P.02-03

(continuação)

LUX VERA

apresentava o "Rock and Roll", projetado na Inglaterra, na Alemanha Ocidental e nos países escandinavos, levava a assistência a sair do cinema aos gritos, dançando alucinadamente, destruindo tudo o que encontrava diante de si. Na primeira semana de exibição do filme em Londres, a polícia teve que intervir cinco vezes, a fim de reprimir as desordens. O "Rock and Roll", em que tudo fala aos sentidos, e nada à razão, é bem um exemplo do extremo de animalidade a que estão chegando os homens neste século que se vangloria de sua ciência. Os comentaristas não se têm cansado de compará-lo com as danças dos negros da África. É sem dúvida um sintoma assustador da rapidez com que o mundo ocidental, tendo apostatado da Igreja, está regredindo à barbárie dos idolatras.

A IDOLATRIA DAS CIÊNCIAS EXATAS

A alguns pode parecer que estas considerações sobre a decadência da vida do espírito em nossos dias são exageradas. Com efeito — argumentarão — nunca as ciências se desenvolveram tanto como neste século. Não terá havido apenas uma mudança no campo de interesses? Antigamente, os homens preferiam as ciências filosóficas; hoje preferem as ciências exatas.

No livro II de sua Metafísica (Bekker 995a), Aristóteles analisa determinados obstáculos que podem dificultar ou mesmo impedir o estudo da filosofia. A consideração de alguns deles nos permitirá responder a essa objeção que formulamos.

Em primeiro lugar, Aristóteles observa que a matemática apresenta um perigo para aqueles que vão estudar a filosofia, porque pode viciar o espírito nas certezas de ordem matemática. Com efeito, àqueles que estão habituados ao trato dos números pode tornar-se difícil raciocinar com elementos de ordem superior. Num teorema matemático, os dados com que se joga têm, todos, valores muito definidos. Admitidos os postulados da geometria euclidiana, prova-se o teorema de Pitágoras, por exemplo, e o assunto não admite mais discussão. Poderia alguém dizer que não compreendeu bem a prova que se apresentou. Ninguém poderia, entretanto, dizer que há prós e contras, em relação ao teorema de Pitágoras. Sendo a demonstração verdadeira, só não a admitirá aquele que não tiver os conhecimentos necessários para compreendê-la.

Não há possibilidade, também, de que a prática contradiga ou pareça contradizer o que se provou teoricamente. Se nós afirmassem que no Japão se construiu um triangulo de gesso, em que a soma dos quadrados dos catetos não é igual ao quadrado da hipotenusa, apenas sorriríamos, pois a objeção nem sequer mereceria ser refutada. É possível que esse triângulo não seja retângulo; é possível que tenha havido algum erro nos cálculos; mil hipóteses podem ser levantadas. Uma coisa, entretanto, é absolutamente impossível: que o teorema de Pitágoras tenha sido desmentido por uma experiência no Japão.

Ora, essa certeza matemática não é a certeza filosófica. E não é a certeza em que o homem deve se basear para os atos mais importantes de sua vida, que não são os cálculos matemáticos, mas sim as tomadas de posição diante dos problemas religiosos, e as atitudes morais. Provado que a sociedade em que se admite o divórcio tende a se desagregar, podemos levantar uma objeção: em tal país o divórcio foi instituído há várias décadas, e no entanto ele não parece estar se desagregando. Nessa observação concreta certamente haverá algo de falso, pois o divórcio necessariamente é foco de decomposição social. Entretanto, não se pode dizer que a observação seja absurda, como é absurdo pretender que no Japão se tenha feito um triangulo que contraria o teorema de Pitágoras.

Na filosofia, na moral, na história, não se deve procurar a certeza matemática. Isso não significa que aí não haja certezas: nestas disciplinas pode-se chegar a certezas inteiramente legítimas em face de uma rigorosa crítica científica. A diferença consiste em que essas certezas são de outras ordens, que uma sadia epistemologia poderá identificar.

Em nosso tempo, as ciências chamadas exatas tomaram, sem dúvida, grande impulso. Mas nem sempre esse desenvolvimento resultou em benefício da vida intelectual autêntica. Entre os cultores desse gênero de ciências é por demais frequente encontrar espíritos desviados, que procuram até nas ciências filosóficas certezas matemáticas.

