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saber se Deus de fato perdoou? Todos os homens pecam e sua consciência pede reparação.

Os protestantes são levados então a tentar oferecer a Deus um sacrifício reparador, e o primeiro que lhes ocorre, por ser imediato, consiste na renúncia a alimentos saborosos. E, portanto, à sua elaboração. Comendo mal, eles pensam reparar seu pecado. De onde a indigência de sabores entre protestantes. O filme "A festa de Babette", muitas vezes premiado, ilustra simbolicamente essa realidade.

Mudando de assunto, mas acentuando ser ele correlacionado à exposição acima, convido os diletos leitores à leitura do artigo que segue, a fim de considerar uma vinculação entre o Sacramento da Confissão e o conceito de verdadeira Civilização refletida até na arte culinária, aprimorada em nações católicas.•


ATO DE CONTRIÇÃO

"Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração, por Vos ter ofendido; pesa-me também por ter perdido o Céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com o auxílio de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais tornar a Vos ofender; e espero alcançar o perdão de minhas culpas, por vossa infinita misericórdia. Amém."

LEGENDA:

- Ilustração apresentando Nosso Senhor como confessor dentro do confissionário.


REPOUSO À MESA

Requinte e especialidade da culinária francesa

Nelson Ribeiro Fragelli

Mozart deixou uma obra musical vastíssima. Morrendo aos 35 anos, a composição dessa obra exigiu-lhe uma vida de intenso trabalho. "Nos momentos de grande cansaço e necessitando de repouso, eu componho", costumava ele dizer.

Ele encontrava lazer na sua paixão. E ela o repousava. "Quando muito cansado", dois velhos amigos franceses — um deles advogado e o outro professor — costumam dizer-me: "Vou a um restaurante". À mesa eles se entregam ao mais alto dos prazeres sociais, a conversação, possantemente estimulada por sabores aprimorados. De que falam?

Na França realizam-se a todo momento congressos, conferências, encontros, exposições culinárias. Livros e artigos sobre este tema vêm a lume continuamente. A mesa está no centro da cultura do país.

Um dos grandes estudiosos da formação histórica e geográfica da culinária francesa é Jean-Robert Pitte, professor da Sorbonne e membro do prestigioso Institut de France. Seus livros, agradavelmente eruditos, entretanto não ressaltam suficientemente o papel da Igreja Católica na formação cultural da França.

Aprimoramento da culinária nos ambientes católicos

Um bom artigo do "Figaro Magazine" (dezembro 2016), de autoria de Pitte, inspira tais considerações. A arte culinária francesa nasceu nos mosteiros e nas abadias, bem antes da Idade Média. A fé era então levada a todos os povos. As ordens religiosas viviam em missão. Muito numerosas, elas se estendiam por todo o continente europeu e fora dele. As contínuas missões, gerando o espírito de conquista das almas, geraram também o espírito de conquista de bens para as almas. Esse mesmo espírito levou monges e eremitas a desvendar segredos da natureza, pois bem sabiam que Deus tudo criou para os homens. Assim, o conhecimento dos bens naturais se dilatou. Não há arte ou ciência que não tenha recebido dos monges vigoroso impulso inicial.

E também a culinária. As receitas se multiplicaram. Na célebre abadia beneditina de Cluny, na Borgonha — a grande abadia civilizadora do Ocidente —, a fim de favorecer a descoberta de novas receitas, não se podia

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LEGENDAS:

- Desenho do momento auge da abadia de Cluny.
- Monge dirigindo a preparação de peras.