A utilidade de Pax para o governo polonês está nos serviços que presta junto a meios católicos do Exterior

(continuação)

antiga, a respeito da publicação acidental de um artigo "demasiadamente favorável" a um organismo "suspeito": trata-se de uma adjuração patética, veemente, que denuncia uma empresa permanente de "noyautage", fundada sobre uma ligação quase orgânica entre dois grupos de imprensa e de edição de livros, — um que funciona na Polônia pela vontade, sob o controle e às ordens da polícia secreta, — outro que tende a monopolizar a quase totalidade da informação religiosa na França" (André Noêl, apud "Documents-Paternité", de março de 1964).

Com efeito, o perigo do movimento Pax reside, não tanto no mal que pode causar diretamente aos católicos da Polônia, pois já se acha ele suficientemente desmoralizado dentro daquele país, mas no apoio que lhe emprestam os meios esquerdistas católicos do Exterior, como se dá com o grupo das "Informations Catholiques Internationales" na França.

Em abono desta verdade há o fato de Pax vir tentando infiltrar-se também na Itália. Ali o documento do Cardeal Wyszynsky, encaminhado pela Secretaria de Estado ao Episcopado Francês, teve grande repercussão, conforme se verifica através de comentários da agencia noticiosa ASSI e de matéria publicada em vários órgãos da imprensa italiana. "La Provincia di Cremona" abre as páginas de sua edição de 5 de abril para substanciosa reportagem a respeito, sob o título sugestivo de : "Não se governa só com carros blindados — A luta comunista contra a igreja na Polônia". E o "Secolo d'Italia", de Roma, no número de 31 de março, mostra como chegam até a Itália os tentáculos de Pax, estampando em manchete: "A longa manus do Partido Comunista polonês — Sobre a Itália os tentáculos do movimento Pax — Depois da entrada dos socialistas no governo, acham-se notavelmente ampliadas as "missões" e os contatos romanos de elementos que, a mando do serviço secreto polonês, tentam dominar os ambientes católicos — Manobra análoga desmascarada na França pela Igreja"..

Ora, o que contém esse documento de autoria do Cardeal Primaz da Polônia, enviado pela Secretaria de Estado da Santa Sé ao Episcopado Francês e aos Superiores Maiores das Famílias Religiosas da França(1)? Por que todo esse esforço da imprensa de tendência esquerdista para lançar uma cortina de fumaça sobre o assunto com ele relacionado?

Vejamos seus tópicos principais, servindo-nos do texto publicado por "DocumentsPaternité" (número de dezembro de 1963).

O QUE É O GRUPO PAX

Começa o documento por mostrar o que é na realidade, e não segundo as aparências, o "movimento Pax":

"Há algum tempo, mas sobretudo depois de iniciado o Concílio, o grupo Pax, que se apresenta como "movimento dos católicos progressistas da Polônia", intensificou sua propaganda nos países do Ocidente, principalmente na França, difundindo notícias falsas ou equivocas que fazem dano à Igreja.

Pax se beneficia da ignorância de certos meios católicos ocidentais com relação ao que se tomou o hábito de chamar "a experiência polonesa de coexistência", mas também do silêncio forçado dos Bispos, Sacerdotes e leigos poloneses que se recusam a fornecer quaisquer informações sobre a "realidade polonesa", sabendo que, tão logo voltem (à Polônia), todas as suas palavras serão passadas pelo crivo do dispositivo policial, e que a menor imprudência poderá suscitar duras represálias.

Nestas condições, que favorecem a proliferação de opiniões errôneas, com grande prejuízo para a Igreja na Polônia, uma palavra de alerta se impõe.

Pax se apresenta no estrangeiro como um "movimento" dos católicos progressistas poloneses.

Na realidade, Pax não é um "movimento" mas um órgão do aparelho policial, estritamente articulado, que depende diretamente do Ministério do Interior e executa com uma obediência cega as diretrizes da polícia secreta, a UB".

Depois de assinalar que esse fato não é ignorado na Polônia, mas é perigoso falar dele, esclarece o documento que Pax, mera agencia do serviço secreto comunista, goza de amplos favores do governo, tal como o monopólio de certas áreas reservadas da produção (publicações religiosas, arte sacra), apresentando-se como "verdadeiro trust capitalista sob um regime comunista".

Sem a menor influência efetiva sobre os operários e camponeses da Polônia, "sua razão de ser no tabuleiro de xadrez da política do Partido Comunista se reduz, portanto à eficácia que tem no estrangeiro, onde sua colaboração se revelou preciosa. A França notadamente foi confiada de um modo todo particular aos serviços de Pax, discretamente apoiados pelos meios diplomáticos poloneses".

A LUTA DE CLASSES NO SEIO DA IGREJA

Quem ostensivamente dirige Pax? O Sr. Boleslaw Piasecki, que, condenado à morte pelos soviéticos, "teve sua vida salva graças ao compromisso formal de infiltrar e sujeitar a Igreja em benefício da revolução comunista". É ele o "chefe incontestável de Pax, em todos os níveis".

