Bento XV: Fazer que os homens conhecessem cada vez mais a Jesus Cristo e que, por aí, soubessem não somente o que é preciso crer, mas ainda como é preciso viver, eis a que se aplicou S. Paulo com todo o ardor de seu coração apostólico. Por isso, tratava dos dogmas de Cristo e de todos os preceitos, mesmo que fossem mais severos do que outros, e não usava reticências nem mitigações ao falar da humildade, da abnegação de si mesmo, da castidade, do desprezo das coisas humanas, da obediência, do perdão dos inimigos e de outros assuntos semelhantes. Não sentia nenhuma timidez ao declarar que entre Deus e Belial é preciso escolher a quem servir e que não é possível ter um e outro por senhor; que um tremendo juízo espera os que saem desta vida; que não é lícito transacionar com Deus; que não deve esperar a vida eterna quem não cumpre toda a lei, e que o fogo eterno aguarda os que faltam a seus deveres para favorecer suas concupiscências.
Realmente, nunca o Pregador da Verdade teve a ideia de se abster de tratar de temas dessa natureza, sob pretexto de que, dada a concepção da época, tais considerações pareceriam muito duras àqueles a quem eram dirigidas (Encíclica "Humani Generis", sobre a pregação da palavra de Deus, de 15 de junho de 1917).
Pio XI: Vede quão mal consultariam à utilidade dos operários aqueles que, professando querer melhorar as condições de existência destes, só lhes dessem a mão para a conquista dos bens frágeis e perecíveis, negligenciassem esclarecê-los sobre seus deveres à luz dos princípios da doutrina cristã, e chegassem mesmo até a excitar cada vez mais sua animosidade contra os ricos, entregando-se a essas declamações amargas e violentas pelas quais nossos adversários concitam as massas à agitação da sociedade. (Carta "Soliti Nos", ao Bispo de Bérgamo, de 11-III-1920).
Pio X: À glória da França acrescentarei o que ao Rei São Luís escreveu o Papa Gregório IX: "Deus, ao qual obedecem as legiões celestes, tendo estabelecido, na terra, reinos diferentes segundo a diversidade das línguas e dos climas, conferiu a um grande número de governos missões especiais para a realização de seus desígnios. E tal como outrora preferiu a tribo de Judá às dos outros filhos de Jacob, e tal como a gratificou de bênçãos especiais, assim escolheu a França de preferência a todas as outras nações da terra para a proteção da Fé católica e para a defesa da liberdade religiosa. Por esse motivo, continua o Pontífice, a França é o reino de Deus mesmo, os inimigos da França são os inimigos de Cristo. Por esse motivo, Deus ama a França porque Ele ama a Igreja que atravessa os séculos e recruta legiões para a eternidade". (Discurso de 18-XII-1908, por ocasião da beatificação de Joana d'Arc e outros Veneráveis franceses).
Pio X: Vós direis a vossos compatriotas (os franceses) que, se eles amam a França, devem amar a Deus, amar a Fé, amar a Igreja, que é para todos eles Mãe muito terna, tal como o foi de vossos pais. Vós lhes direis que considerem um tesouro os testamentos de São Remígio, de Carlos Magno e de São Luís — testamentos esses que se resumem nas palavras tantas vezes repetidas pela heroína de Orléans (Santa Joana d’Arc): "Viva Cristo que é o Rei dos Francos".
Somente a esse título é que a França é grande entre as nações: sob essa cláusula, Deus a protegerá e a fará livre e gloriosa; sob essa condição, poder-se-á aplicar-lhe aquilo que, nos Livros Santos, se diz de Israel: "Nunca se encontrou quem insultasse a este povo, senão quando ele se afastou de Deus: "Et non fuit qui insultaret populo isti, nisi quando recessit a cultu Domini Dei sui". (ibidem).
Pio XI: As recompensas concedidas ao valor contribuem poderosamente para suscitar nos corações o desejo de ações relevantes, porque glorificam os homens notáveis que bem mereceram da Igreja ou da sociedade, e, com isso, arrastam os outros pelo exemplo a percorrer o mesmo caminho de glória e de honra.
Com esta Sábia intenção, os Pontífices Romanos, Nossos Predecessores, cercaram de um amor especial as Ordens equestres, como estimulantes de glória. (Breve sobre as Ordens equestres pontifícias, de 7-11-1905).
Leão XIII: É evidente que cumpre visar antes de tudo o objetivo principal, que é o aperfeiçoamento moral e religioso; é sobretudo este fim que deve regular toda a economia das sociedades (de operários); de outro modo elas degenerariam rapidamente e cairiam — ou pouco faltaria para tanto — ao nível das sociedades em que a Religião não ocupa lugar algum. Aliás, de que serviria ao artífice ter encontrado no seio da corporação a abundância material, se a carência de alimentos espirituais pusesse em risco a salvação de sua alma? (Encíclica Rerum Novarum, de 16-V-1891).
