A revolução anticomunista

glória do povo brasileiro

Catolicismo se apraz em saudar de público as Autoridades constituídas no País em consequência da queda de Jango Goulart e da eleição de novo Presidente da República. De modo especial, apresenta suas homenagens ao ilustre cabo de guerra Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, sobre cujos ombros pesa a grave e nobre responsabilidade de levar a termo a tarefa do expurgo anticomunista, e a reorganização do País em bases lidimamente cristãs. Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, o favoreça notadamente com as graças de sagacidade e de força necessárias para bem separar o joio do trigo, com vistas à grandeza genuína e cristã da Terra de Santa Cruz.

Que alegria sentimos nestes dias, em sermos católicos e brasileiros. Pois nestes dias precisamente, se pôs a lume toda a fibra católica da Nação.

Pelo abundante noticiário dos jornais, ficou patente que o Sr. J. Goulart montara — ou ajudara a montar — no Brasil todo, um imenso dispositivo destinado a nos atirar ao comunismo. Não se conhece o caso de um país onde o governo legal haja trabalhado em tão larga medida a favor da revolução comunista. Toda a sedução do ouro, do poder, da força, foi empregada para atrair as classes populares, especialmente os sargentos e os trabalhadores. Na imensa maioria, eles resistiram. E foi substancialmente por isto, que foi possível a valorosos elementos de cúpula, civis e militares, articular e desfechar a reação vitoriosa.

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E, realmente, se a maior parte dos trabalhadores do campo, dos operários e dos sargentos se tivesse deixado ganhar, o que teria sido possível fazer?

Essa recusa das massas, sentia-a bem Jango, quando em seu discurso de 2 de novembro do ano passado, em Vitoria, lamentava que o povo não estivesse dando apoio a suas famigeradas reformas de base socialistas e confiscatórias. E a sentiu mais ainda quando verificou, estarrecido, que apesar da anarquia vergonhosa instaurada por seus manejos em vários setores da Marinha de Guerra, a grande maioria da maruja e dos graduados continuava fiel à valorosa oficialidade, a qual com memorável coragem enfrentou e jugulou a mazorca.

Foi o que tornou possível a chefes militares como o Gen. Castelo Branco, o Gen. Olimpio Mourão, e o Gen. Amauri Kruel entre tantos outros, bem como a líderes civis como os Governadores Adhemar de Barros, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, o Senador Moura Andrade, etc., derrubar Jango, empossar o Sr. Ranieri Mazzilli, e por fim conduzir o País até a pacificação e a eleição do Presidente Castelo Branco.

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Catolicismo não precisa dizer até que ponto apoia os expurgos anticomunistas. Sob certo aspecto, toda a nossa vida tem sido um infatigável pleitear de energia imediata e total contra os subversores da ordem eclesiástica, bem como da ordem civil. Os fatos supervenientes provam até que ponto tínhamos razão.

Entretanto, parece-nos que não basta ficar nos expurgos já feitos. A Nação precisa ter toda a vigilância em relação a elementos cuja solidariedade com o esquerdismo, em dias de Jango, a preocupou.

Dizendo-o mencionamos especialmente — na esfera civil — os ex-Ministros San Thiago Dantas e Afonso Arinos. Qual o brasileiro anticomunista que não censurou a atitude desses Srs., em face do execrável tiranete Fidel Castro? Outras esferas haveria ainda que considerar.

Há figuras — e não apenas civis, é bom notar — que ficaram na sensibilidade do povo brasileiro como fantasmas de dias que se foram. Não nos parece prudente nem útil pô-las novamente ou mantê-las no centro dos acontecimentos.

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Muito se tem falado sobre o sentido desta revolução. E sempre se tem afirmado que esse sentido é anticomunista.

Nada melhor. Entretanto, que significa anticomunismo? Evidentemente, o contrário do comunismo. Um movimento revolucionário anticomunista é o que quer levar o País para rumo oposto ao comunismo.

Qual, pois, a posição de uma revolução anticomunista, face ao socialismo?

Já que socialismo e Catolicismo são termos que se excluem, segundo afirmou Pio XI na Encíclica "Quadragesimo Anno", e já que a razão dessa incompatibilidade é substancialmente a mesma da que existe entre Catolicismo e comunismo, nenhum católico pode duvidar de que socialismo e comunismo são congêneres. O comunismo não é senão o fundo do abismo de que o socialismo forma os bordos. E do socialismo se vai necessariamente ao comunismo: "abyssus abyssum invocat" (SI. 41, 8).

Essa revolução anticomunista é pois, por definição, uma revolução anti-socialista.

