A LIÇÃO DAS JAULAS DE FERRO
(continuação)
túmulos e falando em igualdade, amor e liberdade.
Nem mesmo uma corte o regulo de Munster deixou de organizar, com mordomo, escudeiros, cortesãos, etc. Seus conselheiros se vestiam de púrpura e usavam correntes de ouro. Nada faltava para a caricatura ser completa, nem sequer a etiqueta. Ninguém podia se aproximar do rei sem se prostrar por terra ou, pelo menos, dobrar o joelho. Onde estavam os reformadores que tantos sermões violentos tinham feito contra a pompa da Igreja?
Na praça do mercado se ergueu o riquíssimo trono do rei comunista. Do alto dele João, o Justo, pronunciava sentenças, que eram imediatamente executadas pelos próprios conselheiros. O «bom» Knipperdolling certa vez passou vários dias cortando cabeças. Era vice-rei e carrasco ao mesmo tempo.
JUNTO COM O ORGULHO, A SENSUALIDADE
Satisfeito o orgulho, era preciso dar livre curso à sensualidade. João de Leyde promulgou uma lei que não só autorizava mas, em certas circunstancias, tornava obrigatória a poligamia. O pretexto invocado era a necessidade de imitar os patriarcas.
Esse revolucionário do século XX extraviado em pleno século XVI estabeleceu o exame pré-nupcial, e proibiu o casamento a certos doentes. Ele mesmo foi fiel cumpridor da lei da poligamia: chegou a ter quinze mulheres ao mesmo tempo.
A corrupção não teve mais freios. Logo se pediu o estabelecimento da poliandria... para não falar em outros excessos, ainda mais vergonhosos.
Tanta imoralidade não podia deixar de provocar distúrbios. A esposa legítima de Knipperdolling se rebelou contra a lei da poligamia e provocou um motim na cidade. Os insurrectos chegaram a ocupar a sede do governo comunal por um dia, mas depois foram derrotados e 66 deles tiveram a cabeça cortada.
O Bispo Franz de Waldeck aproveitou-se desta luta intestina para tentar um novo assalto à cidade, mas outra vez fracassou. Desistiu então de conquistar Munster pela força, preferindo fazê-la se render pela fome. Com esse objetivo construiu uma segunda muralha em torno da cidade para impedir qualquer comunicação dos sitiados com o exterior.
"DEUS ESTÁ SOBRE NOSSA CASA"
João de Leyde enviou mensageiros aos Países Baixos em busca de socorros, e enquanto estes não vinham procurava manter a febre revolucionaria com cerimônias coletivas próprias a excitar os espíritos.
O historiador alemão Janssen descreve o desvario que dominava por essa época a Munster anabatista: «Todos os novos filhos de Deus, homens, mulheres, jovens e velhos, como que arrebatados por um mau espírito ou pela loucura, profetizavam ou vaticinavam. Especialmente as mulheres mostravam-se furiosas. Algumas perambulavam pelas ruas com os vestidos descompostos. Outras se alçavam do solo em saltos loucos, como se quisessem voar. Estas se revolviam na lama; aquelas espumavam pela boca. Algumas gritavam que viam o Padre Eterno rodeado por muitos milhares de anjos, tendo na mão a vara para castigar os ímpios; outras adoravam um catavento de latão iluminado pelo sol e diziam: Deus Padre está sobre a casa. Outras, ainda, corriam furiosas pelas ruas e anunciavam a segunda vinda de Cristo para dali a momentos! Knipperdolling bradou certa vez, diante de todo o povo, que estava possesso; lançou-se por terra e fuçou o chão como um porco. De outra feita caiu ao solo, espumou, e gritou que devia morrer ou ressuscitar e dar a vista aos cegos, pois tal era a vontade do Pai» (apud J. B. Weiss, «Hist. Univ.», Barcelona, 1929, vol. X, p. 774).
Enquanto isso os emissários de João de Leyde percorriam os Países Baixos provocando tumultos e rebeliões. Por pouco não tomaram eles Amsterdam. A divisão do anabatismo em mil seitas, cada qual mais louca que a outra, fê-los fracassar, e João de Leyde viu-se abandonado.
MUNSTER, UMA NOVA JERUSALÉM
No Natal de 1534 a fome era tanta em Munster que os sitiados começaram a comer os cães e os gatos. Tinham tentado plantar nas ruas depois de arrancar-lhes a pavimentação, mas sem êxito. Comiam-se as coisas mais asquerosas. Para evitar as deserções, todos os que procuravam fugir eram punidos de morte.