Leão XIII: Um segundo mal, extremamente funesto e que jamais deploraremos bastante, porque não cessa de se propagar dia a dia para grande detrimento das almas, consiste no propósito deliberado de fugir à dor, de empregar todos os meios para evitar o sofrimento e repelir a adversidade.
Para a grande maioria dos homens, a recompensa da virtude, da fidelidade ao dever, do trabalho contínuo, dos obstáculos superados, não consiste mais, como deveria ser, na paz e na liberdade da alma; o que eles procuram como última perfeição é um estado social quimérico, em que nada haveria que suportar, e onde se fruíssem a um só tempo todos os prazeres terrenos. (Encíclica Laetitiae Sanctae, de 8-IX-1893). □
É inegável que a Rússia Soviética ocupa nas vésperas do desencadeamento do novo conflito, que irá envolver novamente o mundo inteiro, uma posição estratégica vantajosíssima.
Uma pergunta que se impõe ante este fato é saber como se chegou a tal ponto. De que maneira perderam os Estados Unidos, em favor do aliado vermelho, seu posto de hegemonia no concerto das nações?
A este propósito, extraímos alguns dados de alto interesse, de um artigo publicado pelo profundo pensador e escritor francês Henri Massis nos números de Outubro, Novembro e Dezembro da revista “Écrits de Paris”.
O Presidente Roosevelt, que já havia falhado na preparação do seu povo para a guerra, em virtude de sua tendência isolacionista, ao entrar na luta não soube tirar proveito das circunstâncias que no momento lhe eram francamente favoráveis no front europeu. Os exércitos alemães e russos haviam começado a entrechocar-se; e já se percebia claramente que o auxílio americano era condição indispensável para a sobrevivência da Rússia.
Roosevelt estava em posição de superioridade para exigir de Stalin, em troca da ajuda que lhe seria fornecida, garantias bem especificadas no que se referisse à política de após guerra na Europa e na Ásia.
Deixou, entretanto, o chefe do governo americano escapar das mãos essa oportunidade preciosa. Em vez de tirar partido da preponderância que desfrutara, ofereceu ao exército russo, cuja situação era desesperadora, o apoio material maciço e inestimável da produção de guerra americana, sem nada exigir em troca, sem tomar mesmo qualquer precaução. Aceitava, pois, Roosevelt o risco de uma assinatura em branco num tempo em que nem os acordos solenemente assinados eram respeitados...
Diante das primeiras e intempestivas manifestações do expansionismo soviético, o Departamento de Estado norte-americano, em lugar de opor uma resistência enérgica, favoreceu-as indiretamente com a sua atitude passiva.
Já em Dezembro de 1941, quando a Ministro do Exterior britânico, Anthony Eden, esteve em Moscou, Stalin teve a audácia de lhe perguntar se a Inglaterra concordaria com a anexação pelos Soviets da Estônia, Lituânia, Letônia, de alguns territórios da Finlândia, da Rumânia e de toda a Polônia Oriental. Segundo relato de Cordell Hull em suas Memórias, o Departamento de Estado se limitou a declarar que «a prova da boa fé americana para com a União Soviética não residia em reconhecer um alargamento de fronteiras, mas antes na determinação dos Estados Unidos de lhe enviar todo o equipamento e provisões que lhes fosse possível».
Roosevelt, tendo percebido a necessidade de tomar atitude perante o problema do imperialismo soviético, optou pela mais desastrosa das soluções, propondo ao governo comunista uma «cooperação democrática»
Segundo o embaixador William Bullit, o Presidente acalentava a quimérica esperança de «converter» Stalin com as seguintes atitudes:
1º — Concordar com Stalin sem limites nem restrições em tudo que ele pedisse para prosseguir a guerra.
2º — Convencer Stalin a aderir a compromissos de ordem geral, tais como a Carta do Atlântico.
3º — Dar a entender a Stalin que a Casa Branca usava de sua influência para encorajar a opinião pública norte-americana no sentido de considerar favoravelmente as intenções do governo soviético.
4º — Encontrar Stalin face a face, e convencê-lo de aceitar caminhos cristãos e princípios democráticos.
Aos que procuravam alertá-lo afirmando que Stalin era um comunista penetrado da determinação de conquistar o mundo para o bolchevismo, dizia Roosevelt: «Tenho o pressentimento de que Stalin não é o homem que se crê. Hopkins confiou-me que também tem a mesma impressão e que Stalin nada mais quer senão a segurança de seu próprio país. Eis porque penso que, se se der a ele tudo o que puder dar sem nada pedir-lhe em troca, noblesse oblige, ele não poderá pensar em anexar cousa alguma, e colaborará comigo para instaurar no mundo uma paz verdadeiramente democrática... »
No afã de agradar o aliado soviético, Roosevelt fez funcionar a máquina da propaganda política da Casa Branca para anunciar aos americanos as maravilhas de uma Rússia tolerante, liberal, infensa a manobras subterrâneas. Um dos seus propagandistas mais devotados, o velho embaixador Joseph L. Davies, foi encarregado de publicar em prosa e em verso esta afirmação: «Os fatos o provam com eloquência e eu pude certificar-me pessoalmente durante a minha missão em Moscou: a palavra de honra do governo soviético é palavra do Evangelho».
