grada Congregação de Seminários e Universidades. Nela, o Cardeal Pizzardo e Mons. Dino Staffa, respectivamente Prefeito e Secretário daquele Dicastério, depois de elogiar vivamente o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e desejar uma larga difusão para "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" (edição já ampliada), qualificam esta obra como "um eco fidelíssimo de todos os Documentos do Supremo Magistério da Igreja, inclusive as luminosas Encíclicas 'Mater et Magistra' de João XXIII e 'Eclesiam Suam' de Paulo VI".
Neste momento, em que a ardilosa trama comunista parece obter sucesso na Polônia, a atualidade de "A Liberdade da Igreja no Estado Comunista" torna-se candente.
Em face da parábola polonesa - pois é claro que esta fórmula ultrapassa de longe os limites daquele país (3) - os católicos do mundo inteiro são chamados a pronunciar-se sobre as teses da memorável obra focalizada neste artigo.
Aquém e além cortina de ferro (4) é preciso estar alerta e resistir, não se deixando iludir por fórmulas tiradas da cartola comunista - como a "coexistência pacífica" - as quais só conduzem à defecção e à apostasia geral, como tão magistralmente o prova no mencionado livro o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Juan Gonzalo Larrain Campbell
Manifestações contrárias ao governo comunista, como esta promovida por "Solidariedade ", na capital polonesa, em agosto último, prepararam o clima para a ascensão de Tadeus Mazowiecki ao cargo de primeiro-ministro.
"Perguntei aos que me rodeavam quem era afinal o entrevistado: Waleza ou Mazowiecki?"
QUANDO, A PARTIR de agosto de 1980, os holofotes de toda a imprensa ocidental enfocaram Walesa - e o iluminaram depois, com especial solicitude, durante sua visita a Roma, em janeiro de 81 - dirigia naquela cidade o Escritório de representação das então 13 (hoje 15) TFPs, o Sr. Paulo Henrique Chaves, sócio da TFP brasileira.
A atualidade candente que tem tomado a questão polonesa gira em função de um único aspecto: a concretização da coexistência comuno-católica - que chegou ao seu zênite com a indicação, em agosto, do Sr. Tadeusz Masowiecki, católico de esquerda, para primeiro-ministro - a qual já germinava, bem discernida pela imprensa, na referida visita de Walesa à Cidade Eterna. Assim, ninguém mais indicado que o encarregado naquela ocasião do "Ufficio" TFP para apresentar ao vivo - através de uma entrevista - a nossos leitores, alguns aspectos até agora desconhecidos da referida visita.
O diálogo travado entre o Sr. Paulo Henrique Chaves e Walesa (bem como a interferência de seu assessor) foi gravado pelo encarregado do "Ufficio" TFP, encontrando-se em seu poder a fita magnética.
"Catolicismo" - Qual foi sua impressão sobre o ambiente criado na Itália pela estadia de Walesa, em janeiro de 1981?
Paulo Henrique Chaves - Tenho viajado por quase todos os países da Europa, passando vários anos na França e na Itália, como também por algumas nações da América do Sul. Em todos eles, acompanhei com muita atenção o acontecer religioso, político, social e econômico, participando de numerosos congressos, cursos, conferências, entrevistas etc., e nunca, em minha vida, presenciei uma orquestração publicitária melhor montada pela mídia do que a organizada para Walesa. Por uma longa experiência adquirida na TFP, notei logo que se tratava de um show publicitãrio de grandes proporções. Convencido disso e com natural curiosidade, como jornalista credenciado em Roma, participei da entrevista coletiva de imprensa que Walesa concedeu, e fiz-lhe algumas perguntas.
"Catolicismo" - Quem estava presente à entrevista, e onde se realizou ela?
PHC - Realizou-se na Sala de Imprensa Estrangeira, no centro de Roma, um lugar muito prestigioso. Havia cerca de 300 pessoas entre jornalistas, sindicalistas e outros. Somente no início da entrevista, quando o coordenador da sessão apresentou Walesa aos jornalistas, tomei conhecimento de que junto a ele estava o Sr. Tadeusz Mazowiecki, o qual, para surpresa minha, faria o papel de "anjo" da guarda de Walesa.
