VERBA TUA MANENT IN AETERNUM
O livro dos exercícios, a mais preciosa herança de Sto. Inácio
PIO XII: Tivemos conhecimento de que todas as vossas Províncias, que se acham espalhadas pelo mundo inteiro, por iniciativa própria se propuseram cordialmente celebrar este ano secular praticando com mais zelo e fidelidade e fazendo irradiar mais amplamente os Exercícios Espirituais de seu Pai e legislador. Aliás, Santo Inácio não deixou por herança a seus filhos nada de mais precioso, nada de mais útil, nada de mais perene que esse Livro de ouro, e os Soberanos Pontífices, desde Paulo III, bem como numerosos Santos da Igreja, o cumularam frequentemente de elogios. — (Carta de 3-VII-1955 ao Revmo. Pe. João Batista Janssen, Geral da Companhia de Jesus, por ocasião da abertura do IV centenário da morte de Santo Inácio de Loiola).
Socialista e católico são termos contraditórios
PIO XI: E se este erro (o socialismo), como todos os demais, encerra algo de verdade, o que os Sumos Pontífices nunca negaram, funda-se contudo numa concepção da sociedade humana diametralmente oposta à verdadeira doutrina católica. Socialismo religioso, socialismo católico, são termos contraditórios: ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista. — (Encíclica "Quadragesimo anno", de 15-V-1931).
Necessária uma delicadeza como que virginal em matéria de doutrina
S. PIO X: As elevadas qualidades de piedade, doutrina e zelo que vos distinguem (aos novos Cardeais), e, acima de tudo, o devotamento que professais para com a Santa Sé Apostólica Nos dão a certeza de que Nos auxiliareis poderosamente a conservar intacto o depósito da Fé, a preservar a disciplina eclesiástica e a resistir aos pérfidos assaltos a que a Igreja está exposta da parte não somente de seus inimigos declarados, mas especialmente de seus próprios filhos. Se o triunfo da Igreja em meio a todos os perigos e todos os assaltos contra Ela dirigidos no decurso dos séculos foi devido à indomável firmeza de nossos pais, à sua atenta vigilância, à sua solicitude zelosa e à sua delicadeza como que virginal em matéria de doutrina, em tempo algum foi talvez tão necessário como agora velar por esse depósito sagrado a fim de lhe conservar a integridade e a pureza. — (Alocução por ocasião da imposição do barrete aos novos Cardeais, em 27-V-1914).
Um espetáculo jamais presenciado na história
PIO XI: Aproveitando-se de tamanha calamidade econômica e de tão grande desordem moral, os inimigos de toda ordem social, levem o nome de comunistas ou qualquer outro que seja - e é justamente este o mal mais tremendo de nossos tempos - afanam-se e trabalham com afinco para romper todo freio, destruir todo vínculo de lei divina ou humana, e desferem a luta mais encarniçada contra a Religião, contra o próprio Deus, executando o diabólico programa de arrancar do coração de todos, até mesmo das crianças, qualquer sentimento religioso, pois sabem muito bem que, apagada do coração dos homens a fé em Deus, poderão realizar seus planos mais perversos. E assim é que hoje vemos que jamais foi dado presenciar na história: desfraldadas ao vento, com ufania, as bandeiras satânicas da guerra contra Deus e contra a Religião, em todos os povos e em todos os recantos da terra. — (Encíclica "Caritate Christi compulsi", de 3-V-1932).
CORRESPONDÊNCIA
De um Revmo. Pe. Missionário do Vietnam: "Acabo de ler um dos belos números dessa magnífica publicação. Nada é desprezível nesse jornal. Todos os artigos são dignos de seria meditação. É-me de uma utilidade extraordinária. Recebo-o de "segunda mão", de longe em longe, e leio-o de começo a fim, gostosamente, apesar de minhas preocupações missionárias. Francamente, tudo é precioso e preciso nesse jornal. Uma farta seara de verdades incontestáveis, para o homem que deseja um guia seguro no ínvio caminho da interpretação justa das diversas correntes modernas do pensamento, e dos eventos políticos no plano internacional; fidelidade incondicional à Igreja; posição de luta aliada a uma coragem e decisão extraordinárias.
Pudesse o Vietnam católico possuir um jornal como CATOLICISMO".
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Do Revmo. Pe. Arlindo Vieira, S. J., Colégio Santo Inácio, Rio de Janeiro (D. F.): " . o mensário CATOLICISMO, que sempre leio, da primeira à última página, com o mais vivo interesse. A quem deseja uma leitura sadia, uma orientação segura, uma defesa contra tantos erros que serpeiam em nossos dias e chegam a iludir não poucos católicos, aconselho a ler assiduamente o CATOLICISMO".
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Do Exmo. Revmo. Mons. José Maria Fernandes, São João del Rei (Est. Minas Gerais): ... a circular perguntando se desejo a renovação da assinatura do CATOLICISMO. Sim, desejo, e o leio com satisfação sempre que me chega. É um jornal para leitura meditada e para um banho de doutrina e mística bem necessário aos que vivemos na poeira da luta contra o mal. A prova de que o aprecio é que me atrevo a pedir licença para transcrever, com as devidas declarações, alguns trechos de artigos em uma "coluna católica" que mantenho aqui em um diário local".
