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DEMOCRACIA CRISTÃ

Jacques Maritain segue a trilha do Sillon, condenado por São Pio X

(continuação)

Ao que o "Osservatore Romano" retrucava: "Chega-se a desprezar os princípios fundamentais da Fé, da razão, da lógica, do bom senso" (apud Mons. Delassus, obra cit., p. 76).

Esse movimento de Democracia Cristã mal compreendida iniciou-se na França em 1890 e chegou ao extremo em 1910, quando de novo a voz da Santa Sé se fez ouvir pela Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique", dirigida por São Pio X ao Episcopado gaulês. Pretendia-se ir ao povo para conquistá-lo, mas a conquista se tentava por meio de erros inicialmente ocultos ou disfarçados, mas depois claros e manifestamente perniciosos. Por amor à democracia, falava-se até em introduzir na Igreja uma constituição diferente da que Lhe havia sido conferida por seu Divino Fundador.

Na Encíclica "Pascendi", publicada no ano de 1907, já São Pio X acentuara essa tendência modernista de democratização da Igreja e de evasão da sociedade política, ou do homem como cidadão, do poder disciplinar das leis canônicas. E crescia a propensão à união com os não católicos. Em 1906 o movimento cristão-democrata de "Le Sillon" entra em contacto com as uniões cristãs protestantes. Em 1907 é fundado "Le plus grand Sillon", em que cabiam todos os dissidentes, mesmo que fossem judeus e pagãos, contanto que quisessem unir esforços na obra de aperfeiçoar a sociedade segundo os moldes democráticos. Segundo a citada Carta Apostólica, "Le Sillon" pretendia subtrair-se à direção da Igreja, cortejando o socialismo e aliando-se aos inimigos de Deus, pregando ademais a igualdade e o nivelamento absoluto de classes.

Reino legal da fraude e da violência

Uma organização política e social fundada sobre esta dupla base, a liberdade e a igualdade (às quais logo virá juntar-se a fraternidade), eis o que eles chamam democracia" (Carta Apostólica cit.). O caráter nitidamente populista do movimento sillonista se manifesta na idéia que seus mentores faziam da participação do poder na democracia. A liberdade e a igualdade compreenderiam um tríplice elemento: político, econômico e moral. Do ponto de vista político, a autoridade seria dividida de tal modo que cada cidadão chegasse a ser uma espécie de rei. Na ordem econômica, subtraído a uma classe particular, o patronato se multiplicaria tanto que cada operário se tornaria como que patrão. O elemento moral seria a dedicação ao bem da classe profissional e da sociedade, que substituiria o egoísmo e a estreiteza de vistas dos interesses privados. O poder desceria de Deus, mas de tal maneira que subiria do povo para os governantes. "Prescindindo-se da anomalia de uma delegação que sobe, diz o Papa, quando por sua condição é natural que desça, Leão XIII refutou de antemão esta tentativa de conciliação da doutrina católica com o erro do filosofismo".

De "a democracia será católica", que era a palavra de ordem inicial, passou-se para "a democracia não será anticatólica", como tampouco antijudia ou antibudista. A que ficava reduzido o catolicismo de semelhante movimento? Responde São Pio X: "Ah! Ele que dera antes tão formosas esperanças, aquele rio cristalino e impetuoso foi obstruído em seu curso pelos inimigos modernos da Igreja, e já não constitui mais que um mísero afluente do grande movimento de apostasia organizado em todas as nações para o estabelecimento de uma igreja universal sem dogmas nem hierarquia, sem regra para o espírito nem freio para as paixões; uma igreja que, sob pretexto de liberdade e dignidade humana, traria novamente ao mundo, se triunfasse, com o reinado legal da fraude e da violência, a opressão dos fracos, dos que sofrem e trabalham" (Carta Apostólica cit.).

A Igreja entre parêntesis

Em nossos dias, essa tendência em favor um falso conceito de democracia cristã, ou da aliança do Cristianismo com a Revolução, tem em Jacques Maritain um de seus principais arautos.

Na democracia cristã maritainiana vemos, como nos movimentos anteriores, a infiltração do laicismo e do interconfessionalismo, sob a capa de um suspeito "Estado leigo vitalmente cristão". Estado pluralista e coletivista, fase de progresso em relação à quadra infantil da Idade Média, isto é, fase em que a divisão religiosa e o socialismo marxista constituiriam um "ganho histórico".

