A PAZ DA MENSAGEM DE FÁTIMA E A PAZ DO COMUNISMO

Do paganismo de nossos dias nasce o comunismo: só a mensagem de Fátima pode salvar a Cristandade

Douglas Hyde é, atualmente, um católico fervoroso, e redator do jornal inglês "Catholic Herald"; há três anos era comunista e escrevia violentos artigos contra a Igreja e os católicos no "Daily Worker", o órgão dos marxistas britânicos. Sua obra "I believed" tem a finalidade de dar a conhecer o caminho de sua conversão e conta sua vida, suas experiências no seio do partido comunista, sua ruptura com este com o "Daily Worker", quando se fez católico.

Nascido em Bristol, de família metodista, sentiu muito cedo vocação para missionário da sua seita. Ao mesmo tempo, movido pelo desejo de cooperar para uma reforma social, aderiu ao partido trabalhista inglês, do qual passou ao comunista quando a leitura do livro "The Challenge of Bolshevism" aquietou os seus escrúpulos cristãos. "Esta obra — escreveu ele — teve para a minha geração de comunistas a eficácia que têm hoje para a nova geração os livros e escritos do deão de Canterbury".

Douglas Hyde acabou de perder as crenças que tinha para entregar-se inteiramente ao comunismo ateu. Ouçamo-lo contar a influência que exerceu a Virgem de Fátima em sua conversão, descrever a verdadeira face do comunismo, e professar qual é a sua única esperança na atual encruzilhada histórica:

"Havendo sido, durante anos, membro do Partido Comunista e durante vários outros escritor comunista, a Mensagem de Fátima adquire para mim um sentido muito especial e pessoal. Creio que esta Mensagem pode e deve chegar, com o tempo, a muitos daqueles que, como eu, dissiparam vários anos entre os bolchevistas. Creio também que as orações pela conversão da Rússia e dos comunistas já estão dando frutos".

Quando redator do diário comunista "The Daily Worker", dirigia de suas páginas, sem cessar, rudes ataques contra aqueles em que via inimigos do comunismo. Entre estes incluía os católicos; e assim ataquei frequentemente a Igreja Católica. De todos os pontos da Inglaterra chegavam-me publicações católicas para serem por mim denunciadas.

Um dia recebi um livro intitulado "Our Lady of Fatima", de Mons. Ryan. Uma nota que o acompanhava reclamava minha atenção para as paginas 90, 91 e 92, onde o autor falava da Rússia e do comunismo. Meu correspondente me pedia um contra-ataque. Mas, então, já começava a sentir-me influenciado pelo Catolicismo. Depois de relancear os olhos pelo livro, embora ainda não fosse capaz de o entender, nem de admitir a possibilidade de tais acontecimentos sobrenaturais (eu era então ateu), decidi não atacá-lo.

Levei o livro para casa e o pus na minha biblioteca, entre os de Marx, Engels, Lenine, Stalin e outros escritores marxistas. Agora, decorridos três anos, sou católico, e aquele livro, no qual ainda se encontra, presa com um alfinete, a nota do comunista que o enviou, se converteu num dos meus mais apreciados tesouros.

Creio que aquele que entendeu a Mensagem de Fatima alcança mais, com suas orações, pela conversão dos comunistas, do que muitos jamais se atreveriam a pensar.

Para mim a Mensagem de Nossa Senhora de Fatima é o único apoio para confiar e crer que, um dia, o comunismo, que hoje divide o mundo, será vencido e a Rússia se converterá. Sem esta esperança, não há esperança hoje em dia, pois o comunismo triunfante, em pouco menos de trinta anos invadiu a quarta parte da superfície terrestre, submetendo à sua dominação cerca de um terço da humanidade, e a sua marcha continua.

Toda tentativa das nações cristãs no sentido de uma aproximação com a Rússia, é antinatural, e todos os esforços para transpor o abismo que separa em dois o mundo moderno é explorado em favor da causa comunista. Não parece que exista algum recurso para evitar o futuro conflito que poderá acarretar o extermínio da raça humana. Só a convicção de que o meio de afastar a guerra pode ser encontrado na oração e na penitencia, livra-nos do desespero, a nós que conhecemos a natureza, a força e o caráter diabólico do comunismo.

O comunismo é diabólico. É talvez o pior flagelo que o mundo já conheceu. Falamos aqui da "Mensagem de Fátima e a Paz". Não poderíamos achar melhor exemplo da perversidade essencial do comunismo do que na famosa "Mensagem do comunismo e a Paz". Os comunistas neste momento prostituem a própria palavra "Paz". A fim de continuar a conquista política e militar do mundo, está ele procurando encarniçadamente completar o desarmamento moral e material do Ocidente. A arma que usa é a de campanhas pacifistas, cinicamente insinceras, organizadas para debilitar a vontade de resistência daqueles a quem desejam destruir.