A fome, a desordem, o desespero transformaram de fato Munster numa nova Jerusalém. Tal como no cerco da cidade deicida, ali se comeu carne humana: um traidor foi despedaçado vivo e houve lutas para devorar seus restos sangrentos. Secretamente se sacrificaram crianças.
Quando uma das suas mulheres afirmou que tantos horrores não podiam ser desejados por Deus, João de Leyde considerou-a apostata e ele mesmo lhe cortou a cabeça diante de todo o povo. A seguir dançou com suas outras mulheres.
Para cúmulo de tantos castigos começou a grassar uma epidemia de cólera.
NA TORRE DA CATEDRAL
A resistência durou até 24 de maio de 1535. Nesse dia os soldados do Bispo Franz de Waldeck escalaram as muralhas e, depois de uma luta feroz com os últimos defensores, dominaram a cidade. João de Leyde e Knipperdolling, juntamente com um de seus comparsas, o pastor Krechting, foram capturados vivos. O Bispo fe-los passear por toda a Westfalia trancados em jaulas de ferro.
Parece que na véspera de seu suplicio João de Leyde se confessou, recusando, porém, abjurar sua crença sobre o batismo das crianças. A execução dos três chefes comunistas, que foram torturados até a morte com tenazes em brasa, se deu na praça de Munster onde pouco antes se erguia o trono do novo Salomão.
Os restos mortais dos miseráveis foram encerrados nas jaulas de ferro e estas foram içadas ao alto da torre da catedral, onde permaneceram até não há muitos anos.
Oito anos depois da morte de João de Leyde o Bispo Franz de Waldeck, por sua vez, apostatou, tornando-se luterano. Ele se esquecera de olhar para o Céu, — ou pelo menos para o pináculo da torre de sua catedral. E, se olhou, não quis entender a lição das jaulas de ferro. O mundo ocidental vem fazendo o mesmo — a lição era também para ele — e levado pela força do erro está reconstituindo hoje, em ponto maior e pior, o miserável reino de João de Leyde.
UM DIPLOMATA QUE NÃO QUERIA VIVER SENÃO DA CRUZ E DO AMOR
F. F. A.
D. Giuseppe Canovai é conhecido pelo zelo ardente e pelo eficiente apostolado que desenvolveu na Itália, em diversos ministérios, e na América Latina, onde serviu nas Nunciaturas Apostólicas da Argentina e do Chile. As "Edizioni Centena" de Roma vêm de publicar uma seleção de seus escritos, organizada por Mons. Giacomo Loreti e precedida de notas biográficas de autoria do mesmo Sacerdote (1).
Nasceu Giuseppe Canovai em Roma, a 27 de dezembro de 1904, de família católica e tradicionalmente romana. Desde muito cedo encontrou um guia seguro, que o orientou na vida espiritual e o ajudou a cultivar uma vocação sacerdotal a que se opunham inúmeros obstáculos. Foi o Pe. Enrico Rosa, S. J., diretor da "Civiltà Cattolica".
A morte do pai, deixando-o como único arrimo de sua mãe, não permitiu que o jovem Giuseppe entrasse na Companhia de Jesus, como era seu desejo. Cursou Direito na Universidade de Roma e, a conselho do Pe. Rosa, se matriculou na Gregoriana para estudar Filosofia e Teologia, preparando-se assim para o sacerdócio na forma que lhe era possível.
Inteligente e muito bem dotado, distinguiu-se nos meios universitários católicos, aos quais prestou inestimáveis serviços de apostolado. Ao mesmo tempo, adestrava-se conscienciosamente para futuras lutas freqüentando com assiduidade a "Civiltà Cattolica" e o Instituto Bíblico, onde se armava de espírito combativo e aperfeiçoava o preparo de que necessitaria no apostolado intelectual a que se sentia chamado.
Concluídos os cursos acadêmicos com distinção, pôde afinal seguir o chamado de Deus, recebendo a ordenação sacerdotal, como Padre da Diocese de Roma, no dia 3 de maio de 1931.
