A PROPÓSITO DE UMA REPORTAGEM
Recebemos a seguinte carta do Sr. Héctor Correa Letelier, Embaixador do Chile junto ao Governo brasileiro:
"R. de Janeiro, 7 de Agosto de 1967"
Monsenhor
Antonio Ribeiro do Rosário
M. D. Diretor do Mensário "Catolicismo"
Av. 7 de Setembro, 247 CAMPOS — RJ.
Reverendíssimo:
A edição da revista "Catolicismo", correspondente aos meses de junho e julho (Nos 198-199) do corrente ano, e dedicada, quase que inteiramente, à política interna do Chile, em matéria sob o título "Frei, o Kerensky chileno".
O título da matéria é injuriante, uma vez que, poucas linhas depois, o mesmo periódico e sob a responsabilidade do seu Diretor, expressa que Kerensky "quis, na realidade, trair a sua pátria".
Não é meu propósito analisar ou refutar as afirmações que, nesse número de "Catolicismo", faz o senhor Fabio Vidigal Xavier da Silveira, autor do artigo. Entretanto, expresso o meu enérgico protesto por essa e outras injúrias contra o Presidente Eduardo Frei e altas personalidades do seu Governo e alusões a diversas pessoas, em que se chega até a acolher versões falsas e indignas de serem publicadas.
Felizmente, os ataques dirigidos contra o Presidente da República do Chile não conseguirão o objetivo do autor da matéria, pois o prestígio público e privado do Presidente Eduardo Frei, dentro e fora do seu país, desfaz as acusações dos seus detratores.
Lamento que, sob o título de "Catolicismo", sua revista dê acolhida a um artigo que contém, não somente afirmações falsas ou controvertidas, mas também uma demonstração de ódio, o que é incompatível com a essência do catolicismo.
Ao mesmo tempo, resulta de pouco valor moral, referir-se de um território estrangeiro a entidades ou pessoas chilenas, com a certeza de não ser contrariado, por carecer o público brasileiro dos elementos de juízo necessários para julgar a procedência de tão falsas acusações.
Essa publicação e divulgação, feita por um determinado setor, aliás muito pequeno, não contribui a cultivar a amizade entre os povos do Brasil e do Chile, tão estreitamente ligados no curso da sua História.
Em meu caráter de Embaixador do Chile, e também de católico, expresso ao senhor Diretor o meu formal protesto, formulando votos para que semelhantes transbordamentos passionais não se repitam no seu mensário.
Agradecerei a publicação desta carta no próximo exemplar da sua revista.
Cordialmente,
a) Héctor Correa Letelier Embaixador do Chile".
■ "Não é meu propósito analisar ou refutar as afirmações que [...] faz o senhor Fabio Vidigal Xavier da Silveira [...]. Entretanto, expresso o meu enérgico protesto [...]". Nessas duas frases se resume a carta do Sr. Embaixador do Chile a "Catolicismo". E delas ressalta também o que esta carta tem de paradoxal. Pois se seu objetivo é desagravar o governo Frei, a forma mais adequada — indispensável, absolutamente indispensável, até — de desagravo seria precisamente a refutação das afirmações feitas pelo Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira na reportagem "Frei, o Kerensky chileno". Entretanto o Sr. Héctor Correa Letelier evita cuidadosamente de empreender tal refutação.
Em que fica então a reparação? Qual a consistência do protesto? Para que êste último não fique inteiramente vazio, o diplomata chileno invoca razões que o dispensem de entrar no mérito do artigo. Para S. Excia., o protesto — mesmo sem a refutação, que tanto deseja evitar — é justificável porque:
1 — "O prestígio público e privado do Presidente Eduardo Frei, dentro e fora do seu país, desfaz as acusações de seus detratores". A este argumento, data vênia, temos a observar que o momento é mal escolhido para tal afirmação. Enquanto anteparo para o comunismo, o prestígio do Sr. Eduardo Frei está profundamente abalado, em razão da recente autorização de se fixar em território chileno, que concedeu à máquina de subversão fidel-castrista intitulada OLAS. Essa deliberação do Sr. Eduardo Frei causou consternação e protestos, não só em círculos que o Sr. Héctor Correa Letelier poderia qualificar de reacionários, mas até em ambientes democratas-cristãos. Haja vista o vigoroso protesto do pujante PDC da Venezuela.