Pode-se imaginar a perplexidade do povo americano quando verificou que, fora iludido com mentiras.
Enquanto que o imperialismo russo não lhe inspirava o menor cuidado, o expansionismo britânico era objeto das mais severas precauções do Presidente americano.
Em seu primeiro encontro com Churchill, a bordo do Augusta, lhe declarara que «a América não ajudaria a Inglaterra nesta guerra para lhe permitir que continuasse a dominar brutalmente os povos coloniais». E acrescentara que «a paz é incompatível com a manutenção do despotismo, fosse ele qual fosse». Com relação ao Primeiro Ministro britânico, que para Roosevelt personificava a mentalidade arcaica e ultrapassada do imperialismo dos ingleses, manifestou o Presidente uma contínua desconfiança.
Essas atitudes contribuíram para que fossem sistematicamente rejeitadas por Roosevelt muitas propostas formuladas por Churchill, que eram de grande alcance para salvaguardar a hegemonia do mundo ocidental.
Assim, não quis ele compreender as justas apreensões de Churchill, que temia uma penetração do exército russo até o coração do Ocidente. O Primeiro Ministro inglês era favorável a um ataque anglo-americano através dos Bálcãs, tendo Trieste como cabeça de ponte. Dessa forma os aliados garantiriam a posse do vale do Danúbio, contrariando as pretensões soviéticas. Quando apresentado pela primeira vez essa proposta, a reação de Roosevelt consistiu em desprezar essa possibilidade de manter o exercito russo fora da Áustria, da Rumânia e da Hungria, em face da suspeita de que se tratava de uma manobra de Churchill com o fim de «proteger interesses britânicos reais ou imaginários no continente europeu».
Nas conversações realizadas em Teerã no dia 5 de Dezembro de 1943, Roosevelt se apresentou com o deliberado propósito de ganhar as simpatias de Stalin. E o papel que julgou mais adequado desempenhar para conseguir esse objetivo foi o de «árbitro entre o ditador do Kremlin e o tory de Westminster».
Roosevelt havia sido convencido pelos seus conselheiros militares de que, para ganhar a guerra com a menor perda de homens, era preciso concentrar as forças inglesas e americanas no Oeste.
Assim sendo, o seu primeiro gesto em Teerã foi estender ao chefe russo o texto do plano Overlord, de desembarque na Normandia.
«A operação Overlord, afirmou ele, está na base de toda a estratégia aliada de 1944. Nada deverá enfraquecê-la ou retardá-la. Tudo lhe deve ser sacrificado. Uma manobra no Mediterrâneo oriental dispersaria as nossas forças justamente na ocasião em que as razões estratégicas exigem a concentração dos esforços».
Churchill, embora tivesse ficado só não se deu por vencido: sugeriu a conquista da ilha de Rodes e propôs que se convidassem os Turcos a intervir, advertindo que seria então ou nunca. Stalin limitou-se a dizer: «Os turcos se recusarão. Se eles aceitassem seria pior; eles vos pediriam aviões e mantimentos e para atendê-los criaríeis a operação Overlord».
Roosevelt, completamente descuidado dos perigos futuros, abandonava os Bálcãs nas mãos da Rússia, a fim de «alcançar a vitória o mais rapidamente possível, com o mínimo risco».
Ao contrário de Churchill, o Presidente americano não temia as consequências do fortalecimento da Rússia. Relata seu filho Elliot esta observação acerca do Ministro inglês: «O aborrecimento é que Churchill pensa muito no após guerra e na situação em que se achará a Grã-Bretanha. Ele tem medo de que os russos se tornem muito fortes... »,
No texto que ele mesmo corrigiu e aprovou ao voltar de Teerã, reconhecia que conduzira deliberadamente as conversações em benefício de Stalin em nome da política de boa vizinhança.
E voltou a Washington cheio de otimismo e confiante no futuro, que seria «de paz e felicidade humana», convencido como estava de que «Stalin e os outros dirigentes soviéticos trarão da maneira mais leal do mundo o seu apoio e contribuição para a organização do após-guerra».
Quando se deu início à conferência de Yalta, a derrocada alemã se fazia sentir em todas as frentes. Os russos ocupavam a Rumânia, a Bulgária e a Hungria e os seus exércitos estavam na fronteira austríaca. Era lógico, pois, que os debates versassem sobre a «partilha do mundo».
