"CRISTIÁNDAD":
20 ANOS A SERVIÇO DA ORTODOXIA
F. F. A.
No dia 1º deste mês de abril, a conceituada revista de Barcelona, «Cristiandad», completa vinte anos de existência a serviço dos ideais católicos e da mais pura ortodoxia.
Na época de confusão que o mundo atravessa, é com grande satisfação que vemos a equipe de «Cristandad» publicar durante tão largo espaço de tempo uma revista que honra o laicato católico, sem nada conceder ao mau espírito do nosso século, antes, pelo contrário, divulgando os sagrados princípios da Igreja, defendendo-os dos pertinazes ataques da Revolução, e pondo na devida luz as gloriosas verdades que construíram a civilização medieval e serviram de alimento para a alma espanhola na luta plurissecular contra o Islã, que ameaçava a própria sobrevivência da Espanha e da cultura ocidental.
Essas verdades que guiaram os seus antepassados, não só orientam o apostolado intelectual de «Cristandad», como são generosamente vividas pelos seus redatores.
O espírito que vivifica «Cristandad» é o legado de seu fundador, o Padre Ramon Orlandis Despnig, S. J. Antes da guerra civil espanhola, reunia ele um grupo de jovens para ensiná-los a praticar o apostolado, tomando contato com o mundo moderno através da pesquisa e do estudo dos focos da Revolução, e acompanhando o processo revolucionário por meio da leitura cuidadosa e comentada dos principais jornais que então se publicavam. A esse grupo deu o nome de «Juventus», adequado à idade de seus membros. Em 1942, o amadurecimento desses jovens e o êxito desse estudo experimental da Revolução tornaram possível o aparecimento da «Schola Cordis Jesu», destinada a completar a formação desses apóstolos leigos, que pouco depois fundavam a revista «Cristiandad» e iniciavam, por intermédio de «Publicaciones Cristiandad», a publicação de livros que tanto bem haviam de fazer.
A «Schola Cordis Jesu» é um centro de pujante cultura católica, servido por uma biblioteca destinada a atender às necessidades intelectuais dos colaboradores de «Cristiandad».
O estudo sério das Sagradas Escrituras, da Tradição e dos documentos pontifícios é o fundamento da intensa vida intelectual que ali reina. É sabido que são esses estudos que formam a verdadeira cultura católica, mas, infelizmente, não é raro que isso seja esquecido por quem se dedica à vida espiritual. A tentação da cultura moderna, o medo de ser apontado como retrógrado, a apetência do aplauso dos que são considerados bem-pensantes segundo os cânones da Revolução, o desejo de fazer carreira, levam os católicos, frequentemente, a misturar o ouro da Verdade com a ganga habilmente disfarçada que a Revolução impinge e que lhe serve de instrumento para a consecução de seus objetivos.
Com a sólida formação recebida na «Schola Cordis Jesu» as possibilidades de «Juventus» foram ainda melhor aproveitadas. Assim, «Cristiandad», porta-vos desse grupo de elite, pôde ser a revista que conhecemos, tratando com critério e objetividade os problemas candentes de nosso tempo, revelando em todas as suas páginas o amor entranhado à verdade, que seus amigos vêem com alegria.
A fisionomia de «Cristiandad» não ficaria completa se nos limitássemos a estudar esses traços característicos de sua atividade. Faltaria alguma coisa essencial, a nota dominante de toda a formação que o Padre Orlandis deu a seus discípulos, e do apostolado que desenvolvem. É a vida sobrenatural.
A cultura católica difere da profana porque procura a verdade, enquanto a outra chega até a duvidar da possibilidade de atingi-la. Mas, não é essa a única diferença, nem a principal. O que as distingue essencialmente é a vida sobrenatural, ignorada pela cultura profana e que ilumina o católico nessa pesquisa da verdade. Nele, harmonicamente, a vida intelectual acompanha a vida espiritual, ajudando-a e sendo por ela, auxiliada, de modo a formar um todo orgânico que é a vida da alma. Assim aprimorada, a alma se entrega ao apostolado, que é então uma decorrência da vida sobrenatural, sem a qual ele se transformaria num ativismo muito ao gosto das gerações revolucionarias, contrario, porém, ao verdadeiro espírito católico.