2 — A reportagem em apreço conteria "injúrias contra o Presidente Eduardo Frei e altas personalidades do seu Governo e alusões a diversas pessoas, em que se chega até a acolher versões falsas e indignas de serem publicadas". Quais as proposições que merecem esses epítetos? No que são "falsas e indignas de serem publicadas"? O representante chileno não o diz. À sua acusação pode-se responder com o conhecido aforisma latino: "Quod gratis asseritur gratis negatur". Se S. Excia. afirma sem provas, contestamos sem mais a sua afirmação.
3 — Há um só ponto em que o eminente missivista procura no texto de "Catolicismo" um fundamento concreto para sua afirmação de que esta folha teria injuriado o Presidente da nação irmã. A reportagem se intitula "Frei, o Kerensky chileno". Ora, na nota introdutória a redação declara que Kerensky "quis na realidade trair a sua pátria". Logo, conclui o zeloso diplomata, aí se afirma que o Sr. Eduardo Frei quer trair o Chile. Se S. Excia. tivesse lido menos apaixonadamente nossa introdução, teria percebido que de nenhum modo asseveramos estar o Sr. Frei traindo o seu país. Escrevemos:
"Ingenuidade, imprevidência, cegueira? As circunstâncias concretas em que Kerensky atuou não permitem essa interpretação. Fingindo querer desarmar os comunistas com a política do "ceder para não perder", êle quis, na realidade, trair sua pátria.
Sua figura inspira, entretanto, simpatia no mundo de hoje, a numerosas personalidades da chamada terceira-força, das quais muitas parecem deixar-se embair pelo sofisma sem atinar com o que este tem de traiçoeiro.
Essas personalidades expõem seus respectivos países ao risco de rolar pelo mesmo abismo no fundo do qual atirou a Rússia Alexandre Feodorovitch Kerensky. Entre elas a história colocará por certo o presidente pedecista do Chile, senhor Eduardo Frei Montalva.
Que êste parece destinado ao papel de Kerensky chileno, mostra-o, na reportagem que hoje publicamos, nosso colaborador Fabio Vidigal Xavier da Silveira" (grifamos).
4 — Por fim, o Sr. Héctor Correa Letelier, sentindo provavelmente a insuficiência de suas anteriores razões, excogita mais esta: "Ao mesmo tempo, resulta de pouco valor moral, referir-se de um território estrangeiro a entidades ou pessoas chilenas, com a certeza de não ser contrariado, por carecer o público brasileiro dos elementos de juízo necessários para julgar a procedência de tão falsas acusações". Engana-se S. Excia. quanto aos critérios de julgamento do público brasileiro. Este último dispõe de numerosos órgãos de imprensa abundantemente informativos, que consagram ao Chile, tão querido dos brasileiros, toda a atenção que merece. Por isto, as linhas gerais da atuação do governo Frei são bem conhecidas pelo nosso público. Assim é que não faltam a êste úteis elementos para a apreciação das asserções contidas na reportagem do Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira. Se o Sr. Embaixador do Chile julga que no Brasil se está insuficientemente informado para analisar a referida reportagem, o remédio está nas mãos da Embaixada, isto é, cabe-lhe o direito de publicar a êste propósito quanto entenda. Mas, paradoxalmente, é o que ela se recusa a fazer.
*
O Sr. Héctor Correa Letelier, em um tópico de sua carta, se despe da condição oficial de diplomata para falar como pessoa privada, ou seja, como simples católico. E manifesta sua estranheza pelo fato de que tenhamos publicado um trabalho que ressumaria ódio contra o Exmo. Sr. Eduardo Frei Montalva.
A êste propósito, cabe-nos dizer ao Embaixador andino que nenhuma manifestação de ódio pode ele apontar na referida reportagem. Ela contém, isto sim, críticas doutrinárias severas, porém destituídas de caráter injurioso, e, ao se referir ao desgaste do governo Frei junto à opinião pública, menciona, sem endossá-los, rumores sintomáticos de tal desgaste.
Esta é a praxe comum à imprensa de todos os países livres. Só nas ditaduras é que tal praxe não é aceita. Nos termos em que foi adotada na reportagem "Frei, o Kerensky chileno", ela nada tem de odiento, nem de contrário aos princípios éticos do jornalismo católico.
*
É o que temos a responder ao Sr. Embaixador do Chile. Seja-nos dado aproveitar a oportunidade para reiterar a expressão de todo o nosso afeto para com essa ilustre e simpática Nação, irmã do Brasil tanto pela fé quanto pela raça. E para formular votos por que estas explicações alcancem abrandar o ânimo do distinto representante diplomático andino.
