O "Rearmamento Moral", movimento fundado há alguns anos por um certo Dr. Bukman, vai tomando vulto por toda a parte. Sua sede central, instalada no antigo Caux-Palace, nos Alpes Suíços, reúne milhares de pessoas por ano, entre as quais figuras de destaque das esferas políticas, financeiras e sociais de todo o mundo. Também no Brasil o "Rearmamento Moral" já conta com numerosos adeptos.
É por isso sumamente oportuno divulgar o seguinte documento em que o Emmo. Snr. Cardeal Ildefonso Schuster, Arcebispo de Milão, aponta o caráter nitidamente heterodoxo desse movimento e os graves perigos com que ele ameaça a Fé:
"Nós verificamos que, mesmo depois de Nossa advertência do mês de junho do ano passado, o movimento "heterodoxo" do "Rearmamento Moral" continua sua propaganda na própria cidade de Milão, apoiando-se na boa fé de certos corações generosos que propagam e financiam essa iniciativa.
Repetimos aqui o que já declaramos uma outra vez aos fiéis.
O movimento, de origem e método protestantes, está afastado do controle e da direção da Igreja, e por isto é dito "heterodoxo". Ele é diferente da Fé católica.
O movimento segue o sistema protestante, porque, passando por cima da Igreja Católica, a única encarregada por Jesus Cristo de transmitir às almas os tesouros da Redenção, quer colocar os espíritos diretamente em contato imediato com Deus e com Sua graça. O que é contra a ordem divina e contra o Evangelho. Na ordem atual, não se pode chegar ao Pai senão por Cristo; mas não se pode chegar a Cristo senão pela Sua Igreja.
O movimento é igualmente perigoso para os católicos, como para os acatólicos.
É perigoso, — e isto é dizer pouco, — para os acatólicos, porque lhes apresenta uma forma religiosa imperfeita e subjetiva, uma moral sem dogmas, sem um princípio de autoridade, sem uma Fé supremamente revelada, ovelhas sem pastor e fora do legitimo redil de Cristo. Em outras palavras: uma religiosidade arbitraria e por conseguinte carregada de erros.
O movimento é sobretudo perigoso para os católicos, porque Jesus Cristo tendo enviado Seu Espírito Paraclito sobre a Igreja para que "Ele A introduza na verdade toda inteira", os membros do "Rearmamento" vão, ao contrário, procurá-la em Caux, onde encontram um pietismo subjetivo e de caráter autenticamente protestante.
A estes cristãos desejosos de um verdadeiro "Rearmamento Moral", fundado sobre o Dogma Católico, e não sobre o sentimento subjetivo, Dante repetiria: "Vós tendes o Antigo e o Novo Testamento, — E o Pastor da Igreja vos guia; — Que isto vos seja suficiente para vossa salvação".
Milão, Corpo do Senhor MCMLII
† Ildefonso, Cardeal Arcebispo".
Legenda: A sede do "Rearmamento Moral", em Caux, nos Alpes Suíços.
A figura do Emmo. Revmo. Sr. Cardeal Bento Aloisi Masella está ligada indissoluvelmente à história religiosa do Brasil contemporâneo. Com efeito, o ilustre Purpurado exerceu entre nós durante quinze anos as elevadas funções de Núncio Apostólico, revelando altas qualidades de diplomata e de prelado, que lhe granjearam para sempre a admiração e estima dos brasileiros.
Estamos certos de que CATOLICISMO causará prazer aos muitos amigos que Sua Eminência deixou entre nós, publicando o texto da honrosa carta que, por motivo do quinquagésimo aniversário de sua ordenação sacerdotal, lhe enviou o Soberano Pontífice:
"Desde o princípio de teu sagrado ministério até agora puseste os teus pensamentos, todas as tuas forças e tua inteligência ao serviço da Igreja e desta Sé Apostólica, seja participando de várias Legações Pontifícias e principalmente como negociador na nova República Portuguesa, seja como Núncio Apostólico nas Republicas do Chile e Brasil durante muitos anos. No desempenho de tão altos cargos brilharam principalmente a prudência e a habilidade com que muito favoreceste as relações entre esta Sé Apostólica e os governos civis.
Olhando, pois, benignamente para estas brilhantes ações e méritos, Nós, há seis anos, te elegemos para o augusto Senado da Igreja, e te pusemos à frente da Congregação dos Sacramentos, e depois de tua eleição te encarregamos da Igreja Prenestina.
