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(continuação)

Ainda na capital paulista, o Cardeal Burke presidiu no Hotel Renaissance [fotos nesta página e na p. 51] ao lançamento de seu livro O Amor Divino Encarnado, numa sessão em que esteve ladeado pelo Pe. Jean Paulo Rossi, que o saudou em nome da Arquidiocese, e pelo Sr. Thomas McKenna, presidente da associação Catholic Action for Faith and Family e editor do livro em apreço, cujo significado enalteceu. O evento foi prestigiado pela presença do Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança e de numerosos sacerdotes e religiosas.

Sua Eminência externou inicialmente o seu agradecimento ao Cardeal Robert Sarah, por ter prefaciado sua obra, e em seguida saudou o numeroso público presente. Discorreu sobre sua infância e sua vida em família, que serviu para ilustrar a tese que defende no livro.

O ilustre expositor narrou que nasceu numa small farm (pequena fazenda) e viveu com os seus numa atmosfera inocente e abençoada da vida no campo. Segundo ele, já no sábado começava-se a sentir o clima de respeito e sacralidade pelo domingo, com as práticas religiosas e a Santa Missa que renovava de forma incruenta o sacrifício do calvário. As famílias trajavam-se com as melhores roupas e dirigiam-se para a igreja com espírito de oração e sacralidade. Assistiam ao Santo Sacrifício com todo o respeito, entoando os cânticos gregorianos e outras canções sacras, comungavam com muita piedade. Depois voltavam para casa em espírito de recolhimento, continuando o dia naquela atmosfera nimbada de sobrenatural.

Aos 10 anos tornou-se coroinha de sua paróquia, fato que o ajudou a consolidar muito a sua fé católica. Aos 14 anos, já no Seminário Menor, ganhou o Liber Usualis com os cantos gregorianos que marcaram profundamente sua piedade litúrgica.

O ambiente religioso, o edifício sagrado da igreja, os paramentos, os utensílios, tudo falava do sobrenatural e dos mistérios da fé. Logo depois começou uma mudança radical no ambiente católico: os altares foram modernizados, assim como paramentos, utensílios etc. Tudo foi “renovado”, descaracterizando-se totalmente o aspecto sacral das igrejas.

As Missas e os ofícios religiosos, que sempre lotavam as igrejas no tempo de sua infância, foram se esvaziando com as mudanças. Estatísticas sérias provam que entre 80 e 90% dos católicos assistiam à Missa antigamente; e que agora no máximo 30% o fazem. Ainda mais grave é que 50% dos católicos não têm mais fé na Sagrada Eucaristia.

Tudo em nome do “Espírito do Concílio”, e com isso o vendaval de reformas provocou a “descontinuidade da tradição”. Foi no intuito de restabelecer a doutrina perene da Igreja sobre as excelências do sacramento da Eucaristia que o Cardeal Burke escreveu o livro recentemente lançado.

No final da sessão, como de costume, ele fez numerosas dedicatórias de sua obra. Em primeiro lugar, para o representante da Arquidiocese e depois para o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, que foi aplaudido de pé ao ter seu nome mencionado. Em seguida, para os sacerdotes, religiosas e pessoas sorteadas.