VERBA TUA MANENT IN AETERNUM
Querem que a Igreja se contente com o que têm por essencial
PAULO VI: Não diríamos que está, pelo próprio fato, em harmonia com a espiritualidade do Concílio a atitude dos que se valem dos problemas por ele suscitados e das discussões a que ele dá origem, como ocasião para excitar em si mesmos e nos outros uma agitação de espírito, um reformismo radical, tanto no domínio doutrinário quanto no disciplinar, como se o Concílio fosse ocasião propicia para pôr em questão dogmas e leis que a Igreja inscreveu sobre as tábuas de sua fidelidade ao Cristo Senhor, e como se ele autorizasse todos os juízos pessoais a demolir o patrimônio da Igreja, patrimônio constituído de todas as aquisições que sua longa história e sua experiência provada lhe proporcionaram no decurso dos séculos. Quereriam talvez que a Igreja voltasse a ser criança? Não estariam esquecendo que Cristo comparou o Reino dos Céus a uma semente minúscula que deve crescer e tornar-se arvore frondosa (Mat. 13, 31), e que Ele anunciou o desenvolvimento, sob a ação do Paraclito, da doutrina que ensinara (Jo. 14, 26, e 16, 13)? Quereriam que, para ser autêntica, a verdadeira Igreja se contentasse com o que eles mesmos definem como essencial, isto é, que Ela se reduzisse a um puro esqueleto, e renunciasse a ser um corpo vivo, que cresce e age, não hipotético e idealizado, mas real e humano na experiência vivida da História?
Mas, noutra direção, não diremos tampouco que sejam bons interpretes da ortodoxia os que mostram desconfiança a respeito das deliberações conciliares e que se reservam de somente aceitar as que eles mesmos julgam válidas, como se fosse licito pôr em dúvida a autoridade dessas deliberações e como se a submissão à palavra do Concílio pudesse limitar-se ao ponto em que essa palavra não exija nenhuma adaptação da mentalidade pessoal e se limite a confirmar-lhe a estabilidade.
(Discurso aos participantes da audiência geral de 28 de julho de 1965)
Práticas antiquadas ou fonte de renovação e progresso?
PAULO VI: De outra parte, quantos problemas e perigos, quantas angustias seriam evitadas na existência dos Sacerdotes se se mantivesse e progredisse a vida interior, fonte de serenidade pessoal e de eficácia no ministério, vida interior que se concentra na Missa, se sustenta pela meditação, pelo colóquio das visitas eucarísticas, pela devoção filial à Mãe de Deus e nossa Mãe, pela direção espiritual aberta e confiante, pelo exercício ascético feito do pequeno sacrifício que dispõe ao heroísmo! Seriam estas, Sacerdotes e seminaristas muito amados, práticas em desuso e fora de Moda? Não; elas são hoje, como foram outrora, a regra segura para inscrever na pessoa e na atividade de cada qual o sinal de "outro Cristo". Elas oferecem ainda a fonte pura da renovação constante, do progresso e do desenvolvimento.
(Alocução na inauguração do Colégio-Seminário Pontifício Espanhol, em 13 de novembro de 1965)
Opiniões errôneas comprometem presentemente a fé na Eucaristia
PAULO VI: Sabemos, com efeito, que entre as pessoas que falam ou escrevem sobre este mistério santíssimo (da Eucaristia) há quem difunda a respeito das Missas privadas, do dogma da transubstanciação e do culto eucarístico certas opiniões que perturbam o espírito dos fiéis: causam elas grande confusão de ideias no que se refere às verdades da fé, como se fosse lícito a quem quer que seja relegar ao esquecimento a doutrina anteriormente definida pela Igreja, ou interpretá-la de maneira a empobrecer o sentido autêntico dos termos ou minguar a força devidamente reconhecida às noções.
Não, não é licito, por exemplo, exaltar a Missa chamada "comunitária" de tal modo que se deprecie a Missa privada; nem insistir sobre o aspecto de sinal sacramental como se a função simbólica, que ninguém contesta à Santíssima Eucaristia, exprimisse de forma exaustiva o modo de presença de Cristo neste Sacramento; não é licito tratar do mistério da transubstanciação sem aludir à prodigiosa conversão de toda a substancia do pão no Corpo de Cristo e de toda a substancia do vinho no Sangue do Senhor — conversão de que fala o Concílio de Trento — e limitar-se simplesmente ao que se denomina "transignificação" e "transfinalização"; não é lícito apresentar e seguir na prática a opinião segundo a qual Nosso Senhor Jesus Cristo não estaria mais presente nas hóstias consagradas que ficam após a celebração do Sacrifício da Missa.
Todos veem como essas opiniões, e outras do mesmo gênero que têm sido lançadas, comprometem a fé na Divina Eucaristia e o culto que se Lhe presta.