Pouco depois foi nomeado Capelão de São Ivo "alla Sapienza", cargo que lhe deu oportunidade de iniciar extraordinário trabalho entre os jovens universitários, até hoje recordado pelos seus antigos discípulos e companheiros. Mons. Giacomo Loreti conta que, não o tendo conhecido pessoalmente por ter entrado na Universidade depois de sua partida para a Argentina, perguntou, certo dia, a um colega, quem era esse Padre de quem tanto ouvia falar. A resposta: "Como, não conhece Mons. Canovai?", foi dada "com um ar de quem estivesse profundamente surpreso de ver alguém que vivia em Roma sem conhecer... por exemplo, a Praça de São Pedro".
Em maio de 1939, Mons. Canovai foi inesperadamente nomeado Auditor da Nunciatura Apostólica na Argentina. Nessa época, em Buenos Aires, os Cursos de Cultura Católica davam um grande alento ao laicato e Mons. Canovai, com conferencias e por meio de sua ação pessoal, colaborou eficazmente nessa renovação da cultura argentina.
A Santa Sé, em 1942, o designou para substituir como Encarregado de Negócios o Núncio Apostólico do Chile, que acabava de falecer. Esteve sete meses em Santiago, e sua ação neste curto período foi bem descrita por seus amigos chilenos, que escreviam depois de sua morte: "Não analisaremos sua brilhante figura de diplomata, tão conhecida e admirada; limitamo-nos a considerar o profundo conhecedor da Sagrada Escritura, o psicólogo penetrante e guia de almas, o apóstolo de Cristo e, por que não dizê-lo, o santo que espalhou em nossa terra chilena o perfume raro de suas excelsas virtudes".
De volta a Buenos Aires, retomou suas atividades de Auditor e seu apostolado fecundo, mas por pouco tempo. Uma breve moléstia o levou no dia 11 de novembro de 1942, aos 38 anos de idade.
Mons. Canovai deixou um diário, cartas, e muitos papeis com anotações de vida espiritual, de leituras e de estudos e trabalhos. Toda essa preciosa documentação está hoje em poder de Mons. Giacomo Loreti, que preparou uma edição muito bem cuidada de trechos do diário e de várias de suas cartas, precedidos de uma curta mas substanciosa biografia.
É impossível resumir esses escritos, que dão uma noção nítida da ascensão espiritual de Mons. Canovai, mostrando uma alma cheia de fé e de zelo, de fortaleza e de generosidade, que sobe com amor os degraus da perfeição. Abrindo o volume ao acaso, apenas para que os nossos leitores possam ter uma idéia de seu conteúdo, transcrevemos esta página do diário:
"B. A. — 2 abril 1941.
— Perdoai-me, Senhor, se tenho na alma tanta dor pelas desventuras da minha pátria! Eu Vos prometi não sofrer senão por vossa causa, dar-Vos um coração que não vibre senão por causa de Vós e por Vós. É infidelidade; dai-me um coração que se eleve acima da carne e do sangue, para não viver senão da vossa Cruz e do vosso amor.
— "Quem julgar que satisfez a lei do Breviário somente recitando-o, já lhe traiu o espírito: o Breviário é um meio de santificação e, depois da Missa, o primeiro: quem não sai do Breviário mais puro, mais contrito, mais humilde, mais unido com o Mestre, faltou ao fim e à essência da lei".
O MÉDICO E A REVOLUÇÃO
O laicismo a tal ponto penetrou na mentalidade contemporânea, que dela passou a fazer como que parte integrante, gerando um estado de espírito que domina profundamente o homem moderno e contamina quase todas as suas atividades. Esse estado de espírito é ilógico e impera com a cegueira própria dos frutos da Revolução, sustentado pela desordem das paixões, alimentado pela renúncia a uma vida orientada por finalidades mais elevadas, e auxiliado pelo comodismo.
Genuíno produto revolucionário, é interessante ver como ele se introduziu pouco a pouco, infiltrando-se mesmo em ambientes católicos, minando a sociedade até conquistar a posição que hoje ocupa.
