P.32-33

(continuação)

CAPA – Anexo I

Reverente e filial Mensagem a Sua Santidade o Papa Paulo VI

Esta mensagem foi subscrita por 1.600.368 brasileiros, destacando-se entre os signatários Arcebispos, Bispos, Ministros de Estado, Marechais, Almirantes, Brigadeiros do Ar, Governadores e Secretários de Estado, Senadores, Deputados, prefeitos e vereadores, professores universitários e pessoas de todas as classes sociais.

* * *

Tendo em vista que no próximo mês de agosto ocorrerá o fato histórico de que pela primeira vez um Sucessor de São Pedro virá à América Latina — havendo escolhido para isto, com motivo do 39° Congresso Eucarístico Internacional, a nação colombiana, irmã e vizinha da nossa;

Tendo em vista que, no decurso dessa visita, honrosa para toda a família dos países ibero-americanos, o Augusto Pontífice ficará mais perto de corpo e de alma dos brasileiros,

Os abaixo assinados, membros do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, resolvem prevalecer-se da feliz presença de Sua Santidade em nosso continente para:

1. Oferecer ao Vigário de Jesus Cristo a homenagem de seu respeito e de seu amor filial, bem como o propósito de tudo fazer — no campo cívico que é peculiar a esta Sociedade — para que a Terra de Santa Cruz, Reino abençoado da Virgem Mãe Aparecida, persevere e progrida na fidelidade aos princípios da ordem natural ensinados pela Igreja com profunda sabedoria;

2. Proclamar essa fidelidade, sobretudo em vista dos contínuos manejos, ora claros, ora velados, que o comunismo desenvolve para se apoderar do Brasil, transformando a maior nação católica da terra em vil colônia de Moscou, Pequim ou Havana;

3. Manifestar por isto, com toda a energia, sua repulsa do comunismo,

a. porque o sistema filosófico em que se apoia é ateu, materialista e amoral,

b. porque seu regime econômico-social totalitário nega a família, a propriedade individual e a legitimidade de uma proporcionada e harmoniosa hierarquia de classes;

4. Proclamar sua inabalável persuasão de que não é na apostasia, nem na destruição da família, nem na violência e no confisco, mas só nas vias sagradas da civilização cristã, que o Brasil há de alcançar seu tão almejado desenvolvimento;

5. Fazer chegar, em consequência, a Sua Santidade o Papa Paulo VI o brado de angústia que lhes nasce do mais fundo da alma, ao ver que o perigo comunista vai crescendo graças à agitação contínua de uma minoria de eclesiásticos e de leigos que se proclamam católicos. Com efeito:

essa minoria move uma campanha surda, mas sem tréguas, contra a grande maioria dos Bispos e Sacerdotes do Brasil, a quem acusa de indolentes, relapsos no cumprimento do dever, alheios ao povo e acumpliciados com os inimigos deste, etc,

essa minoria reserva todo o seu entusiasmo para alguns Bispos dos quais espera receber apoio para seus desígnios subversivos, e que ela sonha ver formar um politburo a dirigir ditatorialmente toda a Igreja no Brasil,

essa minoria deseja que esse politburo episcopal dê o inapreciável apoio da Igreja a uma extensa agitação comunista, a qual derrube o governo, dissolva as Forças Armadas, e institua uma ditadura férrea, esteada em tribunais de exceção e aparelhada para reduzir ao silêncio pelo terror, ou expulsar do País, os descontentes,

essa minoria quer declaradamente que tal ditadura realize no Brasil a obra do tirano comunista de Cuba, Fidel Castro, confiscando os imóveis rurais e urbanos, bem como as empresas industriais e comerciais;

6. Salientar que, se até agora essas opiniões e esses propósitos afloravam esparsamente aqui e acolá, deu-lhes nova ênfase por tê-los apresentado todos num quadro único, e numa só apologia, o recente documento do Padre belga Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico que funciona em Recife sob os auspícios do Sr. Arcebispo Dom Helder Câmara. Publicado pelos jornais de todo o Brasil, esse documento — como bem ponderaram os ilustres Prelados brasileiros Dom Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina, e Dom Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos, em impressionante pronunciamento divulgado pela imprensa — estarreceu o País, fazendo-lhe ver em toda a extensão o risco a que está exposto;

7. Implorar, assim, filialmente, a Sua Santidade o Papa Paulo VI que adote com toda a urgência medidas para que seja inteiramente eliminada a ação de eclesiásticos e leigos progressistas, favorável ao comunismo;

8. E concitar os brasileiros de todas as classes sociais a que se solidarizem com a presente mensagem, à vista da acolhida calorosa que já dispensaram à carta que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, abaixo assinado, escreveu ao Sr. Dom Helder Câmara, sobre o documento do Pe. Joseph Comblin.

São Paulo, 10 de julho de 1968

O Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade:

Plinio Corrêa de Oliveira, presidente
Fernando Furquim de Almeida, vice-presidente
Eduardo de Barros Brotero, 1° secretário
Caio Vidigal Xavier da Silveira, 2° secretário
Adolpho Lindenberg
Alberto Luiz du Plessis
Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira
Celso da Costa Carvalho Vidigal
Fabio Vidigal Xavier da Silveira
Giocondo Mario Vita
João Sampaio Netto
José de Azeredo Santos
José Carlos Castilho de Andrade
José Fernando de Camargo
José Gonzaga de Arruda
Luiz Mendonça de Freitas
Luiz Nazareno de Assumpção Filho
Paulo Barros de Ulhôa Cintra
Paulo Corrêa de Brito Filho
Plinio Vidigal Xavier da Silveira.


Página seguinte