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Entrevista | ||||
As questões climáticas e os “eco-alarmistas” Em torno do propalado debate sobre o aquecimento global, têm sido levantadas várias hipóteses de catástrofes. O Prof. José Carlos Almeida de Azevedo, ex-reitor da UnB, é um dos que contestam tal visualização. Catolicismo entrevistou sobre questões climáticas e ambientais um cientista de grande destaque, com numerosos artigos publicados na grande imprensa e participação em debates televisivos. Doutor em Física pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), o Prof. José Carlos Almeida de Azevedo foi reitor da Universidade de Brasília (UnB) e capitão engenheiro da Marinha de Guerra. Ele rebate as teses alarmistas sobre o aquecimento global, baseadas em pretensa fundamentação científica, e esclarece o verdadeiro alcance da ação humana nas mudanças climáticas. Em sua ampla biblioteca, o Prof. Azevedo atendeu o colaborador e correspondente de Catolicismo em Brasília, jornalista Nelson Ramos Barretto. Com linguagem simples e direta, foi logo explicando que, tanto na Universidade quanto na Marinha, dedicou-se mais à área administrativa. Entretanto, interessou-se sempre pelo problema do clima, por ser “um disparate que não tem tamanho” o que se propala a respeito.
* * * Catolicismo — Muito se fala sobre a questão do aquecimento global. Mas qual é, de fato, a influência da ação humana sobre o clima?
Catolicismo — Quais são as bases científicas de todo esse alarme em torno do aquecimento global? Prof. Azevedo — A Terra é um conjunto dinâmico. O CO2 que estamos emitindo irá para algum lugar, porque ele não vai desaparecer. Tudo influi: o desmatamento influi; os motores a combustão influem; a queimada, a derrubada das árvores também. O importante é saber em que proporção. Outra coisa é saber se isso é realmente importante, no sentido de que, caso continue ocorrendo, influenciará a vida na Terra. Quanto aos níveis de CO2 atuais, todos os levantamentos mostram que, no passado, eles foram muito superiores. O nível de carbono no ar chegou a 1.500 ou 2.000 partes por milhão. Atualmente está em torno de 380 partes por milhão. Os alarmistas referem-se a dados que não conseguem comprovar. Por exemplo, dizem que o nível de CO2 começou a crescer com o advento dos combustíveis fósseis, ou seja, da era industrial. Não é verdade. Nem os dados do nível de CO2 no ar, no início da era industrial, são inteiramente conhecidos. Uns dizem que era 400, outros que era 160, o próprio IPCC diz isso. Entretanto, não há dados concretos sobre os níveis de dióxido de carbono no ar, que fundamentem uma decisão de tal ordem, expressa na formulação: “Os países desenvolvidos devem cortar 20, 30, 40% dos combustíveis fósseis até o ano tal”. Uma decisão assim irá quebrar a economia mundial. Quem irá sofrer? Os mais pobres, as nações africanas e as nações do mundo pobre, no qual se inclui a América latina. Usamos combustíveis fósseis mesmo, além deles não há mais nada. Dizem os alarmistas: “Mas há as energias alternativas e as energias renováveis”. Não existe isso. Quais são as energias alternativas? O vento, a maré e o sol. Todas essas energias somadas constituem hoje 5% do consumo de energia na Terra. Como é que vamos mudar toda uma matriz energética em 20 ou 30 anos, para satisfazer a interesses — escusos, a meu ver — de determinadas pessoas ou de certos grupos econômicos interessados em prejudicar o desenvolvimento de países mais pobres, e concomitantemente prejudicar os países mais ricos? Isso é o que está em jogo. Não há fundamentação científica nenhuma para isso. Não há nenhum trabalho científico que afirme: “Se o nível de dióxido de carbono aumentar de tanto, vai acontecer isso e aquilo outro”. Eles se baseiam em dois trabalhos — dos anos 1830 até 1896! — de Jean-Baptiste Fourrier e Svante Arrhenius. Acontece que o trabalho de Fourrier é anterior ao conhecimento dos efeitos da radiação. Não se sabia nada a respeito dela.