Toda campanha comunista em favor da paz vale mais para a Rússia do que os canhões e os tanques de assalto e até do que a própria bomba atômica. Os comunistas fizeram da paz uma arma de guerra. Fizeram da pomba da paz, tão frequente em seus cartazes, um símbolo de ódio e de astucia.

Esta é a técnica comunista. Dar às palavras correntes e tradicionais um sentido novo e oposto. Identificaram a palavra paz com "agressão comunista". Bispos, Sacerdotes e leigos, porque se negaram a capitular ante o comunismo, são acusados de inimigos da paz. Aqueles que seguem o Príncipe da Paz, são denunciados como "traficantes da guerra".

Durante a guerra civil espanhola um comunista de renome, que eu conhecia muito bem, atirou pelas costas, durante um combate, contra outro destacado elemento da Brigada Internacional, que se tornara suspeito de "desvio" político em relação ao partido. Este foi, pois, morto como se fosse um covarde; mas por razões de propaganda foi enviada uma comunicação à seção do partido em Londres, a que ele pertencia, noticiando que morrera como um herói. Durante anos, seus camaradas de secção celebraram com orgulho o dia da morte de seu herói local, e nos cartazes de seus desfiles proclamavam que ele havia morrido pela Liberdade, pela Paz e pela Justiça.

Os homens já antes praticaram atos semelhantes. Pecar não é- novidade, mas, até o presente, só os comunistas fizeram de tais coisas uma ciência e erigiram uma filosofia para se justificar. O que torna mais perigoso o comunismo é que para seus fins perversos não utiliza os homens mais corrompidos nem de qualidades naturais menos relevantes; ao contrario recruta alguns dos mais perspicazes, dos mais inteligentes e argutos de nossa geração; exige qualidades excelentes, lealdade, altruísmo, espirito de sacrifício, o idealismo da juventude e o desejo de modificar o mundo, a tudo aplica à realização .de seus atrozes fins.

Tal somente foi possível porque, nas regiões em que existiu outrora a Cristandade, há milhões de homens e mulheres sem ideal nem para viver nem para morrer; que carecem de objetivo e sentido; que em nada creem senão em si mesmo. É neste vazio espiritual que lança raízes o comunismo. Ele é produto do paganismo moderno, filho da incredulidade. O vazio que abre a porta ao comunismo se converte potencialmente no que há de mais perigoso na terra.

Para acabar com a ameaça comunista, este vazio deve encher-se e isto se fará como o proclamou Nossa Senhora em Fátima: com a oração e a penitência dos que têm fé. Só esta mensagem garantirá hoje em dia a possibilidade da paz pela derrota do comunismo e pelo retorno à Cristandade".


VERBA TUA MANENT IN AETERNUM

Não é a hora de procurar novidades, mas de agir conforme os princípios já estabelecidos

PIO XII: Não é hora de discutir, de procurar novos princípios, de apontar novos fins e objetivos. Uns e outros são já conhecidos e firmados em sua substância, porque ensinados pelo próprio Cristo, elucidados pela elaboração da Igreja, adaptados às circunstancias imediatas pelos últimos Soberanos Pontífices; não esperam, pois, senão uma coisa: sua realização concreta. De que valeria perscrutar os caminhos de Deus e do Espirito, se na prática se escolhem os caminhos da perdição e dobra-se docilmente o dorso ao aguilhão da carne? Qual o proveito de saber e de dizer que Deus é Pai e os homens são irmãos, se toda intervenção de Sua parte na vida. privada e pública é temida? Qual o benefício de se discutir acerca da justiça, da caridade, da paz, se de antemão a vontade está decidida a fugir da imolação, o coração determinado a fechar-se numa solidão glacial, se ninguém ousa tomar a iniciativa de quebrar as barreiras do ódio que divide, para promover um sincero entendimento? Tudo isso não contribuiria senão para tornar mais culpáveis os filhos da luz, Os quais será perdoado menos se tiverem amado menos. Não foi com essa inconsequência e essa inércia que a Igreja, nos seus primórdios, mudou a face do mundo, e que estendeu rapidamente e continuou através dos séculos sua obra benfeitora que lhe valeu a admiração e confiança dos povos. — (Exortação aos fiéis de Roma, de 10-11-1952).