INSTALAÇÃO DA OLAS NO CHILE LEVA À DITADURA DO PDC
Teve a mais penosa repercussão em toda a América Latina a decisão do governo pedecista do Chile, de autorizar a instalação da OLAS em território andino. Nos próprios arraiais democratas-cristãos se ergueram vozes prestigiosas para estranhar o ocorrido. Nesse sentido se pronunciou o PDC da Venezuela. Por toda parte, fora dos ambientes esquerdistas, a mesma apreensão se fez sentir: para onde pretende o Sr. Eduardo Frei arrastar a América do Sul, quando anui a que se estabeleça em seu país um organismo oficialmente destinado a implantar a subversão castrista nesta parte do mundo?
A esse propósito a SOCIEDADE CHILENA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE dirigiu uma carta aberta ao Presidente da nação irmã, na qual mostra que "não faltarão hoje comentaristas políticos, e amanhã historiadores, que dirão que, ao permitir — ante o espanto de toda a América Latina a fundação da OLAS, o governo teve a intenção de criar condições para a implantação de uma ditadura".
É o seguinte o texto do documento, datado de 2 de agôsto p.p. e publicado na imprensa de Santiago sob a forma de "A pedidos":
"Apresentando a Vossa Excelência nossas respeitosas saudações, solicitamos sua alta e valiosa atenção para um aspecto — que se nos afigura capital do procedimento do governo de Vossa Excelência em face da instalação, em nosso País, da máquina de subversão com que Fidel Castro deseja disseminar o comunismo por toda a América Latina.
Parece-nos difícil pôr em dúvida que os dirigentes da OLAS no Chile farão todo o possível para executar os desígnios revolucionários inerentes à entidade que comandam. Assim, ficaremos seriamente expostos ao risco de, em breve, nossas fábricas e nossos campos serem percorridos por agentes especialmente adestrados para acionar o descontentamento social, suscitando nas cidades atentados e greves, e nos campos agitações e guerrilhas.
Quando êste quadro estiver delineado, Senhor Presidente, Vossa Excelência não terá outro caminho senão suspender as garantias constitucionais e promover leis que dotem o Executivo de plenos poderes para salvar o País do caos. Como é natural, essas leis deverão ter uma vigência algum tanto prolongada, pois se em um minuto se pode provocar um incêndio, incomparavelmente mais demorada é, em geral, a tarefa de extingui-lo.
Nestas condições, ficará o Chile exposto à supressão de todas as liberdades constitucionais, das quais a Democracia-Cristã se proclama paladina ardorosa. E a introdução da OLAS em nosso País terá conduzido a êste resultado espantoso, que, pelo menos teoricamente, é uma contradição nos termos: uma ditadura democrata-cristã dotada dos meios para aniquilar todas as vozes discordantes que se levantem, não só na esquerda, como também no centro e na direita, e para prolongar-se indefinidamente no poder.
A todos estes riscos terá sido arrastado o Chile simplesmente para permitir-se o luxo de não tomar em consideração que a OLAS é uma entidade intrinsecamente subversiva, cuja ação incumbe ao governo prever em benefício da tranqüilidade do País, negando-lhe desde já o direito à existência.
Estas considerações importam sobremaneira ao próprio renome do governo de Vossa Excelência. Pois, se estas hipóteses se confirmarem, não faltarão hoje os comentaristas políticos, e amanhã os historiadores, que dirão que, ao permitir — ante o espanto de toda a América Latina — a fundação da OLAS, o governo de Vossa Excelência teve a intenção de criar as condições para a implantação de uma ditadura.
A Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Senhor Presidente, não propugna liberdades políticas revolucionárias. Há porém certas liberdades políticas fundadas no direito natural, as quais nossa Sociedade deseja tutelar empenhadamente. É precisamente com esse afã que nos dirigimos a Vossa Excelência neste momento, pedindo que, por amor à segurança do País e ao renome de seu governo, proíba a fundação da OLAS.
No caso de assim fazer, Vossa Excelência terá o aplauso sincero e imparcial de chilenos pertencentes aos mais diversos setores da opinião pública. Entre estes, terá vivo prazer em incluir-se a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, que termina a presente hipotecando a Vossa Excelência seu sincero apoio por tudo quanto venha a empreender pela segurança, progresso e grandeza autenticamente cristã do Chile.
PATRICIO LARRAÍN BUSTAMANTE, Presidente do Conselho Nacional da SCDTFP".