Em 1955, durante o terror stalinista e quando se achavam presos o Cardeal Wyszynski e outros Bispos poloneses, o Sr. Piasecki publicou um livro intitulado "Os problemas essenciais", que foi condenado pelo Santo Oficio. "Essa condenação, prossegue o documento, obrigou o Sr. Piasecki a rever suas posições. Os católicos do Ocidente deram grande importância à circunstancia de se ter ele submetido, sem desconfiar de que ele só tinha razão de ser, no tabuleiro de xadrez do Partido Comunista, enquanto "submisso", não fora, mas dentro da Igreja. Independente, portanto, do que podia haver de meritório no recolhimento da edição de seu livro e na nova orientação de sua revista, não esqueçamos que, uma vez desmascarado, Pax não tinha outra saída. É significativo que depois, e até uma data bem recente, Pax tenha dado prova de um grande cuidado quanto à ortodoxia de suas publicações".

Diz mais adiante o Cardeal Wyszynski: "Na realidade, só a tática mudou, mas de modo nenhum o plano estratégico. Desde há alguns meses, Pax está reanimando e difundindo as ideias-força dos "Problemas essenciais".

O documento passa a tratar dos princípios que nunca deixaram de orientar as atividades do Sr. Piasecki, "os quais se imbricam, sem fissuras, no plano do Partido Comunista". E mostra quais são esses princípios:

"Disse Lenine que, "para acabar com a religião, é bem mais importante introduzir a luta de classes no seio da Igreja, do que atacar a religião de frente".

Trata-se portanto de agir dissolvendo, de formar focos de divergência entre os fiéis, mas sobretudo nos meios eclesiásticos e religiosos.

Cindir os Bispos em dois blocos: os "integristas" e os "progressistas". Levantar os Padres, sob mil pretextos, contra os Bispos. Introduzir uma cunha subtil nas massas, por meio de distinções engenhosas entre "reacionários" e "progressistas".

Nunca atacar a Igreja de frente, mas, "para seu bem", atacar "suas estruturas envelhecidas" e "os abusos que a desfiguram". Se necessário, parecer mais católico que o Papa. Com hábeis golpes de sapa, formar nos meios eclesiásticos núcleos de descontentes para os atrair, pouco a pouco, "ao clima fecundo da luta de classes". "Adaptação" lenta e paciente para a infiltração de novos conteúdos nas ideias tradicionais. A ambivalência de certos termos, que têm um sentido completamente diferente na França e na Polônia ("progressismo" e "integrismo", atitude "aberta" e "fechada", democracia, socialismo, etc.) contribui para criar equívocos. Em suma, trata-se, não de "liquidar" a Igreja, mas de fazê-la acertar o passo, recrutando-a para o serviço da revolução comunista.

(...) Ao mesmo tempo, o Sr. Piasecki se esforça por explorar as ideias messiânicas que lisonjeiam o amor próprio nacional: a Polônia não estaria chamada pela Providencia a servir de modelo de coexistência entre a Igreja Católica e o Estado comunista?

Escreve ele: "Evidentemente, para que a Polônia possa servir de modelo, é necessário que o mais rapidamente possível o Catolicismo polonês se torne progressista e colabore cada vez mais ativamente na edificação econômica do socialismo. É isto que constitui o dever quotidiano de nosso movimento progressista" (Pentecostes de 1956)".

A EXPLORAÇÃO DA ENCÍCLICA "PACEM IN TERRIS"

Esta é a história pregressa do Sr. Piasecki. O documento que estamos resumindo apresenta também em época mais recente: "Por ocasião do Concílio, o Sr. Piasecki foi investido de uma nova missão que reanimou seu prestígio político e suas finanças. Cem milhões de zlotys como crédito anual (em lugar de cinquenta); cem distritos como campo de ação, em vez de trinta(2): tal é o preço, pago adiantado, da participação ativa do Sr. Piasecki na exploração do Concílio em benefício do "campo socialista". (...) É que não resta senão o Exterior como campo de ação que valha a pena. Pax não conseguiu cindir a coesão do Episcopado Polonês, e se esforça agora por colocá-lo em oposição a João XXIII, proclamado "Papa da coexistência", bem como ao Episcopado Francês, "aberto" e "progressista"... A Encíclica "Pacem in Terris" foi saudada estrepitosamente e "com profunda satisfação" como a "consagração oficial" e o "coroamento dos esforços" dispendidos há tanto tempo pelo Sr. Piasecki e seu grupo".

E o documento transcreve a esse propósito o seguinte trecho de um artigo do jornal de Pax, “Simo powszechne”: "O Chefe da Igreja dá razão àqueles que se empenham em uma ideologia de coexistência pacífica e de colaboração com pessoas que professam outras ideologias, o que constitui precisamente o programa de nossa esquerda política" ("Slowo powszechne", de 2 de maio de 1963).