Recentemente, a revista "El Correo de la Unesco" (no de maio de 1956) publicou um artigo intitulado "El hombre culto em 1984", que é bastante expressivo no sentido de mostrar como o homem moderno tende a ver nas ciências chamadas exatas a expressão universal da inteligência. Depois de preconizar que nas escolas e universidades se introduza o estudo dos métodos estatísticos, por julgá-los indispensáveis à formação intelectual da juventude, o autor tece as seguintes considerações: "O ensino da física e da química deveria concentrar-se o mais cedo possível em torno do átomo. A forma como se juntam os átomos deve ser explicada de maneira mais viva e interessante, pois isto conduziria o homem não científico ao hábito de pensar em termos de estatística e de geometria".

Sem nos determos sobre a ingenuidade de querer fazer de métodos estatísticos a panacéia do cientismo moderno, bem como sobre o entusiasmo romântico pelas certezas de tipo matemático, precisamente numa época em que esta ciência mais problemática se tornou, não podemos deixar de observar que esse mundo em que os homens "pensam em termos de estatística e de geometria" seria, segundo a advertência de Aristóteles que citamos, um mundo em que todo o pensamento filosófico estaria morto. A inteligência humana teria regredido a uma situação pior do que aquela em que se encontrava antes da Encarnação do Filho de Deus, porque estaria escravizada a um materialismo ainda mais crasso: o mecanicismo, isto é, a forma mais imbecil do materialismo. De fato, nos sentidos ainda encontramos a superioridade própria à vida orgânica, mas no mecanismo existe apenas a suma estupidez dos robôs e dos profetas da cibernética.

A PRAGA DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS

Além de assinalar o risco apresentado pelas matemáticas, Aristóteles alerta contra um outro perigo aqueles que querem estudar a filosofia: o do hábito de só raciocinar com base em fatos concretos. Realmente, há espíritos que só sabem pensar a partir de um caso particular, visível, próximo. As especulações são, para eles, divagações ácidas e incompreensíveis. No entanto, é só nas especulações teóricas que o homem encontra a plenitude da vida de sua inteligência. E em quem só aprende a raciocinar à vista de casos concretos, a atividade abstrativa se atrofia.

Em nossos dias, o estudo abstrato se afigura cada vez mais obsoleto. A educação pela imagem substitui as especulações. E o que é essa educação pela imagem, senão uma tentativa de formar o espírito sem recorrer à abstração? É habituar a infância e a juventude a só pensar com base num exemplo concreto, contra a advertência de Aristóteles.

Tudo que hoje se apresenta à criança fala muito à imaginação e aos sentidos, e quase não se dirige à razão. Outrora, era comum encontrarem-se livros para a infância em que, além de ilustrações mais ou menos numerosas, havia textos que se estendiam por páginas inteiras. E as crianças liam esses livros com prazer. Hoje, esse tipo de literatura infantil caiu em desfavor. Predominam os livros em que há pouca narração, e nos quais as figuras falam por si. Quase não é necessário ler o texto para compreender a história. Isso não se dá apenas quanto aos livros destinados a crianças de curso primário. As leituras mais sérias a que o jovem ginasiano se dedica são as histórias em quadrinhos. No máximo, chegará a ler romances ou contos policiais. E não dispensará as imagens da televisão. Em tudo isso, o vício do exemplo concreto, de que falava Aristóteles, está presente. Tudo fala só à imaginação, à sensibilidade. Como evitar, pois, que se caminhe cada vez mais para a atrofia da inteligência? Como evitar que se torne cada vez mais penoso para o homem abstrair, e viver nos ares puros dos princípios?

Recentemente noticiou-se que professores ingleses, sentindo-se incapazes de fazer com que seus alunos se interessassem pelas obras literárias correntes, introduziram uma modificação profunda nos métodos de ensino tradicionais. Substituíram os livros didáticos por histórias em quadrinhos, em que assaltos, assassínios e aventuras de todo gênero prendem a atenção dos alunos. Algumas dessas histórias são extraídas de obras clássicas da língua inglesa. Outras são tipicamente modernas: é muito apreciado, por exemplo, o tema das viagens interplanetárias. Cheios de satisfação, os argutos inovadores observam que agora os jovens lêem com prazer, e não querem abandonar os livros na hora do recreio. Não percebem esses professores que o "êxito" da sua triste experiência só atesta a falência intelectual dos estudantes, os quais, habituados a "pensar" só pela imaginação, tornaram-se incapazes de abstrair.