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Do Revmo. Pe. Paul Brun, C. P. C. R., Casa San José, Salto ( Uruguai) : "Nos es muy grato leer su revista CATOLICISMO, grato, digo y provechoso, no sólo porque la dirigen con tanto celo de la gloria de Dios Nuestro Señor unos de nuestros queridos ejercitantes y militantes valientes del Reino de Cristo Nuestro Señor, sino porque hallamos en ella un aliento en nuestra lucha, un sabor de verdad pura, los pensamientos de nuestra Madre la Iglesia Católica sobre los problemas candentes de la hora presente.
Sigan, pues, humildemente hablando de nuestra Madre la Sma. Virgen María: presentando a sus hijos su Corazón Inmaculado tan dolorido de nuestras infidelidades, indiferencia, negligencias; tan afligido de nuestros odios, del ateísmo, del materialismo, pero sobre todo del "cansacio de los buenos". Si, es la hora de María, porque es la hora de Jesús: El Reino de Cristo por el Reino de María; el Reino del Sdo. Corazón de Jesús por el Reino del Corazón Inmaculado y dolorido de María! Empápense de su Espíritu, que es el Espíritu de Jesús y del Padre, el Espíritu Santo. Sean humildes como Ella, puros como Ella y tendrán la gloria de haber trabajado por su Reino. "Alegraos porque vuestros nombres están en el libro de la vida".
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Do Revmo. Pe. Oliveiros Reis, Almeirim (Portugal): "Quando li o livro sobre "Ação Católica" do senhor Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, escrevi-lhe de seguida, a agradecer-lhe o grande serviço prestado à Igreja, por Sua Excia., e tomei-o logo como um arauto de Deus. Quis Sua Excia. passar a enviar-me o magnífico jornal CATOLICISMO, que no meio da confusão de idéias do mundo, é uma fonte segura de doutrina. Mal sabia, Sua Excia., a alegria profunda que daria a este pobre Padre, ao ver ali retratados a sua alma e o seu pensar. Quantos erros pululam no mundo cristão, nesse dar de mãos condescendente, com o pecado, na negação de verdades eternas e essenciais! Quantos pretendem servir a Igreja, negando princípios imutáveis que Ela ensina...! A doutrina da nossa amada Mãe a Santa Igreja - presença de Cristo no mundo, quem ousará agradar-lhe negando-a!? Se não há uma grande humildade e espírito de oração, nem os Sacerdotes nem os Bispos isoladamente, que não só o povo, estão isentos de cair no erro, e de viver do perfume de paganismo, que ameaça a fé cristã. CATOLICISMO tem a Luz de Deus, porque vive da Luz da Igreja; o Senhor permita que dela nunca se afaste. Atravessa, a Igreja, a maior crise da sua história... Só um milagre poderá salvar-nos. E ele virá por mãos de Maria como outrora em Belém. Mas este milagre, é preciso prepará-lo pela união dos bons, na penitencia e oração".
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Do Revmo. Pe. Luiz Thomazi, S. J., Diretor da Congregação Mariana do Colégio Loyola, Belo Horizonte (Est. Minas Gerais) : "Quanto ao mensário CATOLICISMO, creio que seria ocioso dizer que com muitíssimo interesse pretendo renovar a assinatura".
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Do Revmo. Pe. Tarcísio Ariovaldo Amaral, C. SS. R., Prefeito dos Estudantes, Seminário Redentorista, Tietê (Est. S. Paulo)." ... são muitos, entre nós, os que apreciam o seu jornal, e sei que não poucos trabalham por divulgá-lo".
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Do Revmo. Pe. L. Simon, O. M. I., Professor da Universidade de Ottawa (Canadá): "Quant à CATOLICISMO, que vous avez eu la gentillesse de m'adresser régulièrement, ce dont je suis bien touché, il m'a fait regretter chaque fois de ne pas comprendre votre belle langue. Les quelques mots que je pouvais saisir me faisaient venir l'eau à la bouche, en me laissant deviner des pensées de pleine fidélité aux directives papales".
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Do Frater Afonso R. A. Padilha, S. J., Escolasticado de Nova Friburgo (Est. Rio de Janeiro) : "Sou leitor assíduo de CATOLICISMO, jornal que muito aprecio, quer pela apresentação gráfica, quer pelo teor dos artigos. Creio que ele encontra igual aceitação em todos os lares, escritórios e colégios onde penetre, ... Curso ainda Filosofia, mas farei quanto puder no sentido de propagar o CATOLICISMO. Julgo-o um jornal digno de ser lido, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Não apascenta somente a curiosidade mas, principalmente, informa e instrui sobre todos os setores da vida social e religiosa,. . . Que este jornal, digno sucessor do "Univers" de Veuillot, continue a ser a sentinela sempre atenta da verdade, afim de que o liberalismo avassalador e as demais heresias que pululam nos tempos modernos não dilapidem os tesouros da genuína e santa Igreja de Cristo".