O primeiro caso estudado foi o da Polônia. Churchill acabara por aceitar a sugestão de Roosevelt de que as fronteiras orientais desse país fossem fixadas pela linha Curzon — o que representava a anexação à Rússia Soviética de toda a Polônia Oriental — ficando por regular possíveis retificações parciais. Mas quando Stalin pediu o avanço da Polônia para o Oeste, até o Oder e o Neisse, Churchill levantou o seu protesto, dizendo que seria loucura «fartar o novo Estado com tanta comida alemã: ele estouraria de indigestão!»
A controvérsia tornou-se mais tensa quando se tratou da composição do novo governo polonês. «A Grã-Bretanha, afirmou Churchill, declarou a guerra, pôs em risco a própria existência para que a Polônia permanecesse um Estado livre e soberano. Não aceitaremos jamais uma solução que não faça da Polônia tal Estado: é uma questão de honra». «Para mim, replicou Stalin, trata-se de uma questão de segurança. A Polônia foi sempre o corredor através do qual os exércitos estrangeiros invadiram a Rússia. É do interesse da Rússia que a Polônia seja um Estado forte e potente, capaz de fechar a porta desse corredor por seus próprios meios». Em outras palavras, a Polônia deveria ser um Estado comunista.
Qual é o procedimento de Roosevelt? Atribuindo-se o simpático papel de mediador e de árbitro, apresentou uma fórmula infelicíssima para resolver a dificuldade. Convencido de que o problema do governo polonês ficaria solucionado uma vez que se comprometessem os aliados a permitir a formação de um governo de união nacional, sugeriu que o governo de Lublin, mantido pelos russos, deveria sem demora «ser reorganizado sobre bases mais amplas, com a participação dos chefes democráticos e dos poloneses no exílio que tinham o governo em Londres». Quis ainda Roosevelt dar uma feição mais geral a essa ideia formulando uma declaração a ser subscrita pelos Três Grandes, segundo a qual «em todo Estado libertado ou satélite do Eixo, autoridades provisórias, de caráter democrático deveriam estabelecer, o mais rapidamente possível, por meio de eleições livres e sem entraves, governos que refletissem a vontade do povo». É evidente que a Rússia não teve dúvidas em concordar...
Resultado: — apesar de ter Molotov assegurado ao Presidente que as eleições se realizariam dentro de trinta dias, elas só foram feitas após vinte e três meses e debaixo de cacetes. Quanto às fronteiras ocidentais da Polônia, resolveu-se esperar o tratado de paz para traçá-las definitivamente. E até hoje continuam «provisórias».
A segunda questão discutida foi a do controle da Alemanha, após a derrota.
Roosevelt estava então sob o efeito do plano Morgenthau, que consistia em suprimir toda a indústria alemã para transformar a Alemanha num país agrícola. E assim, concordou imediatamente com o desmantelamento industrial do Ruhr e Sarre.
Em Yalta ficou também combinada a divisão da Alemanha em zonas e a formação de um estado-maior aliado com sede em Berlim. Entretanto, - como afirma Pierre Frederix, - embora nenhum texto publicado o demonstre, os fatos testemunham que então se decidiu conferir aos russos, «por questões de prestígio do exército soviético», a tarefa da conquista da capital germânica. Com a Conferência da Criméia aprofundou-se a fenda que dividia a Europa ao meio, e cuja existência o Departamento de Estado se obstinava em não reconhecer.
No que se refere à Ásia, a atuação de Roosevelt não foi menos desastrosa. E as concessões que fez no Extremo-Oriente feriram de forma particularmente nefasta os interesses americanos e até a própria segurança dos Estados Unidos. Firmou com Stalin um acordo secreto, no qual outorgava à Rússia uma influência dominante em Dairen, o grande porto da Manchúria, o controle total da base naval que protege Porto-Artur, bem como das estradas de ferro que ligam a URSS a Dairen e cortam o país de norte a sul. O acordo não somente sacrificava as Kurilas com o sul de Sakalina, mas permitia à Rússia estender o seu poder à China bem como mobilizar os recursos desse país em caso de guerra com os Estados Unidos. E qual era a retribuição da Rússia? Nada mais nada menos que a promessa de uma incomoda participação na campanha contra o Japão seis meses após a capitulação da Alemanha.
E assim abriu-se à influência direta de Moscou a imensa nação chinesa, assegurando-se a supremacia completa da União Soviética no Extremo Oriente.
Ao morrer Roosevelt legou aos seus sucessores uma política exterior de verdadeira bancarrota, embora nem tudo ainda estivesse perdido.
Quando Truman assumiu o poder, em abril de 1945, os exércitos americanos, britânicos e franceses, sob o comando de Eisenhower, avançavam rapidamente para o Leste. A Tchecoslováquia e a Áustria poderiam ter sido ocupadas e Berlim teria sido facilmente conquistada pelos ocidentais. Entretanto, o novo Presidente não pôde mostrar-se em Potsdam mais resistente ante Stalin do que fora Roosevelt em Teerã e Yalta.
