P.06-07

ESCREVEM OS LEITORES

Revmo. Pe. Frei Eusébio de A. Chaves, Vigário de Maracajá (Est. Santa Catarina): " ... jornal cem por cento útil e instrutivo".

*

Revmo. Pe. José P. Silveira, Vigário Cooperador de Três Pontas (Est. Minas Gerais): "... entusiasmei-me pela propaganda desse utilíssimo periódico entre o povo de nossa Paróquia".

*

Sr. B. E. C. T., São Paulo (Est. S. Paulo): "Peço vênia para oferecer-lhe, Sr. Redator, esta folha do "Diário da Manhã", de Lisboa, edição de 9 de setembro. Nela, um artigo que merece, creio, resumo em CATOLICISMO: "A Igreja e a Comunidade Lusíada", do aplaudido crítico literário Carlos Lobo de Oliveira".

Impossibilitados, à míngua de espaço, de transcrever na integra — como quereríamos — o artigo aludido, destacamos sua parte final:

"Estamos, nesta política de intercambio luso-brasileira, num momento de realizações serias, com objetivos que não podem ser iludidos ou desviados da sua origem e destino.

Tudo que é espiritual e cultural, no patrimônio tão rico das duas nações atlânticas, há que ser considerado e devidamente hierarquizado, como cumpre a todo o plano de ação, atendendo-se às possibilidades e eficiência.

Força espiritual, a Igreja, quer em Portugal, quer no Brasil, é a guardiã duma civilização comum através das gerações que lhe têm sido confiadas, para que a memória de Cristo e os benefícios da Fé perdurem na Terra.

A leitura meditada da admirável carta Pastoral sobre Problemas do Apostolado Moderno, de D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, convenceu-me que não se pode esquecer uma obra de entendimento entre as duas Igrejas, já porque tradições comuns as prendem, já porque os mesmos perigos as ameaçam.

Estamos numa época em que o inimigo diabolicamente se introduz em todas as atividades humanas, sob variados disfarces e máscaras, numa época em que as heresias se revestem de sedução e mentira e subtilezas de dialética, opiando, envenenando, destruindo corações e almas.

Esse entendimento entre as Igrejas da comunidade lusíada impõe-se, e não podem ficar esquecidas no plano do intercambio que está a executar-se metodicamente.

Por que não se proceder, no plano de ação, a um intercambio, que nos parece vantajoso, disseminando largamente, num e noutro país, as obras de cultura religiosa?

Assim o entendemos perante esta Carta Pastoral de D. Antonio de Castro Mayer, modelo de clareza e sistematização que se destina a combater erros e conceitos duvidosos, espalhados até entre os católicos.

A disseminação desses erros e conceitos constitui verdadeiro perigo, porque se introduzem maliciosamente sob aparências falsas e juízos simplistas.

Apresentar a verdade, como o faz o ilustre Bispo de Campos, e corajosamente, merece inteiro aplauso.

A genealogia do modernismo e dos seus males está perfeitamente realizada nesta obra de invulgar clareza de pensamento e raciocínio. Os problemas do apostolado moderno encontram-se enunciados e as soluções que lhes devem ser dadas.

A Carta Pastoral vem acompanhada dum Catecismo de verdades oportunas que se opõem a erros contemporâneos.

Nada mais útil e até necessário do que este Catecismo. Ao lado de cada proposição falsa, a verdadeira, seguindo-se-lhe uma breve explanação, em que se condensa, de forma magistral, uma crítica e análise das duas proposições. Da Liturgia à estrutura da Igreja, dos métodos do apostolado à vida espiritual, da moral nova ao racionalismo, evolucionismo e laicismo, das relações entre a Igreja e o Estado às questões políticas, econômicas e sociais, de tudo trata este Catecismo, com uma sistematização e ordenação perfeitas.

D. Antonio de Castro Mayer é um grande prosador. A língua portuguesa encontrou neste ilustre dignitário da Igreja brasileira um cultor das suas qualidades de simplicidade e elegância, de precisão e clareza na transmissão dum alto pensamento e duma cultura sem mancha.

Esta Carta Pastoral, documento de dignidade espiritual, pureza de doutrina, exemplo de caridade, mostra-nos que o culto da língua portuguesa se mantém, no Portugal de Além-Atlântico, com o fulgor e o aroma da última flor do Lácio".

