esses dados - os mais precisos que atualmente se possuem no Brasil - infelizmente para o missivista, são bem diferentes dos que ele cita:
* domicílios sem luz elétrica - IBGE: 17,5%; missivista: mais de 50%
* domicílios sem água encanada - IBGE: 33%; missivista: 71%
* domicílios sem filtro - IBGE: 44,79%; missivista: 65%
* domicílios sem geladeira - IBGE: 34,7%; missivista: 79%
O mesmo IBGE, referente a 1984, fornece dados concernentes a escoadouros: não têm escoadouro ligado à rede geral ou fossa asséptica, 52,15% (mas, desses 52,15%, 31,15% têm escoadouro ligado a fossa rudimentar, de onde sobram apenas 21%). Para o missivista, seriam 85% sem escoadouro adequado...
Ninguém defende que a situação expressa nesses números seja ideal. Devemos esforçar-nos, todos nós brasileiros, para melhorá-la. Mas daí aos dados catastróficos da fonte ignorada na qual se abeberou o Sr. Carlos Américo, a distância é grande. Aliás, um dos obstáculos mais consideráveis à solução dos problemas brasileiros é a demagogia que se faz em torno deles. No que tange à pobreza inflacionada, o missivista poderá consultar também o documentado artigo do economista Carlos Patrício dei Campo, que publicamos nesta mesma edição.
O que entende o autor da carta por analfabetismo relativo, que atingiria 40% da população? Ele fica no vago. Também não define o que entende por uma "sociedade moderna". Será a dos Estados Unidos? Então, nesse caso, o capitalismo que ele tanto abomina seria vantajoso lá onde ele é mais inteiramente aplicado? Ou será a sociedade comunista russa, cujos resultados o próprio Gorbachev tem mostrado serem desastrosos?
Diz ainda o missivista que, dentre os miseráveis que existem no Brasil (e cujo número ele não especifica nem aproximadamente) a maioria vive na zona rural, e que a solução não consiste em levá-los para os grandes centros. Estamos de acordo em que não devem ser levados para as cidades os necessitados do campo. Aliás, quando defendemos nós tal falsa solução? Jamais. O que defendemos, isso sim, é que lhes deveria ser facilitado o desbravamento de nossas fronteiras agrícolas, que o Estado deveria abrir mão de suas terras devolutas (verdadeiros latifúndios públicos, incomensuravelmente maiores do que os particulares) para que nelas trabalhassem os que necessitam.
Quanto à Reforma Agrária (que o missivista deseja com tanta radicalidade que até a escreveu com todas as letras maiúsculas!), ela tem trazido para os pobres trabalhadores rurais só decepção e amargura. Veja-se a respeito a ampla reportagem que publicamos em nossa edição de setembro sobre o Assentamento Pirituba, considerado modelo de Reforma Agrária, e que na verdade se revelou um modelo de fracasso. Ou então a anterior reportagem sobre o assentamento do Pontal do Paranapanema, em nossa edição de março/88.
No que se refere aos males da Previdência, apontados pelo Sr. Carlos Américo, constituem um bom exemplo daquilo a que conduz a estatização da medicina e da previdência social, estatização tão combatida por esta revista.
Como se vê, as alegações do missivista contra "Catolicismo" não encontram apoio na realidade. Ele nos parece iludido por certa propaganda esquerdista (esperemos que não seja conivente com ela), que não cessa de repetir slogans vazios de conteúdo, e ela sim distorcendo os fatos. Fazemos nossas, pois, as palavras finais do singular missivista: "Toda farsa acaba sendo desmascarada".
LIMA - Jovens do Núcleo Peruano de Tradição, Família e Propriedade, após três dias de caminhada, visitaram ruínas de Puyu Patamarca, antiga cidade inca situada a 4.500 metros de altitude. Junto a uma Cruz erguida num dos picos das imediações, os jovens rezaram o Terço, rogando a Nossa Senhora sua especial proteção para o Peru nos dias atuais, carregados de ameaças.
SOB O TÍTULO acima, a TFP publicou no diário "Zero Hora", de Porto Alegre, em 1º de setembro último, comunicado refutando notícia estampada em 29 de agosto naquele mesmo jornal, sob a epígrafe "TFP vai embora e a calma volta ao parque". Seguem os principais excertos:
1) Causa espanto que um jornal com já tão velha experiência publicitária como "Zero Hora" espere persuadir do espírito agressivo e turbulento da TFP um público inteligente como é o do Rio Grande do Sul, o qual tem presenciado exatamente o contrário, pois viu a TFP agir em muitas ocasiões neste Estado de maneira exemplar, cortês e pacífica. Esse público sabe ademais, que essa é a nota invariável das campanhas que a entidade vem desenvolvendo de Norte a Sul do País. Com efeito, é o que documentam 3.611 atestados em posse da entidade, firmados por delegados de polícia, juízes ou prefeitos municipais, em territórios de cuja jurisdição nossas campanhas se realizaram.
2) A TFP fez, nos dias 26 e 27 do corrente, 16 horas de campanha pacífica de divulgação do órgão de cultura "Catolicismo", no Parque Assis Brasil. No presente número desta revista, "Catolicismo" documentou com fotografias e depoimentos gravados de pretensos "beneficiários" da Reforma Agrária, que esta última os vem reduzindo à deplorável condição de favelados rurais nas terras outrora prósperas dos municípios de Itapeva e Itaberá (SP). Seria de espantar que, em nosso País, no qual se reconhece aos comunistas o direito de propor a revogação de incontáveis leis vigentes para implantar o regime soviético, não se reconhecesse aos opositores da Reforma Agrária o direito de proclamar em alto e bom som o fracasso clamoroso de nossas leis agro reformistas. No dia em que se negasse à TFP, como a todos os anti-agro reformistas o direito de proclamar suas convicções, nosso desditoso País devia mudar seu nome, passando a chamar-se República Soviética Brasileira.
Excluído o stand da TFP, do Parque Assis Brasil, com fundamento de que presenças ideológicas ou políticas poderiam comprometer a paz do local, ali continuaram, entretanto, intocáveis, um stand e uma faixa da UDR. (Fotos tiradas às 12:30hs do dia 31 de agosto de 1989).
3) A afirmação do diretor da FARSUL, Sr. Hugo Giudice Paz - publicada em "Zero Hora" - de que a TFP fizera no Parque Assis Brasil uma "manifestação .... de forma clandestina" é autodemolidora. Pois toda manifestação é intrinsecamente uma divulgação pública retumbante. O que é o contrário da clandestinidade.