P.02-03 | REALIDADE |

A realidade concisamente


O Ocidente sofre chantagem

Mero artifício da propaganda soviética para "convencer o Ocidente a injetar capital na esfacelada economia socialista". Eis como a sovietóloga francesa Françoise Thom, no livro "O momento Gorbachev", qualifica os reais desígnios do líder russo ao executar a "perestroika".

A argumentação é clara e precisa: oferecendo créditos e tecnologia aos comunistas, o Ocidente, na realidade, "oxigena o regime, permitindo-lhe retardar as mudanças econômicas indispensáveis".

Françoise Thom exorta o Mundo Livre a "rejeitar a chantagem do Kremlin"...


Guerrilha urbana

"Há dias, a polícia paulistana deteve dois homens que pretendiam sequestrar um rapaz, exigir o resgate da família e matá-lo em seguida. O fato não se consumou e os dois estão soltos, pois não há do que acusá-los, segundo a lei".

Ao relatar o inacreditável episódio, o jornalista Percival de Souza observa: "Confundindo combater a criminalidade com combater a polícia, a Constituição traz alguns dispositivos que deixaram, na prática, as autoridades de mãos amarradas".

A polícia - recorda o jornalista - também perdeu o direito de expedir mandados de busca e apreensão. E como o Fórum não funciona à noite ou de madrugada, os policiais de plantão nas delegacias acabam sendo eles próprios processados se prenderem qualquer criminoso conhecido não em flagrante, sem mandado.

Como consequência de tudo, revela-se este dado chocante: os 250 marginais detidos em média, diariamente, pela polícia, apenas no centro da Capital paulista, retornam às ruas no dia seguinte.

No Rio Grande do Sul, o Ouvidor Geral do Estado, José Bacchieri Duarte, igualmente alerta: no combate à criminalidade, "na maior parte das vezes, (as leis) se tornam inócuas (..) porque são mais favorecedoras de quem pratica o crime do que protetoras da sociedade (...)". De acordo com ele, "uma cidade como Porto Alegre, na qual, segundo informações das autoridades policiais, ocorre um assalto de vinte em vinte minutos, é obvio que está vivendo uma autêntica guerrilha urbana".


PDQNCP

A recente propaganda eleitoral pela TV - comenta um órgão da imprensa carioca - padeceu de "aguda anemia intelectual". Os programas eram "medíocres, e as ideias, que não há", foram substituídas por casos esdrúxulos. Não se quis fazer ninguém pensar - talvez pelo temor de que alguma atividade mental acabasse "resultando na percepção do jejum de ideias a que estamos submetidos"

Num sentido análogo, fez notar um jornal de Recife: "Os candidatos agridem-se, é claro, até virulentamente, mas parecem ter saído todos do mesmo ninho quando se trata das grandes definições. Basta ver os programas ( ... ) Dão a impressão de ter vindo da mesma matriz".

Por mais que se celebre a liberdade de dizer e de fazer, forçoso é reconhecer que ela tem como pressuposto outra liberdade: a de pensar. Ora, como refletir seriamente sobre as propostas partidárias se todos os programas, nas grandes linhas, mais ou menos se equivalem, de tão ambíguos e genéricos?

Somente um novo partido - este sim autêntico! - poderia suprir esta lacuna: o PDQNCP, isto é, "Partido Dos Que Não Conseguem Pensar". Tal nova agremiação congregaria os inconformes com o atual quadro partidário.

Era esta a sugestão formulada, há 9 anos, pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em artigo para a "Folha de S. Paulo" (83-80).

Enquanto isso não ocorre, o País, em meio à balbúrdia, à brigaria caótica e vazia de sentido, e à vulgar competição de interesses, vai resvalando em direção ao abismo...


Desmandos parlamentares

Em depoimento à Comissão de Economia do Senado, o ministro Mailson da Nóbrega responsabilizou o "aparelho estatal" e a nova Constituição pelo virtual colapso das finanças públicas.

Tal quadro - de si dramático - só tende a agravar-se com a entrada em vigor das vinte e cinco novas Constituições estaduais. Nelas, a enxurrada de concessões aos funcionários dos vários Estados da Federação - sempre às custas do contribuinte - só encontra paralelo nos descabidos aumentos salariais com que os parlamentares, prodigamente, se autopremiaram.