Quanta veneração, que afeto de caridade te dedicam os fiéis a ti confiados, plena e claramente o atestam os fervorosos preparativos para a celebração das próximas solenidades. Também Nós te exprimimos uma especial estima ao designar-te Nosso Legado para coroar a imagem da Bem-aventurada Virgem de Fátima. E agora, na presente oportunidade, nos congratulamos por tua diligente gestão do sagrado oficio pastoral, e com instantes preces rogamos a Deus que queira enriquecer com celestes dons e consolações a ti e ao rebanho confiado aos teus cuidados; entretanto, para que a celebração do feliz acontecimento possa trazer a teu povo maior abundancia de frutos, te damos poder para que no dia designado, acabada a Missa pontifical, dês a benção aos fiéis presentes, em Nosso nome e com Nossa autoridade, e possam lucrar indulgencia plenária com as condições de costume".
O ministro do interior da Inglaterra, sir David Maxwell Fyfe, não quis acolher o pedido de um membro católico do Parlamento, representante da Irlanda setentrional, de que se revogasse antes da coroação de Elizabeth II, a Lei de Títulos Eclesiásticos de 1870, que nega condição legal aos títulos correspondentes às sedes episcopais católicas. Como esse deputado lhe perguntasse se não considerava oportuno acabar com essas discriminações anticatólicas, Sir David respondeu que sentia muito, porém entendia que uma nova legislação a respeito poderia incitar controvérsias e "sentimentos sectários” que diminuíram muito nos últimos tempos. Acrescentou o ministro que "praticamente não há impedimento" para que os Bispos católicos usem entre si, os títulos correspondentes às suas sedes.
A lei mencionada, que tem oitenta e dois anos, recusa aos Prelados católicos, e somente aos católicos, certos privilégios no tratamento com a família real. Em 1935, o ministro do Interior devolveu um documento dirigido pela Hierarquia britânica ao Rei Jorge V, que celebrava o vigésimo quinto aniversário de sua coroação, porque nele os Bispos haviam usado seus títulos. Dois anos mais tarde, quando da coroação de Jorge VI, o Arcebispo de Westminster quis enviar outra mensagem para manifestar a lealdade dos católicos à coroa, porém também esta foi repelida pelo mesmo motivo.
O ministério do Interior é o único órgão do governo britânico que se nega a reconhecer os títulos dos Bispos católicos.
Celestino III
Bula dirigida pelo Santo Padre Celestino III a D. Sancho I de Portugal, a respeito de D. Afonso XII de Leão, em 10 de abril de 1197:
"CELESTINO, Bispo, servo dos servos de Deus. Ao caríssimo filho em Cristo, o Rei de Portugal, saudação e benção apostólica. Como pelos sagrados cânones seja cominada igual pena aos autores e aos fautores do mal, e não seja menor desprezo impugnarem a Fé católica os que se têm por cristãos, por que seria se a deixassem, ou a perseguissem e adotassem a superstição dos bárbaros, pareceu-Nos que não devíamos faltar com o favor apostólico à petição que fazeis, de que a vós e a todos os que fizerem guerra ao Rei de Leão sejam concedidas as mesmas indulgencias que a Santa Sé Apostólica tem outorgado aos que militam contra os infiéis e defendem a Cristandade de Espanha, porquanto ele tem tomado à sua conta a defesa dos mesmos infiéis e em companhia dos mouros luta contra os cristãos. Nós, respeitando vossa real petição e concedendo pelo teor das presentes a vós e a todos os que fizerem guerra ao dito Rei, enquanto permanecer em sua pertinácia, as graças que são concedidas aos que passam à guerra de Jerusalém, ordenamos mais que todas as terras que vós ou outrem qualquer ganhardes àquele Rei enquanto for contumaz, fiquem livremente a quem, as ocupar, sem mais se devolverem ao senhorio do mesmo Rei. Portanto a nenhuma pessoa seja lícito infringir ou contrariar temerariamente esta bula de indulgencia; e se alguém se atrever a fazê-lo, saiba que há de incorrer na indignação de Deus todo poderoso e dos bem-aventurados S. Pedro e S. Paulo, Seus Apóstolos. Dada em S. João de Latrão, a 4 dos idos de Abril, no ano sétimo do nosso pontificado".