Além de agredir estupidamente um colega, o estudante Edmar Vaz de Melo e Araujo, vulgo «Bolinha», rasgou as listas de interpelação ao Dep. André F. Montoro. «Bolinha» quis dedicadamente, por essa forma, tirar de embaraços certa democracia cristã.
MURRO BRUTAL PARA RESPONDER A INTERPELAÇÃO DOUTRINÁRIA
CONTINUA REPERCUTINDO A INJUSTIFICADA AGRESSÃO
Em nosso último número noticiamos a brutal agressão de que foi vítima, em Belo Horizonte, o estudante Joaquim Augusto Pereira, motivada pelo fato de estar colhendo assinaturas, na Faculdade de Filosofia da UMG, para uma interpelação ao Deputado André F. Motoro a respeito do que venha a ser a enigmática “terceira posição” que esse e outros líderes demo-cristãos adotam.
NA TELEVISÃO
Tal atentado continua tendo grande repercussão e sendo fartamente noticiado pela imprensa televisionada, falada e escrita da Capital mineira. À vista das falsas interpretações que estudantes filocomunistas estavam dando aos fatos, tentando inculpar o agredido e inocentar o agressor, um grupo de universitários, membros da comissão que redigiu o documento e promoveu a coleta de assinaturas para ele, compareceram à Televisão Itacolomi, onde foram entrevistados e historiaram os acontecimentos tal como se passaram. Na oportunidade, ressaltaram a extraordinária receptividade que a iniciativa da interpelação encontrou nos meios estudantis, e reiteraram ao Sr. André F. Montoro o apelo para que respondesse às perguntas que lhe eram dirigidas.
MANIFESTAM-SE AS CC. MM.
Tendo o presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia, deturpando os fatos, afirmado pelo "Diario da Tarde" que a agressão não teria tido motivos ideológicos, tanto assim que a vítima e o agressor seriam ambos congregados marianos, a Federação das Congregações Marianas de Belo Horizonte emitiu comunicação oficial, através dos jornais, condenando a agressão e solicitando ao presidente do D.A. que provasse a asserção de que o agressor era congregado mariano, pois, embora seu nome não constasse dos arquivos da Federação, se positivada a informação seriam contra ele tomadas as medidas disciplinares cabíveis. A solicitação não foi atendida, o que levou os Srs. Delmiro Calmon de Almeida e Aloisio de Araujo Rios, presidente e secretario da Federação, a declararem aos jornais: "Sentimo-nos no dever de denunciar, de público, a leviandade e quiçá a má fé do presidente do D.A. da Faculdade de Filosofia ao fazer afirmações que não pode sustentar, com a finalidade de persuadir que o motivo da agressão não foi ideológico".
Convidados pela Televisão Belo Horizonte para esclarecer a opinião pública sobre o rumoroso caso, através de um dos programas de maior audiência da TV mineira, três dos estudantes que promoveram a interpelação — Pedro Paulo de Figueiredo, Eduardo Ayer e Antonio Candido de Lara Duca — historiaram pormenorizadamente a campanha de coleta das assinaturas e a agressão. Teceram, outrossim, considerações altamente elogiosas a "Reforma Agrária — Questão de Consciência" e a seus autores (conforme noticiamos, as críticas do deputado pedecista ao livro é que deram oportunidade à interpelação). Proclamaram que RA-QC vem sendo o grande dique oposto à reforma agrária socialista e anticristã que maus brasileiros tentam implantar em nossa terra.
O estado de saúde do agredido, universitário Joaquim Augusto Pereira, é lisonjeiro, de vendo porém permanecer sob observação médica durante mais cinco meses.
NOVA INTERPELAÇÃO
A exemplo de seus colegas de Belo Horizonte e de São Paulo, 980 estudantes das diversas Escolas superiores de Curitiba subscreveram idêntica interpelação ao Sr. André F. Montoro.
VIRTUDES ESQUECIDAS
MATAR OU MORRER
EM GUERRA SANTA
SÃO BERNARDO
Do Livro dos Louvores e Exortações aos Cavaleiros do Templo, escrito a pedido de Hugo de Payens, fundador e primeiro Mestre da Ordem religiosa e militar dos Templários:
Um novo gênero de milícia, ouve-se dizer, nasceu sobre a terra, e precisamente naquela região onde, em outro tempo, veio visitar-nos em carne mortal o Sol Oriente que desceu à terra desde o mais alto dos Céus; de sorte que, ali mesmo onde Ele dispersou, com o poder de seu braço vigoroso, os príncipes das trevas, acabe agora com os seus satélites, filhos da infidelidade e da confusão, por meio desta milícia de soldados fortes e valorosos. Ela resgatará de novo o povo de Deus e novamente suscitará um poderoso salvador na casa de Davi, seu servo.