O gênero humano está dividido em dois reinos adversos

LEÃO XIII: Desde quando, pela inveja do demônio, separou-se miseravelmente de Deus, criador e dispensador dos bens sobrenaturais, ficou o gênero humano dividido em duas facções diversas e adversas, das quais um combate incessantemente pela verdade e pela virtude, e outra por quanto é contrário à virtude e à verdade. Uma é o reino de Deus na terra, isto é, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, cujos membros, se lhe quiseram pertencer de todo o coração e conforme convém à salvação, devem servir a Deus e a Seu filho Unigênito com todo o seu entendimento e vontade. A outra é o reino de Satanás, sob cujo império e poder se acham todos os que, seguindo os funestos exemplos de seu chefe e de nossos primeiros pais, recusam obedecer à lei divina e eterna, e cometem empresas contrárias a Deus, ou prescindem do próprio Deus. Estes dois reinos, conheceu-os e os descreveu Santo Agostinho com grande perspicácia como duas cidades opostas pelas suas leis e desejos, resumindo com sutil laconismo a causa eficiente de uma e outra nestas palavras: "Dois amores edificaram duas cidades: o amor de si mesmo até o desprezo de Deus edificou a cidade terrena, o amor de Deus até o desprezo de si mesmo a celestial) (De Civit. Dei, lib XIV, c 17) — (Encíclica "Humanum genus" de 20-IV-1884).

Separar o Estado da Igreja constitui erro gravíssimo

B. PIO X: Que seja preciso separar o Estado da Igreja, é tese absolutamente falsa e erro perniciosíssimo. Com efeito, baseada nesse princípio de que o Estado não deve reconhecer nenhum culto religioso, ela é, antes de tudo, gravissimamente injuriosa para com Deus; porquanto o Criador do homem também é o Fundador das sociedades humanas, e as conserva na existência como nos sustenta nelas. Devemos-Lhe, pois, não somente um culto privado, mas um culto público e social. Além disto, essa tese é a negação claríssima da ordem sobrenatural. De fato, ela limita a ação do Estado à simples obtenção da prosperidade pública durante esta vida, o que não é senão a razão próxima das sociedades políticas; e, considerando-a como estranha, de maneira alguma se ocupa da razão última de tais sociedades, que é a beatitude eterna proposta ao homem quando esta vida tão curta houver findado. E, no entanto, achando-se a ordem presente das coisas, que se desenrola no tempo, subordinado à conquista desse bem supremo e absoluto, não somente o poder civil não deve obstar essa conquista, mas deve ainda ajudar-nos nela. Essa tese subverte também a ordem muito sabiamente estabelecida por Deus no mundo, ordem que exige uma harmoniosa concórdia entre as duas sociedades. Ambas, a sociedade religiosa e a sociedade civil, têm com efeito, os mesmos súditos, embora cada uma delas exerça na esfera [própria sua autoridade sobre eles. — (Encíclica "Vehementer nos" de 11-II-1906)] (*)

(*) NR: Truncado no original. O texto entre colchetes foi acrescentado pela revisão.

A vitória cabe sempre a Deus

B. PIO X: Qual venha a ser o desfecho desse combate travado contra Deus por uns fracos mortais, nenhum espírito sensato pode pô-lo em dúvida. Certamente, ao homem que quer abusar de sua liberdade, possível é violar os direitos e a autoridade suprema do Criador; mas com o Criador fica sempre a vitória. E ainda não é dizer o bastante: a ruiva paira mais de perto sobre o homem justamente quando mais audacioso se ergue ele na esperança do triunfo. É disso que o próprio Deus nos adverte nas Sagradas Escrituras. Dizem elas que Ele fecha os olhos sobre os pecados dos homens (Sap. 11, 24), como que esquecido do Seu poder e da Sua majestade; mas, em breve, após essa aparência de recuo, acordando como um homem cuja força a embriagues aumentou (Sl. 77, 65), Ele quebra a cabeça dos Seus inimigos (Sl. 67, 22), a fim de que todos saibam que o rei de toda terra é Deus (S1. 46, 8) e a fim de que os povos compreendam que não passam de homens (51. 9, 20). — (Encíclica "Et supremi Apostolatus", de 4-X-1903). fera que lhe é própria a sua autoridade sobre eles. Daí resulta forçosamente que haverá muitas matérias de que uma e outra deverão conhecer, por serem da alçada de ambas. Ora, venha a desaparecer o acordo entre o Estado e a Igreja, e dessas matérias comuns pulularão facilmente os germes de contendas, que se tornarão perigosíssimos dos dois lados; a noção da verdade será com isso perturbada, e as almas ficarão cheias de grande ansiedade. Finalmente, essa tese inflige graves danos à própria sociedade civil, pois esta não pode prosperar nem durar muito tempo quando nela não se dá o lugar devido à Religião, regra suprema e soberana senhora no que diz respeito aos direitos do homem e aos seus deveres - Encíclica "Vehementer Nos", de 11-11-1906).