Mas o Cardeal Wyszynski desmascara o embuste:

"Não é preciso dizer que a ótica de Pax se nega a ver na "Pacem in Terris" aquilo que contraria suas posições ideológicas, e que a recusa da censura de publicar a tradução polonesa da "Mater et Magistra" é mantida sob silêncio. Pelo contrário, os deveres dos Bispos poloneses que decorreriam dessa grande carta da coexistencia que é, segundo Pax, a "Pacem in Terris", são minuciosamente pormenorizados: "O fundamento da tão esperada normalização das relações entre a Igreja e o Estado implica no reconhecimento oficial pelo Episcopado polonês, da estabilidade do regime socialista, com tudo o que isto encerra" ("Slowo powszechne", de 25 de abril de 1963, declaração do Sr. Jankowski, redator-chefe)".

PAX E SEUS AMIGOS DAS "INFORMATIONS CATHOLIQUES INTERNATIONALES"

“Em outras palavras — observa o documento — essa "normalização" não pode realizar-se senão ao preço de a Igreja na Polônia se engajar formalmente ao serviço de um partido político determinado. Ora, os representantes de Pax "se sentem investidos de mandato do Papa João XXIII para passar à ação”. Por conseguinte, a imprensa de Pax prodigaliza aos Bispos poloneses conselhos, e mesmo ameaças mal veladas, que evocam de modo frisante a campanha psicológica da época stalinista".

Na Polônia ninguém se ilude. Não há quem ignore que "todas as palavras de ordem do Partido Comunista, publicadas pela imprensa oficial, são retomadas e manipuladas por Pax". Não assim no estrangeiro, "sobretudo na França, onde a propaganda de Pax se torna dia a dia mais intensa, utilizando habilmente as simpatias e as tendências dos meios progressistas franceses, para se beneficiar de seu apoio": fora da Polônia, "mantém-se no maior segredo tudo o que concerne ao fato de que Pax está na dependência direta dos serviços da polícia secreta polonesa".

Ademais, "dispondo de fundos consideráveis, Pax ativa desde há algum tempo seus contatos e sua propaganda, difundindo em francês uma "Revista da imprensa católica na Polônia" que serve a seus fins.

Pax facilita igualmente viagens à Polônia de católicos franceses, Sacerdotes e leigos, que toma sob seus cuidados e que voltam à França com uma visão parcial e unilateral, e mesmo errônea, da realidade polonesa. Os Sacerdotes franceses ciceroniados por Pax encontram-se na Polônia com "sacerdotes patriotas". Os Bispos poloneses se recusam a recebê-los, temendo indiscrições. Eles regressam à França para difundir, muitas vezes pelo rádio, como o Pe. Molin, notícias sobre a Polônia que fazem talvez honra à sua boa fé, mas não à verdade.

Na França, os agentes de Pax se acham em contato permanente com determinados centros de católicos progressistas que lhes tomam a defesa, tão logo os creem ameaçados. No fundo, Pax chegou a implantar em certos meios católicos franceses a convicção de que sofre perseguição por parte do Cardeal Wyszynski e do Episcopado Polonês, em razão de suas tendências progressistas.

Essa atitude se manifestou de modo ruidoso quando do aparecimento em "La Croix" de uma série de artigos sobre a situação da Igreja na Polônia, em fevereiro de 1962. O Revmo. Pe. Wenger, redator-chefe de "La Croix", foi imediatamente atacado por Sacerdotes e leigos que desmentiram violentamente o conteúdo desses artigos, prevalecendo-se de suas viagens ou excursões à Polônia. Eram na maior parte amigos de Pax, do círculo das "Informations Catholiques Internationales".

(...) Informado de que o Cardeal Wyszynski reconhecia a exatidão dos fatos relatados nos artigos de "La Croix", e não ousando atacá-lo de frente, o Sr. de Broucker, redator-chefe das "Informations Catholiques Internationales", revelou seu pensamento em uma de suas "Cartas aos amigos das ICI", distribuídas aos iniciados, na qual deu a entender que o Cardeal Wyszynski deveria prestar contas, por ocasião do Concílio, aos Cardeais da Igreja Romana, "seus juízes e seus pares".

Quando os artigos de "La Croix" estavam na iminência de aparecer em volume, o censor eclesiástico de Paris fez saber ao autor "que não lhe podia recusar o "imprimatur" por não achar no texto nenhum erro doutrinário, mas que esperava que ele teria coragem ("expressis verbis") de suprimir o capítulo sobre Pax".

O livro (Pierre Lenert, "L'Eglise Catholique en Pologne") foi publicado e Pax "exprimiu seu espanto de que haja sido concedido "imprimatur" a essa obra. Nenhum fato foi desmentido. Pax reconhece que o livro de Lenert foi "difundido" durante a primeira sessão do Concílio, mas esquece de dizer que os Bispos poloneses, consultados sobre esse ponto, foram unânimes em reconhecer a exatidão dos fatos relatados. É visível que Pax teme ser desmascarado na França.