NOTA DO SERVIÇO DE IMPRENSA DA TFP
O serviço de imprensa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tra dição, Família e Propriedade refutou nota da Secretaria de Imprensa da Embaixada do Chile, divulgada em jornais cariocas, a respeito da reportagem "Frei, o Kerensky chileno", publicada nesta folha pelo Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira, membro do Conselho Nacional da TFP.
Eis a íntegra da resposta da Sociedade, distribuída aos jornais de todo o País:
"A secretaria encarregada do setor de imprensa da Embaixada do Chile, em carta a jornais do Rio, protestou contra "as injúrias ao Presidente do Chile" que estariam contidas em um artigo de autoria do Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira, membro do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, publicado sob o título "Frei, o Kerensky chileno", no mensário de cultura "Catolicismo", edição de junho-julho p.p.
O protesto se funda em que, segundo a carta em questão, o "título do artigo, que parece resumir seu conteúdo, é por si só ofensivo". O Presidente Frei não mereceria o epíteto porque:
a) ele "tem levantado uma posição democrática e reformista";
b) o êxito dessa posição "tem motivado os mais violentos ataques de Fidel Castro";
c) e tem suscitado "uma sistemática oposição interna dos partidos socialista e comunista".
O Serviço de Imprensa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade lamenta a superficialidade e a inconsistência da afirmação e dos argumentos contidos na carta divulgada pelo setor de imprensa da Embaixada do Chile.
Asseverando que o título do artigo do Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira "parece resumir" o conteúdo do mesmo, quem escreveu a carta insinua não se ter dado ao trabalho de ler aquele artigo. Nisto, além de revelar uma descortesia incompatível com os procedimentos diplomáticos normais, a carta se manifesta superficial. Pois reconhece tomar posição perante uma grande reportagem sobre o Chile, largamente documentada, publicada em um dos mensários de cultura católica mais prestigiosos da América Latina, sem a ter lido.
Quanto à oposição que Fidel Castro, bem como os partidos comunista e socialista chilenos teriam movido contra a reforma agrária do Sr. Frei, não serve de argumento para justificar a atitude daquele serviço de imprensa.
Com efeito, a reforma agrária chilena foi ardorosamente combatida pela revista "Fiducia" e pelos setores conservadores daquele país, por ser socialista e confiscatória, e por abrir, ipso facto, caminho ao comunismo.
De seu lado, os partidos socialista e comunista propugnaram fortemente pela tramitação da reforma agrária no Congresso chileno.
As judiciosas ponderações da revista "Fiducia" não foram refutadas, e a opinião pública andina se vinha alarmando com o serviço que o governo demo-cristão ia prestando ao comunismo. Assim sendo, a oposição que, por razões formais secundárias, os partidos socialista e comunista fizeram à última hora, retardando embora a promulgação da reforma agrária, prestou ao Sr. Eduardo Frei o excelente serviço eleitoral de atenuar junto a certos setores da opinião pública as apreensões de que sua política estivesse favorecendo o comunismo.
Quanto aos incidentes Frei-Fidel Castro, ocorridos a propósito da visita de deputados democratas-cristãos a Cuba em fevereiro do ano passado, não convencem a respeito da suposta incompatibilidade entre o ditador comunista cubano e o Presidente demo-cristão chileno. Pois, consentindo na instalação da OLAS no Chile, o Sr. Eduardo Frei acaba de prestar à recente conferência realizada em Havana um serviço tão assinalado, que mereceu as críticas mais categóricas feitas pelo Partido Democrata-Cristão da Venezuela.
São estas as ponderações que, acerca da carta do serviço de imprensa da Embaixada do Chile, o Serviço de Imprensa da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade apresenta ao público.
Estando ausente do país o Sr. Fabio Vidigal Xavier da Silveira, êste se pronunciará, por certo, quando de seu regresso, sobre o que a referida carta diz de sua pretensa expulsão do Chile".
UMA ESTRANHA MANEIRA DE CONDUZIR À FÉ
Orlando Fedeli
Catolicismo já teve oportunidade de fazer reparos a livros do Revmo. Pe JOÃO MOHANA (ver n.°s 171 e 175, de março e julho de 1965). Aliás, consignamos também a informação do Revmo. Pe. Antonio Galiotto, amigo do Autor, que nos asseverava que êste último se arrependera de havê-los escrito (ver n.° 176, de agosto de 1965). Infelizmente, não foram eles retirados do comércio.