O Prof. Francisco Canals Vidal, em um artigo que escreveu em «Cristiandad» quando do falecimento do Padre Orlandis, citou uma frase sua que muito bem resume toda a direção que ele deu às suas obras: «Esta é a necessidade de nosso tempo, sobrenaturalizar tudo». E compreende-se, então, porque a finalidade com que foi fundada a «Schola Cordis Jesu» é a de formar zeladores do Apostolado da Oração e como «Cristiandad» correspondeu fielmente aos desígnios de seu fundador.
O Apostolado da Oração assim concebido — e esse é o seu verdadeiro sentido e foi essa a intenção que teve o Padre Henri Ramière, S. J., quando o fundou no século passado — não é muito bem compreendido por nossa época revolucionaria, que o concebe como uma mera liga de orações. A «Schola Cordis Jesu» e «Cristiandad» demonstram praticamente a falsidade dessa concepção e ilustram as palavras do Papa Pio XII ao II Congresso Mundial do Apostolado dos Leigos, quando afirmou que o Apostolado da Oração faz parte da Ação Católica.
A Revolução, empenhada em demolir a sociedade católica, sabe escolher os alvos que deve atacar para lhe enfraquecer a resistência. A devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria é um deles. Nada poupa ela para impedi-la, desnaturá-la, desprestigiá-la, para arrancá-la, enfim, dos meios católicos. Independentemente das razões teológicas que poderíamos invocar para demonstrar a excelência e necessidade dessa devoção, esse empenho da Revolução seria suficiente para que os verdadeiros contra-revolucionários se fizessem seus apóstolos. «Cristiandad» é paladino da devoção aos Sagrados Corações, e é esta que sustenta o apostolado de seus redatores, e lhes dá esse zelo em servir à causa que abraçaram.
«Catolicismo» sente-se feliz em consignar aqui seu júbilo pelo vigésimo aniversário de «Cristiandad», certo de que os novos anos serão anos de novo progresso para esse apostolado tão necessário e que vai contribuindo com notável eficácia para que a Espanha se conserve e seja cada vez mais um baluarte da Contra-Revolução.
EDITADA NO CHILE
"REVOLUÇÃO E CONTRA - REVOLUÇÃO"
Desde sua primeira publicação, no no 100 de «Catolicismo», em abril de 1959, o ensaio «Revolução e Contra-Revolução» do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira vem despertando interesse cada vez maior nos meios intelectuais do mundo inteiro. Assim é que depois de uma edição em francês feita no Brasil por «Catolicismo» e de outra, em castelhano, lançada na Espanha por «Cristiandad», foi o trabalho do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira apresentado ao público hispano-americano pela Editora Vera Cruz, desta vez com uma honrosa carta-prefácio de S. Excia. Revma. Mons. Romolo Carboni, Núncio Apostólico no Peru. E como um expressivo sinal de quanto continua atual essa admirável análise da crise do homem ocidental e cristão e dos meios de debelá-la, acaba de surgir uma nova e bem cuidada edição de «Revolução e Contra-Revolução», em castelhano, a cargo das «Ediciones Paulinas» de Santiago do Chile (1).
De todos os países da América, espanhola, é o Chile um dos que mais conservaram os traços característicos da obra de civilização realizada no Novo Mundo pela Espanha dos heróis e dos Santos. Não está, porém, ele imune do germe da Revolução que, sobretudo a partir do século XVIII, vindo da velha Europa, também se instalou nesta parte do hemisfério, paralisando e fazendo entrar em decadência o surto de progresso espiritual e material da nova Cristandade que nascia nas Américas.