Está nisso interessada a sua própria existência. Reconhecido pelos católicos do Ocidente como simples agencia de uma rede policial encarregada de infiltrar e de sujeitar a Igreja, perderia ele toda consideração nos meios católicos e, por isso mesmo, junto de seus mandantes perderia também sua própria razão de ser.

"Não são os comunistas que nos fazem medo, disse um Bispo polonês. O que nos enche de angustia são os falsos irmãos".

A REALIDADE SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE IGREJA E ESTADO POLONÊS

Aqui termina o documento. Qual é a realidade das relações entre a Igreja e o Estado na Polônia, de que Pax procura dar um retrato deformado e falso?

A verdade transparece de outro importante e autorizado pronunciamento. A revista "La Documentation Catholique" (no 1421, de 5 de abril de 1964) publica uma Carta do Episcopado Polonês ao Clero daquele pais martirizado, divulgada na véspera da segunda sessão do Concílio e datada de 28 de agosto de 1963, que constitui um trágico desmentido de tudo o que o Sr. Boleslaw Piasecki, através de Pax e de seus amigos "católicos progressistas" franceses, procura fazer crer ao Ocidente, ao proclamar que "a Polônia foi chamada pela Providencia para servir de modelo de coexistência entre a Igreja Católica e o Estado comunista". Escrevem os Bispos poloneses: "Como acabamos de dizer, palavras e gestos corteses de nosso governo com relação a João XXIII nos fizeram esperar que haveria de ser encontrado um "modus vivendi" entre a Igreja e o Estado. Infelizmente, bem depressa tivemos que verificar que, por detrás dessa fachada para uso externo, o ateísmo militante não havia abdicado e perseguia encarniçadamente toda manifestação da vida religiosa, sobretudo por parte da juventude. Por ordem do Partido, a Igreja na Polônia continua sob a dependência de funcionários do Serviço de Cultos e da polícia secreta". Esses agentes do governo procedem "com passos acolchoados e no anonimato", e não se expõem à vista do público, a pretexto de que "a menor indiscrição seria passível de penas reservadas à alta traição". Nada de agir às claras para evitar que se torne pública a perseguição: "É, portanto, no maior segredo que a Igreja Católica na Polônia vai sendo sistematicamente demolida".

E logo no começo dessa Carta vem a grave acusação: os "católicos progressistas" que vivem fora da cortina de ferro são tomados pelos agentes do governo de Gomulka como termo de comparação de que se servem para antipatizar a Hierarquia e o Clero do país perante a opinião pública polonesa, apresentando a estes como "reacionários" e "capitalistas".

Compreendemos perfeitamente a reação de largos setores do Catolicismo francês em face dessas manobras progressistas. E mais uma vez a combatividade e a perspicácia dos católicos franceses vêm em socorro de seus irmãos na Fé sujeitos aos horrores de uma perseguição totalitária que atinge não somente sua liberdade religiosa, mas os mais elementares direitos derivados da Lei Natural.

1) "Documents-Paternité", em seu número de março p.p., esclarece que "o primaz da Polônia é efetivamente o autor desse documento. Pois, na carta com que transmitiu este último aos Bispos e aos Superiores de Ordens Religiosas, Mons. Gouët (Secretário Geral do Episcopado Francês) precisa esse fato, ao mesmo tempo que põe em relevo a via rigorosamente oficial através da qual o documento foi encaminhado, bem como a autoridade que, em consequência, lhe é inerente: foi o Cardeal Secretário de Estado que o enviou, para ser difundido, ao Núncio Apostólico na França".

2) A importância maior corresponde a cerca de 33 bilhões e 750 milhões de cruzeiros. Os distritos aludidos são aqueles que abrange o monopólio comercial de Pax.


O ARCEBISPO DE DIAMANTINA PROIBE RITOS ESTRANHOS

Para comunicar ao Clero e aos fiéis de sua Arquidiocese a nova fórmula promulgada pelo Santo Padre para a administração da Sagrada Comunhão, publicou o Exmo. Revmo. Sr. D. Geraldo de Proença Sigaud, S. V. D., Arcebispo Metropolitano de Diamantina, uma Circular que trata também de certas novidades em matéria litúrgica.

Depois de consignar que o fiel deve comungar de joelhos, prossegue o oportuno documento, datado de 29 de abril p.p.:

«Chamamos a atenção de Nossos Sacerdotes para que a oração «Bendito seja Deus» deve ser rezada em forma de aclamação. O Sacerdote pronuncia a aclamação e o povo repete. Não adotamos a maneira de rezar esta oração, em que o povo recita as invocações em seguida, uma após outra. A maneira antiga, que queremos conservada, dá ao «Bendito seja Deus» uma força de expressão que a oração corrida destrói.

«Lembramos, outrossim, aos Nossos Sacerdotes, que na Arquidiocese não é permitida a celebração da Missa «versus populum», sem licença especial. Esta licença nunca será dada nos casos em que seja necessário colocar um altar em frente ao altar já existente, de modo que o Sacerdote dê as costas a este altar ou até ao Santíssimo Sacramento. Sobre todo este assunto de Missa «versus populum» aguardamos as instruções de Roma.