Versando assunto inteiramente diverso, o Revmo. Pe. João Mohana publicou em 2a edição pela Agir outra obra, "O MUNDO E EU". Trata-se — em última análise — de um livro apologético. É escrito sobretudo para aqueles "que desejam ter fé" (p. 7).
O Autor esclarece logo no início (p. 13) que seu intuito é "mostrar o caminho, oferecer o lugar", pois lugar e caminho é o que pedem quantos aspiram à fé. S. Revma. convida seus leitores a irem com ele "a um passeio". Não quer "polêmica" nem "discussão". "Nem mesmo clima de discussão". Suas páginas são "de paz".
Não vamos aqui analisar o livro. Apenas fazer-lhe alguns reparos. Alguns — entre outros. O suficiente para que se veja que, por mais que se queira, não é possível fazer em boa paz esse passeio: "magis arnica Veritas".
“... a fim de nos livrar da hiperadrenalinemia”
O passeio apologético do Revmo. Pe. João Mohana começa pela exposição das vantagens que traz para o organismo humano a prática do Cristianismo. Médico além de Sacerdote, o Autor faz aí certa mistura de teologia e fisiologia. Mostrando inicialmente que a raiva produz um aumento da taxa de adrenalina no sangue, muito mau para a saúde, afirma: "Deus rotulou de pecado a raiva consentida, o ódio, o rancor, a vingança, e nos pediu que perdoássemos os que nos tentam a cometer esses pecados, a fim de nos livrar da hiperadrenalinemia e de todo o seu macabro cortejo patológico" (p. 16).
Primeiramente, Deus não nos pediu que perdoássemos. Ele nos mandou perdoar. Depois, embora a desobediência às leis de Deus provoque, sem a menor sombra de dúvida, desordens de ordem física ou fisiológica, é simplesmente errôneo dizer que o mandamento do perdão tem por fim evitar a hiperadrenalinemia "e todo o seu macabro cortejo patológico". A ser assim, não se compreenderia como o mesmo Deus, que nos manda perdoar, mande também que nos encolerizemos: "Irascimini, et nolite peccare" (S1. 4, 5). Para usar a formulação do Revmo. Pe. João Mohana, deveríamos dizer que Deus nos manda aumentar a taxa de adrenalina no sangue, desde que o façamos sem pecar. O que significa que o fim do mandamento não é evitar que a taxa de adrenalina aumente. É esta uma conseqüência, prevista e também desejada pelo Senhor, não, porém o fim do mandamento divino. E quem pretendesse observar os mandamentos só para fugir à hiperadrenalinemia não estaria certamente no caminho da salvação.
Ao longo dos primeiros capítulos de "O Mundo e Eu" (pp. 15-40) nota-se uma preocupação naturalista excessiva, que, infelizmente, não evita confusões. A insistência sobre os bons efeitos fisiológicos da prática do Cristianismo é tal, que cria a persuasão de que basta ser bom cristão para gozar boa saúde. Como dissemos, não é esta a finalidade da Religião, e também não é verdade que os bons sejam sempre saudáveis, e os maus sempre reservatórios de doenças. Semelhante apologética falseia a idéia da Lei de Jesus Cristo.
Reconstruir o paraíso terrestre — em escala mundial
Outro ponto a que queremos fazer reparo no livro do Revmo. Pe. João Mohana é o que trata do "sentido da vida no plano de Deus". O Autor consagra ao tema dois capítulos (pp. 109 ss.), começando pela seguinte afirmação: "O intuito de Deus é que nós homens realizemos o plano dele. E o plano dele é êste: que vivamos felizes enquanto vivermos e onde vivermos. Que sejamos felizes em dois paraísos. Um paraíso na etapa terrestre de nossa existência e um paraíso na etapa celeste de nossa existência" (p. 109). E mais: "Eis, pois, o destino planejado pelo Pai Celeste para o homem. Reconstruir o paraíso original. Meta de Deus para todo o homem que vem a êste mundo. [...] É uma tarefa confiada por Deus também a todo homem que nasce brasileiro. Reconstruir no Brasil o paraíso terrestre" (p. 110).
E um pouco adiante, sempre sem intuito de polêmica ou discussão, o Revmo. Padre investe contra o que chama de cristãos inimigos do paraíso terrestre, e que são almas que pertencem à Igreja, mas não pensam como ele: "Para resolver a inquietação que "cristãos" inimigos do paraíso terrestre possam trazer a retos espíritos não cristãos, indico uma medida que vale como regra. Busque antes de tudo conhecer a orientação da igreja docente. O Papa João XXIII proclamou, com calor e solenidade, a urgência de recriarmos as condições do paraíso na terra. "Pacem in terris". Antes insistira na mesma tecla, numa outra encíclica. "Mater et Magistra" (pp. 115-116).
