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O TRABALHISMO BRITÂNICO UMA GRANDE MISTIFICAÇÃO

[Legenda]
JORGE VI sai do Palácio de Buckingham, em grande pompa, para inaugurar o Parlamento. A realeza simboliza o esplendor, o espírito de hierarquia, a continuidade secular da cultura britânica. Estes valores se exprimem com bom gosto e precisão no cerimonial de que se cerca toda a vida oficial do Rei. E, por sua vez, este cerimonial reaviva no povo as energias psicológicas por onde ele se sente ligado à Inglaterra de outrora. O trabalhismo implica no abandono completo de todas essas tradições, e sua perpetuação no poder acabará por criar um clima irrespirável para a corte e a monarquia. A partir do momento em que esta última deixar de existir, os trabalhistas terão campo livre.

Há dois conceitos que por assim dizer se transformaram em "slogans" e são repetidos por toda a parte, mesmo por alguns jornais católicos, sem maior exame. Um deles é que o trabalhismo britânico é um exemplo para o mundo quanto à maneira eficaz de combater o comunismo por reformas sociais e políticas realizadas por meios pacíficos. O outro vai um pouco mais além e por ele se sustenta que nem todo socialismo é condenável e, reconhecendo que o trabalhismo britânico se identifica com o socialismo, o apresenta, ainda neste caso, como irredutível adversário do comunismo.

Para quem se der ao trabalho de estudar a história do "Labour Party", ficará claro que desde o início foi este nitidamente socialista, embora houvesse sempre o cuidado de não usar a expressão "socialismo" em seu programa e em suas campanhas políticas. Foi somente depois da primeira vitória trabalhista, com a ascensão ao poder do gabinete MacDonald em 1931, que a palavra "socialismo" começou a ser usada sem subterfúgios. Mas o reconhecimento público e claro de que o Partido Trabalhista Britânico era "um partido socialista" data do manifesto apresentado por ocasião das eleições do ano de 1945.

Como é sabido, o Partido Trabalhista Britânico é manobrado pela Sociedade Fabiana, que se propõe implantar o socialismo na Inglaterra por vias pacíficas, em contraposição com o tipo de socialismo revolucionário e violento.

Com a vitória das nações unidas na segunda grande guerra, o esquerdismo mundial bateu palmas frenéticas à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e, na Inglaterra, os mentores do Partido Trabalhista acharam que havia chegado o momento azado para revelar ao homem da rua aquilo que já era patente aos olhos dos observadores perspicazes, isto é, que seu programa era socialista e, mais ainda, que se tratava do socialismo marxista, ou, por outras palavras, do próprio comunismo.

Em 1948 tivemos mais uma comprovação deste fato, quando o Partido Trabalhista Britânico comemorou oficialmente o primeiro centenário do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels, publicando uma tradução comentada desse documento, sob o título: "O Manifesto Comunista: Um marco socialista. Nova Apreciação escrita para o Partido Trabalhista por Harold Laski juntamente com o texto original e prefácios".

Nesse comentário ao "Manifesto Comunista", procura-se demonstrar como "o primeiro governo trabalhista no poder" procurou seguir o programa proposto por Marx e Engels.

Para ilustração, vamos citar alguns dos tópicos do "Manifesto" de Marx e Engels, seguidos dos respectivos comentários do Partido Trabalhista Britânico:

Item 1° do Manifesto: "Abolição da propriedade da terra e aplicação de todos os arrendamentos de terra a finalidades públicas" Comentário do prefácio do Partido Trabalhista: "A abolição da propriedade privada da terra tem sido uma preocupação do movimento trabalhista". Item 2 do Manifesto: "Um pesado imposto sobre a renda, progressivo ou gradativo". Comentário: "Um pesado e progressivo imposto sobre a renda está sendo empregado pelo presente governo trabalhista como um meio de atingir a justiça social". Item 3 do Manifesto: "Abolição de todo direito de herança". Comentário: "Fomos muito longe na direção da abolição do direito de herança por nossos pesados impostos causa mortis". Item 5 do Manifesto: "Centralização do crédito nas mãos do Estado, por meio de um banco nacional com capital do Estado e um monopólio exclusivo". Comentário: A centralização do crédito nas mãos do Estado é parcialmente atingida pelo decreto que regula o Banco da Inglaterra e por outras medidas". E assim por diante.