Sim, um novo gênero de milícia nasceu, desconhecido nos séculos passados, destinado a combater sem descanso um duplo combate, contra a carne e o sangue e contra os espíritos malignos que povoam os ares. Na verdade, quando vejo acometer com apenas forças corporais, contra um inimigo também corporal, não só não vejo nisso um caso maravilhoso, como nem mesmo o considero fora do comum. Quando observo, igualmente, o modo como as potencias da alma travam combate contra os demônios, tampouco me parece isto assombroso, embora muito digno de louvor, pois no mundo há inúmeros Monges e todos costumam sustentar este gênero de lutas. Mas, quando se vê um mesmo homem que prende ao cinto com valor e coragem sua dupla espada, e cinge os rins com um duplo cinto, quem não o julgará caso insólito e digno de grandíssima admiração? Intrépido e bravo soldado aquele que ao mesmo tempo que reveste seu corpo de uma couraça de aço, guarnece a alma com a armadura da fé; pode gozar de completa segurança porque, preparado com estas duplas armas defensivas, não há de temer aos homens nem aos demônios. Mais, nem mesmo tem medo da morte, antes a deseja. O que lhe poderia causar espanto, seja vivo seja morto, quando Cristo é a sua vida e reputa a morte o seu melhor ganho? Permanece confiadamente, e sem a menor inquietude, com as armas ao ombro por amor do Cristo, mas preferiria acabar de desprender-se do corpo para estar junto com Cristo; pois isso é melhor.
Marchai pois ao combate, soldados, com passo rijo e firme, e avançai com ânimo valoroso contra os inimigos de Cristo, bem certos de que nem a morte nem a vida poderão separar-vos da caridade de Deus que está em Jesus Cristo. No fragor do combate proclamai: «Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor» (Rom. 14, 8). Quão gloriosos voltam, quando voltam triunfantes da batalha! Quão bem-aventurados se consideram, quando morrem como mártires no campo da luta! Alegra-te, fortíssimo atleta, se vives e vences no Senhor: porém regozija-te mais, e estremece de alegria, e enche-te de jubilo, se morres e te unes ao Senhor. A vida te é certamente proveitosa e de grande utilidade, e o triunfo te traz verdadeira gloria; mas não sem grande razão se antepõe a tudo isso uma santa morte. Porque se são bem-aventurados os que morrem no Senhor, quanto mais o serão os que dão a vida por Ele.
Verdade certíssima é que, quer os visite no leito, quer os surpreenda, no fragor do combate, sempre será preciosa, na aceitação da vontade do Senhor, a morte dos seus Santos. Mas no aceso da batalha será tanto mais preciosa quanto mais gloriosa. Ó vida segura quando vai acompanhada da boa consciência! Ó vida seguríssima, repito, quando nem sequer a morte é esperada com receio, antes se deseja com amorosas ânsias e se recebe com suave devoção! Ó verdadeiramente santa e segura milícia, livre daquele duplo perigo que costuma espantar os homens, com frequência, quando não é Cristo que os coloca na batalha! Quantas vezes, ao travar combate com teu inimigo, tu que militas nos exércitos do século, hás de temer que, matando-o no corpo, ao mesmo tempo dê morte à tua alma, ou que, sendo tu morto pelo ferro de teu rival, percas juntamente a vida da alma e a do corpo! Pois não é pelo resultado material da luta, mas pelos sentimentos do coração que julgamos os cristãos a propósito do perigo que se correu numa guerra ou da vitória que se conquistou: porque se a causa que se defende é boa, nunca poderá ser mau o resultado, seja qual for o desfecho; do mesmo modo que não poderá ter-se por boa a vitória ao final de uma campanha, quando a causa pela qual se começou não o foi, e os que a provocaram não tiveram reta intenção. — («Obras completas del Doctor Melifluo San Bernardo, Abad de Claraval» — traducidas del latin por el P. Jaime Pons, S. J. — Rafael Casulleras, Librero-Editor, Barcelona — vol. IV, «Opúsculos vários», p. 369).