P.02-03 | REALIDADE |

A realidade concisamente


Fila de moscovitas. Esta triste e antiga realidade agravou-se há alguns meses com um novo racionamento, .pois escasseiam o sabão, o açúcar e o pão.


Dos candidatos e suas mazelas

O silêncio (total ou relativo) de certos partidos políticos sobre o empreguismo e as estroinices das estatais brasileiras causa assombro. Lula vem a público para declarar: "O Governo [brasileiro] não pode despedir ninguém sem que os dispensados tenham emprego garantido aqui fora ".

Não menos desconcertante, nessa linha, é a declaração do candidato Collor de Mello sobre as estatais: "Privatizá-Ias não significa necessariamente transferir o patrimônio público para a propriedade privada".

A proposta de Lula é semelhante, pois ele também afirma que deseja apenas tornar as estatais mais eficientes [sic].


Bancarrota soviética

O agrônomo russo Vladimir Tijonov propôs o fim do arrendamento das terras e a entrega da propriedade aos agricultores como única solução capaz de evitar a fome coletiva no País daqui a um ano.

Por sua vez, Leonid Abalkin, supervisor da reforma econômica gorbacheviana, advertiu: as estatais russas terão de despedir entre doze e quinze milhões de trabalhadores antes do ano 2000, pois se o déficit anual do Governo (avaliado em cem milhões de rublos) não for reduzido, jamais cessarão o racionamento e as intermináveis filas para a compra de alimentos.

Aliás, o próprio primeiro-ministro Nicolai Rizhkov afirma serem nada menos que nove mil as estatais que causam prejuízo ao País!


Bancarrota soviética-II

Nas cercanias de Moscou, o racionamento de sabão vigora desde abril. Cada pessoa só tem direito a uma barra de sabão e 800 gramas de sabonete - não por semana ou mês, mas por ano! Também o açúcar está racionado e em muitas padarias falta pão. Para comprar certos gêneros, é preciso recorrer aos mercados populares, onde um quilo de tomate do Azerbaijão custa mais do que um salário-mínimo!

O economista soviético Nikolai Shmelev desabafa: "Não há alternativa para nós. Tentamos tudo, inclusive campo de concentração. Tudo se mostrou ineficiente. Fundar a economia de mercado é uma questão de sobrevivência para nós"

A revista russa "Novo Myr" traduz o sentimento popular nestes termos: "O passado é vergonhoso, o presente é horrível e o futuro imprevisível".


Lúcifer em moeda

Cada vez mais o satanismo vai penetrando no mundo moderno.

Informa a revista suíça "Saka Informationen" que a nova moeda francesa de dez francos apresenta, nada mais nada menos, do que a figura de Lúcifer.

Num dos lados da moeda estão as palavras "liberdade, igualdade, fraternidade!", lema da Revolução Francesa. O outro lado mostra a figura de um homem nu, com asas. Sua mão direita segura uma tocha. Ora, em latim, a palavra Lúcifer significa "porta-luz". A esquerda tem o punho cerrado.

O pé esquerdo está sobre uma esfera, que representa o Globo terrestre, sobre o qual Lúcifer exerce seu poder.

A análise mostra que a figura assim representada não pode ser a de qualquer dos deuses mitológicos, mas sim a de Lúcifer.


Estatais, causa da dívida

O Estado brasileiro detém atualmente "ativos econômicos estimados em 200 bilhões de dólares que, se transferidos para a iniciativa particular, a questão da dívida externa poderia ser tranquilamente negociada, pelo processo de deságio. Isto está acontecendo, com sucesso, no México ". O pronunciamento é de fonte autorizada: Paulo Knippel Galletta, secretário do Conselho Federal de Desestatização, durante o II Seminário Internacional sobre Desestatização e Privatização, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas.

Segundo Galletta, o grande problema da economia brasileira é a contradição entre o setor privado, responsável por 80 por cento do saldo da balança comerciai, e "um aparelho estatal que detém 90 por cento de uma divida externa estimada em 114 bilhões de dólares".


Modas tradicionais no país da modernidade

Barbara Bush, a nova Primeira-Dama norte-americana, leva com naturalidade sua condição de avó. Não pinta os cabelos, não usa calças compridas, deixa-se fotografar com os netos e usa vestidos de corte clássico. Já no dia da posse do marido, usou luvas brancas. Comentário de Val Cook, da loja grã-fina Saks-Jandel: "Está havendo uma volta a modas antigas; as luvas brancas são muito expressivas disto". Em Washington, comenta-se que Barbara Bush será uma das inspiradoras da moda feminina nacional nos próximos anos.


| EDITORIAL |

Assestando o foco nos pontos nevrálgicos

HÁ JÁ ALGUM TEMPO, crescente número de homens da rua - estimulados por certa propaganda que se tornou mais intensa com o declínio da guerra fria - julga que os anticomunistas são antipáticos por serem negativistas. Declaram-se hostis a todo negativismo, sem se darem conta, talvez, de estarem tomando eles próprios uma atitude negativista em relação aos que assim rotulam. Reservam para si o monopólio do negativismo simpático. Mais ainda, facilmente otimistas, sonham com a perspectiva, que julgam próxima, de poderem etiquetar os anticomunistas já não só de antipáticos e negativistas, mas também de anacrônicos e mesmo inúteis.

POR QUE PRÓXIMA? Domina-os a vaga, mas viva impressão de que a política de Gorbachev está assentando as premissas de uma confraternização universal. Liberalizada a sociedade russa, supõem arbitrariamente esses otimistas que a prosperidade lhe viria aos borbotões, e com ela o apaziguamento mundial. Os blocos militares tornar-se-iam anacrônicos. Com o deperecimento do comunismo faminto e agressor, seu antídoto amargo, o anticomunismo, perderia razão de ser. O mundo, livre das rigidezes das posições dogmáticas e absolutistas, ingressaria então na era da boa-vontade, por meio do diálogo confiante, construtor do consenso.

COM PROFUNDA penetração-psicológica, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira analisa nesta edição as raízes mais recônditas desse estado de espírito, generalizado em todo o Ocidente, e que vai conquistando perigosamente parcelas crescentes da opinião brasileira. Aponta suas incoerências, os sonhos utópicos de que se alimenta, e os pesadelos que trará, mas dos quais seus adeptos imaginam escapar apoiando a distensão promovida pelos estrategistas do Cremlin.

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TAL MANOBRA tem uma de suas facetas mais atuais na Polônia. Ali começa um ensaio, ainda cheio de enigmas, de comunismo liberalizante. Para a ribalta da cena foi empurrado o sr. Tadeusz Mazowiecki, o Chefe de Governo escolhido em comum acordo por "Solidariedade" e o PC polonês. Mazowiecki é um militante da esquerda católica. Vinte e cinco anos atrás tomou parte na ofensiva publicitária desencadeada na Polônia contra o estratégico livro "Acordo com o regime comunista. Para a Igreja, esperança ou autodemolição?" do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. As teses do estudo, muito especialmente a iliceidade moral da convivência estável entre a Religião católica e o regime comunista, aplicam-se hoje ao cerne da parábola polonesa, que pode, a qualquer momento, ser lançada propagandisticamente como fórmula para um mundo em que os dois blocos se aproximam.

FINALMENTE, "Catolicismo" apresenta mais uma palavra elucidativa sobre a atual situação brasileira. Um artigo ágil e bem fundamentado desfaz mitos a respeito da extensão da pobreza em nossa Pátria, tão úteis para a esquerda, obstinada em velhacamente ocultar que a aplicação de suas desgastadas receitas sempre generalizou e agravou a miséria.


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