A DEMOCRACIA-CRISTÃ, SEMPRE IGUAL A SI MESMA, POR TODA PARTE

Alberto Luiz Du Plessis

A democracia-cristã, movimento que oficialmente se propõe orientar a sociedade segundo os princípios da doutrina social da Igreja, surgiu como grande força política nos anos que se seguiram imediatamente à guerra de 1939-1945. Três dos maiores países do mundo, a Itália, a França e a Alemanha, viram-se nessa época, para surpresa de quase todos os observadores, com governos de preponderância democrata-cristã.

O acontecimento foi recebido sob expectativa favorável, pois procurar que a sociedade seja influenciada pela doutrina católica — de maneira a criar um ambiente propício à salvação das almas — sem deixar de dar a César o que é de César, constitui evidentemente uma tarefa da mais alta benemerência.

As ilusões, todavia, duraram pouco.

A DC italiana inaugura tática das cisões

O primeiro a destruí-las foi o MRP, ramo francês da Democracia-Cristã. Para espanto de numerosos católicos, viu-se este partido governar lado a lado com os comunistas de Maurice Thorez, e dar o seu aval a todas as medidas confiscatórias então adotadas pelo Estado.

A DC italiana não pôde agir tão depressa, embora tenha desde o início mostrado a sua índole realizando uma reforma agrária espoliativa e, portanto, contrária aos expressos ensinamentos dos Papas. Encontrando uma consciência católica mais rígida que a do país vizinho, os demo-cristãos peninsulares sentiram-se obrigados à cautela. Recorreram então à tática favorita do movimento democrata-cristão universal: cindiram-se, para efeitos externos, em várias alas, cobrindo uma gama de opiniões que vai desde o centro até uma esquerda bastante avançada. Dessa maneira, toda vez que uma medida socializante, desejada pela direção do partido, é repelida pela opinião pública, é fácil convencer esta última de que o projeto é defendido apenas por um grupo de cabeças-quentes, não representando as tendências da maioria do movimento, as quais — assegura-se — terminarão por prevalecer. Tranquilizada assim a opinião conservadora, a medida passa sem maior oposição, em geral amenizada ligeiramente, o que por sua vez é apresentado como um triunfo da benemérita ala direita, que impôs moderação aos esquerdistas.

Este regime de grupos dentro do partido permite, além disso, uma translação de opiniões que, por processar-se lentamente (na Itália já dura vinte anos), chama pouco a atenção, provocando assim escassas reações. Nesta lenta translação os esquerdistas avançam cada vez mais para o comunismo, e os moderados passam pouco a pouco a defender as teses que antes eram privilégio dos extremistas. Assim é que a ala esquerda da DC peninsular propugnou primeiro a aliança com os socialistas-democráticos, oficialmente não marxistas; uma vez obtida esta, passou a lutar em favor da colaboração com os socialistas nennistas, que professam o marxismo e cujo líder, Pietro Nenni, é Prêmio Lenine da paz. Vencida esta etapa, as mesmas vozes já proclamam que sem a participação do comunismo não poderá haver governo estável na Itália.

Cavalo de Tróia também na América do Sul

Vai, desta maneira, a Democracia-Cristã desempenhando, na Península como por toda parte, o seu papel de cavalo de Tróia do comunismo. Não destoam disso os seus ramos latino-americanos. No Chile, governado pelo pedecista Frei, as garantias do direito de propriedade foram eliminadas da Constituição, abrindo caminho para os confiscos. Em outros países desta parte do mundo o conúbio demo-cristão-comunista é patente, não faltando nos PDCs locais quem chegue a bater palmas à Cuba de Fidel Castro.

No Brasil, é bom não esquecer, foi um Ministro da Educação democrata-cristão que oficializou e financiou a baderna comunista nas escolas e universidades, a qual perdura até hoje graças à aliança entre a Ação Popular, movimento que se pretende católico-esquerdista, e os comunistas. Também temos em nosso País, de acordo com a tática de despistamento inaugurada na Itália, as alas que se dizem moderadas e conservadoras, mas mesmo estas não deixam de demonstrar os seus verdadeiros intuitos, com os seus projetos de reformas e revisões agrárias.

Preparando um falso dilema na Alemanha

Constituía, até certo ponto, uma exceção neste triste panorama a linha política da Democracia-Cristã teuta. No poder há vinte anos, conseguiu ela reerguer a Alemanha destroçada pela guerra, transformando-a numa das mais prósperas e poderosas nações do mundo, sem se afastar de uma economia livre e de um anticomunismo militante. Surpreendentemente vemos agora esse partido, sob a direção de seu novo líder, o Chanceler Kiesinger, ligar-se aos sociais-democratas — socialistas — para constituir um novo governo, fazendo para isto evidentes concessões à esquerda tanto no campo da política econômica como no da política exterior. Nada obrigava a esta atitude, pois a CDU, embora não tivesse mais a maioria absoluta no Bundestag, ainda era majoritária e poderia aliar-se novamente com os liberais, ou, em último recurso, dissolver o parlamento para que novas eleições decidissem a questão. Em vez disso, numa atitude altamente contraditória com o seu próprio passado, preferiu aliar-se aos socialistas.