«Não permitimos na celebração da Santa Missa a procissão das hóstias no ofertório, nem certos ritos estranhos, como a formação de corrente em torno do altar, em que os fiéis se dão as mãos. Não é destas novidades que havemos de esperar o progresso espiritual do povo».


O INTEGRISMO

caviloso mito publicitário

D. A. C.

“A todo aquele que se torna incômodo pelo fato de querer aderir em tudo a Jesus Cristo ou à Igreja (o que objetivamente é a mesma coisa), a todo aquele que recusa qualquer diminuição na verdade católica, lança-se-lhe em rosto a acusação: "és um integrista". Se alguém afirma que se deve obedecer à Igreja, qualquer que seja o campo no qual Ela julga que deve intervir, é ele censurado ou dele se zomba: "és um integrista". Se alguém não se deixa levar a correr atrás daquilo em busca do que correm todos os outros, simplesmente porque os outros correm e sem razão concreta, diz-se-lhe: "és um integrista".

"O uso desse termo num sentido pejorativo procede da intenção desonesta de criar um complexo de parvoíce e de ridículo, ou seja, um complexo psicológico de inferioridade, e de impor assim um estado de subserviência ou inação, não por convicção raciocinada, mas por pura emotividade".

Estas palavras do Emmo. Cardeal Siri, Arcebispo de Genova, em Carta Pastoral de 7 de julho de 1961, deixam entrever um estado anormal entre os católicos, e evidenciam a grande conveniência, mesmo a necessidade de um estudo sério sobre o fenômeno "integrista": como surgiu ele na Igreja, e qual precisamente sua importância. Semelhante estudo clarificaria muitos conceitos, destruiria muitos pretextos para divisões oriundas de meias verdades ou de posições supostas reais, e seria de molde a facilitar a união dos católicos na obra da restauração da civilização cristã, que a todos deve empolgar.

Queremos apresentar hoje um livro sereno e substancialmente objetivo que examina, com verdadeiro espírito crítico, todos os documentos até hoje publicados sobre a origem e o uso dos termos "integrismo", "integrista". "L'Intégrisme — Histoire d'une histoire'", do Sr. JEAN MADIRAN (1), parece-nos constituir uma contribuição positiva para a união dos católicos de boa fé.

"BENTO XV PROIBIU-LHE ATÉ O NOME"

O Autor estuda primeiro os documentos que deram origem às expressões "integrismo", "integrista". Prendem-se elas aos "católicos integrais" do Sodalício Piano, ou Liga de São Pio V, organização fundada por Monsenhor Benigni, Subsecretario da Seção dos Negócios Extraordinários da Secretaria de Estado, com o fim de secundar a obra de São Pio X, para a extirpação de todas as manifestações do Modernismo do seio da Igreja. Seu uso generalizou-se especialmente depois que Nicolas Fontaine, em 1928, na obra "Saint-Siège, Action Française et catholiques intégraux", trouxe em apêndice uma memória anônima sobre o Sodalício Piano de Monsenhor Benigni, bem como outra relação de Monsenhor Mignot, Arcebispo de Albi, ao Cardeal Ferrata, primeiro Secretário de Estado de Bento XV.

Jean Madiran publica e critica os dois documentos, dos quais não se pode deduzir a existência de uma sociedade secreta com o fim de implantar no seio da Igreja a espionagem e a delação sistemática, como pretendem os anti-integristas fosse o Sodalício Piano de Monsenhor Benigni. Não se pode chegar a tal conclusão, simplesmente porque a memória anônima — cujo anonimato por si mesmo lhe diminui a autoridade — não publica os documentos em que se diz basear (uma ou outra peça aduzida é inteiramente anódina quanto à existência de uma sociedade secreta destinada a espionar e delatar), e a relação de Monsenhor Mignot não passa de uma acusação apaixonada e com graves incoerências (2). De resto, há o desmentido formal de Monsenhor Benigni em carta ao Cardeal Sbarretti, Prefeito da Sagrada Congregação do Concílio.

Os dois documentos acima mencionados são os únicos em que se baseiam as acusações dos anti-integristas.

A Encíclica "Ad Beatissimi" de Bento XV — também invocada contra os "integristas" — não contém nenhuma condenação doutrinaria do Sodalício Piano, que, aliás, nem é mencionado, mas apenas uma advertência disciplinar no sentido de que se evitem certas apelações em uso para distinguir católicos de católicos, pois que delas resultam uma grave agitação e uma grande confusão. Observa o Autor que a advertência pontifícia atingia as duas expressões então em uso: "católicos integrais", como eram conhecidos os membros do Sodalício Piano, e "católicos sociais", outro grupo de católicos dedicados à ação. Não obstante, muitos têm abusado dessa Encíclica, afirmando o que ela não contém. Assim, Maurice Blondel escreve: "O integrismo, doutrina não integral, mas mutilada, da qual Bento XV proibiu até o nome" ("Cahiers de la Nouvelle Journée", março de 1932). E Auguste Valensin: "Face ao modernismo levantou-se como seu adversário a heresia contraria do integrismo" ("La vie intérieure d'un Jésuite", p. 25 - citado em "Correspondence Blondel-Valensin", tomo II, p. 198). O mesmo conceito repete "La Vie Intellectuelle", número de agosto-setembro de 1952. É preciso dizer que nenhum desses julgamentos encontra apoio na Encíclica "Ad Beatissimi" ou em qualquer outro documento pontifício.