Vem o comentário final dessa edição do "Manifesto do Partido Comunista" feita sob os auspícios do Partido Trabalhista da Inglaterra:

"Quem, lembrando-se de que estas foram as exigências do "Manifesto", pode duvidar de nossa inspiração comum?".

Aos que quiserem melhor se informar sobre este assunto, recomendamos a leitura do livro "A Tragédia Socialista" ("The Socialist Tragedy") de Ivor Thomas, publicado por The MacMillan Company, New York, 1951. O autor, membro do Parlamento Britânico, conhecido homem de letras e jornalista, pertenceu ao Partido Trabalhista inglês até o ano de 1948, tendo sido Secretário Parlamentar da Aviação Civil no gabinete Attlee. Desligou-se do "Labour Party" e ingressou no Partido Conservador, quando percebeu a linha nitidamente comunista que o trabalhismo britânico vem seguindo.

Mais, porém, que o depoimento desse antigo batalhador de suas fileiras, vale a própria do "Labour Party" nessa tradução comentada do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels.

Trabalhismo britânico, socialismo marxista ou comunismo se identificam, portanto. Se se colocam em campos adversos, é por simples razão de tática.


EVOLUÇÃO E CRISTIANISMO

Absolutamente falando, quase diríamos que o Evolucionismo exclui a Religião. De fato, normalmente toda religião supõe alteridade entre criaturas e Deus, ser necessário, pessoal, oniperfeito, entitativamente distinto de outros seres, que lhe são subalternos, e, por isso, devem prestar-lhe obediência aos mandamentos e culto à Majestade. Em Evolução total não há esta alteridade, e por isso, não poderia haver Religião propriamente dita.

Acontece, não obstante, que a Religião é natural ao homem. Foi mesmo ele definido: animal religioso. O que quer dizer que a abolição de toda a religião violentaria sobremaneira a natureza humana. Por isso, surgem os sucedâneos da verdadeira Religião em todas as manifestações que pretendem satisfazer ao homem todo e resolver todos os seus problemas, como objetivar todas as suas aspirações. Daí falarem os evolucionistas em culto e mesmo em profissões de fé religiosa.

No Evolucionismo total, a crença, para estar de acordo com os postulados, só pode ser uma fé compatível com o panteísmo, pois que ao substratum universal existente atribuem-se os predicados divinos, de necessidade, grandeza, perfeição, etc.

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Analisando mais ao fundo, não erraríamos se afirmássemos que o Evolucionismo é mais um dos meios de instaurar na terra a contra-Igreja. Expliquemos. A Igreja foi instituída para a glória de Deus e salvação das almas. Ela regula e preside o culto de adoração devido a Deus, e providencia os meios de aplicar aos fiéis os frutos da Redenção de Jesus Cristo. Sua base está na ordem de coisas objetiva, na sujeição do homem a Deus, e no fato histórico da prevaricação do primeiro homem. A Evolução total esforça-se por destruir a subordinação, e negar o fato histórico. Em outras palavras, o fim da evolução vem a ser a implantação na terra do grito de revolta dos anjos, quando tentaram nossos primeiros pais com o engodo do “Eritis sicut dii”. Pois, no Evolucionismo o homem termina prestando culto a si mesmo, considerado já como deus, pois que elo da mesma corrente que é a única realidade, a que se deve todo culto e louvor. Para a Igreja, os homens são "servi", servos de Deus; para a Evolução, os homens são "dii", deuses. Não pode haver oposição maior.

Estas reflexões evidenciam a impossibilidade de conciliação entre os evolucionistas absolutos e a Igreja Católica. Não obstante, é frequente apregoarem eles sua adesão à Igreja e ao Catolicismo. Eles é que iriam constituir o "Cristianismo do futuro", na última fase da evolução. Por isso dizem-se e a todo transe querem ser cristãos, católicos.

Eis o impossível, como acima notamos, e por sua importância vamos repetir. O Catolicismo tem por fundamento os dois polos objetivos, reais e estáveis, cuja negação envolve seu aniquilamento. De um lado, Deus, Uno e Trino, sumamente perfeito, criador inefável do céu e da terra e de todas as demais coisas. De outro lado, o fruto daquela amorosa Onipotência, o conjunto dos seres, que com Ele não se podem confundir, e que dele dependem. Entre os seres terrenos, o homem, criatura especial de Deus, que não procede dos demais por evolução, mas é constituído de alma imortal, feita diretamente por Deus, e infundida no corpo, ao qual forma e preside. O Cristianismo, além disso, dá a Jesus Cristo, no desenvolvimento da história da Humanidade, lugar central como Deus e Homem, Redentor do Gênero Humano prevaricador.