Nem de longe pensou em tirar proveito político dos resultados do lançamento da primeira bomba atômica. Subscreveu sem titubear a anexação de Koenigsberg e de parte da Prússia Oriental pela Rússia. Ao mesmo tempo, o seu enviado Edwin Pauley concordou em que a União Soviética se apropriasse dos bens alemães na Áustria e desmontasse, a título de reparação, na zona por ela ocupada, as instalações de sua escolha, o que viria fortalecer consideravelmente a sua potência industrial. Tal era o caos em que Roosevelt deixara a política alemã, que se podia ter a impressão de que Truman não sabia o que fazer com a Alemanha.
Na Ásia, as coisas andaram pior. O Presidente Truman decidiu continuar a política de confiar no comunismo como fizera o seu predecessor. Persuadido de que «o comunismo chinês visava simplesmente a reforma agrária e nenhuma relação tinha com Moscou», eis a palavra de ordem que dera ao general Marshall: «Pôr fim à guerra civil, reconciliando o governo nacionalista com os comunistas». Durante o armistício os revoltosos se reequiparam e rearmaram até que Mao-Tse-Tung rompeu a trégua e tomou conta de quase todo o vasto império chinês. Em outras palavras, a sorte do Extremo-Oriente estava selada.
E o lamentável é que os responsáveis pelos destinos da República norte-americana, após todos esses revezes, ainda acreditam numa paz com a Rússia. Enquanto isso os soviéticos vão ganhando terreno e consolidando as suas posições. Pouco resta ainda para salvar. Mas é necessário, sob pena de assinar a própria condenação e a da civilização ocidental, que os Estados Unidos percam essas vãs esperanças de negociar e se mostrem dispostos a enfrentar o inimigo em toda a linha e com todo o peso dos seus enormes recursos bélicos. □
Hoje mais do que nunca o destino da civilização está na dependência da ação dos blocos continentais. E a formação de tais blocos é um dos aspectos mais característicos da política contemporânea. É esta situação que o mapa acima procura ilustrar. Sobre a posição futura das regiões deixadas em branco: colônias africanas, Índia, Indonésia, etc., consideramos prematuro qualquer julgamento.
Sem entrar em exaustivas considerações sobre os antecedentes históricos da formação de tais massas continentais, podemos estabelecer como ponto preliminar os seguintes:
1) Tais blocos se sobrepõem aos grandes grupos étnicos da raça branca: anglo-saxões, latinos, eslavos e árabes, ou pelo menos têm como núcleo central tais grupos.
2) Sobre estes grupos étnicos se constituem ou estão em vias de serem constituídas quatro verdadeiras sociedades de nações: a União Atlântica, a União Soviética, a União Latino-Americana e a União Árabe ou Muçulmana.
3) É importante acentuar que nem sempre, pelo menos por enquanto, estas uniões tomarão a forma de federações mundiais nas quais os países membros perderiam a sua individualidade. Alguns destes blocos terão a principio mais o caráter de Uniões «de fato» de que «de direito», nas quais um ou dois países exercerão as funções de líderes de outros com os quais tenham afinidades, étnicas, culturais etc.
Vejamos rapidamente como estão se constituindo tais «Uniões»:
1) A União Atlântica está prestes a transformar-se numa espécie de «Cominform Ocidental». Assim está redigido um despacho da Agência France Presse de 6 de Abril de 1950, por ocasião de uma conferência dos ministros do exterior da França, Estados Unidos e Inglaterra, durante aquele mês. Acrescentava ainda o mesmo comunicado o seguinte: — «A estruturação orgânica da União Atlântica surge como inadiável em face da unidade quase monolítica da URSS e seus satélites. Tal União agruparia os países signatários do Pacto do Atlântico predominando as nações de formação anglo-saxônica.
2) A constituição da União Soviética e seus objetivos são por demais conhecidos para exigirem esclarecimentos especiais.
3) A União Latino-Americana constituída pelos países da América Latina, que encontrariam na Península Ibérica, na Itália e talvez na França um prolongamento natural, não é mera ficção. Todos estes países em geral têm tradições culturais comuns. A formação de governos populistas em certos países da América do Sul, de tendências claramente anti-yankees, não deve ser reduzida a consequências de meros caprichos caudilhescos.
4) Quanto à União dos países árabes é importante notar-se que a Liga Árabe tende a transformar-se em Liga Muçulmana, substituindo um movimento pan-árabe por outro mais vasto, de pan-Islamismo. Sobre a formação deste bloco é interessante recordar uma declaração dos representantes diplomáticos dos Estados árabes em Londres, publicada com aprovação dos respectivos governos em 4 de Abril de 1945, na qual eles assinalam que, criando um bloco, os países árabes eram «os primeiros a traduzir em fatos a nova política, objeto das discussões para lançar as bases da nova civilização mundial».