O protestantismo, primeira das fases niveladoras da Revolução, foi quem inventou esse novo conceito e lhe deu o primeiro grande impulso. Desejando destruir a Igreja Católica, que conduzia a Cristandade de acordo com os princípios do Evangelho, preconizou a formação de um Estado que não sofresse o influxo da religião. O seu objetivo imediato era afastar da direção da sociedade a influência do Catolicismo, mas, esse Estado leigo, organizado sem a ingerência da autoridade religiosa, era o ideal do igualitarismo revolucionário, o qual conquistava sua primeira grande vitória com o advento dele. Mais tarde, o filosofismo e a Revolução Francesa tiraram as consequências imediatas dessa premissa e implantaram o liberalismo, com o qual o mais completo laicismo expulsa a religião de todos os setores da atividade humana. A ciência leiga, a moral leiga, etc., são afirmações despudoradas da inutilidade da religião na vida do homem.
A débil resistência oposta, de modo geral, pelos católicos é em grande parte responsável por essa separação entre a vida religiosa e a vida civil, separação que, quando completa e total, acaba por relegar a religião para o foro íntimo de cada um. Infelizmente, inúmeros católicos acabaram por admitir, na prática, essa posição laica, levados muitas vezes pelo tolo desejo de estarem de acordo com o século em que vivem. Eles aceitaram essa ruptura interna do homem que, de um todo harmônico e uno, passou a ser a justaposição de várias vidas distintas, sem um princípio diretor que dê sentido a esse agregado de partes desconexas.
No exercício de sua profissão, tais católicos se esquecem dos seus deveres religiosos e deixam de fazer muito bem, que nem sequer percebem. Acostumados a pôr de lado a fé quando não estão na igreja, a conceber a vida católica como a mera observância de uma série de regras válidas para a sua conduta pessoal, estão convencidos de que a única obrigação que o Catolicismo lhes impõe, no terreno profissional, é o bom preparo técnico. Daí que nada os distíngua de outros profissionais competentes, a não ser quando se encontram diante de um dever que a Igreja lhes apresenta sob pena de pecado. E mesmo então, cumprem-no sem o zelo e a generosidade que só a fé viva consegue imprimir aos atos humanos.
O livro: "Mas allá de la Deontologia Médica", que o Dr. Manuel de Santa Cruz escreveu para a coleção "Perspectivas" das "Ediciones Fax" de Madrid (2) dá uma ideia precisa e completa do mal produzido, por essa mentalidade laica, no exercício da medicina. Dele, infelizmente, não podemos inocentar grande número de médicos católicos.
Com rara felicidade, o Autor conseguiu apontar os erros decorrentes desse estado de espírito, o bem que ele impede, e o terreno propício que prepara para as ideias revolucionarias, as quais encontram nele um poderoso auxiliar para a sua penetração. Alguns capítulos representam uma verdadeira ilustração prática das teses do ensaio "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, mostrando como o conceito autêntico de médico veio sendo paulatinamente adulterado pelo processo revolucionário.
Conhecendo a essência da Revolução, o Dr. Manuel de Santa Cruz faz um estudo valioso das possibilidades que se apresentam ao médico católico, no exercício da profissão, para o seu próprio progresso espiritual. E mostra, concretamente, que o abandono da visão católica da medicina conduz ao desprezo de problemas cuja solução seria de desejar mesmo no exclusivo interesse da ciência.
A leitura desse excelente livro reforça a convicção de que o bom médico é aquele que vê no paciente, não apenas o corpo que deve tratar com sua ciência, mas o homem dotado também de alma, imagem e semelhança de Deus, e que exige, da parte de seu médico, aquele "sensus animarum" que só a vida espiritual seria pode dar.
1) «Don Giuseppe Canovai nei suol scritti», a cura di Mons. Giacomo Loreti — Edizioni Centena, Roma, 1962.
2) «Mas allá de la Deontologia Médica», Manuel de Santa Cruz — Coleção «Perspectivas» — Ediciones Fax, Madrid, 1962.
ANCHIETA E A MEDICINA NO BRASIL
Interpretando os anseios do povo brasileiro que tanto aspira à canonização do Padre Anchieta, e lembrando que a própria medicina do Brasil muito deve ao grande Apostolo de nossa terra, a Academia Nacional de Medicina, sediada no Rio de Janeiro, acaba de enviar uma suplica ao Santo Padre Paulo VI, gloriosamente reinante, implorando o prosseguimento da causa de beatificação do taumaturgo do Brasil.