NOTA INTERNACIONAL

Qual o futuro político dos Estados Unidos?

Adolpho Lindenberg

ESTA folha tem se esforçado em mostrar aos seus leitores como a socialização progressiva de todo o mundo constitui o maior dos perigos que pesam

hoje em dia sobre os interesses da Igreja e os remanescentes da cultura cristã ainda existentes nos países ocidentais. Desde que terminou a guerra, por toda parte os fautores da bolchevização lenta redobraram seus esforços no sentido de alcançar o poder e aplicar seus princípios através de nacionalizações, nivelamento social, restrições das liberdades individuais; despersonalização dos homens, das instituições e das nações, etc..

Nos Estados Unidos os elementos socializantes se reuniram no Partido Democrático e conseguiram domina-lo, como se pode inferir da leitura dos programas de seus candidatos nas últimas eleições presidenciais, cujas notas dominantes são a demagogia sob a capa de defesa dos direitos do proletariado, a obrigatoriedade do seguro social, o aumento do poder do governo federal em prejuízo das autonomias estaduais, a criação de novos impostos sobre as heranças, etc., etc.. Tal como se deu na Inglaterra, no entanto, o fracasso da política interna de tendência socialista foi tal, e tão grande foi o descrédito em que, em consequência, caiu o governo, que para as próximas eleições os democratas resolveram não tentar reconduzir Truman ao poder, e até estão cogitando de apresentar como candidato o Senador Kefauver, que tem impiedosamente criticado o atual governo. Outro candidato democrata, para as eleições previas, é o Sr. Averell Harriman, típico elemento do New Deal, simpático a uma aproximação com a Rússia e inimigo tradicional de Chiang Kai Chec. Todavia, muito embora Truman tenha declarado oficialmente que não deseja reeleger-se, e seus fracassos lhe tenham alienado as simpatias de grande parte da direção do Partido Democrata, é possível que à última hora os líderes sindicais, todos de tendência esquerdista, insistam para que ele faça o "sacrifício" de se candidatar, pois é difícil um homem representar tão bem a mediocridade, a pretensão e o autoritarismo tão típicos dos líderes trabalhistas, quanto o presidente Truman.

O Partido Republicano é, pelo contrário, tradicionalmente antissocialista. Concorrerão às suas eleições previas Eisenhower e Taft.

Qual deles terá mais probabilidades de ser escolhido como candidato dos republicanos à presidência dos Estados Unidos, e de ser vencedor nas eleições gerais? Qual deles incarnará melhor o espirito antissocialista do velho partido americano? Podemos responder que, no caso de ser o general o candidato republicano, muito provavelmente os quatro milhões de eleitores independentes, assim chamados por não pertencerem a nenhum dos dois partidos majoritários, votarão nele e assegurar-lhe-ão uma brilhantíssima vitória. Por outro lado, no entanto, é preciso não esquecer que Eisenhower subiu à sombra do New Deal, gozou de toda a confiança de Roosevelt e só agora é que está dando o brado de alarme contra a orientação esquerdista do Partido Democrata. É fato que suas primeiras promessas foram, no campo da política interna, de diminuir os impostos e restringir a ingerência do governo federal nos assuntos estaduais, e, no campo da política externa, de ouvir os conselhos de Mac Arthur quanto à Ásia e adotar uma atitude firme e enérgica contra a Rússia na Europa. Sua divisa será "Liberdade versus Socialismo", perfeita é verdade, mas também de alto valor eleitoral. Taft também não pode ser considerado um candidato ideal. Foi isolacionista, conta com inúmeras antipatias dentro do próprio Partido Republicano e quase não se conhecem suas ideias quanto à política internacional. Tem a seu favor, no entanto, o fato de ter sido o autor da famosa e antissocialista lei Taft-Hartley e de ser apoiado por Mac Arthur, o que constitui uma ótima referência.

Seja Taft ou Eisenhower o candidato oficial do Partido Republicano, devemos desejar a sua vitória nas urnas, pelos mesmos motivos por que desejamos a dos conservadores na constituição do atual parlamento inglês: essa vitória representa a derrota dos socialistas. E por isso é supérfluo lembrar que a próxima disputa eleitoral nos Estados Unidos merece que lhe dediquemos o mesmo interesse com que acompanhamos as últimas eleições na Inglaterra. Oxalá a derrota do socialismo norte-americano seja mais completa que a de seus congêneres britânicos.