Ora, um dos grandes méritos do ensaio do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira consiste em que ele não somente assinala as etapas principais do processo revolucionário em suas várias frentes, mas também apresenta às novas gerações o trabalho a ser levado a efeito para livrar o mundo hodierno desse câncer devorador de seu organismo, de modo que se possa realizar o anseio de São Pio X de restaurar todas as coisas em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Assim, o aparecimento dessa edição chilena, de «Revolução e Contra-Revolução» é um penhor de êxito do promissor esforço contra-revolucionário que vem empolgando importantes setores das novas elites intelectuais da América Espanhola. Pois a luta contra a Revolução tem de deixar a feição, que tantas vezes tem assumido, de uma guerra de cegos contra videntes. Somente com um profundo conhecimento do processo revolucionário e da natureza e dos métodos da reação contra-revolucionária, é que as forças da Contra-Revolução podem ficar aparelhadas para essa verdadeira Reconquista. Como bem acentua o Exmo. Revmo. Mons. Romolo Carboni em sua carta-prefácio, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira «analisa com justeza e acerto o processo da Revolução, desenvolve as verdadeiras origens da quebra dos valores morais que desorienta as consciências no presente, e assinala com vigor a tática e os métodos da luta para superá-la».
Eis porque muito se espera de mais essa iniciativa para difundir tão fundamental trabalho entre aqueles que, com a ajuda de Deus, hão de implantar de novo em terras da América Latina a verdadeira civilização que decorre da plena aceitação dos Evangelhos.
(1) «Revolución y Contra-Revolución» Plinio Corrêa de Oliveira – Ediciones Paulinas, Avda. Bdo. O’Higgins, 1626, Casilla 3746, Santiago, Chile.
Reforma Agrária Questão de Consciência em 30 dias
P. V. X. S.
• Setecentos agricultores presentes à I Exposição Agropecuária e Industrial, realizada em Londrina (PR), lançaram um manifesto de repúdio ao projeto de desapropriação de terras apresentado pela SUPRA.
Os signatários do documento, entre os quais estão os presidentes da Associação Rural e da Cooperativa de Cafeicultores de Londrina, repelem a reforma agrária espoliativa, socialista e anticristã, pedem a colonização das terras devolutas e defendem o direito de propriedade, solidarizando-se com as teses defendidas a respeito pelo livro de autoria de D. Geraldo de Proença Sigaud, Arcebispo de Diamantina, D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e economista Luiz Mendonça de Freitas. Os setecentos ruralistas afirmam que são favoráveis a uma sadia reforma agrária, feita segundo RA-QC, e terminam: «Os socialistas tramam pela aniquilação do direito de propriedade, e ao lado da reforma agrária almejam por uma reforma urbana, reforma industrial e outras tantas, que transformarão os atuais proprietários em títeres do Estado totalitário. Basta de confusão e demagogia. Na Terra de Santa Cruz jamais poderão ser violados os direitos provenientes do Decálogo».
• Manifestos análogos foram assinados:
* Na assembléia geral da Cooperativa Agropecuária de Caruaçu (SP), subscrito pela diretoria e pelos cooperados. Na oportunidade, por iniciativa da diretoria, foi comentado em plenário o artigo «A liberdade da Igreja no Estado comunista», do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
* Na concentração rural realizada em Presidente Prudente (SP), com a assinatura do Sr. Oscar Thompson Filho, Secretario da Agricultura de São Paulo, dos prefeitos de Presidente Prudente e Presidente Bernardes, e de vereadores de oito municípios da região.
* Na concentração de ruralistas em Miracema, (RJ), onde subscreveram o manifesto o presidente da FARERJ, Sr. Francelino França, bem como os presidentes das Associações Rurais e cerca de duzentos ruralistas de cinco municípios fluminenses.
* Na III Festa de Uvas Finas de Ferraz de Vasconcelos (SP), com mais de duzentas assinaturas, entre as quais a do prefeito, vice-prefeito, deputado Carlos Kherlakian, diversos vereadores e engenheiros-agrônomos.