SÓ JESUS CRISTO É LUZ PARA A INTELIGENCIA

As considerações de Bossuet sobre o pecado da idolatria nos fazem observar que a posição dos homens diante da vida intelectual não é indiferente à Religião. Isso, aliás, é incontestável e evidente, mas merece ser posto em relevo agora que se torna frequente encontrarem-se pessoas que preconizam um Catolicismo que chamam de "adaptado aos nossos tempos", e que aceitaria todos os postulados dos métodos modernos de educação.

Por essa análise que fizemos da vida intelectual de nossos dias, somos levados à conclusão de que, sobretudo nas novas gerações, ela está voltando à situação em que se encontrava antes da Encarnação. No que tem de mais profundo e central, que é a abstração, a vida de pensamento está se dessorando. Cada vez mais vive-se apenas de emoções, de sensações, de realidades palpáveis. Ora, foi justamente essa escravização ao sensível que caracterizou as civilizações pagãs, e as levou à idolatria.

"A luz brilhou nas trevas, e as trevas não a compreenderam" (Jo. 1, 5 ). Por ter recusado essa luz, que, só, é capaz de libertar a inteligência humana da servidão dos sentidos, o mundo moderno está regredindo, a passos largos, para o paganismo. Neste Natal de 1956, enquanto a civilização ocidental ameaça perecer, atacada por terríveis inimigos externos, e por não menos terríveis germes de corrupção interior, peçamos a Maria Santíssima que os homens afinal reconheçam que seu Divino Filho, o Verbo Encarnado, e só Ele, "é a luz verdadeira; que ilumina todo homem que vem a este mundo" (Jo. 1, 9).


NOTA INTERNACIONAL

DESMORALIZAÇÃO DA "TERCEIRA FORÇA"

Adolpho Lindenberg

A maior parte da imprensa e grandes parcelas da opinião pública mundial têm considerado o brutal esmagamento da Hungria e a invasão do Egito como dois fatos análogos, que merecem igual reprovação enquanto ofensivos, no mesmo grau, do que se costuma denominar de sagrado direito dos povos à sua independência.

Tal equiparação, além de odiosamente injusta e inteiramente destituída de base, constitui um típico exemplo de manobra da "terceira força", e como tal não podermos deixar de denunciá-la nesta coluna:

I — De um lado, fizeram-se virulentos ataques à Inglaterra e à França, acusadas de não terem nenhum motivo justo para invadir o território do pacifico Egito, e de terem assim cortado ao meio, de forma brutal, a louvável campanha de libertação nacional empreendida pelo coronel Nasser. O ditador e seu país foram, a esse propósito, gratificados com os mais honrosos e inesperados elogios.

II — Sendo impossível negar que a Rússia fez mal em reagir de modo tão drástico e cruel na Hungria, a outra face da manobra consistiu em acentuar, nos acontecimentos que ali se desenvolveram, a nota de luta entre um povo escravizado que aspira à autonomia e um país imperialista que faz valer sua força, ao mesmo tempo que se procurava ocultar o aspecto mais animador dessa gesta heróica, que foi o repudio resoluto dos erros comunistas por uma nação católica

* * *

Graças à indômita e intransigente combatividade magiar, que levou a revolta ao nível das grandes epopéias dos povos europeus, ficou desmoralizada a manobra dos propugnadores da moderação e equidistância. Sintoma frisante dessa desmoralização foi o desprestigio em que caiu Nehru, o representante por excelência do neutralismo hipócrita e do pacifismo incondicional. Esse Nehru, que chegou ao ponto de, por meio de seu agente na ONU, Krishna Menon, votar contra a proposta italiana de intervenção do organismo internacional na Hungria.

A prontidão com que os ingleses e franceses concordaram em entregar a solução do caso de Suez às Nações Unidas, e a débil resistência do exército egípcio (que tornou ridícula a empáfia de Nasser) também prejudicaram, por outro lado, a tática da "terceira força". Honra seja feita, no entanto, aos húngaros, a quem coube o principal mérito nesse particular.

