Para Le Corbusier os arranha-céus norte-americanos não eram bastante altos e faziam concessões ao gosto pelo ornato.
LE CORBUSIER:
DAS CATEDRAIS QUE ERAM BRANCAS
AO ARRANHA-CÉU CARTESIANO
Cunha Alvarenga
Diz São Tomás de Aquino no "De Regimine Principum" que, do ponto de vista temporal, os governantes não podem alcançar maior glória que a de fundar novas cidades; ao mesmo tempo, sobretudo nos capítulos I a IV do livro II, oferece ao príncipe as necessárias diretrizes para bem localizá-las e edificá-las. Diríamos hoje que o Doutor Angélico traça as linhas mestras do plano diretor para a criação de uma cidade.
E curioso observar como, entre outros conselhos, lembra São Tomás a conveniência de situar a cidade em região de terras férteis que lhe garantam o abastecimento, e adverte como lhe seria nocivo ter de importar mercadorias, com o decorrente excesso de transações comerciais dentro de suas portas. Mais claro não podia aparecer o conceito de cinturão-verde, tido hoje como novidade. Releva notar, porém, que São Tomás tem sempre em vista assegurar a vida virtuosa dos habitantes da nova cidade, o que podemos notar, por exemplo, quando recomenda que a região escolhida para construí-la se revista de uma amenidade que deleite sem ser excessiva, pois "a nímia amenidade alicia os homens para as delícias supérfluas", as quais "fazem abandonar a honestidade da virtude" (cap. IV).
A tendência à vida social é inerente à natureza humana como Deus a criou, e como ela se manifestou desde os primórdios: Caim, amaldiçoado pelo Senhor, andou errante sobre a terra e "edificou uma cidade" (Gen. 4, 17).
Decorrendo assim da inata tendência gregária dos homens, e dado o fato de não terem estes somente necessidades materiais a atender, mas também morais e religiosas, não pode ser indiferente a esses aglomerados humanos o espírito
(continua)