* Na grande concentração anticomunista que teve lugar em Oliveira (MG), onde assinaram o manifesto o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano, D. José de Medeiros Leite, o prefeito, presidentes de entidades das classes produtoras e de trabalhadores.
• «O Globo» do Rio, «O Estado de São Paulo» da Capital paulista, e o «Diário da Tarde» de Belo Horizonte publicaram o texto integral, em tradução portuguesa, da petição que o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano entregou a sua Eminência o Cardeal Secretário de Estado da Santa Sé, com a assinatura de 213 Padres Conciliares de 54 países, solicitando que o Concílio, em sua próxima fase, condene o comunismo.
• A tréplica dos universitários ao Deputado André F. Montoro a respeito da terceira posição (ver «Catolicismo», no 157, de janeiro p.p.) foi publicada ou noticiada pelo «Estado de Minas» de Belo Horizonte, «Jornal do Brasil», «Jornal do Comercio» e «O Jornal», do Rio de Janeiro, «Diário do Paraná», «Correio do Paraná» e «Gazeta do Povo», de Curitiba, «A Gazeta» de Florianópolis e «Tribuna do Ceará» de Fortaleza. A polêmica, que foi também objeto de debates na Assembleia Legislativa do Paraná, repercutiu ainda nas páginas do «Jornal do Brasil», «Jornal do Comercio», «O Globo» e «Diário Carioca», do Rio de Janeiro, e «O Estado de São Paulo» e «A Gazeta», de São Paulo.
• Foi amplamente noticiada na imprensa diária a chegada ao Brasil, de volta do Concílio, do Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer. No aeroporto do Galeão e posteriormente no de Congonhas, S. Excia. Revma. concedeu entrevista à imprensa a respeito do Concílio e da petição de mais de 200 Bispos contra o comunismo. «O Globo», o «Jornal do Comercio», «O Jornal», a Rádio Globo, do Rio de Janeiro, e «O Estado de São Paulo» noticiaram o fato.
• «La Prensa», de Buenos Aires, publicou uma nota bibliográfica sobre a edição argentina de RA-QC.
OUTRAS NOTAS ANTI-SOCIALISTAS
No "Diário de Notícias" de Ribeirão Preto o Revmo. Cônego A. Castanho afirma que "a empresa, numa sociedade capitalista, está a serviço do lucro e da pessoa mesma do capitalista. Numa sociedade marxista, comunista, está a serviço do Estado e, melhor ainda, do Partido. É impossível tirar-lhes essas marcas, decorrentes da própria concepção filosófica dos dois sistemas, que se encontram aliás no materialismo. No caso do capitalismo, o materialismo é dissimulado, mas real. No caso do marxismo, é patente e militante". E ainda: "A empresa comunitária ou cristã se estrutura de maneira completamente diferente. Há nela três fatos inteiramente novos e que a colocam, em verdade, a serviço da pessoa e da coletividade, transformando-a numa empresa comunitária. São: 1º) a co-propriedade da empresa; 2º) o co-governo da empresa; e 3º) a participação de todos nos lucros da empresa". Em outro número do mesmo jornal, na secção "Nosso Comentário", se lê: "a doutrina da Igreja defende como ideal e digna de todos esforços militantes (sic) a socialização horizontal, isto é, o solidarismo, que deve substituir a sociedade liberal capitalista em seus últimos estertores. A socialização horizontal é aplaudida e sacramentada pela Igreja, mas a socialização vertical, ou seja, o socialismo, a propriedade coletiva dos meios de produção, apresenta riscos consideráveis que devem ser evitados". — Quanto desconhecimento dos documentos pontifícios! Quanta confusão em um mesmo jornal! Não é verdade que o capitalismo seja intrinsecamente materialista, nem que o socialismo seja um sistema apenas arriscado, nem que a co-propriedade, a co-gestão e a participação nos lucros sejam, pela própria natureza das coisas, elementos essenciais da estrutura da empresa.