A petição, datada de 2 de julho p.p. é assinada pelos Drs. Olympio da Fonseca Filho, presidente, Reginaldo Fernandes, secretário geral, e Joaquim Moreira da Fonseca, proponente-relator, ressalta as virtudes que exornaram a alma do venerável Padre e a extensão da obra missionária que realizou entre nós: "Anchieta sabia querer, e sua grande força de vontade era alicerçada e animada por profunda e sólida fé cristã, a qual não media esforços nas dificuldades e nos sacrifícios, desde que se tratasse do bem dos homens e da salvação das almas". Não sendo embora médico, Anchieta recebera de Deus dons especiais para a cura dos enfermos, a muitos dos quais salvou da morte e restituiu a saúde. Foi, ao que tudo indica, o fundador do primeiro hospital do Rio de Janeiro, a Santa Casa de Misericórdia. Pelas cartas em que descreve as enfermidades aqui encontradas, pode também ser considerado o iniciador da história da Medicina no Brasil. Por tudo isso, na qualidade de católicos e brasileiros, rogam os médicos do Rio de Janeiro seja dado prosseguimento ao processo do Venerável Padre José de Anchieta, a fim, de que, em breve, possamos cultuá-lo em nossos altares.
A iniciativa, da Academia Nacional de Medicina merece, sem dúvida, ser imitada pelos demais cenáculos culturais do País, como meio de exprimir a gratidão dos filhos da Terra de Santa Cruz por aquele que, por seu labor missionário, lançou os fundamentos que fariam do Brasil a maior nação católica do mundo contemporâneo.
REFORMA AGRÁRIA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA EM 30 DIAS
• Em entrevista ao «Diário de São Paulo», da capital paulista, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira denunciou o perigo de que uma lei de reforma agrária venha a ser votada em virtude de um jogo político no qual a maioria de tendência conservadora, que existe no Congresso Nacional, para evitar a reforma constitucional pretendida pelas esquerdas decida «ceder para não perder» e aceite um projeto socialista e anticristão.
• Continuam a se multiplicar os pronunciamentos de agricultores, pecuaristas, estudantes, agrônomos e outras pessoas ligadas às atividades rurais, contra a reforma agrária confiscatória e anticristã, e em apoio às teses de RA-QC nessa matéria. Ainda recentemente 860 estudantes de Economia do Rio e de São Paulo subscreveram um manifesto nesse sentido, que foi publicado no «Diário de São Paulo», e o mesmo fizeram trezentos estudantes de Agronomia da Universidade Rural do Km 47, conforme noticiaram «O Globo» e «O Jornal» do Rio de Janeiro, e «O Estado de São Paulo» e «A Gazeta Esportiva», da capital paulista.
• O «Correio do Povo» de Porto Alegre noticiou a conferencia do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre reforma agrária, realizada no Rio de Janeiro sob o patrocínio do CAMDE. A «Tribuna Bragantina» e «A Voz de Bragança» noticiaram a conferencia que o ilustre coautor de RA-QC proferiu em Bragança Paulista, sob os auspícios da Associação Bragantina de Imprensa, também a respeito do problema agro-reformista. «O Progresso» de Alvinopolis (MG) e «O Norte Fluminense» de Bom Jesus de Itabapoana (RJ) publicaram o telegrama dos Autores de RA-QC ao Presidente da República a propósito da reforma constitucional. «O Cetro» de São Paulo reproduziu a circular do Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo de Diamantina sobre o mesmo assunto. «A Voz dos Municípios Fluminenses» de Nilopolis (RJ) e «A Cruz» de Cuiabá (MT) publicaram artigos favoráveis às teses de RA-QC; «Última Hora» de Curitiba transcreveu artigo do Sr. Jamil Almansur Hadad estampado em sua homônima de São Paulo, que ataca o livro de modo chocantemente descortês para com seus Autores. «Zapadoslavia», órgão da colonia eslava de São Paulo, comentou a 4ª edição de RA-QC.
• A interpelação dirigida por mais de cinco mil universitários mineiros e paulistas ao deputado pedecista André F. Montoro, pedindo que defina a chamada «terceira posição» adotada pelo PDC, o qual não seria nem capitalista nem comunista (ver «Catolicismo», no 154, de outubro p.p.), vem sendo muito noticiada e comentada na imprensa nacional, sem que até agora o ex-Ministro do Trabalho tenha querido responder. Anotamos referencias nos seguintes órgãos: «Diário de São Paulo», o «O Estado de São Paulo», «A Gazeta», «A Gazeta Esportiva», «Diário da Noite», de São Paulo; «o Globo» do Rio de Janeiro; «Diário de Minas», «Estado de Minas», «Correio de Minas», «O Diário» e «Diário da Tarde», de Belo Horizonte. O jornalista Lenildo Tabosa Pessoa publicou em «O Estado de São Paulo» e no «Jornal do Comercio» de Recife um artigo insistindo na necessidade de o Sr. André Montoro responder e definir sua posição. O Cônego José Luiz Ribeiro, na «Folha de São Paulo», prometeu responder às críticas que têm sido dirigidas àquele prócer demo-cristão.