A sociedade que Maritain considera ideal e cuja aproximação assinalaria o progresso de toda sociedade política concreta, é uma sociedade composta de pessoas enquanto pessoas, concebidas como insubordináveis, onissuficientes, emancipadas espiritual, política e economicamente. No dizer de São Pio X, todos camaradas, todos patrões, todos reis. E a Igreja colocada entre parêntesis. Pois o homem, atingindo a idade adulta nesta nova fase da Cristandade, só obedeceria a si próprio, e impor-se-ia a separação da Igreja e do Estado pela diferenciação da esfera própria das duas sociedades.

Do ponto de vista social e econômico, Maritain atribui ao proletariado a missão histórica que Marx lhe reservou: o progresso social seria implantado através do socialismo marxista, do qual adviria a tomada de consciência da dignidade e da solidariedade operaria.

"Note-se entretanto uma das consequências dessa tomada de consciência. Se o proletariado exige ser tratado como uma pessoa maior, por isso mesmo não deve ser socorrido, melhorado ou salvo por outra classe social. É a ele, pelo contrário, e a seu movimento de ascensão histórica, que cabe o papel principal na fase próxima da evolução" ("Humanisme Integral", ed. Montaigne, 1936, p. 250). E, tal como se apregoa nos manifestos comunistas, as elites da sociedade futura, segundo as profecias maritainianas, seriam formadas por operários e camponeses: "Agora, por bem ou por mal, será mister que, de acordo com um postulado essencial do pensamento democrático, as novas elites saiam das profundezas da nação; elas serão compostas por elites operarias e camponesas" ("Christianisme et Democratie", p. 89).

Maritain e o P. D. C. italiano

É evidente o papel das idéias errôneas de Maritain nos desvios da Democracia Cristã esquerdista de nossos dias. Expressiva demonstração desse fato, tivemo-la recentemente, por ocasião da polêmica suscitada na Itália pelos artigos em que o Revmo. Pe. A. Messineo, S.J., mostrou a nocividade do pensamento político-social do autor do "Humanismo Integral".

Diz o jornal "Il Tempo" de 8 de outubro de 1956 que o Prof. La Pira, prefeito demo-cristão de Florença, é reputado como um dos maiores, senão mesmo o maior dos sequazes de Maritain na Itália. Em entrevista ao citado jornal, o Sr. La Pira promove a defesa do filósofo francês, dizendo que "Humanismo Integral" é o "título de uma coletânea de conferencias pronunciadas em 1939: matéria fragmentaria e esparsa, não concentrada e sistematizada em tratamento orgânico". A verdadeira doutrina de Maritain estaria contida em sua obra "Primauté du Spirituel". Acontece que o "Humanismo Integral", conforme declaração do autor em prefácio é "o texto de seis aulas proferidas em agosto de 1934 na Universidade de verão de Santander". Quanto ao "Primauté du Spirituel", é de uma fase que o próprio filósofo repudia, a fase em que também escreveu "Antimoderne", livro posteriormente retirado da lista de suas obras completas, publicada nas primeiras páginas de suas novas produções. La Pira, entretanto, "não nega que as conferências que formam o Humanismo Integral contenham erros, que se explicariam pelos anos perturbados em que surgiram, mas sustenta que se trata de erros formais, de tática, de expressão, não de erros que atinjam a Doutrina" (artigo citado de "Il Tempo").

Os leitores julgarão da validade desses argumentos ao compulsar o trabalho do Revmo. Pe. A. Messineo, que publicamos neste número. Outros defensores de Maritain na Itália foram mais canhestros, pois lhe atribuíram justamente aquilo que se censura na atuação da ala esquerdista do Partido Democrata Cristão da península, isto é, a aliança com o socialismo marxista: "Nestes dias, por exemplo, com a unificação socialista se prepara a possibilidade de um encontro entre socialistas e católicos. Ora, uma colaboração de várias forças parece reprovável ao Pe. Messineo, mas não a Maritain, que já havia propugnado por ela em 1936!" É o que se lê no artigo "Breve saggio per una polemica — La condanna di Maritain", por Giovanni Fincato, na revista "Adesso" de 15 de outubro de 1956.