O Sr. Eugenio Gudin publicou no "Diário de São Paulo" um artigo intitulado "Porque a CEPAL não merece fé", em que lamenta ter que "assinalar que, por maiores e mais flagrantes que sejam os erros praticados pelos governos da América Latina, as apreciações da CEPAL procuram invariavelmente atribuir sua origem e culpa a uma variedade de bodes expiatórios cada qual menos aceitável", figurando entre estes a estrutura econômica do continente. Com isso, acrescentamos nós, procura aquele organismo da ONU justificar a tese das reformas socializantes.
O Secretário de Estado adjunto para Questões Interamericanas, dos EUA, Sr. Thomas Mann, afirmou recentemente em um discurso que "não se pode imaginar que algum povo possa beneficiar-se com uma distribuição igualitária da pobreza. É preciso pensar, pois, primeiro no desenvolvimento econômico e nas maneiras de produzir riqueza, antes que possam ter sentido as teorias sobre a distribuição da riqueza". Segundo telegrama da AP, "o chefe da política norte-americana para a América Latina acredita firmemente que a base do desenvolvimento econômico desta parte do continente está no estímulo ao crescimento e às aplicações do capital privado. Julga que os fundos públicos devem ser usados para estimular as empresas particulares". — Oxalá isso se confirme e tenhamos naquele importante cargo uma personalidade que promova o incentivo à iniciativa privada na América Latina, em lugar de ver nas reformas de base socialistas e anticristãs a panaceia que resolveria os nossos problemas econômico-sociais.
AMBIENTES, COSTUMES, CIVILIZAÇÕES
Povo e Massa
Simplicidade e Vulgaridade
Plinio Corrêa de Oliveira
Para o demagogismo contemporâneo, filho da "massificação" hodierna, isto é, da transformação do povo em imensas massas anorgânicas, proletarizadas e anônimas, a compostura, a dignidade e a distinção constituem atributos exclusivos das classes altas. A vulgaridade, a falta de gosto, os ambientes rasteiros e sem alma são próprios às massas. E, como as classes altas estariam fadadas a desaparecer, arrastando no seu ocaso a compostura, a dignidade e a distinção, o mundo daqui por diante viveria imerso, cada vez mais, na vulgaridade proletária.
Basta considerar uma foto de Nikita ou de Nina Kruchev, para compreender a que extremos essa vulgaridade pode chegar, até nas pessoas-símbolo das nações comunistas.
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Em oposição, nossos clichês mostram quanta dignidade, quanta compostura afável e sóbria pode impregnar um ambiente próprio a gente pobre... de dinheiro, mas rica em alma.
Na primeira foto, temos a pobreza de uma família obscura... e imortal: a família de Santa Bernadette Soubirous, a vidente de Lourdes. A sala serve ao mesmo tempo de dormitório e cozinha. O grande leito, com seu cortinado, é pobre, mas dá uma impressão de recolhimento, estabilidade e dignidade inegáveis. Essa impressão se comunica a todo o aposento, acentuada ainda pelas imagens populares, mas piedosas, e pela lareira espaçosa a cujo calor se acercava a família nos serões de inverno.
Os Soubirous habitaram essa casa a partir de 1863. Santa Bernardette, num internato desde 1860, nela nunca morou.
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Depois da pobreza familiar, a nobre pobreza voluntária da vida religiosa. Trata-se de um aspecto da enfermaria do Convento de Saint Gildard, com a cadeira na qual Santa Bernadette morreu.
O ambiente, naturalmente, é diverso. Mas a pobreza é indiscutível.
Entretanto, as camas com seus cortinados, a sala espaçosa, as imagens, tudo enfim também exprime compostura, dignidade e recolhimento. Em suma, é mil vezes mais repousante e atraente do que muito cubículo de luxo de "pálaces" modernos.
Tal é a pobreza, quando iluminada pela luz de Cristo e o sorriso de Maria Santíssima: composta, digna, recolhida, suave e discretamente alegre.