OUTRAS NOTAS ANTI-SOCIALISTAS
Os Editais dos Exmos. Revmos. Srs. Arcebispo de Diamantina e Bispo de Campos determinando medidas a serem tomadas em suas Dioceses em desagravo à visita ao Brasil do ditador comunista da Iugoslávia (ver «Catolicismo», no 154, de outubro p.p.), foram comentados ou noticiados pelos seguintes órgãos da imprensa falada e escrita: Radio Globo, Rádio Tupi, Rádio Jornal do Brasil, «O Jornal», «O Globo», «Jornal do Comercio» e «Diário de Notícias», do Rio de Janeiro; «Diário de São Paulo» (nota do cronista Marcelino de Carvalho), «O Estado de São Paulo» e a «Gazeta Esportiva», de São Paulo: «A Notícia», desta cidade, que consignou um voto de louvor a D. Antonio de Castro Mayer por seu pronunciamento; «Correio de Minas» e «Estado de Minas», de Belo Horizonte; «Tribuna do Ceará» e «Correio do Ceará», de Fortaleza; TV Curitiba e «Diário do Paraná», de Curitiba. O cronista Pedro Leite da «Folha de São Paulo» voltou a atacar os ilustres Prelados, desta vez por sua atitude contraria à vinda de Tito ao Brasil.
Os Exmos. Revmos. Srs. D. Geraldo de Proença, Sigaud e D. Antonio de Castro Mayer concederam uma entrevista a «O Estado de São Paulo», na capital paulista, a respeito dos Editais em que protestaram contra a vinda do perseguidor do Cardeal Stepinac ao Brasil. Nessa entrevista, entre outras considerações, SS. Excias. Revmas. afirmaram que o livro RA-QC exterminou a onda emocional que o comunismo tinha criado em torno da reforma agrária e estabeleceu os princípios básicos de qualquer solução cristã para o problema.
Demonstrando uma natural coerência com os erros marxistas que professa, o Sr. Josip Broz Tito, em sua visita a Brasília, negou-se a receber o Exmo. Revmo. Mons. Geraldo Avila, Vigário Geral daquela Arquidiocese, que julgou dever procurá-lo, em companhia de dois outros Sacerdotes. Assim se exprimiu o algoz do Cardeal Stepinac: «Diga-lhe que eu não gosto de padre e que todo mundo sabe disso. Não posso atendê-lo por vários motivos (...) porque há muitos correspondentes da imprensa estrangeira em Brasília e seria muito prejudicial a notícia de que recebi um prelado católico. Prejudicial tanto para a Igreja, que não está gostando de minha visita, como para mim, porque não me dou bem com os padres. Se eles estivessem à paisana, eu ainda poderia marcar hora e ouvir o que eles têm a me dizer, em caráter sigiloso». O fato foi noticiado pela imprensa diária.
De uma carta enviada pelo Sr. José P. Barboza, de São Paulo: “A febre esquerdista, que domina certos setores do nosso pobre País, já não é por ninguém ignorada. Em alguns espíritos, porém, ela produz manifestações que merecem ser registradas pelo grau de agressividade e extravagância a que chegam.
De um jornal católico-esquerdista (perdoe-me a expressão) do interior de São Paulo, especializado na campanha pela implantação de uma reforma agrária radical, extraí sem o menor esforço algumas «preciosidades», que reproduzo para o seu conhecimento e dos leitores de «Catolicismo» (conservo a pontuação sui-generis):
1) Reação de um redator ao convite para caçar codornas com um fazendeiro:
«Recebemos ontem honroso convite para fazermos uma caçada: codornas; local: fazenda de um «papai» — vejam só: caçar codornas; e o mais interessante é que o «dito cujo» nos convidou porque «deseja falar conosco a respeito de Justiça Social» e «caçando» poderíamos estar à vontade... ; «conversar» sobre Justiça Social é muito fácil e em qualquer lugar todo o mundo está falando... o duro minha gente é lutar por ela fazer tudo para que se consiga nivelamento da sociedade conseguir igualdade e mesmas oportunidades para todos...