* * *

Muito embora a manobra tenha falhado, o fato de não ter o Ocidente correspondido ao lancinante apelo de socorro que nas mais árduas horas de resistência os patriotas magiares lançaram a todo o mundo, vem patentear como são profundos os males causados aquém cortina de ferro pela propaganda dos esquerdistas e semi-esquerdistas. A Hungria, ocupada pelos russos, experimentando na própria carne o que é o comunismo, procurou reagir com decisão; as potências ocidentais, influenciadas pela falácia dos soviéticos e dos arautos da "terceira força", não quiseram ver a realidade do comunismo, ou, se a viram, não quiseram lutar contra ela. Exceção feita do Santo Padre, o Papa Pio XII, qual foi o chefe de Estado que apontou, com suficiente vigor, no esmagamento do povo magiar uma consequência normal da doutrina marxista?

Demos graças a Deus pelo primeiro fruto da coragem dos húngaros — a desmoralização de Nehru, Tito e outros líderes da "equidistância". E façamos votos de que o exemplo da pátria de Santo Estevão seja imitado por todos, e de que um dia lhe seja reconhecida a honra de ter sido a iniciadora da luta cruenta pelo extermínio do comunismo de sobre a face da terra.

NOSSA 1a PAGINA A VIRGEM E O MENINO, quadro de Pietro Lorenzetti, secuio XIV.


INDULGENTES

PARA COM O ERRO

SEVEROS

PARA COM A IGREJA

Plinio Corrêa de Oliveira

A ortodoxia assediada pelos embustes da heresia. Gravura do "Livre des persecutions des chrestiens". sem data.

Em nossa edição de novembro, mostramos quão legítimo e útil é apontar e refutar os erros que circulem eventualmente entre os fiéis.

Hoje, publicamos excertos de altas autoridades eclesiásticas, apontando claramente e refutando tais erros. É a tradução, na prática, dos princípios doutrinárias que resumimos no artigo anterior.

Mas, dir-se-á, não há paridade de situações. Uma autoridade eclesiástica tem o direito e o dever de condenar o erro quando se manifesta entre os fiéis ou os infiéis. O católico pode combater o erro existente entre os infiéis, mas não tem jurisdição sobre seus irmãos.

Combater o erro não é exercer autoridade

Jurisdição, ele também não a tem sobre os infiéis. Nem é de uma suposta jurisdição que deriva o direito e o dever do católico de combater o erro. Como membro do Corpo Místico de Cristo, o leigo tem o direito e o dever de auxiliar a Hierarquia no combate que esta, por mandato divino e necessariamente, tem de fazer ao erro em todas as suas formas. E, neste sentido, a imprensa católica, que é na Igreja discente eco fiel dos ensinamentos da Hierarquia, deve estar numa atitude permanentemente militante contra o erro.

Superada na Igreja a fase das lutas internas?

Publicamos este conjunto de textos também para dar um desmentido formal a outra opinião falsa. Ou antes, a um estado de espírito errado, que é muito frequente, mas raras vezes chega a se exprimir de modo inteiramente consciente e nítido.

Numerosos são os católicos que, revolvendo os volumes da história da Igreja, acham perfeitamente natural que, pelo efeito conjugado do demônio, do mundo e da carne, tenham no passado aparecido erros entre os próprios fiéis, e que tais erros tenham alcançado o apoio de figuras altamente representativas dos meios católicos. Se alguém se chocasse com isto, eles saberiam logo dizer-lhe que é preciso distinguir na Igreja o elemento divino do elemento humano, etc., etc. Mas, se os mesmos católicos, tirando os olhos de um volume de história, os detêm nas páginas de uma folha religiosa combativa, e são postos em presença da repetição do mesmo fenômeno em nossos dias, coram, perturbam-se, fecham o jornal, e resmungam contra a redação. Não sabemos bem - e pensamos que eles próprios também não o sabem - se isto provém de uma certa debilidade da fé: as razões alegadas para explicar os desfalecimentos de católicos no passado não bastariam para os que ocorrem atualmente. Ou se vem da idéia - algum tanto evolucionista no fundo - de que a Igreja atingiu um tal progresso com o correr dos séculos, que hoje em dia seria impossível produzir-se nela qualquer movimento ideológico desviado.

De qualquer forma, pelos textos que publicaremos, verão os leitores pertencentes a esta família de almas que estão errados. E terão alento para tomar, em face da realidade, uma atitude mais corajosa.

