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DECLARAÇÃO DO MORRO ALTO

Programa de política agrária conforme os princípios de “Reforma Agrária – Questão de Consciência”

D. Geraldo de Proença Sigaud

Arcebispo de Diamantina

D. Antonio de Castro Mayer

Bispo de Campos

Plinio Corrêa de Oliveira

Presidente da Sociedade Brasileira de

Defesa da Tradição, Família e Propriedade

Luiz Mendonça de Freitas

"Catolicismo" publica hoje um documento de alcance invulgar.

Em nossa vida pública, como é notório, as considerações pessoais, ou partidárias no sentido mais estrito da palavra, tem uma influencia de tal maneira preponderante, que as cogitações de alto porte doutrinário nela não penetram ou, quando o fazem, rapidamente se estiolam e morrem á míngua de clima propício.

Da carência doutrinária do ambiente brasileiro dá deplorável testemunho certa corrente católica convidada, em sucessivas e até espetaculares interpelações, a declarar quais os fundamentos teóricos e o programa concreto que daria figura e forma à sua posição de "terceira-força" entre o capitalismo e o comunismo, e que se mantém até o presente no mais obstinado mutismo.

Dessa carência doutrinaria deu prova, há dias, a cúpula do PDC, a qual, reunida com a presença de um Ministro de Estado, o Marechal Juarez Távora, e de um Governador, o Sr. Ney Braga, resolveu emprestar inteiro apoio ao recente anteprojeto de emenda constitucional e de Estatuto da Terra, sem divulgar ao mesmo tempo pela imprensa um documento que explicasse em termos de pensamento filosófico, política social e econômico o porquê dessa tomada de atitude, e em que medida é ela julgada comparável com os vocábulos "democrático" e "cristão" que constam do rótulo partidário.

Bem diversas são as exigências de alma da pujante corrente de opinião que se constituiu, ao longo da procelosa controvérsia agro-reformista, em torno do livro "Reforma Agrária - Questão de Consciência". Essa corrente pede formulações doutrinarias claras e profundas, aplicações concretas, práticas e coerentes, atitudes francas e desassombradas.

Corresponde inteiramente a esses nobres anseios o documento que hoje publicamos. Constitui ele a súmula das posições assumidas em RA-QC, completada por um empreendedor, prático e atual programa de política agrária. Visa resolver a fundo os problemas agropecuários do País sem afetar a atual estrutura rural, cuja reforma se afigura aos autores desnecessária, inoportuna e portanto injusta.

A DECLARAÇÃO DO MORRO ALTO

vem a lume em momento que a faz de palpitante atualidade, pois se iniciarão em breve os debates parlamentares sopre o projeto de emenda constitucional e de Estatuto da Terra.

Publicando esse documento os seus autores – Exmo. Revmo. Sr. D. GERALDO DE PROENÇA SIGAUD, S. V. D., Arcebispo de Diamantina, Exmo. Revmo. Sr. D. ANTONIO DE CASTRO MAYER, Bispo de Campos, Prof. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA, Presidente da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, e economista LUIZ MENDONÇA DE FREITAS - prestam ao País e a causa da civilização cristã mais um serviço inestimável.

Nunca um livro teve, na vida pública brasileira, tão profunda repercussão sobre algum problema, quanto RA-QC. A DECLARAÇÃO DO MORRO ALTO, que é como que um fruto brotado desse histórico livro, será recebida com admiração e reconhecimento por incontáveis brasileiros, que tornarão alvo desses sentimentos os beneméritos e ilustres autores, e lembrarão com merecido apreço os nomes dos distintos fazendeiros e técnicos que colaboraram com seus conhecimentos para a preparação do presente programa de política agrária.

(continua)