P.16-17

ENTREVISTA

Bernardo Pires Küster

Tentativa de ressurreição das Comunidades Eclesiais de Base

Teologia da Libertação e CEBs — a doutrina comunista infiltrada nos ambientes católicos

Após o 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), realizado em Londrina (PR) entre 23 e 27 de janeiro, o público católico se surpreendeu com a reportagem de Bernardo Pires Küster via YouTube, na qual denunciava a reorganização da militância esquerdista nos meios eclesiásticos.

As CEBs pareciam semi-mortas desde as graves denúncias de Plinio Corrêa de Oliveira em 1982, no livro “As CEBs... das quais muito se fala, pouco se conhece — a TFP as descreve como são” (link no final), mas tentam agora sair das cinzas onde jaziam. O Prof. Plinio delineou claramente nesse livro o panorama brasileiro no qual se inscreve a atuação da CNBB, ponta de lança do esquerdismo no País e principal propulsora das Comunidades Eclesiais de Base. E na segunda parte os irmãos Gustavo Antonio Solimeo e Luís Sérgio Solimeo, dois sócios da TFP, revelaram ao público, com base em opulenta documentação, a intensa agitação promovida pelas CEBs no campo, na periferia das cidades e nas fábricas. Agitação que procurava levar o País, pela via das reformas, ao termo final da implantação do regime comunista. Dessa fermentação das CEBs surgiram o Partido dos Trabalhadores (PT), o MST e a maioria dos grupos de esquerda no Brasil.

Seis edições desse livro totalizaram 72 mil exemplares, divulgados em 1.950 cidades de todos os Estados brasileiros, mas a grande mídia “ignorou” o livro e as denúncias. Também o clero esquerdista fingiu não ter percebido o golpe certeiro e incômodo. Após as enormes manifestações que resultaram no impeachment de Dilma Rousseff e no julgamento, condenação e prisão do ex-presidente Lula, as esquerdas tentam se revitalizar através do acobertamento de entidades católicas e reativação das CEBs.

Segundo Bernardo Küster, o PT perdeu “capilaridade municipal. Os sindicatos também perderam dinheiro, e as CEBs constituiriam nova esperança de reorganização da militância política”.

Residente em Londrina, Bernardo Pires Küster, 30 anos, é pós-graduado em Administração de Empresas. Atua como jornalista, produtor e escritor. Esteve presente no evento das CEBs em Londrina, e os vídeos que produziu, alertando para o que aconteceu nesse encontro, tiveram larga divulgação, um deles com mais de 700 mil visualizações.

No dia 23 de abril, em visita à sede do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, na capital paulista, Küster concedeu ao nosso colaborador Nelson Ramos Barretto a entrevista abaixo.

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“A Campanha da Fraternidade, embora trate a cada ano de temas diferentes, é sempre politizada à esquerda. Não é focada num aspecto doutrinário com implicação prática na vida do católico”

Catolicismo — Qual é a sua principal crítica à Campanha da Fraternidade, lançada pela CNBB neste ano? Em vídeos recentes o senhor afirma que falta um controle das doações recebidas, parte das quais estaria indo para ONGs favoráveis ao aborto.

Bernardo Küster — O problema da Campanha da Fraternidade não diz respeito apenas às doações questionáveis feitas a ONGs, algumas favoráveis ao aborto, ao “casamento” homossexual, ao sexo livre e à Reforma Agrária socialista. Essas doações são provenientes dos 40% arrecadados no Brasil inteiro durante o Domingo de Ramos. Encontrei esta informação, pesquisando no próprio site da Campanha da Fraternidade.

O problema é que tal campanha, embora trate a cada ano de temas diferentes, é sempre politizada à esquerda. Creio não ter visto ao longo dos anos nenhuma Campanha da Fraternidade focada num aspecto doutrinário com implicação prática na vida do católico. Ou ainda, que aplique a doutrina social da Igreja. Pesquisei suas edições antigas, dos anos 60, 70, 80... Todas elas, sempre politizadas à esquerda.

No ano passado, a campanha intitulou-se Bioma e a defesa da vida, mas só foi tratado o problema do bioma, ficando de fora a defesa da vida humana. Não se combateu o aborto, a ideologia de gênero ou a eutanásia. O problema da Campanha da Fraternidade é esse. Sua edição deste ano, que trata da fraternidade e da superação da violência, é uma defesa aberta de grandes temas socialistas, como desarmamento civil e maior ingerência do Estado na vida social.

Tenho insistido nisso, pois há um apelo excessivo às funções sociais do Estado, como se ele fosse responsável pelas políticas públicas. O Estado, segundo a doutrina social da Igreja, deve atuar conforme o princípio de subsidiariedade, ou seja, não deve chamar a si todas as atribuições, mas deixar para as instâncias inferiores as que elas são capazes de realizar. Na Campanha da Fraternidade de 2018 há também um apelo à questão de gênero, com sugestões relacionadas ao aborto e ao feminismo.

“Por que a Campanha da Fraternidade não trata contra o genocídio representado pelo aborto, contra a família que vem sendo dizimada pela imoralidade e pela ideologia de gênero?”

Catolicismo — Na verdade, uma agenda revolucionária...

Bernardo Küster — Sim, uma agenda revolucionária na Campanha da Fraternidade. Essas são as minhas principais críticas. Por que não trata da violência contra os cristãos, contra o genocídio representado pelo aborto, contra a família que vem sendo dizimada pela imoralidade e pela ideologia de gênero? Por que não se refere à violência que o socialismo causa na China, na Nicarágua, na Venezuela, na Bolívia, na Coreia do Norte, em Cuba, no Brasil? Por quê?

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