tábuas largas de madeira de lei, forros em forma de caçamba e decorados, pés direitos altos que refrescam o ambiente, portas, gradis e rótulas de madeira trabalhada, pedras entalhadas etc., etc ....
CATOLICISMO - Mas o senhor não se referiu nenhuma vez às plantas das antigas casas ...
AL - Realmente, pois nesse campo reconheço que houve um grande progresso. Basta dizer que num bom número de residências existiam alcovas sem janelas, e que nas casas só havia um único banheiro rudimentar, ou o que ainda é pior, muitas vezes ele ficava do lado de fora da residência.
CATOLICISMO - E quanto às novas técnicas de construção?
AL - Nesse campo também houve diversos progressos. O uso do concreto armado permitiu a construção de casas muito mais sólidas, nas quais alicerces, colunas, vigas e lajes são constituídos por aquele material de construção; permitiu também a introdução de grandes vãos, livres de colunas. As fábricas de vidro fornecem presentemente imensas e belíssimas placas de cristal; hoje existem tintas esplêndidas com uma variedade de cores imensa; há também ótimas instalações hidráulicas, elétricas, de ar-condicionado, de segurança etc. São todas elas novidades muito boas, mas que não invalidam em nada as construções coloniais. Parece-me oportuno fazer ainda uma observação a respeito do emprego do concreto armado. É de se lamentar o uso quase exclusivo desse material - constituído de elementos mais simples e vulgares - especialmente em prédios maiores, tornando, com isso, as construções com materiais intrinsecamente mais nobres, como a pedra, cada vez mais raras.
CATOLICISMO - Mas como se faria esse casamento entre o estilo colonial e o concreto armado?
AL - O concreto armado, ao contrário do que afirmam os arquitetos ditos mais avançados, não precisa ficar aparente. Ele é por si mesmo um material resistente, mas grosseiro e feio. Mesmo os esforços dispendiosíssimos que muitos construtores fazem para dar uma vista agradável às estruturas, polindo-as e envernizando-as, não têm conseguido resultados apreciáveis. Sendo assim, o próprio ao concreto armado é ser revestido com argamassa, mármores, pastilhas etc. É algo semelhante ao que acontece com o nosso esqueleto. Ele é essencial, sustenta o nosso corpo, mas a natureza cuidou para que não ficasse aparente.
CATOLICISMO - E quanto às plantas das casas que o senhor mesmo reconheceu que eram muito primitivas?
AL - Não vejo nenhuma incompatibilidade entre um projeto inteiramente racional, que vise proporcionar o maior conforto possível aos moradores, e o Estilo Colonial. E nesse caso teríamos conciliado a nobreza, a singeleza e o aspecto patriarcal de nossas construções tradicionais com o que há de mais avançado na arte de construir.
CATOLICISMO - A CAL fez algum esforço para incentivar os trabalhos artesanais em suas construções coloniais?
AL - Nós fomos durante muitos anos os grandes incentivadores das pequenas oficinas que decoravam azulejos e cerâmicas com motivos brasileiros. Estimulamos também a vinda de artesãos de Minas Gerais, que trabalhavam com a nossa tão versátil pedra-sabão. Procuramos ainda valorizar ao máximo os trabalhos de entalhe em madeira, pois considero esse tipo de trabalho artesanal uma manifestação muito autêntica da Arte Brasileira. Não posso, por fim, deixar de referir-me à colocação de gradis, portões, escadas etc. de ferro batido ou fundido, que comprávamos em demolições no Rio e na Bahia. Esses materiais em geral obedecem a desenhos belíssimos e são muito decorativos.
O segmento lateral da ampla varanda, na Fazenda UM, em Vassouras (RJ), dá acesso a uma capela bem característica do colonial da época
"Só Deus é eterno. Todas as coisas foram criadas por Ele. Deus, com um simples ato de Sua vontade, podia criar, de uma só vez, todas as coisas que existem, mas quis empregar seis dias na obra da criação" (2)
"No princípio criou o céu e a terra; mas a terra estava sem forma, coberta de águas e envolta em trevas.
"No primeiro dia criou Deus a luz e separou-a das trevas. À luz chamou dia e às trevas noite.
"No segundo dia fez o firmamento. Ao firmamento, Deus chamou céu.
"No terceiro dia reuniu as águas em um só lugar, e a essas águas deu o nome de mar; ao restante, que permaneceu enxuto, pôs o nome de terra. Disse, então Deus: 'produza a terra ervas, plantas e árvores frutíferas'. A terra obedeceu e as árvores deram fruto segundo a sua espécie.
"No quarto dia disse Deus: 'Façam-se luzeiros no céu, e separe-se o dia da noite, e marquem-se as estações e os dias do ano'. E fez, então, dois grandes luzeiros: o maior - o sol - para resplandecer de dia; o menor - a lua - para dissipar as trevas da noite. Depois fez as estrelas.
"No quinto dia criou Deus as várias espécies de peixes, e as várias espécies de pássaros.
"No sexto dia criou toda a sorte de répteis e de quadrúpedes, e todos os outros animais que vivem na terra." (3)
"Preparado estava o palácio; mas na criação faltava o rei". (4)
Assim, pois, ainda no sexto dia, Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança, e presida aos peixes do mar, e às aves do céu, e aos animais selváticos, e a toda a terra, e a todos os répteis que se movem sobre a terra." (5)
"E compôs, com barro, um corpo humano, e inspirou-lhe uma alma vivente e imortal. Assim foi criado o primeíro homem, que se chamou Adão, que quer dizer 'feito de terra'" (6)
"E vendo (Deus) que todas as coisas eram boas e procediam segundo a Sua vontade, no sétimo dia descansou, quer
dizer, cessou de criar outras coisas. Deus santificou o sétimo dia, e quis que nesse dia os homens, abstendo-se dos trabalhos servis, se ocupassem somente em coisas de piedade.
"Na lei antiga se observava o sábado; nós, cristãos, em memória da Ressurreição do Salvador, temos por santo o domingo" (7)
"O homem foi colocado por Deus no Paraíso terrestre, lugar deliciosíssimo, onde abundava toda a espécie de frutas, que o terreno fértil produzia sem cultura. Deus, para ensinar o homem que devia fugir da ociosidade, tinha ordenado a Adão que trabalhasse, mas tão só para seu entretenimento. Deus fez passar todos os animais perante o homem, a fim de que ele desse nome a cada um." (8)
"Mas não se achava para Adão um adjutório semelhante a ele.
"Mandou, pois, o Senhor Deus um profundo sono a Adão; e, enquanto ele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adão. E Adão disse: 'Eis aqui agora o osso de meus ossos e a carne de minha carne ( ... ) Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá à sua mulher; e serão dois numa só carne." (9)
"Deus tinha, também, criado uma multidão de anjos, isto é, de espíritos sem corpo enriquecidos de excelentes dons." (10)