*

Prof. José de Alencar Feijó Benevides, Colégio Amapaense, Macapá (Território do Amapá): “... é o mais bem feito e o melhor órgão católico de quantos tenho conhecido. Os assinantes desse mensário podem orgulhar-se de ter em suas mãos um jornal de cultura, de firme e segura orientação católica, bravo combatente do bom combate, destemido defensor da fé e da moral cristã no meio do paganismo imperante, em que temos de lutar pela sobrevivência dos valores espirituais. CATOLICISMO é, enfim, a voz potente e valorosa que fala na tormenta do mundo hodierno, o jornal cem por cento católico, de que o Brasil precisa".


VERBA TUA MANENT IN AETERNUM

• A ordem vigente da Liturgia procede do esquecimento dos princípios?

PIO VI: A proposição do Sínodo (de Pistoia) em que se manifesta o desejo de remover as causas em virtude das quais, em parte, se introduziu o esquecimento dos princípios que dizem respeito à ordem da Liturgia, fazendo-a voltar a maior simplicidade dos ritos, expondo-a em língua vulgar e pronunciando-a em voz alta — como se a ordem vigente da Liturgia, recebida e aprovada pela Igreja, procedesse em parte do esquecimento dos princípios que a devem reger — é temerária, ofensiva aos ouvidos pios, injuriosa contra a Igreja e favorecedora das injúrias dos hereges contra Ela. — (Art. 33 da Bula "Auctorem Fidei", de 28-VIII-1794, D. 1533).

• Prejudicada a Igreja por sua adesão a doutrinas imutáveis?

S. PIO X: Proposição condenada — "A Igreja se mostra incapaz de defender eficazmente a moral evangélica, porque adere obstinadamente a doutrinas imutáveis, que não se podem conciliar com o progresso moderno". — (Proposição n.° 63 do Decreto "Lamentabili", de 4-VII-1907).

• Pelo Rosário alcançaremos a restauração dos costumes públicos e privados

PIO XII: É igualmente necessário considerar como certo que essas fórmulas de oração, quer sejam recitadas nas igrejas, na família, ou simplesmente em particular, têm um imenso valor para obter a graça divina e restaurar os costumes cristãos. Por essa razão é que os Pontífices Romanos, e especialmente Nosso Predecessor de imortal memória, Leão XIII, têm, como sabeis, exaltado este método de oração, dispensando-lhe os maiores louvores e enriquecendo-o com dotes salutares. E também por isso é que Nós mesmo, pela Carta Encíclica "Ingruentium malorum" (A.A.S., vol. XLIII, 1951, p. 577 seg.), recomendamos vivamente o Rosário Marial aos cristãos de todas as condições, como se tivéssemos confiança - e Nós a temos efetivamente - de que a todo-poderosa Mãe de Deus, invocada pela voz de tantos filhos, alcance de Deus, em sua bondade, que os bons costumes públicos e privados sejam dia a dia mais restaurados, e que a Religião Católica, livre de todo entrave injusto, possa desempenhar a missão recebida de Deus e exercer seu poder de salvação, não somente na alma de cada cidadão, mas no próprio seio das instituições públicas. De tal sorte que os deveres e direitos mútuos de todos sejam regulados e dispostos numa ordem justa, e que assim possa surgir, não a inimizade, mas a concórdia, não o ódio, mas a caridade, não as ruínas de uma nova guerra, mas os progressos de uma verdadeira paz.

Continuai, pois, como o fazeis, a promover com cuidado, ardor e zelo o Rosário Marial e as diversas associações pias que levam o seu nome. É um dever de piedade particular de vossa Ordem ilustre, e não o menor, para com a Mãe de Deus, a Igreja e a Religião. — (Carta autógrafa ao Revmo. Pe. Michel Browne, Mestre Geral da Ordem Dominicana, de 11-Vá[1957).

• Romance, cinema e teatro difundem concepção profundamente viciada acerca da mulher

PIO XII: A verdade mais desconhecida dos homens de hoje, ao menos em suas atitudes correntes, e no entanto a mais fundamental para vós, é a relação da mulher para com Deus. A mulher vem de Deus; ela Lhe deve sua existência, as características de seu ser, de sua tarefa terrestre, e o destino eterno que coroará o cumprimento fiel de sua missão. Esta verdade, que já a razão faz conhecer, adquire à luz da fé sua plena significação e uma certeza absoluta, que vos prestará apoio indispensável ao serdes expostas ao fluxo e refluxo das idéias que o romance, o cinema, o teatro difundem sem cessar nas massas e que lhes dão uma concepção profundamente viciada acerca da mulher. — (Discurso à União Mundial das Organizações Femininas Católicas, de 29-IX-1957).

