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ENTREVISTA

Mudança de paradigma na missão da Santa Igreja?

José Antonio Ureta, autor do estudo A mudança de paradigma do Papa Francisco, comenta a alternativa de continuidade ou ruptura na missão da Igreja

O pontificado do Papa Francisco atingiu o importante marco dos cinco anos, tempo suficiente para analistas, historiadores e estudiosos fazerem dele um balanço. Os prismas de análise podem variar muito, mas todos concordam tratar-se de um período carregado de inovações, marcado pelo empenho constante do Pontífice em apresentar a instituição católica bimilenar com uma fisionomia diferente, a ponto de se falar em "uma nova Igreja de Francisco". O que se pergunta com frequência nos meios católicos, quando se trata do assunto, é para onde caminha a Igreja, e que perspectivas se abrem para ela.

De modo mais definido ou menos, a ideia de "nova Igreja" paira sobre o recente debate em torno de aplicar o conceito de mudança de paradigma à Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo, debate esse que vem se difundindo ultimamente nos meios católicos. Na linguagem comum, paradigma significa um modelo, padrão, ponto de referência. Mudança de paradigma indicaria uma mudança de modelos, padrões, pontos de referência no pensamento humano, um novo começo. Aplicado à Igreja Católica, mas sem explicitar cabalmente os reais objetivos, essa mudança de paradigma suscita preocupação e perplexidade em inúmeros fiéis.

Sob o pretexto de uma guinada pastoral, os promotores da mudança de paradigma buscam de fato o abraço total e definitivo da Igreja com a "modernidade", um projeto divulgado desde os tempos de São Pio X, e por ele solenemente condenado. Seus defensores consideram urgente uma transformação radical no modo de a Igreja conceber sua própria estrutura, sua doutrina, sua prática pastoral e seu modo de se relacionar com a sociedade contemporânea.

Tudo isso constitui um desafio para a consciência de inúmeros católicos, que veem na mudança de paradigma uma descontinuidade com o magistério e a disciplina imutáveis, como sempre foram durante séculos. Surgem então algumas questões:

• Estaríamos hoje em situação análoga à que moveu o Apóstolo São Paulo a resistir ao primeiro Papa (Gal. 2:11)?

• Nestas circunstâncias, é legítimo os fiéis resistirem à autoridade eclesiástica, e até mesmo ao Sumo Pontífice?

• Quais os pontos específicos em que é lícito empreender essa resistência?

Além de dar uma visão panorâmica dos cinco anos de pontificado do Papa Francisco, José Antonio Ureta — escritor, conferencista e pesquisador da TFP francesa — responde nesta entrevista a questões relacionadas com a mudança de paradigma. Seu estudo sobre o assunto — A mudança de paradigma do Papa Francisco — acaba de ser lançado em Roma, e vem sendo difundido no Brasil pelo Instituto Plinio Corrêa de Oliveira através do link transcrito no final desta entrevista.

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Catolicismo — Na avaliação que fez dos cinco anos de Pontificado do Papa Francisco, o senhor se referiu à "mudança de paradigma" que está sendo promovida na Santa Igreja. Poderia sintetizar para os nossos leitores o conceito de tal mudança?

J. A. Ureta — Na sua acepção tradicional, paradigma é um exemplo ou padrão a ser seguido. No campo da filosofia das ciências, a expressão mudança de paradigma — tradução de paradigm shift, empregada pelo físico e filósofo americano Thomas Kuhn em seu ensaio Estrutura das Revoluções Científicas — passou a significar um novo sistema ou modelo conceitual que reorienta totalmente o desenvolvimento posterior das pesquisas. Adotada pela linguagem

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LEGENDA:
- "Casamento" homossexual, importante faceta da revolução cultural. Na foto, militantes LGBT nos EUA.