Nem outra coisa se compreende.

Pois como pode ser anticomunista aquilo que ao comunismo conduz, e com o comunismo é homogêneo e congênere?

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Mas, dirá alguém, em que consiste na prática uma conduta anti-socialista?

No caso brasileiro, no momento, a resposta é simples. É opor uma resistência obstinada e total às reformas de base socialistas e anticristãs.

Em outros termos, se fôr aprovado, por exemplo, o projeto Badra-Luz, a revolução terá sido frustrada em seus objetivos essenciais.

Com efeito, uma reforma agrária dirigista e anticristã minaria na base o atual regime, e constituiria um grande passo na realização do programa comunista integral.

Teria vencido o janguismo, com a queda de Jango. E estaríamos em situação igual à péssima situação dos últimos dias do governo de Jango, senão pior ainda.


209 MIL ASSINATURAS

NA INTERPELACÃO À A. C. DE BELO HORIZONTE

Encerrou-se no dia 12 do mês passado a campanha, de âmbito nacional, de coleta de assinaturas para a interpelação à Ação Católica de Belo Horizonte, de que demos noticia pormenorizada em nosso último número.

A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, que estendeu a todo o País a campanha promovida na capital mineira por uma comissão de católicos belo-horizontinos, deu-a por encerrada ao ser ultrapassado o total significativo de 200 mil assinaturas, número esse que representava a meta inicialmente fixada pela SBDTFP.

Cumpre notar que, segundo puderam verificar todos os que participaram da tarefa de colher assinaturas, o número destas poderia ter sido ainda maior, e consideravelmente maior, se a SBDTFP tivesse decidido prorrogar a coleta, o que não foi feito porque as já obtidas eram largamente suficientes para que a interpelação à AC de Belo Horizonte tivesse todo o alcance desejado. O encerramento da campanha se deu, pois, em momento em que ela ainda encontrava ampla receptividade junto do público católico de todo o Brasil.

É a seguinte a relação oficial das assinaturas obtidas: no Estado de Minas Gerais — Belo Horizonte (onde a coleta, encerrada no dia 15 de março, foi reiniciada devido ao grande interesse que continuava a despertar), 65.000; Ouro Preto, 5.000; Juiz de Fora, 1.500; Cons. Lafayette, 1.500; Diamantina, 1.600; Barbacena, 1.200; Bambuí, 500; no Estado de São Paulo — Capital, 77.000; Olímpia, 3.500; Araraquara, 1.600; no Rio de Janeiro (Estado da Guanabara), 12.000; nas diversas cidades da Diocese de Campos, 8.000; no Estado do Paraná — Curitiba, 8.900; Ponta Grossa, 1.600; Rio Negro, 200; no Estado de Santa Catarina — Florianópolis, 6.300; Blumenau, 700; no Estado do Rio Grande do Sul — Porto Alegre, 300; Santo Ângelo, 50; em Salvador (Estado da Bahia) 1.000; em Maceió (Estado de Alagoas), 300; no Estado do Ceará — Fortaleza, 4.800; Crato, 3.500; diversas cidades do Vale do Cariri, 4.000; em Goiânia (Estado de Goiás), 200; em Brasília, 600. O total de assinaturas obtidas foi, portanto, de 209.850.

A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade está programando a apresentação dos abaixo-assinados aos setores da Ação Católica de Belo Horizonte a que se dirige a interpelação.


VERDADES ESQUECIDAS

ÓDIO AO MAL, TERMÔMETRO DO AMOR AO BEM

São Boaventura

De "As Seis Asas do Serafim" (Capitulo II):

A primeira asa do diretor de almas é o zelo pela justiça. Este zelo não tolera, sem protesto do coração, algo de injusto em si ou nos outros. Tanto será alguém reputado por bom, quanto abomina o mal; pois tanto se ama um objeto, quanto se lastima a sua destruição. — (“Escritos Espirituais de São Boaventura, Cardeal e Doutor da Igreja" — Escolhidos e traduzidos por Frei Saturnino Schneider, O. F. M. — II serie — Editora Vozes, Petrópolis — p. 155).


ATRÁS DA CORTINA DE FERRO

Repercutiu também atrás da cortina de ferro o estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira sobre «A liberdade da Igreja no Estado comunista». O importante jornal «Kierunki», órgão da extrema esquerda «católica» da Polônia, publicou em sua edição de 1.° de março p.p. uma «Carta Aberta ao Dr. Plinio Corrêa de Oliveira», na qual o Sr. Z. Czajkowski procura refutar aquele estudo, em sua primeira redação.