Catolicismo — Qual a proporção da ação humana na ação da natureza? Prof. Azevedo — Nenhuma. A natureza está aí dessa maneira, e deve continuar do mesmo jeito ainda por muitos milhões de anos. Depois tudo vai desaparecer. Tudo veio do sol. O petróleo veio do sol, pela decomposição da matéria orgânica. O CO2 influi no clima? Provavelmente sim. Tudo influi no clima.
Catolicismo — O Sr. poderia falar sobre o efeito do CO2 e o efeito estufa?
O CO2 influi? Sim, mas influi quanto? Os combustíveis fósseis emitem por ano seis ou sete bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Mas os mares emitem 90, é uma desproporção fantástica entre uma coisa e outra. As plantas emitem uma quantidade quase igual. Os cupins emitem uma quantidade enorme de metano.
Catolicismo — Pode-se afirmar que o CO2 é necessário para a vida na Terra? Prof. Azevedo — Toda a vida na Terra depende do CO2. Toda matéria orgânica possui carbono. O carbono existente apareceu por processos geológicos, ou está enterrado nas rochas e nos mares. As plantas absorvem o CO2. Sem CO2, as plantas não crescem.
Catolicismo — Fala-se muito da Amazônia. Qual é a real repercussão do desmatamento da Amazônia sobre o clima global? Prof. Azevedo — Aparentemente nenhuma.
Catolicismo — Foi publicado que uma das causas da chuva da Amazônia é a areia proveniente do deserto do Saara. Prof. Azevedo — Ela vem do Saara, que já foi uma floresta e possuía rios caudalosos. O clima muda muito, e muda sempre. E continuará mudando sempre.
Catolicismo — O ser humano tem possibilidade de mudar o clima?
Catolicismo — Os “eco-alarmistas” alegam, como prova do aquecimento global, que as geleiras dos pólos norte e sul, e as dos Alpes, estão derretendo. Prof. Azevedo — A geleira só faz duas coisas: aumentar e diminuir de tamanho. Na última era glacial havia gelo no mundo todo acima de 12° de latitude norte e sul. O Brasil era coberto pelo gelo, a África e toda a Europa também. No último grande período de frio, há 18 ou 20 mil anos — não era propriamente uma glaciação —, havia gelo com espessura de dois quilômetros na Europa. Esse gelo derreteu, desapareceu. As rochas explodiram e formaram-se aqueles fiordes da Noruega. Abriram-se aqueles vales imensos nas montanhas de rochas. A água infiltrou-se, congelou e explodiu a rocha. Está tudo lá, e pode ser comprovado. Isso sempre ocorreu e sempre sucederá, não tem nada a ver com poluição e desmatamento. O desmatamento é prejudicial, e a poluição é um problema mais de educação do que um problema climático. Essas coisas todas, os alarmistas misturam para confundir o público. Há uma pessoa no Rio de Janeiro –– não vou dar o nome, porque seria até depreciativo –– que após ler matéria sobre o tema, vendeu seu apartamento na praia de Ipanema, porque disseram que o nível do mar iria subir sete metros...
Catolicismo — E o nível dos mares subirá, de fato? Prof. Azevedo — Veja os exemplos que os “eco-alarmistas” apresentam, de que os mares estão subindo, de ilhas que estão desaparecendo. Nada disso é comprovado. Há uma decisão da Corte Superior da Inglaterra e Gales, que proibiu passar nas escolas o filme de Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA, distribuído gratuitamente nos estabelecimentos de ensino para provocar essa comoção. Em benefício de alguns aproveitadores, que investem em crédito de carbono, em painéis solares, energia eólica e todas essas coisas. Eles estão ganhando fortunas colossais. A corte inglesa, entretanto, analisou o filme, encontrou 11 erros e proibiu que ele fosse projetado, sem apontar esses erros. Na realidade não são 11, mas 35 erros. É uma peça hollywoodiana, não fornece nenhuma fundamentação científica. É tudo balela.