Antes de passar às citações, queremos deixar consignadas duas observações.

Os erros sobre os quais versam os textos que publicaremos, são referentes a temas bem diversos. Não pretendemos aqui apontar uma conexão íntima entre eles. Para quase todos, esta conexão pode ser estudada na Carta Pastoral monumental do Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, sobre “Problemas do Apostolado Moderno”.

Apontando os erros, e afirmando que eles podem e devem ser, não só apontados, como ainda refutados, não entendemos afirmar por aí que no cumprimento deste dever os católicos possam eximir-se das regras comuns da justiça e da caridade. É uma ressalva indispensável. Como indispensável também é outra ressalva, isto é, que o principal objeto de nossos deveres de justiça e de amor deve ser, nesta terra, a Santa Igreja de Deus.

Causa de erros ideológicos entre católicos

Em carta recente ao Emmo. Revmo. Sr. D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, o Exmo. Revmo. Mons. Angelo Dell’Acqua, Substituto da Secretaria de Estado de Sua Santidade, falando a propósito do Dia de Ação de Graças, teve, de passagem, uma afirmação sobre o mundo hodierno que nos importa registrar. Disse S. Excia. Revma. que “em consequência do agnosticismo religioso dos Estados”, ficou “amortecido ou quase perdido na sociedade moderna o sentir da Igreja”. Estas poucas palavras dão as linhas gerais de um triste quadro de apostasia em massa. Os estados apostataram. A sociedade, ela mesma, perdeu quase por completo o senso católico. Ora, essa sociedade, em grande número de países, se compõe de maiorias maciças de filhos da Igreja. Quer isto dizer que nas próprias massas fiéis este fenômeno de depauperamento do “sensus Ecclesiae” se deu. O que de espantar se, do seio destas massas, em consequência de uma situação tão calamitosa, brotam erros doutrinários funestos?

Católicos que colaboram com o comunismo

A respeito de erros que surgiram contemporaneamente entre católicos, os documentos do Santo Padre Pio XII são tão numerosos, que seria impossível publicá-los todos neste jornal. Temo-lo feito, entretanto, em alguma medida, sempre que as circunstâncias se apresentam. A título de exemplo, mencionamos aqui alguns trechos mais recentes do Soberano Pontífice.

Sobre a colaboração com os comunistas, disse Sua Santidade: “Há hoje em dia homens que desejam construir o mundo sobre a negação de Deus; outros pretendem que Cristo deve permanecer fora das escolas, das fábricas, dos parlamentos. E, neste combate mais ou menos ostensivo, mais ou menos declarado, mais ou menos violento, os inimigos da Igreja são por vezes sustentados e auxiliados pelo voto e pela propaganda de homens que continuam a se proclamar cristãos. E não faltam outros que procuram impossíveis aproximações: eles se deixam iludir pela diversidade instável das medidas táticas, esquecendo em compensação o caráter inaceitável dos fins últimos e imutáveis” (alocução de 22 de julho de 1956, aos administradores provinciais democratas-cristãos italianos, “Osservatore Romano”, edição em francês de 3 de agosto de 1956).

Erros de católicos sobre o Magistério Eclesiástico

Dirigindo-se no dia 14 de setembro p.p., aos eclesiásticos que haviam participado da Semana Italiana de Adaptação Pastoral, o Santo Padre Pio XII, depois de discorrer sobre a preeminência do Magistério Eclesiástico, disse: “Tais considerações, longe de tornar supérfluas a exposição sistemática e as definições claras da teologia científica a respeito da origem e das qualidades do Magisterium Ecclesiasticum, incitam-na pelo contrário a evitar as falsas interpretações e as ilações arbitrárias que, recentemente ainda, certas pessoas propuseram”.

Profunda modernização da doutrina católica

Na mesma alocução acrescenta o Sumo Pontífice: “A Encíclica Humani Generis, de 12 de agosto de 1950, sobre certas doutrinas falsas que visam abalar em seus fundamentos a doutrina católica, constitui em boa parte uma refutação de uma falsa orientação e adaptação da teologia, da filosofia e da exegese relativamente a correntes e tendências científicas modernas que carecem de fundamento suficiente. Nela se trata de uma inclinação injustificada para sistemas filosóficos errôneos, de concessões que alguns se

(continua)