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Da Faculdade de Filosofia do Ceará, Fortaleza (Est. Ceará): "... e gostaríamos de continuar recebendo o jornal CATOLICISMO, que tanto nos tem agradado".
AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES
Esplendor régio e conforto popular
Plinio Corrêa de Oliveira
Realidade ou conto de fadas? Ter-se-ia o direito de hesitar, considerando a harmonia, a leveza, a suprema distinção deste castelo, construído sobre águas de uma serenidade e de uma profundidade dignas de lhe servirem de espelho. Dir-se-ia até que esta inimaginável fachada foi feita para ser vista principalmente em seu reflexo nas águas límpidas sobre que paira.
Trata-se de uma realidade, sim, mas de uma realidade feérica, nascida do gênio francês. É o castelo de Chenonceaux, construído no século XVI. Distingue-o uma harmoniosa interpenetração de força e de graça, de simetria e fantasia, bem típica da alma francesa. A fotografia põe diante de nós três elementos diversos: um corpo de edifício longo e uniforme, que termina pela junção em outro bastante diverso, flanqueado de pequenos torreões. Por fim, à direita do leitor, uma pesada torre.
O corpo do edifício repousa sobre cinco arcos, de que lhe vem sua leveza. Para evitar o que as pilastras dos arcos teriam de muito pesado, cada uma é encimada por uma saliência à maneira de torreão, aligeirada por uma grande janela. Sobre o torreão, outra janela no pavimento superior, que parece terminar-se graciosamente no óculo ornamental quase risonho da mansarda. Pilastra, torreão, janela do segundo pavimento, óculo da mansarda constituem uma só linha que se reflete inteira na profundidade da água, conferindo uma como que continuidade entre o edifício e seu reflexo. Tal como a forma nobre e harmônica dos arcos também lucra em completar-se em seu próprio reflexo. E estes dois elementos asseguram vigorosamente a continuidade estética entre o castelo real imerso no ar diáfano, e o castelo irreal "imerso" no Cher. Os cinco arcos correspondem a cinco partes da fachada, que se repetem uma à outra. A harmonia é perfeita. Tão prefeita que tocaria às raias da monotonia se o que ela tem de profundamente plácido não fosse harmonicamente compensado e realçado por um contraste.
Com efeito, mais maciço em sua base, na quadratura monumental de seu vulto, algum tanto guerreiro na altaneria de suas torres, pronto para a ação e para a luta como a outra parte sobre o rio parece estar pronta para as festas e a paz, ergue-se o segundo corpo de edifício. Considerado em si mesmo, também apresenta o contraste harmônico entre força e graça. O extremo da força é a base, na parte compacta que vai do rio ao começo dos torreões. O primeiro e segundo pavimentos são mais leves, com suas grandes janelas e a poesia de suas torres. As mansardas e o teto são de uma louçania, uma diversidade, uma beleza quase musical.
E à esquerda, lembrança grave e venerável de outras eras, heróica, sombria, incomovível, banhada em uma atmosfera lendária, está a velha torre, simbolizando a solidez das tradições que são a alma de Chenonceaux. Esta torre e a parte do castelo sustentada pelos arcos são absolutamente heterogêneas. Mas a parte central forma entre elas uma tão suave transição, que tudo se liga num agradável conjunto.
Não é difícil imaginar o que seria a vida neste castelo, em seus séculos de glória, por exemplo nas noites quentes e plácidas, com todas as luzes acesas refletindo-se sobre o rio, e as músicas evolando-se pelas janelas abertas, para se perderem entre as flores dos parques ou na superfície docemente móvel das águas...
* * *
Século XVI, século complexo, em que o neopaganismo, que culminou no século XX com a crise apocalíptica presente, já começava a se mostrar. Mas em que muitas tradições cristãs de distinção, elevação de espírito, harmonia de alma, ainda conservavam um grande vigor. Século em que a própria arte ainda estava marcada por uma grandeza cristã. O que fez este século pelos pobres? Como viviam os servidores deste castelo incomparável?
Segundo uma legenda estúpida, o luxo do castelão era obtido pela opressão do servidor. Seria interessante organizar-se um álbum com as fotografias de tantas das residências de servidores de castelo, que ainda se conservam. Serviriam para pulverizar a legenda.
Eis aí, em nosso segundo clichê, um vestígio de construções destas, no próprio Chenonceaux. Era destinado a guardas. Um mimo de graça campestre, de aconchego, de harmonia despretensiosa, de pitoresco autêntico, bem adequado a proteger calidamente ao longo do inverno contra as intempéries, com suas três chaminés. E formando um todo deliciosamente harmônico com a natureza em festa na primavera.
É um pequeno aspecto da vida rural de outrora, que a civilização cristã soubera tornar tão forte, tão plácida, tão estável e tão inocente. São Vicente de Paulo no século XVII, altamente relacionado em Paris, nunca consentiu em convidar seus parentes, modestos camponeses, a mudar de profissão, pois julgava que estavam nas condições de vida mais favoráveis então para a prática da virtude e a conquista do Reino dos Céus!
E para chegar a um tal ápice de vida rural