Concluamos: Maritain segue a trilha de Marc Sangnier, o líder de "Le Sillon", pois os desvios doutrinários e disciplinares da chamada Democracia Cristã de nossos dias têm nele um dos seus mais incontestáveis autores intelectuais.

(1)

"A Democracia Cristã na encruzilhada: colaboração ou luta com o socialismo" — "Catolicismo", n° 74, fevereiro de 1957.


OS CATÓLICOS FRANCESES NO SÉCULO XIX

RETIRAM-SE DE ROMA OS BISPOS DA MINORIA

Fernando Furquim de Almeida

Além da maioria e da minoria, existia no Concílio do Vaticano um grupo pouco numeroso de bispos que não se pronunciavam, seja por timidez, seja por desejarem estabelecer um terreno comum que permitisse uma definição unânime da infalibilidade. As discussões, esclarecendo o sentido do esquema, e a boa vontade manifestada pela maioria, aprovando as alterações legítimas propostas pela minoria, inclinavam cada vez mais esses prelados a apoiar a primeira dessas correntes. A minoria perdia terreno. Mesmo bispos sabidamente contrários à definição se declaravam dispostos a sufragá-la. Por exemplo, o Cardeal de Bonnechose, que inesperadamente assomou à tribuna para se professar favorável à infalibilidade. Conta seu biógrafo, Mons. Besson, que rezava ele um dia em São Lourenço fora dos muros, quando de repente viu com clareza a questão: "Um movimento interior se produziu em sua alma, e ele se sentiu obrigado a dar testemunho da verdade".

Com isso as sessões iam perdendo interesse. O pequeno grupo de anti-infalibilistas e oportunistas mais exaltados insistiam em prolongar os debates, mas já nem os grandes oradores conseguiam atrair a atenção da Assembléia. Os padres conciliares estavam suficientemente esclarecidos. Não havia mais dúvida de que a infalibilidade seria aprovada com larga margem de votos.

Foi nesse ambiente de calma que o Cardeal Felipe Guidi, dominicano, pediu a palavra. Era um dos maiores teólogos de seu tempo, conhecido como um dos promotores da renovação escolástica. Como ele ainda não falara no Concílio, uma justa curiosidade invadiu a sala de sessões, e foi num profundo silêncio que se começou a ouvir sua opinião. De início, o orador fez questão de relembrar sua fidelidade à doutrina de São Tomás para, em nome dela, se pronunciar contrário a toda fórmula de definição que contivesse as palavras "infalibilidade do Papa", pois elas implicariam a infalibilidade pessoal do Soberano Pontífice. Preferia que se dissesse: "As definições doutrinárias do papa são infalíveis". A seguir, partindo da premissa de que só quando fala como doutor da Igreja é que o Papa não pode errar, concluía que suas definições só deveriam ser declaradas infalíveis se fossem proferidas depois de consultada a tradição da Igreja, isto é, o Episcopado, depositário e testemunha da doutrina tradicional.

As palavras do Cardeal Guidi repetiam objeções já estudadas, mas seu prestígio e seu renome de teólogo eminente vinham tirar a minoria do embaraço em que se encontrava, e reavivar a discussão que todos davam tacitamente por encerrada. A minoria criava novo ânimo, e não pôde sopitar seu entusiasmo: prorrompeu em bravos e aplausos, acompanhados de protestos veementes da maioria. No final do discurso, cada frase do orador era interrompida pelos "bene, bene, optime" da minoria; e pelos "não, não! — não é isso! não é isso!" da maioria.

O incidente foi rumoroso e teve grandes repercussões. Parecia que tudo teria que ser novamente discutido. Para evitar a reabertura de debates inúteis, Pio IX chamou na mesma tarde o Cardeal Guidi e o repreendeu severamente. Contam que, tendo o purpurado tentado se defender com a alegação de que não negara a infalibilidade do Papa, mas apenas quisera relembrar que os bispos são as "testemunhas da tradição", Pio IX o interrompeu com a exclamação: "La Tradizione son’io!".