Outras peças — estas favoráveis à organização de Monsenhor Benigni — publicadas e examinadas pelo Sr. Jean Madiran, são as que o Revmo. Pe. Raimond Dulac tornou conhecidas em "La Pensée Catholique", n.° 23. São as cartas de encômio ao Sodalício Piano que São Pio X escreveu a Monsenhor Benigni, e os resultados do estudo feito pelo Revmo. Pe. Antonelli, então relator geral da Seção Histórica da Sagrada Congregação dos Ritos, para elucidar as relações entre São Pio X e o Sodalício Piano, com vistas à beatificação daquele Papa. Segundo o Pe. Antonelli, as acusações contra Monsenhor Benigni são exageradas e falsas, e a de espionagem e delação organizada, simplesmente sem fundamento. Sua associação, aliás —afirma ainda o mesmo Antonelli — teria sido um órgão importante para servir à Igreja no sentido das diretrizes de Pio X.

É sabido que quando, por determinação do Cardeal Sbarretti, Monsenhor Benigni dissolveu o Sodalício Piano, o Prefeito da Congregação do Concilio não censurou nem a doutrina, nem os métodos, nem o sigilo da Liga de São Pio V; apenas declarou que, mudadas as circunstancias, não tinha mais razão de ser esse organismo (3).

Mais recentemente (1957), um documento do Episcopado Francês focalizou novamente o "integrismo" e os "integristas". O Sr. Jean. Madiran aduz-lhe o texto, registra as repercussões que ele teve entre os católicos franceses, e faz um pequeno comentário para salientar o alcance das expressões usadas pelos Bispos, nem sempre entendidas no seu justo valor.

MÁSCARA PARA O ANTIPAPISMO

Fala, enfim, o Autor do emprego "tout à fait actuel" do termo "integrismo". A palavra, embora às vezes faça alusão ao Sodalício Piano, tomou outro significado. Passou a indicar "uma tendência dentro do mundo católico", "uma luta contra todas as idéias e todas as evoluções que caracterizam o mundo moderno". Seus grandes adversários "chamam-se o laicismo, o socialismo e sobretudo o comunismo" (Revmo. Pe. Liégé, em entrevista ao "Nouveau Journal" de Montréal, edição de 18 de abril de 1962).

Como são os Papas que apontam como inimigos o laicismo, o socialismo e sobretudo o comunismo, entende-se que Jean Madiran afirme: "O anti-integrismo do Pe. Liégé não passa de uma máscara para seu antipapismo" (p. 176).

De fato, segundo o Pe. Liégé, a inimizade entre o laicismo e o comunismo de um lado, e o "integrismo" de outro, é uma inimizade gratuita: "É preciso, de qualquer maneira, encontrar um inimigo-tipo, que seja o agente do demônio. Mais recentemente, o integrismo tomou como grande inimigo o comunismo (...)".

Ao que comenta o Autor:

"Em suma, os Papas teriam, bruscamente, desde o século XIX, se declarado contra mansos pensadores e inocentes filantropos que não faziam mal a ninguém. E é a agressividade integrista que é responsável pela inimizade existente entre a Igreja e os movimentos anti-religiosos do mundo moderno...

"Dizer que é a Igreja (ou, na Igreja, uma tendência má, a do integrismo) que carrega a responsabilidade de ter estabelecido uma inimizade entre esses movimentos modernos e a Religião, é esquecer e fazer esquecer que estes movimentos vangloriam-se, eles mesmos, de ter empreendido a luta contra a Igreja. Esquecer o desígnio declarado do comunismo, sua pretensão de ser, pela primeira vez, um método cientifico de destruição de toda religião" (pp. 177-178).

Além deste caso do Pe. Liégé, o Autor cita dois outros que elucidam o significado do fenômeno "integrismo" nos tempos atuais. São os casos do Revmo. Pe. Thomas Suavet e de Daniel Rops.