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Bárbaros, pagãos - Neobárbaros, neopagãos

Plinio Corrêa de Oliveira

Habitualmente seminu, e aqui coberto apenas de modo ocasional; com todo o físico refletindo a luta dura e embrutecedora com um meio inclemente e materialmente mais forte; trazendo no rosto as cicatrizes dos horríveis tratos a que se expôs para se "aformosear", este pobre filho das selvas, marcado apenas de leve pelo toque da civilização, exprime a exuberância nativa da natureza humana desgovernada: instintos grosseiros, por vezes brutais, por vezes também generosos.

É o bárbaro, o pagão, cuja natureza não se beneficiou da ação divina da Igreja, nem do influxo ascético e suave da civilização cristã.

A despeito de seu aspecto, que faria estremecer as crianças, incute pena: é mais um crianção exuberante e deseducado, do que um celerado.

* * *

Jovens comunistas em uma manifestação em Berlim. Fisionomias impregnadas de ódio, em que transparece tudo quanto pode ter de sinistro a natureza humana, tornada mais determinada nas tendências e matizes que assume em cada pessoa por uma educação qualquer. Ódio, desconfiança, ausência de qualquer sentimento que eleve, dignifique, suavize, capacidade para destruir, nunca para construir, extraordinária lucidez e estabilidade neste péssimo estado do espírito, mais chocante ainda nas fisionomias femininas do que nas masculinas, eis a própria alma do comunismo, que se espelha na face destes jovens, vítimas da infernal propaganda de Moscou.

É a neobarbárie desta era de neopaganismo. O homem que tem a alma transviada por princípios totalmente errôneos, os instintos desenfreados por uma ideologia amoral, e que com as armas forjadas pela civilização, se volta contra a própria civilização.

* * *

Qual dos dois mais terrível? Pergunta ociosa!

Os frutos da apostasia são piores do que os da gentilidade. Pois pode não haver culpa em ignorar a verdade: há sempre culpa em repudiá-la.

O movimento comunista, enquanto realizado em nações cristãs, é uma apostasia. E como tal carrega muito mais culpa diante de Deus.

Carregado de culpas maiores, de armas mais mortíferas, como poderá não ser mais terrível?


CATÓLICOS CHINESES CELEBRAM O MARTÍRIO DE SEU ARCEBISPO

Mons. Cyrillo Jarre, franciscano alemão, Arcebispo de Tsinan, capital da província de Shantung, na China, fora encarcerado no dia 17 de novembro de 1951, sob a acusação de "sabotagem contra a igreja reformada". No dia 3 de fevereiro deste ano, atacado de uma grave pleurice, foi transferido da prisão para o hospital comunista (antigo hospital católico), onde veio a falecer no dia 8 de março, sem que nenhum sacerdote tivesse conseguido autorização de aproximar-se dele. Horas mais tarde, o corpo do Arcebispo era entregue a seus Padres, que o revestiram com os paramentos vermelhos, cor litúrgica que simboliza o martírio, e na mesma noite o transportaram para a capela do hospital. No dia seguinte, que era domingo, foi celebrada uma missa de réquiem, durante a qual os fiéis cantaram o "Te Deum' , como em honra de um mártir.

Alguns membros da "igreja reformada", que é inspiração comunista, denunciaram à polícia que os católicos, com tais cerimônias, exprimiam a sua persuasão de que o Arcebispo morrera como mártir em defesa da Fé. Em plena noite, um destacamento policial dirigiu-se para o local e ordenou a transferência do corpo para outra localidade e o sepultamento imediato.

Acabava de realizar-se o enterro quando novas ordens chegaram, determinando a exumação do corpo e sua remoção para Hung-Kialu. Lá soldados da polícia despojaram o corpo dos paramentos e tentaram vestir-lhe o uniforme dos prisioneiros políticos. A reação dos católicos, porém, foi tão violenta que os comunistas foram obrigados a abandonar seu intento e aceitar um compromisso: o Arcebispo foi enterrado com paramentos brancos.

A missa dos funerais se realizou no dia 11 de março, e a ela assistiram quase todos os católicos da região, muitos vindos de distâncias de 15 quilômetros. Os assistentes acompanharam os despojos de seu Arcebispo até a sepultura e a polícia foi incapaz de dispersar a multidão de fiéis.