Embora encerrados os debates graças à intervenção do Papa, foi tentada ainda uma aproximação entre a minoria e a maioria. Esta última concordou em dar ao capítulo em questão o título "De Romani Pontificis infallibili magisterio", em substituição a "De Romani pontificis infallibilitate", mas recusou qualquer modificação do texto que implicasse uma intervenção necessária do Episcopado nas definições dogmáticas do Chefe visível da Igreja.

A 11 de junho, Mons. Gasser, em nome da deputação encarregada de preparar o esquema, apresentou ao plenário o novo texto de acordo com as emendas aceitas. Ainda não era a votação definitiva. Os padres conciliares deveriam dizer "placet" se aceitassem o esquema proposto, "non placet" se o rejeitassem, e "placet juxta modum" se apresentassem emendas. À vista destas, a comissão ofereceria uma nova redação, e só então o Concílio decidiria. Nessa última fase só seria permitido o "placet" ou "non placet". A 13 de junho, tendo comparecido 601 padres conciliares, houve 88 "non placet" e 62 "placet juxta modum".

Voltou novamente o esquema à comissão, e já não havia dúvida de que seria aprovado em sua nova formulação. Assim o compreendeu perfeitamente a minoria. Ela procurara prolongar os debates, na esperança de que a guerra iminente entre a França e a Alemanha provocasse a interrupção do Concílio, impedindo a decisão. Vendo a inutilidade de suas manobras, o Comitê Internacional, composto de bispos da minoria, credenciou uma delegação constituída pelo Primaz da Hungria, pelos arcebispos de Lyon e de Munich e pelos bispos de Mogúncia e Dijon, sob a chefia do Arcebispo de Paris, para pedir ao Papa várias modificações na redação do esquema e a inclusão, entre as condições da infalibilidade, de algumas palavras que implicassem uma certa participação do Episcopado. Mons. Dupanloup, por seu lado, escreveu a Pio IX mais duas cartas solicitando sua intervenção, e, como sempre, insinuando que o Pontífice desconhecia o assunto. Assim, rogava que Sua Santidade examinasse por si mesmo as coisas.

Foram baldados esses esforços. Vendo isso, reuniu-se a minoria e resolveu, por 33 votos contra 22, não comparecer à sessão em que se deliberaria definitivamente sobre a infalibilidade. Esses 55 bispos redigiram uma carta a Pio IX, dando os motivos por que não compareceriam, e se retiraram da Cidade Eterna.


NOVA ET VETERA

O FESTIM DE BALTAZAR

J. de Azeredo Santos

Diz o Apóstolo São Paulo que virão tempos em que os homens fecharão os ouvidos à verdade para só dar atenção a fábulas. E Santo Agostinho observa que a ciência do mundo incha, mas a caridade edifica.

A linguagem da verdade é simples e desataviada. Ao mesmo tempo, que de mais abstruso que as elucubrações de um "filósofo" existencialista ou um ensaio de critico partidário da arte moderna?

PÃO E CIRCO

Nossa atenção foi despertada por duas Cartas Pastorais há pouco chegadas a nosso conhecimento, que são um eloquente exemplo desse contraste que há entre a sabedoria de Deus e a pseudociência do mundo. Uma, do Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Pildain, Bispo das Canárias, do ano de 1954. Outra, do Venerando Episcopado Suíço, de 16 de setembro de 1956. Ambas versando sobre o mesmo tema, qual seja, o da situação trágica da sociedade moderna, sobretudo nos últimos tempos.

O Sr. Bispo das Canárias lembra o paralelismo que existe entre a conjuntura que enfrentamos hoje e a que atravessou o Império Romano há quinze séculos. "Os problemas daquele Império se parecem vivamente com os que põem à prova nossa vida atual: fora, a barbárie prepotente; dentro, um refinado materialismo e uma decadência moral concomitante. Que pensavam os homens daquela época ante semelhante estado de coisas? Santo Agostinho, que viveu nesse período da história, nos dá a resposta em um de seus memoráveis escritos: Não lhes importa nem preocupa a degradação do Império; tudo o que pedem é que seja prospero e seguro. O que mais importa — dizem eles — é que cada qual possa aumentar suas riquezas para se dar ao prazer de gastar esplendidamente e ao mesmo tempo poder manter o fraco na escravidão. Que as leis protejam o direito de propriedade, mas deixem em paz a moral dos homens... Que abundem os banquetes suntuosos, onde todos possam gozar e regozijar-se e dissipar sua vida dia e noite tanto quanto lhes venha à cabeça. Que a algazarra dos bailes ressoe por toda a parte e os teatros se encham de espetáculos sensuais... E que o homem que se afasta desses prazeres seja tido como inimigo público".