Resta examinar qual a provável atitude destes dois últimos blocos em face de uma guerra que opusesse a União Atlântica à União Soviética, qual seria a provável atitude do bloco árabe ou muçulmano. Convém observar a este respeito que a Liga Árabe tem sido usada claramente como instrumento de propaganda antiocidental. Além disso, segundo um General francês, Pierre Keller, ao lado de um sentimento antiocidental, proliferam nos países árabes muitos clubes de «amigos da URSS».
Em 12 de Abril de 1950 a Agência «United Press» divulgou em um despacho procedente do Cairo a seguinte declaração do então Ministro da Economia da Síria, sr. Dawalaby: «É preferível que os Estados árabes se convertam em Estados Soviéticos do que em vítimas dos Sionistas». Se este estado de espírito dos povos árabes e se esta atitude de seus estadistas se mantiver, poderemos admitir a hipótese de que o bloco árabe, em face de uma guerra, não vacilaria em tomar posição.
Em face de uma tal situação, resta verificar qual seria a provável atitude do bloco Latino-Americano. A tendência dos governos populistas tem-se apresentado no sentido de assumir o papel de árbitro entre o capitalismo anglo-saxão e o comunismo soviético apresentando-se como o fiel da balança. Admitindo-se as hipóteses já expostas, esta atitude não é tão improvável como pode parecer à primeira vista.
Diante de uma guerra podemos admitir como possível atitude do bloco latino-americano uma das três seguintes:
a) Colaboração voluntária e irrestrita com o bloco anglo-saxão;
b) Neutralidade;
c) Negociar a sua adesão ao bloco anglo-saxão, impondo condições para a sua aliança.
Verificamos assim que, se por um lado, a atitude do bloco latino-americano não é, por si só, capaz de imprimir uma determinada orientação à política internacional, por outro ela é capaz de influir de maneira indireta porém profunda nesses mesmos acontecimentos.
Dentro deste panorama assume verdadeira importância a posição do Brasil, pois uma atitude decidida do nosso país pode levar o bloco latino a tomar uma certa posição, a qual repercutirá no cenário internacional. A atitude do Brasil, por sua vez, pode ser determinada por uma tomada de posição dos Partidos nacionais.
Estarão os nossos Partidos cientes e à altura da tarefa para a qual são chamadas?
Só o futuro o poderá responder.
Uma palavra finalmente sobre o bloco constituído pela Índia, Indonésia, etc. Como dissemos, os fatos não permitem, ainda, uma afirmativa sobre a atitude deste grupo num eventual conflito. Contudo, um telegrama da Associated Press, datado de 3 do corrente, nos põe sob os olhos, a este respeito, um indício expressivo: (Rangum, 15 (AP) — O «Daily Union Gazette», jornal que aqui se publica em idioma inglês, anunciou que Burma entrará num bloco neutro do sudoeste asiático, com a Índia, o Paquistão e a Indonésia, no caso de eclodir um conflito mundial. Citando fontes bem informadas, o jornal declarou que a questão deverá ser decidida, com pormenores, durante a visita a esta Capital do primeiro Ministro do Paquistão, Liaquet Ali ,Khan aguardada para o próximo mês. □
José de Azeredo Santos
Existe em certos meios intelectuais católicos a tendência a apenas considerar o aspecto positivo das coisas. Têm verdadeiro horror de condenações, excomunhões e anátemas. Declaram, por exemplo, ser o «Syllabus» de Pio IX altamente positivo e afirmativo, em que pesem todas as evidências em contrário. E ainda recentemente houve quem, tratando do documento em que a Santa Sé condenou o racismo, se sentiu mais à vontade transpondo todas as proposições para a forma positiva, a fim de melhor explicar o assunto a seus leitores...
Não vemos razão para seguir essa corrente chamada «construtiva» ou «positiva», do mesmo modo que achamos ser mero extremismo a permanência sistemática no negativismo ou no destrutivismo. Já dizia o Divino Mestre: — «Que o vosso sim seja sim e o vosso não, não». Há horas de afirmar e construir. Mas a também horas de negar e destruir. O importante é acertar quanto ao momento de ser pró ou contra.
Foi assim, com muita surpresa que lemos a declaração do Sr. Alceu de Amoroso Lima, segundo a qual o Santo Padre Pio XII teria condenado o feudalismo e o patriarcalismo econômicos, na alocução proferida por Sua Santidade a 8 de junho de 1950 perante os membros do Congresso Internacional de Estudos Sociais realizado em Roma pela Universidade de Friburgo.