• O campo, uma das mais preciosas reservas de energias espirituais

PIO XII: Hoje, como no passado, o campo tem algo a dar, que ultrapassa o nível dos bens materiais: ele continua sendo sempre uma das mais preciosas reservas de energias físicas e espirituais. Daí decorrem a estima e o interesse com que a Igreja sempre considerou a agricultura "omnium artium... innocentissima", como a chama Santo Agostinho (De haeresibus, 46; P.L. 42, 37); daí a solicitude com que, em particular presentemente, Ela se dirige à população rural, que, em virtude de seu contacto mais direto com o mistério da natureza, ou do isolamento maior imposto por seu próprio trabalho, conservou em geral mais vivo o sentimento religioso e assim (Discurso aos cultivadores diretos, de 11-1V1956) "ficou até nossos dias a detentora da mais pura tradição cristã". — (Carta ao Emmo. Cardeal Siri, de 18-IX-1957, por ocasião da XXX Semana Social dos Católicos da Itália).


AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES

Sorrindo...

Plinio Corrêa de Oliveira

Dois jovens gracejam despreocupadamente. São, provavelmente, dois estudantes que se preparam para algum "trote", raspando os cabelos. O que faz de cabeleireiro, terminado seu serviço sentar-se-á e será servido pelo outro. Distendidos, no viço de sua juventude, parecem achar graça na brincadeira.

A tarefa a concluída, ei-los que caminham sorridentes, com passo lépido. O primeiro parece especialmente preocupado com o cigarro. Sua fisionomia, ao mesmo tempo que risonha, tem leve expressão de desagrado. Trata-se talvez de um fumante mal habituado ao fumo, cujo sabor por vezes estranha.

O outro, que, depilada a cabeça, tem qualquer coisa de "boxeur", parece dirigir-se alegre, ligeiramente preocupado, mas já prenunciando uma vitória, para o ringue.

Tudo natural, comum, banal. Tão banal mesmo, que o leitor não saberá a que vêm estas fotografias, em "Ambientes, Costumes, Civilizações".

Pois, antes de prosseguir, faça um esforço, a ver se adivinha. Servir-lhe-á de ‘test’ de perspicácia...

* * *

Horror! Estes dois jovens de dezenove anos estavam condenados à morte, pela justiça tão prudente e benévola dos Estados Unidos. E hoje já não pertencem ao mundo dos vivos.

Seu crime consistiu em matar um cidadão inofensivo, para lhe roubar oitenta dólares e o automóvel. Como é natural, ao longo do processo sua sanidade mental foi cuidadosamente examinada, e achada íntegra. Assim, nenhuma anomalia psíquica explica sua conduta ou atenua sua culpa. Mataram lúcida e voluntariamente.

A cena do clichê maior foi tomada quando ambos se preparavam para a cadeira elétrica, raspando o cabelo para facilitar a circulação da corrente mortal. E as demais fotografias mostram-nos indo para o último suplício.

Que abismo entre este tipo de assassino — que caracteriza muito bem o delinquente precoce moderno — e o tipo de facínora "clássico". Este último, diferente de todo mundo, com ar feroz, deixando ver desencadeadas as piores paixões, e ostentando uma inteira ausência de amor ao próximo e de compaixão. E o tipo "moderno" do "bom rapaz", "simpático", risonho, afável, muito parecido com todo mundo. O primeiro, profundamente consciente da distinção entre o bem e o mal, e todo entregue ao mal. O segundo, matando com uma horrível "candura", friamente, cinicamente, sem medir o alcance moral de sua ação, e até sem cogitar de que a moral tenha algo a ver com isto. Fruto da pedagogia baseada na legitimidade de tudo quanto é espontâneo, e portanto autentico e sincero ( ! ), ele teve uma propensão a matar, e foi fiel a si mesmo, matando.

Para estes entes, que é matar? Muito pouco. Pois pouco ou nada é morrer. Eis como eles morrem: inconscientes e risonhos, como risonhos e inconscientes mataram. O embotamento da personalidade é tal, que até o instinto de conservação está neles deteriorado.

Forma nova de barbárie, mil vezes mais perigosa para o futuro do mundo, do que as proezas astronáuticas soviéticas, ou a bomba de hidrogênio, cujos perigos, entretanto, estamos longe de subestimar. Este tipo de cidadão é feito para servir a qualquer regime comunista, e aceitará, inconsciente, de ser operário, detetive ou bailarino, conforme lhe mandarem. Ou de fazer o papel de Laika em algum satélite artificial.

Em outros termos, é o veneno comunista, circulando nas veias do Ocidente paganizado.

* * *

E o antídoto? Que abramos os ouvidos e os corações às palavras de Nossa Senhora de Fátima.

Mas como são poucos os que pensam nisto!