Cuidando, por outro lado, muitas vezes, de matérias que não lhes são próprias, várias Constituições contêm dispositivos aberrantes, como a carioca, a qual chega a prever o número de equipes que devem participar de um campeonato futebolístico...


"Medieval Times"

Chamando a todos de "my lord" e "my lady", o anfitrião dá as boas-vindas. Um cavaleiro misterioso surge e propõe um brinde à honra e lealdade de seus senhores. É o campeão da Rainha.

A arena é toda decorada com escudos e bandeiras medievais. Clarins tocam e anunciam que é chegada a hora de os cavaleiros se apresentarem, e a seguir as justas se iniciam.

O "Medieval Times" - conjunto de espetáculos que revivem o maravilhoso e o épico da Idade Média - está expandindo sua área de atuação nos Estados Unidos. Os turistas verão artesãos confeccionando na hora objetos medievais típicos, bem como tecelões e ferreiros, que trabalham com peças de vidro e esmaltadas. Há até uma cozinha medieval.

"Idade Média, doce primavera da Fé", atrai turistas do mundo inteiro, saturados da "modernidade".


| EDITORIAL |

Assestando o foco nos pontos nevrálgicos

DEZEMBRO é sobretudo o Natal, a recordação encantadora do nascimento do Menino-Deus, que traz aos espíritos alegria autêntica. Uma graça discreta penetra os ambientes, suaviza as almas e nos faz sentir a alegria da virtude. Tornamo-nos mais efusivos, a bondade encontra menos obstáculos. Elevamos o trato, embelezamos a decoração e os trajes, melhoramos a comida, como resposta a esse sorriso divino. O ambiente no Natal brinda os homens com um prelúdio da civilização que existiria, se houvesse fidelidade aos ensinamentos do Redentor. Diante do Presépio, em atitude de adoração, humildes e agradecidos, peçamos ao Menino-Deus que apresse as promessas de Sua Mãe em Fátima. Então, a graça de Natal será uma joia inigualável num diadema de favores contínuos que receberemos do Céu.

MAS É NECESSÁRIO que, antes do cumprimento das grandiosas promessas enunciadas pela Mãe de Deus, nosso espírito continue focalizando pontos nevrálgicos do panorama atual. E um deles constitui a mudança espetacular que vem ocorrendo na Europa Oriental. Na trilha da Rússia, a Polônia, a Hungria e a Alemanha Oriental estão aplicando suas versões da perestroika. Também a Finlândia recebeu permissão de Moscou para se aproximar do Ocidente. Comenta-se que estaria próximo um processo liberalizante na Tchecoslováquia. O mundo comunista se despe do que causava horror aos ocidentais, enquanto de nosso lado, larguíssimos setores do público, otimistas e abobados, recusam-se a ver cálculos estratégicos nesta gigantesca manobra. Os dois mundos se aproximam; a convergência continua o fato predominante.

O SUDESTE Asiático fornece um fundo de quadro sombrio para o cenário "róseo" da política internacional. No Cambodge, com a retirada das tropas vietnamitas, o "Khmer Vermelho", a organização comunista delirantemente assassina, tem possibilidades de retomar o poder. Repetir-se-á o macabro genocídio de meados da década passada? Haverá novo show de horror, que, por contraste, realçaria a face sorridente do comunismo? Em consequência, o Ocidente se sentiria compelido a financiar os regimes de tipo novo, para evitar a volta do comunismo com face tirânica e brutal? "Catolicismo" traz esclarecedora matéria a respeito.

ESSE PANORAMA inquietante não impede que o quadro tenha aspectos animadores. "Catolicismo" trata de dois deles. Acaba de vir a lume livro longamente esperado pela família de almas que se congrega em torno dos ideais da Tradição. Família e Propriedade. Com o título "Um Homem, Uma Obra, Uma Gesta - Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira", o trabalho, magnificamente ilustrado, resume a vida do fundador da TFP brasileira e descreve a gesta que, a partir de sua ação, atinge hoje uma vintena de países em cinco continentes.

Por outro lado, continuam os protestos enérgicos de cientistas - dos maiores em suas especialidades - contra a idoneidade do teste do Carbono-14 aplicado a fragmentos do Santo Sudário de Turim. Recente congresso em Paris reforçou ainda mais, do ponto de vista científico, a posição que orientou por séculos a piedade católica. Diga-se de passagem, também agravou a já delicada situação de figuras do mundo eclesiástico e civil que afoitamente haviam trombeteado para todo o orbe os resultados do controvertido teste.


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