular impressão de equilíbrio arquitetônico, pelo contraste harmônico entre sua massa imponente, grave e sólida, e a decoração rica, variada e quase fantasiosa de suas fachadas.

Para que serviram primitivamente estes edifícios tão recolhidos e quase diríamos tão pensativos? Residências patrícias? Centros de estudos? Não. Eram ocupados por entidades de cunho corporativo: à extrema direita, a sede da corporação dos Barqueiros Livres; depois, a casa dos Medidores de Grãos, vizinha do pequeno edifício da Alfândega, onde os mercadores medievais vinham declarar suas mercadorias. Em seguida, o Celeiro, e por fim a Corporação dos Pedreiros.

Casas de trabalho e de negócios, pois. E nestas casas a história nos diz que se desenvolveu uma atividade das mais intensas e produtivas.

Mas a produção econômica ainda não estava envolvida pelas influências materialistas de hoje, e por isto ela se fazia num ambiente de calma, de pensamento e de fino gosto, e não na atmosfera febricitante, trepidante, irrefletida e proletarizante que tantas vezes a marca em nossos dias. Quem imaginaria para edifícios burgueses tanta nobreza, e para corporações de trabalho tanto bom gosto?

Mais do que um problema de arte, há aqui um problema de mentalidade. Segundo uma concepção espiritualista, o melhor modo de agir humano se faz com a mente, e por isto a produção econômica dá o melhor de si mesma, como qualidade e até como quantidade, quando feita na calma sem ócio e no recolhimento meditativo.

Segundo uma concepção materialista, vale mais a quantidade que a qualidade, o agir do corpo que o da alma, o corre-corre do que a reflexão, e a superexcitação nervosa do que o pensamento autêntico. E daí a atmosfera vibrante de certas bolsas ou de certas grandes artérias modernas.

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À superexcitação dos ambientes corresponde a dos homens, como o efeito à causa. Todos conhecemos este tipo de businessman que masca chicles, masca as pontas de seus charutos, quiçá rói as unhas, bate com os pés no chão, é hipertenso, cardíaco, nevrótico.

Como é diferente, este tipo, dos burgueses plácidos, estáveis, dignos, prósperos, e de olhar inteligente, que o pincel de Rembrandt nos apresenta no admirável quadro "Os síndicos dos mercadores de tecidos".

Foram homens destes que, com meios de comunicação ainda incertos e lentos, deitaram para todas as direções a rede de suas atividades e lançaram as bases do comércio moderno. Sua obra, entretanto, foi realizada na tranquilidade e quase diríamos no recolhimento. Eles ainda espelham a atmosfera peculiar aos antigos prédios que analisamos.

Lição fecunda para nosso pobre mundo, cada vez mais devastado pelas nevroses.