O Revmo. Pe. Thomas Suavet publicou, na coleção "Economie et Humanisme", um dicionário econômico-social (Editions Ouvrières, 1962). Este dicionário acha necessário censurar a expressão "civilização cristã", freqüente e constantemente usada pelos últimos Papas. Para o Pe. Suavet ela é "ambígua e muitas vezes empregada para ocultar interesses de classe social ou de nação. É mais correto falar de humanismo cristão" (sic!). Para "reduzir o mais possível" o volume da obra, observa o Pe. Suavet que seu léxico contém apenas trezentos verbetes sobre os assuntos-chave. Entre estes não lhe pareceu importante o Princípio de subsidiariedade, nem tampouco o Bem comum. No entanto, assunto-chave para o Pe. Suavet, na ordem econômica e social, é o Integrismo, que mereceu verbete com página e meia de explanação, onde nada há, ao menos explicito, de econômico ou social. O artigo contém a repetição das inexatidões históricas sobre o Sodalício Piano, o mesmo abuso do texto de Bento XV, a mesma difamação de determinados órgãos católicos da imprensa francesa, corrente entre os autores anti-integristas.

Daniel Rops escreveu dois artigos sobre o Modernismo em "La Table Ronde", em 1962. "Falando dos "integristas" e da "Sapinière", ou Sodalício Piano, dirigida por Monsenhor Benigni, Daniel Rops adota um tom de censura severa e mesmo de vivacidade polêmica. Fala de "vinganças pessoais", de "meios muito deploráveis", caricatura os "pesquisadores de heresias", estigmatiza "o pulular de calunias abjetas", indigna-se contra "manejos difamatórios", fala da "qualidade intelectual e moral muito diversa" dos integristas, de "agitação mórbida", etc." (p. 223). Este mesmo arsenal de "modos de agir" é inventariado e descrito minuciosamente na Encíclica "Pascendi", — apenas, São Pio X os atribui aos modernistas. "Esta translação, atribuindo a "modos de agir integristas" o que foi descrito e censurado pela Santa Sé como constituindo o conjunto dos "modos de agir modernistas", esta translação, dizíamos, é verdadeiramente sensacional. Pode-se perguntar se é ela efeito do acaso ou se foi obra de mão de homem: eis um problema interessante para um historiador" (p. 225). No mais, a mesma efusão de bílis conhecida nos outros autores anti-integristas, com as mesmas inexatidões históricas e ampliações exageradas. Assim, escreve Daniel Rops: "Esta atitude integrista envolve incontestavelmente erros doutrinários graves. Constituiria ela uma heresia, no sentido exato da palavra? Pode-se discuti-lo". Alude Daniel Rops a Auguste Valensin, que cita em nota.

Eis que "Daniel Rops teria percebido o que escapou a São Pio X, a saber, que "esta atitude integrista envolve incontestavelmente erros doutrinários graves". Tal hipótese, no entanto, não se mantém só por si. Ela pediria ao menos algumas palavras de explicação. Estas não nos são dadas" (p. 233).

VANTAGENS DA "DIVERSÃO ANTI-INTEGRISTA"

O livro do Sr. Jean Madiran termina com três capítulos consagrados a pôr em relevo três pontos da história do Modernismo que se relacionam com a história do "integrismo" nisto que a "diversão anti-integrista fê-los esquecer ou omitir" (p. 241). São: os modos de agir do Modernismo; a sociedade secreta do Modernismo; a sobrevivência do Modernismo. Os modos de agir do Modernismo estão catalogados na Encíclica "Pascendi", da qual o Autor cita os trechos relativos a este ponto, sublinhando especialmente o seguinte (que justifica o fato de ele tratar deste assunto numa história do "integrismo") : "Os modernistas perseguem, com toda a sua malevolência, com toda a sua acrimônia, os católicos que lutam vigorosamente pela Igreja. Não há espécie de injurias que eles não vomitem contra esses católicos".

No "Motu Proprio" de 1° de setembro de 1910 declara São Pio X que "mesmo depois que a Encíclica "Pascendi" arrancou-lhes a máscara de que se cobriam, os modernistas não abandonaram seus desígnios de perturbar a paz na Igreja. Não cessaram, com efeito, de buscar e agrupar em uma associação secreta novos adeptos" (p. 247).

É curioso que os historiadores não falem dessa associação secreta dos modernistas. Observe-se que uma das grandes preocupações das associações secretas é cuidar que delas não se fale. Outra constante de tais sociedades é reconstituirem-se, uma vez dissolvidas. Da associação secreta dos modernistas não se sabe se foi dissolvida, nem tampouco cuidam os historiadores de considerar sua sobrevivência. O Sr. Jean Madiran também não se propõe esquadrinhar este ponto. Nota ele, apenas, que, "se esta sociedade secreta existir ainda, sua preocupação cardeal será de neutralizar, paralisar ou suprimir as Congregações Romanas em geral e o Santo Oficio em particular" (p. 253). E pouco mais abaixo: "Se a sociedade secreta do Modernismo sobreviveu, é mais ou menos impossível que ela normalmente não tenha sido levada a ligações, interações e interpenetrações com uma ou outra das obediências maçônicas e com um ou outro ramo do aparelhamento clandestino do comunismo soviético" (p. 253).