Caçar indefesas codornas enquanto morrem de fome milhões de crianças, enquanto toda uma classe se encontra dizimada pela desnutrição e não combatendo as enfermidades que grassam a toda «brida» — nestas horas é que vemos onde está o coração, o «espírito cristão» desta classe privilegiada...»
2) Programa de um festival promovido pelo «Movimento da Revolução Brasileira», prestigiado pela Frente Agrária local:
«Entre as principais atrações do espetáculo, citam-se a peça «A Greve» e os números musicais encenados «Subdesenvolvido» e «José da Silva». “O show marcará a aliança estudantil-operaria-camponesa pela libertação nacional contra as forças de opressão estrangeira, contra o latifúndio e os inimigos da paz social entre os homens».
A peça e os números musicais acima nomeados foram produzidos nos laboratórios da UNE.
3) Dois versos do «Hino da Promoção Rural»:
«É dono da terra quem nela trabalha — Por isso nós queremos uma Reforma Agrária».
4) Trecho de reportagem sobre uma conferência — o orador é inteiramente apoiado pelo jornal:
«Afirmou que os cristãos não devem ter receio de trabalhar com os comunistas ou seja lá quem for...»
5) Amáveis advertências aos fazendeiros:
«Acordem senhores fazendeiros. Enquanto, é tempo evidentemente». «Reforma Agrária ou sangue».
Envio com esta os recortes de que extraí os textos transcritos».
VERBA TUA MANENT IN AETERNUM
• O Rosário, devoção da Igreja, devoção cristocêntrica
PAULO VI: Já comunicamos aos congressistas Nossos votos e Nossa Benção; mas apraz-Nos dizer-lhes aqui mais uma vez quanto Nos sentimos felizes pelo bom êxito de seu Congresso, para o qual fora proposto um tema geral de grande interesse e atualidade, a saber, "O Rosário e a Pastoral".
Fazemos votos de que seus trabalhos e sua atividade possam verdadeiramente mostrar que o Rosário — como foi dito no sermão de abertura — é já uma "devoção da Igreja", que, por seu caráter popular, por seu espírito "cristocêntrico" e pela devoção filial que inspira para com a Santíssima Virgem, pode reanimar a fé e a piedade nos mais diferentes meios e nos mais abertos à ação pastoral: paróquias, escolas, famílias, hospitais, etc.
(Alocução pronunciada na primeira audiência geral do Pontificado, a 13 de julho de 1963, para os participantes do III Congresso Internacional Dominicano do Rosário).
• Em Maria um divino socorro para a unidade cristã, a ser alcançado através do Rosário
LEÃO XIII: Assim, pois, um grande socorro foi divinamente dado em Maria para a unidade cristã. E conquanto este auxílio possa ser merecido por muitos modos de rezar, cremos que nenhum outro é melhor ou mais salutar do que o Rosário. Já relembramos anteriormente que não é última entre as suas vantagens a de fornecer ao cristão um meio prático e fácil para alimentar-lhe a fé e preservá-lo da ignorância e do perigo do erro: é o que atestam as origens mesmas do Rosário. Ademais, é evidente o quanto conduz para perto de Maria esta fé que se exerce quer pela oração vocal reiterada, quer sobretudo pela contemplação dos mistérios. Porquanto, toda vez que em oração diante dEla desfiamos a santa Coroa, segundo o rito prescrito, recordamos a obra admirável da nossa redenção, de modo a repassar como se a realidade estivesse presente a nós, todos os fatos cuja sucessão e cumprimento a constituíram Mãe de Deus e também nossa Mãe. A excelência desta dupla dignidade e o fruto deste duplo ministério mostram-se-nos sob luz vivíssima se consideramos piedosamente a Virgem Maria associada a seu Divino Filho nos mistérios gasosos, dolorosos e gloriosos. Daí resulta que a alma se sente inflamada de um vivo sentimento de gratidão para com Ela; e, desdenhando todas as coisas deste mundo, se esforça com firme propósito por se tornar digna de tal Mãe e dos seus benefícios. Mas, já que Maria, a mais amorosa de todas as mães, não pode deixar de se enternecer e de se mover à compaixão para com os homens por esta freqüente e piedosa recordação dos mistérios, o Rosário será, como temos dito, a oração mais oportuna para advogar junto a Ela a causa de nossos irmãos dissidentes. Esta é da alçada própria da missão de sua maternidade espiritual. Pois, os que são de Cristo, não os gerou Maria, nem podia gerá-los, senão na unidade da fé e do amor: por acaso "Cristo está dividido?" (1 Cor. 1, 13). Portanto, devemos todos viver juntos a vida de Cristo, para que num e mesmo corpo "produzamos frutos para Deus" (Rom. 7, 4). Necessário é, pois, que todos aqueles que a funesta calamidade dos acontecimentos separou desta unidade sejam de novo, por assim dizer, gerados para Cristo por esta mesma Mãe por Deus cumulada com a perpétua fecundidade de uma prole santa. É manifesto que Ele mesmo deseja isto ardentemente; e se nós lhe oferecermos as guirlandas da oração que Lhe é mais agradável, Maria alcançará para eles em abundância os auxílios do "Espírito vivificante". Praza a Deus que eles não recusem secundar os desejos desta Mãe misericordiosa e, interessados na própria salvação, escutem este suave convite: "Filhinhos, por quem de novo sinto as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós" (Gal. 4, 19).
