ESCREVEM OS LEITORES
Revdo. Clgo. Carlos Mario Paluolo, S. C. J., Instituto São Pedro, Viterbo (Itália): "Sou um assíduo ledor do seu conceituado jornal".
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Revdo. Seminarista Dilmar A. Sell, Serril (Est. Santa Catarina): "Lendo o CATOLICISMO e achando-o ótimo e instrutivo, peço enviar-me uma assinatura".
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Sr. Hermes di Ciero, São Paulo (Est. São Paulo): "Um jornal que nenhum católico pode deixar de assinar".
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Sr. José Bonifacio da Rocha, Belo Horizonte (Est. Minas Gerais): "Venho por meio desta informar que o CATOLICISMO está atrasado. Aqui é um rapaz que assinou no mês de março com um rapaz desconhecido.
Estou sentindo muita falta porque sou da JOC (Juventude Operaria Católica) e é por meio destes jornais, bons livros e boas orientações é que nós fazemos nossa ação no meio operário.
Quando assinei, o representante me deu um exemplar, depois recebi outro. Estes dois estão de mão em mão até acabar e irão acabar na cadeia ou no hospital.
Por isso lembro aos senhores a responsabilidade que temos com os nossos irmãos transviados, e se precisarem de alguma ajuda, embora eu ser operário também, mas estou pronto para ajudar até onde puder.
Por falta de tempo, vou terminar deixando o meu primeiro abraço a todos que estão trabalhando com este jornal que está reconstruindo a cidade de Deus aqui na terra para ir gozar desta mesma cidade lá no Céu.
Felicitações a todos, deste jovem trabalhador que muito lhes estima".
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D. Lucilla Gonçalves Moreira, Campinas (Est. São Paulo) : "...este ótimo jornal".
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Sr. I. P. Carvalho, São Paulo (Est. São Paulo): "Acho que CATOLICISMO é um ótimo jornal, não necessitando de mudança de espécie alguma, em qualquer um de seus setores".
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Livraria Samcarlos — Editorial Restauração, Lisboa (Portugal): "Pessoa amiga fez-nos chegar às mãos um exemplar da vossa magnífica revista, que nos pareceu susceptível de interessar um grande número de pessoas, aqui em Portugal . . ."
VERBA TUA MANENT IN AETERNUM
O Sacerdote é acima de tudo homem de oração.
JOÃO XXIII: Desejaríamos, Veneráveis Irmãos, que todos os Sacerdotes de vossas Dioceses se deixassem convencer, pelo testemunho do Santo Cura d'Ars, da necessidade de serem homens de oração, e da possibilidade de sê-lo, seja qual for a sobrecarga, por vezes extrema, dos trabalhos de seu ministério. Mas para isto é preciso ter uma fé viva, como a que animava João Maria Vianney e o fazia realizar maravilhas. «Que fé! Exclamava um de seus confrades. Daria para enriquecer toda uma Diocese!» (cfr. Arq. Secr. Vat., t. 227, p. 970).
Esta fidelidade à oração é, aliás, para o Sacerdote um dever de piedade pessoal, de que a sabedoria da Igreja precisou diversos pontos importantes, como a oração mental cotidiana, a vista ao SS. Sacramento, o rosário e o exame de consciência (C. I. C., can. 125). É mesmo uma obrigação estrita contraída para com a Igreja, no que se refere à recitação diária do Oficio Divino (C. I. C., can. 135). Talvez por terem negligenciado algumas dessas prescrições, certos membros do Clero viram-se pouco a pouco entregues à instabilidade exterior, ao empobrecimento interior, e expostos um dia sem defesa às tentações da existência. Ao contrário, «trabalhando incessantemente pelo bem das almas, o Padre Vianney não descuidava da sua. Ele se santificava a si mesmo, para estar mais apto a santificar os outros» (cfr. Arq. Secr. Vat., t. 227, p. 36). — (Encíclica «Sacerdotii Nostri Primordia», de 31-VII-1959, no centenário da morte do Santo Cura d'Ars).
Por amor da paz deve a Igreja ceder ante as arbitrariedades do poder laico?