(Enciclica "Mysterium Fidei", de 3 de setembro de 1965)
“... e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”
PIO IX com o I CONCÍLIO DO VATICANO: Ensinamos, pois, e declaramos que, conforme os testemunhos do Evangelho, o primado de jurisdição sobre a Igreja Universal de Deus foi prometido e conferido imediata e diretamente ao Bem-aventurado Pedro por Cristo Nosso Senhor. Porque somente a Simão — a quem já antes havia dito: "Tu te chamarás Cefas" (Jo. 1, 42) — depois de este pronunciar sua confissão: "Tu és o Cristo, filho de Deus vivo", Se dirigiu o Senhor com estas solenes palavras: "Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque nem a carne nem o sangue te revelaram isso, mas meu Pai que está nos Céus. E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra Ela, e dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que ligares sobre a terra será ligado também nos Céus, e tudo o que desligares sobre a terra será também desligado nos Céus" (Mat. 16, 16 ss.). E somente a Simão Pedro conferiu Jesus, depois de sua ressurreição, a jurisdição de pastor e reitor supremo sobre todo o seu rebanho, dizendo: "Apascenta meus cordeiros. Apascenta minhas ovelhas" (Jo. 21, 15).
A esta tão manifesta doutrina das Sagradas Escrituras, como sempre foi entendida pela Igreja Católica, se opõem abertamente as torcidas sentenças daqueles que, transtornando a forma de regime instituída por Cristo Senhor em sua Igreja, negam que somente Pedro foi provido por Cristo do primado de jurisdição verdadeiro e próprio, sobre os demais Apóstolos — quer sobre cada um em particular, quer sobre todos conjuntamente. De igual modo se lhe opõem os que afirmam que esse primado não foi outorgado imediata e diretamente ao mesmo Bem-aventurado Pedro, mas sim à Igreja, e por meio desta a ele, como ministro da mesma Igreja.
(Constituição dogmática I sobre a Igreja de Cristo, cap. I — Denzinger 1822)
A vida católica é apostólica e militante
PAULO VI: A peregrinação (de Santiago de Compostela) é um hino de fidelidade à tradição católica. Ela nos reconduz precisamente ao culto de um Apóstolo, e isto é sinal de um retorno às fontes autênticas e vivas desta mesma tradição. Não é esta a direção que nos indica o Concílio? Que o peregrino aprofunde sua fé, a esclareça, a revigore para poder prestar contas dela e preparar-se para o choque inevitável com outras ideologias e outras crenças. Que ele tenha bem presente que a defesa de sua fé e a eficácia de sua penetração exigem um desdobramento de formas organizadas. Que ele conceba a vida católica como apostólica e militante. É o próprio Apóstolo que no-lo ensina.
(Radiomensagem de 25 de julho de 1965, para o Ano de São Tiago de Compostela)
Fora da Igreja Católica ninguém pode salvar-se
PIO IX: Outro e não menos pernicioso erro soubemos, não sem tristeza, que invadiu algumas partes do orbe católico e se estabeleceu no ânimo de muitos católicos, os quais pensam que se deve ter boa esperança da salvação de todos os que não se acham de modo algum na verdadeira Igreja de Cristo. Por isso costumam com frequência perguntar qual há de ser a sorte e condição futura, após a morte, dos que de nenhum modo estão unidos à Fé católica, e, aduzindo razões inteiramente vãs, esperam a resposta que favorece a essa perversa sentença. Longe de Nós, Veneráveis Irmãos, atrever-Nos a pôr limites à misericórdia divina, que é infinita; longe de Nós querer esquadrinhar os ocultos conselhos e juízos de Deus, que são "abismo grande" (Sl. 35, 7) e não podem ser penetrados por humano pensamento. Porém, pelo que toca a Nosso múnus apostólico, queremos excitar vossa solicitude e vigilância pastoral para que, com quanto esforço possais, arrojeis da mente dos homens aquela tão ímpia quão funesta opinião de que em qualquer religião é possível achar o caminho da salvação eterna. Demonstrai aos povos confiados ao vosso cuidado, com aquela diligencia e doutrina que vos distingue, como os dogmas da Fé católica não se opõem de modo algum à misericórdia e à justiça divinas.