O Episcopado Suíço não usa linguagem diferente para condenar a preocupação exclusiva de bem estar, que conduz ao materialismo. Repete as palavras do Santo Padre Pio XII: "Advertimos em várias ocasiões o mundo de que se detenha em tempo à beira do abismo". Como no festim de Baltazar, vemos surgir nas paredes as palavras fatais que a humanidade não quer compreender.

"A grande preocupação do homem moderno, dizem os Bispos da Suíça, é de se estabelecer o mais confortavelmente possível em sua morada terrestre; ele a desejaria abundantemente provida não só do necessário, mas ainda do supérfluo, de tudo o que faz o encanto e o deleite da vida".

A APOSTASIA É PIOR QUE O PAGANISMO

"Para evitar todo mal-entendido, digamos claramente — prossegue a Pastoral Coletiva — que não temos de modo nenhuma intenção de suspeitar dos esforços empregados para melhorar a sorte dos homens e as condições de vida dos trabalhadores: essa é uma obra plenamente conforme as exigências da justiça e da caridade. Mas condenamos vigorosamente essa tendência moderna, nitidamente materialista, que arrasta os homens a procurar os bens terrenos com exclusão dos bens eternos. Essa tendência se acha na origem da desordem profunda de que sofre nossa geração desajustada e infeliz".

Essa procura ávida de riquezas, essa sede de prazeres, esse desprezo da lei divina, esse descontentamento perpétuo, mostram como de modo geral o mundo contemporâneo se acha em situação pior que a existente por ocasião do advento do Redentor. Se, no dizer de São Pedro, a apostasia é pior que o paganismo, a paganização dos povos cristãos representa a maior catástrofe que poderia desabar sobre a humanidade, catástrofe moral que a lição da história indica ser sinal próximo de castigo.

Diante de um quadro tão triste e tão trágico, que nos resta fazer?

A solução que se desprende dessas duas Cartas Pastorais é a solução simples, mas fecunda e eficaz, que nos apresenta a Santa Igreja de Deus.

Tal como no tempo da decadência romana, os católicos devem primar pelo exemplo de uma vida de virtude, de oração, de trabalho, de sacrifícios.

EM PRIMEIRO LUGAR O REINO DE DEUS

Nada de começar por planos mirabolantes de reformas sociais e políticas. Será preciso, antes de tudo, difundir a luz da Fé que ilumina os caminhos da vida. Pedem os Prelados Suíços a seus Sacerdotes "que se apliquem em seus escritos, em seus sermões, em suas conversas, a esclarecer verdadeiramente os espíritos; que evitem os discursos vazios e profanos, as objeções de uma pseudociência, mas que cuidem de transmitir aos fiéis uma doutrina clara e segura, em plena harmonia com o ensinamento tradicional da Santa Igreja e da Santa Teologia!"

Lembram, quanto à vida de oração, "o meio providencial, maravilhosamente adaptado às exigências e às necessidades da hora atual", que são os retiros fechados. Lembram o hábito da recitação do terço em família. Mostram a necessidade de votar um verdadeiro horror ao pecado, e dirigem um apelo final em favor da união dos católicos no domínio cultural, social e político.

Não foi outra a mensagem de Fátima. E é o que o Santo Padre Pio XII, gloriosamente reinante, não se cansa de repetir, como o fez mais uma vez em sua mensagem do último Natal. Recorda a Pastoral Coletiva as palavras de Sua Santidade quando, em julho de 1956, depois de advertir novamente o mundo de que se detenha à beira do abismo que ameaça tragá-lo, acrescentou "que não há salvação verdadeira e durável fora de Nosso Senhor Jesus Cristo".

Diante do dilúvio que se aproxima, recolhamo-nos a essa Arca divina, na qual encontraremos a verdadeira paz, que será a reconciliação da terra com o Céu.