PIO IX: Como sabeis, filhos muitos amados, os tempos correm cheios de hostilidade para com nossa divina Religião, seja em virtude da guerra que por toda parte se desencadeia contra a Igreja Católica e sua Sé Apostólica, seja em virtude da incúria ou mesmo da negligência desses homens cujo poder deveria levar a socorrê-las e protegê-las de maneira muito especial. Estes tempos estão repletos de perigos para todos os fiéis por causa da habilidade com que, de regra, são dissimulados os ataques e pela qual se lhes ilude a boa fé ou a indolência. Tudo o que se pode imaginar ou ousar contra as verdades santas é revestido de aparências e formas jurídicas, de tal sorte que não é difícil persuadir pessoas cegas de que tudo o que é feito o é mais para assegurar a autoridade do poder laico do que em ódio à Igreja, não havendo, portanto, nenhuma razão para alguém insurgir-se contra decretos desse gênero; e também é fácil convencer tais cegos de que se pode chegar a resolver mais facilmente os litígios suprimindo de parte a parte todo excesso nas reivindicações.
Não há erro mais perigoso. Ele coloca a Igreja na incapacidade de intervir nos assuntos seculares e, quando se trata do poder laico, de refreá-lo: de modo que se chega à conclusão de que não é mais o pastor que conduz as ovelhas, mas estas é que devem guiá-lo. Pretende esse erro que a Igreja, constituída pelo Senhor como guardiã e protetora do direito divino, deve desistir de sua defesa e, por amor da paz, submeter-Se ao arbítrio do ocupante do poder, assim como o poder laico deve renunciar às usurpações e moderar sua presunção: como se fosse possível comparar o justo com o injusto, o verdadeiro com o falso, Cristo com Belial. A malícia intrínseca deste erro junta-se um novo perigo proveniente de seu caráter exterior. Com efeito, tal erro se harmoniza perfeitamente com a prudência da carne; e é igualmente cômodo para a fruição pacífica das riquezas e para favorecer a apatia dos que temem os homens investidos do poder, ou se esforçam por obter-lhes os favores. —(Carta «Infensa Prorsus», ao Congresso Católico de Viena, de 19-VII-1876).
COMENTANDO...
Publicidade e Revolução
Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira
Recentemente, "O Globo", do Rio de Janeiro, publicou uma curiosa nota, que mostra a sabotagem publicitária feita em torno dos discos clássicos.
É enorme, escreve o redator especializado daquela folha, a propaganda de que são objeto as gravações populares. Logo que estas saem a lume, as editoras enviam, gratuitamente, um exemplar para cada estação de rádio e televisão das principais cidades do país. Com uma persistência de irritar, os revendedores passam o dia todo matracando, na vitrola da porta, as mais recentes produções do gênero. Ai dos escritórios situados nas proximidades, pois são forçados a ouvir aquela cacofonia infernal durante o dia todo.
Nada disso acontece com os discos clássicos. Os pedidos feitos às fabricas são atendidos com atraso e em quantidade inferior à solicitada, contrastando com o fornecimento sempre rápido e abundante das composições populares. Só muito raramente as editoras oferecem tais gravações às estações de rádio e televisão. Nem mesmo as emissoras que só transmitem músicas clássicas costumam recebê-las dos gravadores. Tal é a diferença de tratamento publicitário entre um e outro gênero de discos, que essas emissoras recebem em quantidade os de música popular, que sabidamente nunca irão transmitir, enquanto se lhes dificulta a obtenção dos clássicos.
O referido artigo, subscrito por Zito Baptista Filho, depois de citar o depoimento de comerciantes do ramo, chega à curiosa conclusão de que as gravações clássicas "se vendem com maior facilidade", e até "se incluem entre os artigos de mais fácil vendagem".
Espíritos dados a malabarismos de raciocínio poderiam encontrar explicações muito cabíveis para tais fatos. Não desejamos aqui entrar em discussão com gente assim. Queremos apenas indicar a nossos leitores, através deste exemplo frisante, como a propaganda, uma das colunas mestras da civilização moderna, sabe ser frequentemente uma aliada importantíssima da Revolução. Pois distribuindo a rodo a chamada música popular, que em geral é baixa, sensual e deletéria, não está ela promovendo a difusão do mau gosto e de diversos vícios? Pode um católico permanecer indiferente à profunda ação revolucionaria exercida, em todos os campos, pela publicidade hodierna, que se vai tornando cada dia mais imoral e dissolvente?