A sobrevivência do Modernismo — ainda que não se considere a eventual existência da sociedade secreta modernista — é atestada pelos Papas. São Pio X acusa-o de existir já no tempo de Leão XIII, e afirma que apesar de condenado pela sua Encíclica "Pascendi" ele continuava em sociedade secreta. Bento XV observa que ele persistiu latente aqui e acolá, bem como nas tendências e no espírito cujas características o Pontífice descreve. Pio XI, na Encíclica "Ubi Arcano", declara que ao Modernismo dogmático sucedeu "o Modernismo moral, jurídico e social", encontradiço naqueles que, "nos seus discursos, nos seus escritos e em todo o conjunto de sua vida, procedem exatamente como se os ensinamentos e ordens promulgados repetidamente pelos Soberanos Pontífices, especialmente por Leão XIII, Pio X e Bento XV, tivessem perdido seu primeiro valor ou mesmo já não tivessem que ser tomados em consideração" (p. 263). O espírito modernista perdura no laicismo condenado por Pio XI, pois também ele proclama a separação entre a Fé e o mundo, de maneira que este se desenvolva sem a menor atenção para com aquela. Foi para combater esse modernismo social que Pio XI instituiu a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei, e Pio XII ordenou a consagração anual ao Imaculado Coração de Maria. Nesse mesmo sentido Pio XI mandou "que se recitassem pela Rússia as orações que Leão XIII prescrevera aos Sacerdotes de dizer com o povo após a Santa Missa" (p. 267). Infelizmente, "todos os atos propriamente religiosos, preces, devoções, práticas, ordenados pelos Papas e que têm um significado diretamente social, conversão da Rússia, consagração do gênero humano, significação doutrinaria da festa litúrgica de Cristo-Rei, foram mais ou menos abafados pelo Modernismo social" (p. 267). Esse reinado social de Jesus Cristo, essa dimensão social do Cristianismo, "através do Concílio, se Deus quiser — mas, sem dúvida, depois de quantas peripécias! — o Espírito Santo vai colocar os homens da Igreja e o povo cristão em estado de realizá-lo" (p. 277).

OBSERVAÇÕES QUE CUMPRE FAZER

No decurso de sua exposição, o Autor ventila várias questões, sobre algumas das quais não podemos deixar de tecer certos comentários.

I. O Sodalício Piano. — Diz o Sr. Jean, Madiran que não se deve excluir que, sob São Pio X, tenha o Sodalício Piano recebido da Santa Sé observações e censuras (p. 116). E mais adiante afirma: "Não se põe em dúvida, ao menos nós não pomos, que os integristas do SP tenham sofrido em parte o contagio dos maus processos (dos modernistas); que eles tenham parcialmente situado sua contraofensiva no mesmo terreno, no mesmo nível, procurando empregar meios da mesma ordem" (p. 245). —Infelizmente, não dá o Autor fatos que justifiquem esta sua apreciação. Ficamos, assim, sem saber o que o levou a formulá-la.

Na relação Antonelli diz-se que "as acusações levantadas contra Monsenhor Benigni e a influência dos integristas sob Pio X e mais tarde, são em substancia exageradas e falsas", e também que o ideal intencionado por Monsenhor Benigni não poderia ser realizado sem os defeitos causados pelas deficiências humanas.

Na relação Antonelli, porém, não consta qualquer admoestação aos membros do Sodalício Piano, por parte de São Pio X. E se censuras tivesse havido, elas certamente constariam dessa relação, feita para mostrar como, em toda a questão modernista, Pio X jamais faltou à virtude da prudência. Especialmente, porque esse mesmo estudo mostra como o Papa Sarto sabia bem distinguir, numa atitude apostólica, a substância dos acidentes, e mais de uma vez deu mostras de aprovar e encorajar a substância, e de censurar, não obstante, a maneira um tanto áspera, e às vezes excessiva, como era ela realizada. Isso fez com Monsenhor Paolo Töth, a quem afastou da "Unitá Cattolica" de Florença (4), e com os irmãos Scotton da "Riscossa" (5). Ora, quanto aos membros do Sodalício Piano (nem Monsenhor Töth, nem os irmãos Scotton dele faziam parte) nada consta que pudesse significar uma censura por parte da Santa Sé.

Semelhante fato torna ainda mais estranha a segunda asserção do Sr. Jean Madiran, isto é, que os membros do Sodalício Piano teriam, ao menos em parte, adotado o procedimento dos modernistas. Pois o modo como São Pio X fala na "Pascendi" de tal procedimento é o de uma pessoa que o julga abominável. Como teria o Santo aprovado e subvencionado, como o fez, a atividade de Monsenhor Benigni e de sua associação, sem uma palavra que os advertisse contra esse modo de proceder(6) ?

II. A POLÊMICA DO "SILLON". — O Autor dá como exemplo de "modos de agir integristas" a atitude tomada na polêmica suscitada pelo movimento democrata-cristão de Marc Sangnier, "Le Sillon". Da parte dos adversários do "Sillon", vê Jean Madiran "modos de agir integristas".

Depois de ter aceito, ao menos implicitamente, que a denominação corrente de

(continua)