(Encíclica "Adjutricem Populi", de 5 de setembro de 1895).
• Católicos apóiam tática de obnubilação em "encontros" com inimigos de Deus
PIO XII: É com profundo pesar que devemos deplorar a este respeito o apoio prestado por alguns católicos, eclesiásticos e leigos, a esta tática de obnubilação que visa um efeito não desejado por eles próprios. Como é ainda possível deixar de ver que este é o fim de toda a insincera agitação que se oculta sob o nome de "colóquios" e "encontros"? Para que fim, de resto, argumentar, quando não se tem linguagem comum, ou como é possível encontrar-se se os caminhos divergem, se de um dos lados repelem-se e obstinadamente se negam os valores absolutos comuns, tornando assim irrealizável toda "coexistência na verdade"? Por elementar respeito ao nome cristão deve cessar o prestar-se a tais manobras, pois conforme a advertência do Apóstolo é uma contradição querer sentar-se à mesa de Deus e à dos seus inimigos (cf. 1 Cor. 10, 21).
(Radio-Mensagem do Natal de 1956).
• Direito de propriedade: proteção eficaz da dignidade da pessoa humana
JOÃO XXIII: Da natureza do homem deriva igualmente o direito à propriedade privada dos bens, mesmo dos que se destinam à produção de outros bens. Direito esse que, como o afirmamos claramente em outra ocasião, "contribui de modo eficaz para a proteção da dignidade da pessoa humana, e para o livre desempenho dos deveres de cada um em todos os campos de atividade; direito que, finalmente, fortalece a união e tranqüilidade do lar, e traz um aumento de paz e prosperidade ao Estado" (Encíclica "Mater et Magistra", AAS, LIII, 1961, p. 428).
De resto, e é oportuno recordá-lo, ao direito de propriedade privada é inerente uma função social (cf. ibid., p. 430).
(Encíclica "Pacem in Terris", de 11 de abril de 1963).
• O Soberano Pontífice e os Padres Conciliares prestam homenagem a Maria Santíssima
PAULO VI: Vede, ó Maria, a Igreja, vede os membros mais responsáveis do Corpo Místico de Cristo (os Padres Conciliares) reunidos em torno de Vós, para Vos reconhecer e Vos celebrar como sua mística Mãe.
Abençoai, ó Maria, a grande assembleia da Igreja Hierárquica, também Ela geradora dos cristãos irmãos de Cristo, primogênito da humanidade resgatada. Fazei, ó Maria, que esta Igreja, ao mesmo tempo dEle e vossa, ao se definir a si mesma Vos reconheça como sua mãe, sua filha e sua irmã eminente, e seu modelo incomparável, sua alegria e sua esperança. Nós Vos rogamos agora que nos tornemos dignos de Vos honrar por aquilo que sois, por aquilo que fazeis, na economia admirável e amorosa da salvação. "Dignare nos laudare Te, Virgo sacrata".
(Alocução de 11 de outubro de 1963, pronunciada na Basílica de Santa Maria Maior, presentes todos os Padres Conciliares, no primeiro aniversário da inauguração do Concílio).