OPORTUNO DESMENTIDO DA NUNCIATURA APOSTÓLICA
A imprensa diária publicou, em novembro p.p., a seguinte nota da Exma. Nunciatura Apostólica:
"Nas recentes polêmicas da imprensa a respeito do filme Les Amants, foi envolvida também a Augusta Pessoa do Santo Padre João XIII, do qual se disse que, quando Cardeal Patriarca de Veneza, não teria expressamente proibido a exibição do filme em questão, ou teria mesmo permitido sua apresentação.
Tratando-se de afirmação tão absurda, a Nunciatura Apostólica não julgou necessário desmenti-la. Todavia, como a mesma afirmação foi feita, embora em forma dubitativa, em documentos emanados pela autoridade judiciária, a Nunciatura Apostólica julga necessário declarar o seguinte:
1º) É de todos conhecido que à Autoridade Eclesiástica faltam meios para proibir a exibição de filmes imorais, e é igualmente certo que nem em Veneza, nem no Rio de Janeiro, se solicita a previa autorização da Autoridade Eclesiástica para a exibição dos filmes.
Pelo simples fato de que em Veneza foi exibido o filme em apreço, não se pode deduzir que houve um prévio consenso do Cardeal Patriarca, assim como pelo fato de o filme estar sendo exibido no Rio de Janeiro, não se pode deduzir que a Autoridade Eclesiástica o tenha aprovado.
2º) Resulta positivamente que a Autoridade Eclesiástica de Veneza condenou a imoralidade dos filmes apresentados no 19º Festival (entre os quais o filme Les Amants), como se depreende do órgão oficial da Ação Católica, publicado pela Cúria Patriarcal de Veneza.
3º) Com explicita aprovação do Cardeal Roncalli, o Oficio Católico Internacional do Cinema (OCIC) e o Centro Cinematográfico Italiano (CCI) suspenderam no ano passado a entrega dos seus prêmios precisamente em consideração da inusitada imoralidade das películas apresentadas no 19º Festival".
AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES
O riquíssimo significado moral de singelos objetos caseiros
Plinio Corrêa de Oliveira
O perfil expressivo desse homem recostado em sua poltrona conserva restos. da força de outrora. Algo de imponderável e muito nítido faz ver que se trata de pessoa gasta, um velho talvez, ou alguém que se acha na orla da velhice, e que a doença ou as saudades consumiram precocemente. Em torno dele, e lhe servindo de moldura, quanta coisa fala, pela voz dos objetos aprazivelmente caseiros, nessa penumbra acolhedora, feita de sombras fraternalmente harmonizadas com um esplendido jorro de luz matutina! Em uma palavra, quanto ambiente pode haver num simples quarto de velho!
Dessa poltrona feita para um repouso com dignidade — "otium cum dignitate" — esse homem, inundado numa luz que brilha sem queimar, vê pela janela largamente aberta, todo um panorama. Situação propícia para considerar de longe e de cima as pessoas, as coisas, o passado e a vida. Precisamente as grandes considerações que são a distração dos velhos, o fruto mais alto de sua experiência, e sua melhor preparação para a eternidade.
Reflexões tais exigem um habitat cheio de quietude, em que a alma possa voar para altas regiões, e as coisas sirvam amavelmente o corpo, para que ele não a perturbe. Os olhos podem pousar distendidos, nessas penumbras bizarras e amigas, em que objetos familiares patenteiam uma beleza despretensiosa e afável. Sobre uma forte mesa de madeira entalhada, um pãozinho que resta da última refeição, uma jarra pitoresca, umas grandes flores um pouco rústicas. Tudo é decente, agradável, sério e ao mesmo tempo ameno. E quando a alma, cansada de considerações mais altas, quer distrair-se, tem realmente com o que se entreter. Tem o gatinho que representa no quadro o fator de vivacidade, graça e fantasia. Tem o chão de pedra ou tijolos, cujos retângulos trincados têm tanta graça à luz do sol, tem a mesa que evoca tantas refeições familiares de outros tempos, tem as flores que constituem uma nota de animação e alegria, tem cada uma destas coisas e, muito mais do que isto, tem o conjunto delas todas, isto é, tem ambiente...
Nada é superlimpo, nem superarranjado, nem visa parecer mais rico do que é.
As coisas são o que são, e formam uma atmosfera carregada de significados morais, tão proveitosa para a alma quanto o são para o corpo o ar livre e o sol que o ancião como que sorve a largos haustos.