P.28 | CASTELO DE CHENONCEAUX |

REFLEXO DA CIVILIZAÇÃO CRISTÃ

IMAGINE-SE por um instante, caro leitor, imerso num mundo de sonhos em que lhe fosse possível voar como um pássaro. Lá do alto, numa situação privilegiada para contemplar a paisagem, descortinar-se-iam alguns aspectos maravilhosos...

O sol recolhe-se lentamente e deixa nas águas o reflexo dourado de seus raios. Sobre essa massa de ouro líquido, gracioso como um cisne, alvo como a neve, flutua um castelo de fábulas.

Para realçar a leveza que o caracteriza e a simetria de suas linhas, o arquiteto ousou construí-lo sobre o leito de um rio, que espelha a invulgar beleza arquitetônica e lhe confere uma inconfundível nota de poesia.

A originalidade dessa faustosa construção, estável sobre a superfície móvel das águas, a elegância de sua fachada, a altanaria de suas torres, o encanto dos jardins e dos bosques, proporcionam uma visão de conjunto deslumbrante para o nosso sonho...

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Sonho? Não! Realidade feérica nascida do gênio francês, numa época em que a arte ainda estava impregnada da elevação de alma e da harmonia de espírito características da Civilização Cristã.

De fato, quando o castelo de Chenonceaux foi construído, no século XVI, o sol da Idade Média já havia se posto. Entretanto, seus raios potentes continuaram a iluminar, ainda por algum tempo, os rumos da cultura, da arte e da organização sócio-política dos povos cristãos, assim como na paisagem que figura na foto desta página, embora oculto, o astro-rei continua a fazer incidir sua luz dourada sobre o rio Cher, transfigurando-lhe as águas.

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Banhado nessa atmosfera lendária, não é difícil imaginar o que seria a vida nesse castelo, em seus séculos de glória, à noite, com todas as luzes acesas refletindo-se sobre o rio, e o som das músicas evolando-se pelas janelas abertas, para se perderem entre as flores de parques geometricamente perfeitos.

Cintilante sob a resplandecente luz do ocaso, Chenonceaux desperta em muitos corações, pelo fascínio de seu esplendor, o desejo ardente de uma nova aurora ainda mais esplêndida da Civilização Cristã.