A CRUZADA DO SÉCULO XX

(Íntegra na 1.a pág.)


PAPA E SANTO

(Íntegra na última pág.)

CONSERVADORISMO SOCIALISTA

Num dos últimos números de conhecida revista, mundialmente distribuída e impressa em diversos idiomas, foram publicados dois artigos em regozijo pelo término de governos trabalhistas na Austrália e Nova Zelândia. Se o fato se desse na Inglaterra talvez a revista considerasse o acontecimento digno de ser comemorado com a publicação de quatro artigos consecutivos. Não nos move nenhuma animosidade contra tal publicação, nem é nossa intenção analisar aqui os maléficos efeitos que a leitura de tais revistas pode acarretar a grandes camadas da população mundial, tendo-se em vista a sua ação em prol de uma massificação universal das mentalidades, moldadas à imagem e semelhança daquela do cidadão médio norte-americano.

Pretendemos simplesmente chamar a atenção para o fato de que o processo de socialização do mundo contemporâneo não está sendo levado a cabo apenas pelos governos chamados socialistas ou trabalhistas. Tanto os Partidos quanto a maior parte dos políticos ditos Conservadores, em todo o mundo, estão muito mais impregnados de ideias e métodos socialistas do que pensa o comum dos homens, e suas ações refletem essa situação. Tal identificação de Conservadorismo e Socialismo é tanto mais perigosa para a causa da Civilização Cristã quanto sua ação é mais obscura e mais difícil de combater .

Não estamos tecendo meras conjecturas teóricas e imaginárias. Esta é realmente a situação atual do Socialismo. O conhecido jornal inglês «The Economist» publicou em sua edição de 29 de junho de 1946 interessante artigo denunciando a mesma situação na Inglaterra e acentuando que lá «existe uma conspiração do Trabalho, do Capital e do Estado empenhados em negar à empresa as suas vantagens. O Estado as destrói sob a forma de altos tributos».

O manejo dos impostos é o mais eficiente instrumento de socialização colocado nas mãos do Estado contemporâneo. Igualdade mediante impostos, eis o grande lema das finanças públicas atuais.

A sua utilização para o nivelamento da riqueza é notória na Inglaterra onde no espaço de apenas sete anos foram quase eliminadas as grandes fortunas particulares. Uma estatística divulgada por H. Laufenburger (Finances Publiques) sobre o número de pessoas nas diferentes classes de rendimentos na Inglaterra no primeiro e no último períodos da Segunda Guerra Mundial é bastante elucidativa e julgamos de interesse transcrever:

Número de pessoas nas diferentes classes de rendimentos na Inglaterra:

Número de pessoas nas diferentes classes
de rendimentos na Inglaterra
Classes de rendimentos Ano Fiscal Ano Fiscal
Libras 1938-39 1944-45
150 a 250 4.500.000 7.400.000
250 a 500 1.820.000 5.000.000
500 a 1.000 450.000 830.000
1.000 a 2.000 153.000 186.000
2.000 a 4.000 56.000 33.050
4.000 a 6.000 12.000 890
6.000 e mais 7.000 60

Levando em conta que os preços aumentaram no mesmo período na proporção de 1 para 2,5, a equalização dos rendimentos aparece ainda mais nítida.

Em suma o governo Conservador realizou durante a guerra uma grande política socialista, favorecendo através dos impostos o nivelamento das rendas pelas mais baixas: 1.000 a 2.000 libras anuais, e o nivelamento dos salários pelos mais altos: 250 a 1.000 libras anuais. Terminada a guerra, o governo conservador legou ao trabalhista não a tarefa de socializar a Grã-Bretanha, mas simplesmente a de acelerar o seu processo de socialização brilhantemente iniciado com a nivelação das rendas particulares.

E não se queira justificar e desculpar aquele governo invocando o esforço de guerra. Técnicos em finanças como o prof. Laufenburger e Maurice Duverger reconhecem como principal responsável pelo ocorrido a política adotada pelo governo britânico.

Aí está como um Partido aparentemente antissocialista contribui para a causa do mesmo socialismo. Não nos iludamos com as aparências. Não é só pelo fato de não estarem os governos em mãos dos socialistas que podemos estar tranquilos como quer fazer crer a citada revista. É preciso distinguir na Política conservadora a herança socialista que em maior ou menor proporção de 1 para 2,5, a egualitalidades, ela apresente, e combatê-la constantemente a fim de preservar os fundamentos da civilização ocidental cristã e europeia.

***

Evidentemente, estas considerações não visam negar outro aspecto do conservadorismo. E é que, em relação ao esquerdismo, é ele sempre um mal menor. O conservadorismo, enquanto mescla de antigas tradições sadias, e novas influências más, é por força algo de menos censurável do que o socialismo, que é uma capitulação completa ante o mal.

porcionar à intelectualidade campista meio seguro e cômodo de analisar o desenvolvimento da grande tragédia contemporânea - à qual está ligada o Brasil como membro da comunidade das nações cristãs do Ocidente — do único ponto de vista que realmente interessa: na imensa confusão em que vivemos, estamos nos afastando de Jesus Cristo, ou estamos retornando a ele? Quais as ideologias, os partidos, os sistemas, os homens que aproximam o mundo de Jesus Cristo; quais os que Dele o afastam?

"A opinião pública é a rainha do mundo", escrevia Voltaire. Em nossos dias, esta afirmativa se torna cada vez mais verdadeira. Formar a opinião tem sido o objetivo constante de todas as forças ocultas ou não, que vem tentando desde o século XVIII, ou quiçá, desde o século XVI a conquista do mundo.

Devemos lutar para evitar o monopólio da opinião por estas forças, instituindo uma imprensa genuinamente nossa, através da qual proclamamos os fatos e os princípios que tantas vezes são negados, ocultados, subestimados, nos ambientes formados pelo espírito laicista, liberal e naturalista e profundamente maçonizado de nossos dias.

Por certo, não faltam em nossa cidade mentalidades lúcidas e vigorosas, que por si mesmas possam analisar à luz dos princípios católicos o evoluir da crise contemporânea. Mas estas mentalidades, em Campos como por toda a parte, são minoria. E mesmo para elas seria insano o trabalho de informação e de análise que um tal estudo exigiria para ser completo.

"Catolicismo" visa incumbir-se deste trabalho. Acompanhando os fatos pela leitura direta dos jornais e revistas mais interessantes do Brasil e do Exterior, analisamo-los com o concurso de intelectuais católicos em evidência nos maiores centros do País, e pomos o fruto deste esforço ao serviço da intelectualidade campista.

Nada, porém, do que é de Campos fica circunscrito só a Campos. Desejamos registrar em nossas páginas os ecos da intelectualidade campista, e, pela difusão de nosso jornal em outros centros do País, assegurar a irradiação da alma católica campista em todo o Brasil.

Seria supérfluo dizer que objetivos tão elevados não são compatíveis com a competição dos interesses privados, das ambições pessoais, do espírito de clã que infelizmente ainda marca tão a fundo a vida política do Brasil. Assim jamais haverá lugar em nossas colunas para considerações direta ou indiretamente tendentes a nos levar a um terreno em que não podemos nem queremos ingressar. □


NOSSOS OBJETIVOS

(Íntegra na 4.a pág.)


JUSTIÇA SOCIAL

(Íntegra na 5.a pág.)