A RESPEITO DO ESQUEMA DA IGREJA NO MUNDO CONTEMPORANEO
LÚCIDA E RELEVANTE INTERVENÇÃO DO BISPO DIOCESANO NO CONCÍLIO
Teve o merecido destaque na imprensa nacional a intervenção do grande Bispo Diocesano de Campos, na Congregação Geral de 23 de setembro p.p. do Concílio, a respeito do esquema de Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo.
A matéria tratada nessa intervenção é da maior relevância para o futuro da Santa Igreja e da civilização cristã. Abordou-a o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer com a profundidade e a lucidez características de sua grande inteligência.
É a seguinte a tradução integral das palavras pronunciadas por S. Excia. Revma. na Aula conciliar:
O esquema que nos foi proposto não mostra suficientemente a conexão íntima, que existe entre o ateísmo marxista — muito bem descrito na 1a parte, cap. 1°, n° 19 — e a estrutura da ordem econômica proposta por Karl Marx, aliás com razão reprovada no cap. 3° da 2ª parte.
Nos tempos atuais, muitos, especialmente entre a juventude, julgam que o ateísmo marxista deve ser separado de sua doutrina econômica, de maneira que os próprios cristãos possam e mesmo devam, como dizem, interessar-se pela organização coletiva da produção e pela destruição da propriedade privada, ou seja, do domínio pessoal das riquezas.
Para dissipar, portanto, a perplexidade de muitos, quer leigos, quer Padres, o esquema deve declarar explicitamente a doutrina da Igreja em semelhante assunto.
De fato, por que colocam muitos contemporâneos sua esperança no materialismo dialético, isto é, no comunismo, e dele esperam uma nova, melhor e mais racional distribuição das riquezas?
A essa pergunta, a resposta nos parece óbvia, a saber: os homens já não creem mais na eficácia da liberdade e na força da retidão moral para a justa distribuição dos bens temporais e, por isso, julgam mais acertado entregarem-se a uma organização econômica, que distribua tais bens à semelhança de uma máquina muito bem construída e ordenada. (O esquema tem uma alusão a esta concepção marxista no capitulo 2° da 1ª parte, n° 34).
Semelhante doutrina social, isto é, o comunismo, enquanto nega a responsabilidade do homem, o alicia com a ilusão de uma organização econômica sobremodo eficaz. Nesta organização, a pessoa humana já não é considerada como sujeito de toda a atividade econômica e social, mas apenas como um objeto da organização técnica. Objeto ao qual sem dúvida esta organização será útil, mas simples objeto.
Vê-se, pois, claramente, que toda a economia propugnada pelo materialismo dialético está em contradição com a concepção cristã do homem proposta neste esquema. Mais. A organização marxista do Estado tem que recusar a liberdade às atividades da pessoa para promover a ordem econômica — liberdade que é um direito transcendente; tem que negar também à pessoa humana sua índole de criatura espiritual e sua natureza íntima em que se reflete a imagem do Criador.
O socialismo dispõe a sociedade temporal de tal maneira que os cidadãos já não consideram o homem como uma natureza criada. De onde, necessariamente, são eles levados a admitir toda a teoria de Karl Marx, a saber: é a humanidade que se forma a si mesma e se aperfeiçoa como causa de si própria. Não há lugar para Deus, e a perfeição da justiça divina é atribuída à humanidade que, numa continua evolução, vai-se aperfeiçoando sempre.
A um mundo sôfrego de bem-estar terreno, a Igreja oferece a esperança teologal capaz de aperfeiçoar a sociedade na justiça e na caridade. Esperamos que o esquema exponha explícita e claramente tão eficaz e consoladora doutrina".
TORPE FALSIFIÇÃO
Na primeira quinzena de outubro foi enviado a membros do Concilio Ecumênico um manifesto que, a propósito da Declaração conciliar sobre os judeus, continha expressões inadmissíveis e injuriosas com referencia a Sua Santidade o Papa e aos Padres Conciliares. Figuravam como signatárias diversas entidades católicas, entre as quais aparecia o nome desta folha. Tão logo teve conhecimento do fato, o Exmo. Revmo. Sr. Bispo Diocesano, D. Antonio de Castro Mayer, fez publicar na imprensa romana um comunicado que desmentia energicamente tivesse “Catolicismo” subscrito tal documento, ao mesmo tempo que exprimia nossa amorosa e filial adesão ao Soberano Pontífice e ao Sagrado Sínodo.
A respeito da autoria dessa torpe falsificação estão sendo feitas em Roma as necessárias investigações.
Outro órgão sul-americano envolvido na ignóbil manobra foi a valorosa revista "Fiducia", de Santiago do Chile, a qual também publicou na imprensa de Roma um categórico protesto.
Estamos informados, aliás, de que já foram divulgados desmentidos de quase todas as entidades dadas como signatárias do manifesto.
VERDADES ESQUECIDAS
É IMPIEDADE TOLERAR COM PACIÊNCIA AS INJURIAS A DEUS
São Tomás de Aquino
Da Suma Teológica (2a. 2ae., q. 136, a. 4, ad 3):
Nem vai contra a natureza da paciência atacarmos, quando necessário, quem faz o mal; porque, como diz São João Crisóstomo (Hom. Op. imperf.) àquilo da Escritura — Vai-te, Satanás (Mat. 4, 10) — sofrermos com paciência as injurias, que nos assacam, é digno de louvor; mas, é excesso de impiedade tolerar pacientemente as injurias feitas contra Deus. E Santo Agostinho acrescenta numa epistola contra Marcelino (138, c. 2) que os preceitos da paciência não contrariam ao bem público, para cuja conservação lutamos contra os inimigos.
Estandartes da TFP nas ruas de Fortaleza, num protesto contra show de caráter comuno-janguista, apoiado por elementos católicos (página 14).