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Revolução e Contra-Revolução

A SANTA SÉ ENVIA CARTA DE ENCÔMIOS A UM VALOROSO ORGÃO CONTRA-REVOLUCIONÁRIO

Continuação

respeito universal fosse levado ao cadafalso, a encenação não seria maior.

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Exageramos? Pouco depois de Chessman ser executado, morria vítima da longa perseguição moral que vinha sofrendo por parte do governo iugoslavo, o Cardeal Stepinac, Arcebispo de Zagreb.

Os papéis estavam invertidos em relação ao processo Chessman, pois a vítima era sem mácula, e os bandidos tinham sido seus juízes. O julgamento fora faccioso, baseado na calúnia, e inçado de irregularidades. O falecimento do benemérito Príncipe da Igreja despertou por certo manifestações de pesar. Mas quanto menos calor, quanto menos vibração, no rumor universal que o fato causou! É que a barulheira humanitária e revolucionária não se fez ouvir com a costumeira intensidade a este propósito. O Cardeal Stepinac teve sua morte cercada pelo soluço discreto e nobre dos corações realmente católicos, não pelo pranto e pelos uivos teatrais das carpideiras da Revolução.

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Fidel Castro é sem dúvida, hoje em dia, um dos filhos diletos da Revolução. Por isto, pode praticar em sua terra as maiores crueldades e as arbitrariedades mais evidentes, atentar indiferentemente contra a vida e propriedades, que a algazarra organizada quando da execução de Chessman não se levanta em prol das vítimas do ditador cubano. Há protesto, sim, mas se por um só homem se fez tanto, o que deveria ser feito a propósito das violências de que estão sendo vítimas tantos e tantos outros? A desproporção entre a desaprovação comedida e por vezes um pouco formal às arbitrariedades de Castro, e a maré montante de impopularidade que cercou a execução de Chessman é evidente. O humanitarismo laico e revolucionário não chora, ou quase não chora, os perseguidos de Cuba. É que estes são vítimas da Revolução. Sempre a mesma contradição, o uso de dois pesos e de duas medidas.

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A “sensibilidade” de Nikita Kruchev está bem de acordo com este miserável modelo.

Desejoso de tirar proveito, cinicamente, da fraqueza dos povos que se vão proclamando independentes na África, o tirano soviético se encheu de zelo, há pouco, pelas violências que, alegou ele, os belgas tinham realizado no Congo. Paladino do princípio de que cada povo tem direito a ser independente, K. exigiu a imediata retirada das tropas européias daquela região. Entretanto, as atrocidades praticadas pelos soviéticos contra populações da Alemanha Oriental, da Polônia, da Hungria, da Rumânia, da Bulgária, da Albânia, o estado de sujeição vergonhosa em que elas se encontram, nada disso parece perturbar a consciência do senhor do Kremlin.

A explicação é simples: a consciência de Kruchev já está habituada a contradições destas. Mas causa estranheza ver que há na opinião mundial todo um filão humanitarista e laico que, sem dizer-se comunista e talvez sem o ser, se porta ante os fatos precisamente como K. São as unilateralidades e as injustiças da Revolução.

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As atrocidades de certo nativismo extremista africano devem despertar a censura de toda alma bem formada, sejam quais forem suas preferências no caso congolês. Entretanto, quanta desproporção entre a repulsa provocada em certos ambientes pelos execráveis atentados ocorridos no Congo, em que morreram ou foram torpemente violadas muitas vítimas inocentes, e a revolta despertada pela execução de um sentenciado como Chessman! É que o colonialismo – pense-se dele o que se pensar – vem sendo um “leitmotiv” da Revolução contra seus adversários. E, pois, contra ele tudo se pode fazer sem que chorem as carpideiras de que falamos.

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Outro exemplo frisante. Em um semanário de Roma, o “Corriere della Domenica”, lê-se a notícia de que 50.000 italianos residentes em Tunis foram ultimamente obrigados por Burguiba a deixar aquele país. Para se calcular a violência que esta medida do chefe de Estado da Tunísia representa, basta imaginar o que seria a expulsão de 50.000 estrangeiros do Brasil.

O fato, entretanto, passou despercebido e não suscitou a costumeira orquestração de protestos, comícios e moções de solidariedade em favor das vítimas. É que ele está no programa de exploração anticolonialista da Revolução.

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Outra ocorrência recente, noticiada esta em jornais brasileiros. Declarou-se subitamente um incêndio em um bosque junto à praia de banhos de Chenua, a 80 quilômetros de Argel. Ao mesmo tempo terroristas argelinos se puseram a fuzilar os banhista. O incêndio fora provocado por eles para facilitar a ignóbil matança.

Se nos anais da Inquisição espanhola algo de parecido se encontrasse, que barulho, que terrível e justificadíssimo barulho fariam certos historiadores. Mas o fato ocorreu como efeito da exploração do anticolonialismo pela Revolução. As carpideiras se calaram.

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Importa registrar com aplausos as afirmações que o Sr. John Diefenbaker, primeiro ministro do Canadá, fez no Parlamento de seu país sobre a política desenvolvida pela URSS no Congo.

Considerando as consequências da independência congolesa, em razão do modo por que foi ela levada a cabo, o “premier” canadense acentuou que “a anarquia, o caos e as perturbações econômicas oferecem terreno propício ao comunismo”, e que a política de Moscou na antiga colônia belga refletia a mesma “atitude beligerante e vociferante tantas vezes aplicada em diversas partes do mundo”.

São palavras claras e categóricas, que cada vez se vão tornando mais raras nos lábios dos chefes de governo ocidentais quando se referem ao comunismo.