Trata o Santo Padre do problema em dois trechos distintos dessa alocução. No primeiro, diz o seguinte: — «Bem atrasado se mostraria quem quer que, nos velhos países de indústria, pensasse que hoje, como há um século ou mesmo só meio século, se trate apenas de assegurar ao operário assalariado, solto dos liames feudais ou patriarcais (no texto original em francês :— “dégagé des liens féodaux ou patriarcaux”), além da liberdade de direito também a de fato. Semelhante concepção manifestaria completo desconhecimento do nó da situação atual. Há já dezenas de anos que na maior parte destes países, e muitas vezes sob a influência decisiva do movimento social católico, se formou uma política social caracterizada por uma evolução progressiva do direito de trabalho e, correlativamente, pela sujeição do proprietário privado, possuidor de meios de produção, a obrigações jurídicas em favor do operário.»
Mais adiante retoma o Papa o assunto do seguinte modo:
— «Quanto aos países em que hoje se começa a encarar a industrialização, nós não podemos senão louvar os esforços das Autoridades Eclesiásticas para pouparem a populações que vivem até agora em regime patriarcal ou mesmo feudal, e sobretudo em aglomerados heterogêneos, a repetição das impertinentes omissões do liberalismo econômico do século passado.»
Comentando e interpretando esses dois trechos da alocução pontifícia, disse o Sr. Tristão de Ataíde no «Diário» de Belo Horizonte de 20 de agosto de 1950:
— «Esse texto é a condenação formal do feudalismo e do patriarcalismo econômicos, tanto nos velhos países de indústria, como nos países cuja industrialização começa apenas a ser encarada, sem desconhecer a impossibilidade, por vezes, de ultrapassar esses estágios primários.»
«É uma resposta àqueles que argumentam, contra o humanismo econômico, que o Brasil ainda não está maduro para essas experiências. Que é preciso primeiro produzir e ganhar dinheiro. E mais tarde então cogitar de justiça social. O papa vem dizer exatamente o oposto. Tanto nos velhos países industriais, como a Inglaterra ou a Alemanha, como nos países que agora se estão industrializando, como o Brasil ou a Argentina, a fase feudal e a fase patriarcal devem ser desde já superadas ou corrigidas, para se conseguir uma humanização da economia, que se traduz concretamente nessa — «evolução progressiva dos direitos do trabalho e correlativamente na subordinação do proprietário privado, que dispõe dos meios de produção, às obrigações jurídicas em favor do operário». Por exemplo, quem no Brasil é contra o sr. Getúlio Vargas, não porque ele ameaça fazer com a República de 1946 o que Luiz Napoleão fez com a República de 48, em França ou o próprio Getúlio, com a democracia brasileira de 1934 — mas porque ele é autor de uma legislação social que deu ao operário brasileiro, como disse Gustavo Corção, «a consciência de que já existe», quem estiver nessas condições, cai sob a condenação das palavras precisas de Pio XII. O feudalismo e o patriarcalismo não são soluções. São retrocesso ou rotina. O «bom patrão» é um conceito «ultrapassado». A «evolução progressiva dos direitos do trabalho» e as «obrigações jurídicas do proprietário em face do operário substituíram o feudalismo e o patriarcalismo econômicos».
Ora, como é fácil de verificar, o sr. Tristão de Ataíde faz uma confusão lamentável em torno das palavras tão claras de Pio XII. O Santo Padre não condena o feudalismo e o patriarcalismo, mas o liberalismo econômico. Relembra ele, apenas, a fase histórica em que a sociedade saía de um estado de coisas patriarcal, que caracterizou o regime corporativo, para ingressar nos erros do liberalismo econômico, típico da nova era industrial iniciada no século passado. O segundo trecho é ainda mais claro: Louva o Papa os esforços feitos pelas Autoridades Eclesiásticas para pouparem as populações que vivem até agora em regime patriarcal ou mesmo feudal, a repetição das impertinentes omissões do liberalismo econômico do século passado. Quer isto dizer que as «impertinentes omissões do liberalismo econômico do século passado» não se confundem com o patriarcalismo ou feudalismo, pois delas ainda estariam livres aqueles países que hoje começam a encarar a industrialização. E o Santo Padre deseja justamente poupar a essas populações os flagelos do liberalismo econômico a que se viram expostos no século passado os países que então passaram para o moderno regime industrial. Quer isto dizer que na transição do regime feudal ou patriarcal para a era industrial, devem ser evitados os erros do liberalismo econômico que se deram nessa mudança em outras regiões há cem ou mesmo cinquenta anos atrás.
Ainda há pouco tempo tínhamos diante dos olhos um exemplo do que o Santo Padre quis focalizar. Entre as pequenas manufaturas devidas ao regime patriarcal, ao artesanato herdado da ordem econômica medieval, havia no norte da Escócia a fabricação caseira do «tweed», tecido feito a mão e apreciadíssimo pela sua excelente qualidade. Com a introdução de grandes fábricas de tecido, que produziam um artigo inferior, mas, também mais barato devido à introdução de teares mecânicos, gradativamente foi morrendo essa pequena indústria doméstica, que fazia a prosperidade de toda uma região, e hoje aqueles artífices e tecelões, que gozavam da verdadeira liberdade dos filhos de Deus, foram engrossar a multidão anônima do proletariado das grandes cidades industriais.