Com efeito, pela fé deve sustentar-se que fora da Igreja Apostólica Romana ninguém pode salvar-se; que esta é a única arca de salvação; que quem nela não tiver entrado perecerá no dilúvio. Não obstante, também se deve ter por certo que aqueles que padecem ignorância da verdadeira Religião, e ignorância invencível, não são por isso, ante os olhos do Senhor, réus de culpa alguma. Ora, quem será tão arrogante que se sinta capaz de fixar os limites dessa ignorância, conforme a razão e a variedade de povos, regiões, caracteres, e tantas outras e tão numerosas circunstancias? Em verdade, quando, libertos destes laços corpóreos, "virmos a Deus tal como Ele é" (1 Jo. 3, 2), compreenderemos por certo com quão estreito e belo nexo estão unidas a misericórdia e a justiça divinas; mas, enquanto permanecemos na terra gravados por este peso mortal, que embota a alma, mantenhamos firmissimamente, conforme a doutrina católica, que "há um só Deus, uma só fé, um só batismo" (Ef. 4, 5): não é licito passar adiante em nossa indagação.
(Alocução "Singulari Quadam", de 9 de dezembro de 1854 — Denzinger 1646)
Formatura de fundadores da TFP universitária de Minas
Os formandos de 1965 do Setor Universitário da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — Secção de Minas Gerais, reafirmaram de público, ao deixar as respectivas Faculdades, os princípios por que lutaram como estudantes. A mensagem que distribuíram contém uma homenagem ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, Presidente do Diretório Nacional da TFP, aos pais aos mestres, e um incentivo aos colegas que ainda continuam nas lides universitárias. "Para o Brasil — sustentam os formandos — não há alternativa senão entre o progressismo cosmopolita ou o comunismo, de um lado, e de outro a fidelidade aos três princípios sem os quais ficam vazias de sentido a ordem e a civilização cristã: a Tradição, a Família a Propriedade".
A homenagem ao Presidente da TFP está expressa nestes termos: "Ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Diretório Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, em cuja obra de pensador e homem de ação milhares de jovens brasileiros encontram uma fonte de estímulo para se dedicarem sem reservas à causa do Brasil e da civilização cristã, nossa homenagem de profunda admiração e de comovida gratidão".
São os seguintes os jovens da TFP mineira que se formaram: Antonio Candido de Lara Duca e Francisco Leôncio Cerqueira, da Faculdade de Medicina da UFMG; Armando Pinheiro Lago e Gilter de Pinho Tavares, da Faculdade de Direito da UCMG; Aloísio de Araujo Rios e Eurípides Menezes Guimarães, da Escola de Engenharia da UFMG; Silvério Viana e Alonso Teixeira Marra Filho, da Faculdade de Odontologia da UFMG.
Falando à imprensa diária em nome de seus colegas, o Sr. Antonio Candido de Lara Duca lembrou as mais importantes tomadas de posição do Setor Universitário da TFP de Minas ao longo de sua já gloriosa existência. Fundado às vésperas de um dos períodos mais críticos da vida nacional, quando a demagogia comuno-janguista deu origem a desmandos de toda ordem, começou ele por enfrentar as intermináveis greves estudantis, de caráter nitidamente subversivo, que então se repetiam a todo propósito. Havia já dois meses que em todo o Brasil as escolas superiores estavam fechadas, porque a UNE pretendia que a terça parte dos membros das congregações de cada Faculdade fosse constituída de alunos. Resolveram então os moços da TFP mineira furar a greve, apresentando-se para prestar exames. Com isso o movimento paredista se desfez, e os objetivos da UNE viram-se frustrados.
Certos setores de Ação Católica, nos quais a demagogia encontrava eco, foram objeto de duas interpelações dos universitários da TFP, que lhes pediam esclarecimentos sobre posições doutrinarias de caráter ambíguo adotadas por membros da AC. O maciço apoio popular que receberam tais interpelações (uma delas, dirigida à Ação Católica de Belo Horizonte, obteve 209 mil adesões) e o silêncio que os interpelados se obstinaram em guardar mostraram serem fundadas as suspeitas de infiltração marxista em mais de um ambiente da Ação Católica.
"O comuno-janguismo — prosseguiu o Sr. Antonio Candido de Lara Duca — dava guarida a qualquer iniciativa de finalidades subversivas. Ameaçava realizar-se em Belo Horizonte o congresso comunista da CUTAL, entidade supostamente operaria, de âmbito internacional. O Setor Universitário da TFP se levantou, protestando sob diversas formas contra o intento. Tendo o congresso sido transferido para Brasília devido ao clamor popular que se seguiu, protestados contra a sua realização em qualquer parte do Brasil. Assim é que em dois dias colhemos em praça pública 40 mil assinaturas para um manifesto ao então Presidente da República, pedindo-lhe que não permitisse ao congresso da CUTAL reunir-se em terras brasileiras. Uma caravana de 80 universitários dirigiu-se a Brasília para a entrega do manifesto, cujo resultado mais palpável foi o malogro da CUTAL, da qual nunca mais se ouviu falar".
"Estas e outras atitudes dos universitários da TFP — concluiu o entrevistado — contribuíram poderosamente para que o movimento de 31 de março viesse a encontrar ressonância em todo o povo brasileiro".