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Ora, se todo o congo está convulsionado, essa convulsão não atingiu a riquíssima província de Katanga, que deseja separar-se da nova república e formar um Estado independente e ordeiro. Bem entendido, este desiderato não convém à Revolução, à qual importa a generalização do caos. Resultado: há muita gente que acha normal que o Congo queira ser independente da Bélgica, em nome do princípio da autodeterminação dos povos. Mas que ao mesmo tempo se indigna porque Katanga quer ser independente do Congo. Por que aquele princípio vale em um caso, e não no outro? Mais uma vez, dois pesos e duas medidas. É a lógica da Revolução.

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Ao Congresso Eucarístico Internacional de Munique não puderam comparecer os Cardeais, Arcebispos e Bispos que residem por detrás da cortina de ferro. Violência abominável à liberdade que têm aqueles Prelados, em virtude de sua missão divina, de se reunirem em qualquer parte da terra a seus outros irmãos, para adorar Jesus Sacramentado. Se algum país proíbe uma delegação de ir à Rússia, as carpideiras veem nisto um crime. Mas quanto aos Bispos silenciaram.

Dois pesos, duas medidas...

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Com prevíramos, a agitação e a desordem se vão apoderando gradualmente da Coréia do Sul. Elas vêm tomando tal vulto, que foi necessário retardar a instalação do Parlamento eleito depois da queda de Rhee.

A minoria que derrubou o velho estadista não se conformou com a composição do novo Congresso, pois vários partidários dele foram reconduzidos a este pelo voto popular. Daí a realização de violentos comícios de estudantes partidários do governo, para protestar contra as eleições, sob a alegação de que foram fraudadas pela oposição. É nesse clima que se vão realizar as eleições suplementares em uma dezena de distritos. E ao mesmo tempo a efervescência política se agrava em virtude de uma funda cisão nos meios governamentais.

A quem aproveita toda essa desordem, senão aos comunistas encastelados na Coréia do Norte?

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Já que temos falado da duplicidade de pesos e medidas de que faz uso a Revolução, registremos aqui mais uma observação neste sentido.

Está nos dogmas revolucionários que o voto popular é soberano. Por que então não podem os coreanos eleger adeptos de Syngman Rhee? O povo é soberano para apoiar os partidários da Revolução não porém para favorecer os que criam obstáculo a ela... É isto a soberania?

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Na Turquia, também, a Revolução vai colhendo frutos dos últimos acontecimentos. As novas autoridades se têm mostrado drasticamente laicistas, procurando afastar da vida do Estado qualquer influência religiosa.

A laicização é sempre uma obra utilíssima para a penetração comunista. Pode-se calcular com quanta satisfação os dirigentes de Moscou presenciam os esforços laicizantes do novo governo turco.

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Merece registro altamente simpático o fato de que quatrocentos exilados cubanos fixados no México fizeram, no dia 1º de agosto, uma peregrinação à Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, a fim de orar por sua pátria e protestar contra a infiltração comunista que ali se processa.

Todos os verdadeiros católicos se devem sentir intimamente unidos de alma e coração a seus irmãos cubanos, e devem orar à gloriosa Padroeira da América Latina para que liberte Cuba e preserve do comunismo todas as jovens nações deste continente, em cujas veias corre sangue ibérico e cristão.

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Enquanto os Estados Unidos tomam em face de Fidel Castro uma atitude vacilante e fraca, é mais uma vez a Igreja que se ergue contra a Revolução. A Pastoral do Episcopado cubano sobre as infiltrações bolchevistas na nobre e infeliz ilha marcará por certo uma etapa nova na luta anticomunista na América.

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Um valoroso paladino da Contra-Revolução, a revista “Cruzado Español”, de Barcelona, recebeu há pouco do Emmo. Cardeal Domenico Tardini, Secretário de Estado de Sua Santidade, a seguinte carta, datada de 15 de janeiro p.p., que nos comprazemos em transcrever:

“Señor Director:

Me es grato significarle que el Augusto Pontífice ha recibido con paternal benevolencia los números de la Revista “Cruzado Español” correspondientes a los años 1958-1959 que Vd. ha querido enviarle en testimonio de devoción.

Por este homenaje filial Su Santidad le queda vivamente agradecido; y, mientras pide al Señor asista a cuantos, desde las páginas de esa Revista, trabajan con el noble empeño de difundir la verdad, se complace en otorgarles la Bendición Apostólica.

Al agradecerle el volumen de “Cruzado Español” que me ha dejado, le manifiesto las seguridades de mi consideración profesándome, de Vd. afectísimo en el Señor,

a) D. Card. Tardini”.

AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Elegância e destreza vencendo a força e a matéria

Plinio Corrêa de Oliveira

Um nobre polonês, o Conde S. K. Potocki (1752-1821) participava de uma caçada em terras do Rei de Nápoles, quando lhe mostraram um cavalo tido por indomável. O Conde tirou incontinenti o casaco, e montou o animal bravio, que se deixou subjugar por ele. David, o grande pintor francês, representou a cena no momento em que Potocki dava por consumada sua vitória.

O cavalo, dotado de uma musculatura admirável e cheio de uma estupenda vitalidade, parece espumar ainda sob o jugo do cavaleiro. Este, dando embora impressão de quase franzino em relação à montaria, se mantém sereno, elegante, inteiramente senhor de si e do animal, e saúda os que aplaudem seu triunfo.

Símbolo admirável da vitória do espírito sobre a matéria, do homem sobre o bruto.

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Que belo tema de meditação para os homens de uma época como a nossa, que tão frequentemente se deixam dominar, já não pelo animal, mas por algo que na ordem dos seres lhe é muitíssimo inferior, isto é, pela máquina.