"Catolicismo" - Quais foram as perguntas que o Sr. fez a Walesa?
PHC - Podem resumir-se a uma só, dividida em quatro pontos: a) eu me encontrava ali representando mais de dez publicações das Sociedades de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, dos Estados Unidos, Brasil e outros países; b) tinha em mãos dois livros: "A Igreja e o Estado Comunista, a coexistência impossível" (cujo título original é "A liberdade da Igreja no Estado comunista") e "Baldeação ideológica inadvertida e Diálogo", ambos de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que anteriormente foram fortemente questionados pelos Srs. Zbigniew Czajkowski, A. Wielwieyski e pelo próprio Tadeusz Mazowiecki nos jornais "Kierunki", "Zycie i Mysl" e "Wiez" (todos católico-esquerdistas da Polônia); c) perguntava a Walesa se ele tivera conhecimento dessa polêmica. Em caso afirmativo, qual era sua opinião sobre o assunto; d) eu estava seguro de que o pensamento dele sobre aquela matéria (ou seja, a impossibilidade moral, conforme a doutrina católica, da coexistência pacífica entre católicos e comunistas), naqueles dias tão atual, interessaria vivamente não só às colônias polonesas espalhadas no Ocidente, mas igualmente a toda a opinião pública.
"Catolicismo" - E qual foi a resposta de Walesa?
PHC - Teria mais propósito que me falasse de Mazowiecki.
"Catolicismo" - Como assim?
PHC - Porque já na primeira parte da pergunta, quando citei as TFPs, Masowiecki deu um pulo na cadeira e, aproximando-se ainda mais de Walesa, de quem já estava a um palmo de distância, soprou-lhe umas tantas coisas ao ouvido. Antes mesmo que eu terminasse a pergunta, Walesa, demonstrando nervosismo, disse algumas frases em polonês, das quais apenas foi traduzido que "a pergunta estava sendo muito longa". E, sem nenhum nexo, acrescentou: "Nós não escrevemos em jornais brasileiros, não sabemos o que neles se escreve, não podemos controlar as matérias que eles publicam".
Percebendo que Walesa estava visivelmente aconselhado a descartar a pergunta, retruquei: "Um momento. Eu falei da imprensa polonesa. Estes estudos tiveram repercussão na Polônia. O Sr. Tadeusz Masowiecki ocupou-se deles". Masowiecki, que estava notoriamente incomodado, procurou, em tom de brincadeira, desviar o assunto, dizendo: "No que se refere às repercussões na Polônia, não se pode ter a pretensão de no Brasil saber mais do que nós poloneses". Ante a escamoteação evidente dos fatos por parte daquele que é o atual primeiro-ministro polonês, eu, com o livro na mão e apontando-o, com voz firme, lhe disse: "Senhor, o seu nome está aqui". Ao que ele, agora em tom sério, respondeu: "A Igreja na Polônia vive num clima digno, e lá a Igreja é uma grande defensora dos direitos humanos".
"Catolicismo" - Pelo que o Sr. relata, eles não responderam sua pergunta.
PHC - Com efeito, nada responderam. E isso ficou tão evidente que, tão logo Mazowiecki terminou sua "resposta", recebi um bilhete de uma sindicalista que fazia parte da comissão de recepção de Walesa - aliás, pouco tempo depois presa como terrorista - dizendo que minha pergunta não fora respondida por ser polêmica.
"Catolicismo" - E como foram as respostas aos outros jornalistas?
PHC - As demais perguntas não foram ideológicas, mas as questões um pouco mais difíceis de serem respondidas foram literalmente sopradas ao ouvido de Walesa por Mazowiecki. Gostaria de ter em mãos, na ocasião, um videocassete para registrar o auxílio permanente de Mazowiecki a Walesa, situação que me lembrava a imagem do "anjo" da guarda. E há mais: todas as perguntas de mais densidade, Mazowiecki as respondia diretamente ...
Além disso, chamou-me muito a atenção a cumplicidade dos presentes com o que se passava. Ela era tão notória que, em várias ocasiões, perguntei aos que me rodeavam quem era afinal o entrevistado: Walesa ou Mazowiecki. E a resposta geral era um sorriso malicioso insinuando nossa saída bem brasileira: você sabe como é, não é? ...