Este novo serviço prestado à esquerda por um partido democrata-cristão tem um aspecto particularmente grave. Verificou-se nas últimas eleições regionais alemãs (Hesse e Baviera) o acentuado crescimento de um nefando partido neonazista, que obteve perto de 8% dos votos. A simbiose Democracia-Cristã-socialismo poderá lançar o eleitorado conservador alemão, desorientado e colocado ante um falso dilema, nos braços do nazismo, contribuindo assim para reviver um horror que já se julgava definitivamente extinto.


TFP promove

Congresso de estudantes anticomunistas

Por iniciativa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, realizou-se em São Paulo, nos dias 21 a 29 de janeiro p.p., o I Congresso Latino-Americano de Estudantes Secundários Anticomunistas, visando incrementar a formação doutrinária da juventude da América Latina para mais eficazmente combater o socialismo e o comunismo.

Aquela Sociedade, que há tempos vem reunindo em Semanas de Estudos, com grande proveito, jovens de todo o País, contou para a realização do Congresso com a colaboração das prestigiosas revistas "Cruzada", de Buenos Aires, e "Fiducia", de Santiago do Chile, que enviaram numerosos estudantes argentinos e chilenos.

Durante oito dias, jovens procedentes de diversos Estados do Brasil, bem como da Argentina e do Chile, se concentraram nas sedes da TFP na Capital paulista, para o estudo e debate de temas candentes da atualidade. Pela manhã e à noite ouviam conferências pronunciadas por intelectuais e homens de ação que se têm destacado no combate ao comunismo e na defesa dos valores fundamentais da civilização cristã, enquanto as tardes eram dedicadas aos debates, exibição de filmes documentários e visitas.

Foram os seguintes os temas das conferências feitas no Congresso: "As origens do comunismo", pelo Prof. Orlando Fedeli; "Em que consiste o comunismo", pelo Sr. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira; "O perigo comunista no mundo hodierno", pelo Prof. Fernando Furquim de Almeida; "A história do comunismo", pelo Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho; "As barreiras que o comunismo encontra no mundo hodierno", pelo Prof. Fernando Furquim de Almeida; "Que é o socialismo? — Socialismo como instrumento do comunismo", Eng.° Alberto Luiz Du Plessis; "A ofensiva comunista e socialista na América Latina — Como contra-atacar", Eng.° Plínio Vidigal Xavier da Silveira; "O comunismo, o socialismo e as Encíclicas", Eng.° José de Azeredo Santos; "A presente situação internacional e o comunismo", Eng.° Adolpho Lindenberg; "Matéria e espírito na formação moral", Prof. Plínio Corrêa de Oliveira; "A Democracia-Cristã ilustrada por um exemplo", Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira; "Sociedade orgânica e sociedade totalitária", Eng.° Adolpho Lindenberg; "Temas de formação para a juventude contemporânea", Sr. Eduardo de Barros Brotero; "A juventude anticomunista na América Latina —Possibilidades de êxito, formação doutrinária e formação para a ação", Sr. Caio Vidigal Xavier da Silveira.

A sessão solene de encerramento, sob a presidência do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, realizou-se no auditório da Federação do Comércio do Estado de São Paulo. Na oportunidade, o Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade discorreu sobre o tema: "A irreversibilidade da vitória contra o comunismo".


3 VERDADES ESQUECIDAS

Concílio Ecumênico de Trento

Dos Cânones sobre a Justificação:

CÂNON 8 — Se alguém disser que o medo do inferno, pelo qual, doendo-nos dos pecados, nos refugiamos na misericórdia de Deus ou nos abstemos de pecar, é pecado ou faz piores os pecadores : SEJA ANÁTEMA [Denz. 818].

Dos Cânones sobre o Sacramento do Batismo:

CÂNON 13 — Se alguém disser que as crianças, por não terem o ato de crer, não devem ser contadas entre os fiéis depois de recebido o Batismo, e portanto devem ser novamente batizadas quando cheguem à idade do discernimento, ou que mais vale omitir o seu Batismo do que as batizar somente na fé da Igreja sem que creiam por ato próprio: SEJA ANÁTEMA [Denz. 869].

Dos Cânones sobre o Sacramento do Matrimônio:

CÂNON 10 — Se alguém disser que o estado conjugal se deve antepor ao estado de virgindade ou de celibato, e que não é melhor e mais perfeito permanecer em virgindade ou celibato do que contrair matrimônio: SEJA. ANÁTEMA [Denz. 980].


Repto da TFP ao autor do Código Civil divorcista

O Prof. Orlando Gomes, autor do projeto de Código Civil atentatório da família que foi combatido em todo o País pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, declarou ao jornal "A Tarde", de Salvador, que os dirigentes daquela triunfal campanha antidivorcista eram "remanescentes do fascismo indígena". Tratando-se de afirmação frontalmente contrária à evidência dos fatos, a TFP dirigiu ao jurista baiano, em data de 22 de fevereiro, o seguinte telegrama, assinado pelo Sr. Eduardo de Barros Brotero, 1° Secretário do Conselho Nacional da entidade: "Tendo tomado conhecimento do artigo de Vossência em "A Tarde" de 7 de dezembro, em que acusa de "remanescentes do fascismo indígena" os dirigentes da vitoriosa campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade contra o projeto de Código Civil divorcista, convido-o a fundamentar de público a acusação, totalmente discrepante da realidade. Saudações".

Até o momento de encerrarmos esta edição o Sr. Orlando Gomes se mantinha em significativo silêncio.

Aspecto parcial da assistência, na sessão de encerramento do Congresso