Seria uma evidente contradição que o Santo Padre Pio XII, que vive a pregar a necessidade da garantia e promoção da pequena e da média propriedade «na agricultura, nas artes e nos ofícios, no comércio e na indústria», fosse condenar o regime patriarcal e feudal em que por excelência floresceu o artesanato e a diversificação da vida econômica.
Quando Pio XII se refere ao fato de estarem desfeitos os vínculos feudais ou patriarcais a que se achavam sujeitos os trabalhadores antes da era industrial, não quer de modo nenhum com isto condenar o feudalismo ou o patriarcalismo, do mesmo modo que não implica em condenação do casamento o dizer-se que, pela morte de um cônjuge se acha desfeito o vínculo matrimonial. Refere-se o Papa ao estabelecimento da apregoada liberdade de trabalho, com que pelo edito de Turgot se deu um golpe de morte no regime corporativo, e as consequências práticas daí tiradas no período posterior à revolução francesa, destruindo os órgãos de defesa dos operários e dando-lhes a irrisória liberdade de vender seu trabalho ao preço determinado pela lei da oferta e da procura. Ao mesmo tempo que os patrões ficavam com a liberdade de contratar, segundo seu arbítrio, o trabalho de homens, mulheres, velhos e crianças.
Eis o quadro que Leão XIII faz dessa situação agora lembrada por Pio XII: — «Destruídos no século passado os antigos grêmios de trabalhadores e não havendo-se-lhes dado em seu lugar nenhuma defesa por se acharem afastadas as instituições e leis públicas da religião de nossos pais, pouco a pouco sucedeu acharem-se os operários sós e indefesos, pela condição dos tempos, à desumanidade de seus amos e ao desenfreado apetite dos competidores.» (Enc. «Rerum Novarum»).
É sabido que o regime corporativo, em seu apogeu, foi o fruto da ordem social estabelecida pelo feudalismo. Tanto isso é verdade, que a decadência das corporações coincidiu com a decadência do feudalismo. Sob os governos centralizadores e absolutos que surgiram das ruínas do feudalismo, pela destruição da influência da nobreza, as franquias e as liberdades públicas foram também sendo destruídas. Esse gradativo desaparecimento do regime corporativo em alguns lugares foi apressado pela ação direta de déspotas totalitários, fruto da Renascença, de que é exemplo Henrique VIII na Inglaterra. Deu ele um golpe de morte nos grêmios da velha Albion, confiscando suas propriedades sob alegação de que eram focos de superstição. O sistema mercantilista era melhor adaptado ao absolutismo do Estado, e antes mesmo de Hitler, de Mussolini, de Stalin, já os governos centralizadores, como por exemplo os de França e da Prússia, intervinham na vida das corporações de acordo com as conveniências políticas e oligárquicas do absolutismo real. Estava, assim, preparado o caminho para o totalitarismo hodierno, de que o liberalismo foi mera etapa intermediária.
Em resumo, não fez Pio XII a condenação do feudalismo e do patriarcalismo, nem esteve em sua intenção dizer que o «bom patrão» é um conceito ultrapassado, o que de certo modo seria lançar o grande Le Play às urtigas. O feudalismo é uma organização social e política baseada em certas conjunturas históricas que muito bem se podem repetir e a própria Igreja é um exemplo dessa organização feudal(*).
(*) O senhor feudal, considerado em suas relações com o rei e com o povo, tem situação muito semelhante à do Bispo em relação ao Papa e aos fieis. Tanto o senhor feudal quanto o Bispo, governam por uma autoridade que lhe é própria, e não apenas delegada. Tanto um quanto outro, na respectiva circunscrição, é um verdadeiro príncipe, em que residem todas as funções do mando. Nem um, nem outro, entretanto, é soberano, pois exerce sua autoridade sob a soberania de um poder mais alto. Esta constituição feudal da Igreja foi-lhe dada pelo próprio Jesus Cristo.
Que dizer da condenação do patriarcalismo, isto é, da vida econômica com base na vida familiar? E quanto ao «bom patrão», convém lembrarmos que sempre existirão operários e patrões sobre a terra, a menos que se espose a sociedade sem classes pregada pelo socialismo, e, portanto, se o patrão é um dado constante do problema, porque preferi-lo «mau» ou «indiferente»?
Sinais dos tempos. Não seria possível, em épocas normais, imaginar-se uma interpretação tão estranha das palavras da Cátedra da Verdade, Deus tirou o mundo do caos físico, pela Criação material, e do caos moral pela Redenção. Mas os homens trabalham em sentido inverso. Corre o mundo perigo de destruição material, pela bomba de hidrogênio. De destruição moral, pelos cada vez maiores pecados dos homens. Voltamos ao caos, à confusão. Tohu-Vabohu. □