Catolicismo — E qual o valor científico desse relatório IPCC da ONU?
Catolicismo — Em outras partes do Pólo Sul, ela está aumentando? Prof. Azevedo — Não há nenhuma comprovação de que haja um derretimento significativo das geleiras do Pólo Sul. Nada que tenha fugido aos padrões normais observados nos últimos anos, em que essas coisas são observadas.
Catolicismo —No último ano o inverno na Europa foi dos mais rigorosos. Prof. Azevedo — Foi dos mais rigorosos somente nos últimos 20 anos, mas eles não dizem isso.
Catolicismo — Para terminar, como se configura esse debate científico aqui no Brasil? Prof. Azevedo — Em Manaus, ainda esta semana, terminou a reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Um amigo meu, Luiz Carlos Molion, climatólogo altamente competente, que considera ridículas essas coisas todas de IPCC, fundamentou cientificamente a tese de que as grandes mudanças do clima não ocorrem por ação humana. Mais importantes do que elas, por exemplo, são as oscilações térmicas do Oceano Pacífico. No fundo do Pacífico há vulcões. As quantidades maiores de vulcões que existem na Terra estão no fundo do mar. No sul, na Antártida, existem vulcões. Debaixo do gelo da Antártida existem rios, lagos. Essas coisas foram descobertas recentemente por técnicas de radar e laser. Acontece que tais fatos não são divulgados. Ficam dizendo que o nível do mar vai subir, que as ilhas vão desaparecer, que os habitantes das ilhas do Pacífico estão provocando uma grande migração para a Austrália e a Nova Zelândia. Não é verdade, todo mundo está no mesmo lugar. Dizem que, se não houver mudanças, as maçãs de Santa Catarina vão desaparecer. Se algum órgão público — o Ministério Público, a Ordem dos Advogados, alguma entidade que tenha representatividade — questionar qual a prova disso, eles não a apresentam.
Catolicismo — São hipóteses? Prof. Azevedo — Eles têm supercomputadores, e nesses supercomputadores tira-se o resultado que se quiser. O computador é lixo para dentro e lixo para fora. O que se coloca no computador para ele processar, é processado. Se eu colocar que o nível de CO2 no ar hoje é 20%, e perguntar quanto será daqui a tantos anos, roda aquela parafernália toda, com um custo fantástico, e resulta uma produção de falsos trabalhos científicos, hipóteses pseudo-científicas que não têm nenhuma importância. A indagação concreta é a seguinte: existe alguma prova científica que relacione a ação humana com a mudança do clima? Resposta: Não há nenhuma. Poderá haver no futuro? Julgo muito difícil que isso ocorra, porque esse é um sistema incrivelmente complexo, e não há tratamento matemático e científico capaz de ser processado com um mínimo de segurança, que permita fazer afirmações dessa natureza.
Catolicismo — O Sr. gostaria de acrescentar mais algo? Prof. Azevedo — Os governos, em particular o nosso, investem muito em equipamentos, em supercomputadores, para fazer essas projeções climáticas que não valem absolutamente para nada. É uma coisa curiosa, mas os meteorologistas que são competentes e dedicados trabalham no dia-a-dia, fazem as projeções ou previsões para uma semana, no máximo para dez a 15 dias. Esse pessoal do IPCC, que cuida de projeções climáticas por computador, faz projeções para 20 ou 100 anos futuros. Ninguém vai conferir, mas daqui a 100 anos o nível dos mares... Em minha opinião, para terminar com o aquecimento global tal como ele existe, é só desligar a eletricidade desses computadores... Não é uma ironia, é uma afirmação que faço até com alguma responsabilidade científica.
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