Nenhum destes pontos pode subsistir na teoria da Evolução total. Afirmá-los ainda poderão os evolucionistas, mas só jogando com as palavras, pois, ou abandonam a Evolução, ou deverão dar aos termos significado inteiramente diverso.

Prova documental do que acabamos de afirmar, é a profissão de fé de um dos corifeus do Evolucionismo moderno, que, no entanto, diz-se católico, Teilhard de Chardin:

"Se em consequência de algum transtorno interior, eu viesse a perder sucessivamente minha fé em Cristo, minha fé em Deus pessoal, minha fé no Espírito, parece-me que continuaria invencivelmente a crer no Mundo. O mundo (o valor, a infalibilidade e a bondade do mundo), tal é, em última análise, a primeira, a última e a única coisa na qual eu creio. É por esta fé que eu vivo. É a esta fé, eu o sinto, que, no momento de morrer, eu me abandonarei" (Comment je crois, p. 3, apud "Pensée Catholique", 3, p. 5).".

Quem quer que leia esta blasfema profissão de fé terá naturalmente um arrepio. Depois, se convencerá, sem mais argumentos, que este homem há muito deixou de ser cristão. Sua fé é uma crença no mundo, que ou será o mundo material ou o conjunto dos seres, incluídos também os homens. Ou o aparvalhamento da inteligência na adoração das coisas materiais, como já lamentou o Sábio; ou a degradação de uma impudente egolatria! Mais blasfemo e absurdo ainda é o conceito de Jesus Cristo, alçado à dignidade de última etapa na convergência total da evolução do cosmos, já na sua fase derradeira.

Tudo isso poder-se-á dizer fortemente ou antes irritadamente que é Catolicismo. Ninguém o tomará a sério. Muito diverso, mais sublime e mais racional foi o ensinamento de Jesus Cristo, Nosso Senhor, à Humanidade.

[VIRTUDES ESQUECIDAS]

Como os santos lutam contra os inimigos da Igreja

SÃO TOMÁS DE AQUINO, o Doutor Angélico, chamou a Guilherme do Santo Amor e seus sequazes: «Inimigos de Deus, ministros do diabo, membros do Anti-Cristo, inimigos da salvação do gênero humano, difamadores, réprobos, perversos, ignorantes, iguais a Faraó».

SÃO GREGÓRIO MAGNO disse de João, Bispo de Constantinopla, que tinha «um profano e nefando orgulho, a soberba de Lúcifer, fecundo em palavras néscias, vaidoso e escasso de inteligência».

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA chamava os hereges de: «bestas ferozes — lobos rapaces — cães danados que atacam traiçoeiramente — bestas com rostos de homens - ervas do diabo, plantas destinadas ao fogo eterno».

De SÃO FRANCISCO DE SALLES: «Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar «eis o lobo!» quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja encontrado» (Filoteia, cap. 28 da parte III).

SÃO BERNARDO, o Doutor Melífluo, disse de Arnaldo de Brescia: «Desordenado, vagabundo, impostor, vaso de ignomínia, escorpião vomitado de Brescia, visto com horror em Roma, com abominação na Alemanha, desdenhado pelo Romano Pontífice, louvado pelo diabo, obrador de iniquidades, devorador do povo, boca cheia de maldição, semeador de discórdias, fabricador de cismas, lobo feroz».

De SÃO JERONIMO, Doutor Máximo das Escrituras: «jamais poupei os hereges e empreguei todo o meu zelo em fazer dos inimigos da Igreja meus inimigos pessoais».

SÃO BOAVENTURA, o Doutor Seráfico, disse do heresiarca Geraldo: «Protervo, caluniador, louco, envenenador, ignorante, embusteiro, malvado, insensato, pérfido».

SÃO POLICARPO de Smirna, discípulo do Apóstolo S. João, responde a Marciano, herege docetista, que lhe perguntava se o conhecia: «Sim, sem dúvida, és o primogênito de Satanás».