Esse paraíso será a realização do reino de Deus. É o que pedimos no Pater: Venha a nós o vosso reino. Assevera-o, pelo menos. S. Revma.: "[...] Jesus, que já sonhava com o paraíso terrestre [...] ensinou-nos a pedir e buscar para a terra esse reino. "Quando rezardes, dizei assim: Pai nosso, que estais no céu, glorificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino" (Mt. 6, 10). Reino completo, não apenas de paz espiritual, mas também de paz corporal, pois logo após, ele nos faz pedir e buscar: "o pão nosso de cada dia dai-nos hoje" (Mt. 6, 11). E a intenção dele com a palavra "pão" é interessar-nos pelo pão material; por tudo que o corpo legitimamente exige para se conservar sadio como saiu das mãos de Deus: alimento, habitação, roupa, remédio" (p. 118).
Não deixa de gerar confusão o uso do termo "paraíso terrestre" (que na tradição católica tem um significado bem preciso e se refere ao estado de inocência original, em que foram criados nossos primeiros pais) para indicar a felicidade aqui na terra. Além disso, a Sagrada Escritura está muito longe de apresentar a terra como um paraíso. No livro de Jó (7, 1) se lê que a vida do homem sobre a terra é uma luta. São Paulo adverte que nos devemos armar contra os príncipes "destas trevas" — "tenebrarum harum" (cf. Ef. 6, 11-14), e Nosso Senhor admoesta que é inútil ganhar o mundo inteiro se vier o homem a sofrer detrimento em sua alma (cf. Mat. 26, 16). Por tudo isso, a tradição consubstanciou numa das orações mais suaves e confortadoras o julgamento que devemos fazer desta terra: um "vale de lágrimas" (cf. Salve Rainha). Talvez o Revmo. Pe. João Mohana julgue que esse era um Cristianismo ainda não adulto (cf. p. 19).
De maneira que devemos fazer todo o esforço por que a vida presente seja a melhor possível, sem jamais esquecer que nunca será um "paraíso terrestre" no sentido em que a Igreja sempre entendeu essa expressão. Outrossim, é preciso jamais esquecer que as comodidades desta vida não raro terminam desviando o fiel dos bens eternos. Razão por que nos recomenda a Liturgia que passemos pelos bens terrenos de maneira a não perder os eternos (cf. Oração da Missa do 3.° Domingo depois de Pentecostes).
Esse mesmo naturalismo, sôfrego de mostrar as vantagens materiais para converter ao espiritual, leva o Autor a afirmar que no Pater a "intenção de Jesus era [...] temporal, antes de qualquer outra" (p. 118).
"Por isso os pontos citados por Jesus para o Julgamento universal, dizem respeito aos problemas materiais da humanidade. Nessa hora terrível a matéria do exame será fome, alimentação, subnutrição, seca, habitação, hospitalização, saúde, doença, criminalidade etc. O corpo humano em foco" (pp. 118-119). E ao falar em seca, o Autor coloca esta nota: "Administradores e técnicos do DNOCS podem avaliar aqui toda a significação de sua conduta e de seu trabalho, ao saberem que o Cristo em pessoa é cioso de que vençam o quanto antes, o flagelo da seca no Nordeste brasileiro" (p. 119, nota 17). Em outro capítulo S. Revma. completa: "Não há dúvida de que o mundo será tanto mais depressa transformado quanto mais impregnados do amor de Deus estiverem os homens. Inclusive nós brasileiros. Se os quadros da PETROBRÁS e da SUDENE estivessem repletos de técnicos assim, os seus objetivos seriam hoje realidade, o Brasil estaria caminhando ascencionalmente do subdesenvolvimento para a parusia, estaria menos distante do paraíso" (p. 152).
E eis a conclusão: "O critério de aptidão para participar do paraíso celeste, é o esforço feito durante a vida para criar o paraíso terrestre. Os "benditos do Pai Celeste" serão os que procurarem dar sua contribuição pessoal para solução dos problemas de casa, comida, saúde, crime, problemas diretamente corporais. Serão aqueles que lutarem por minorar sempre mais os efeitos do pecado original. Os malditos serão os outros" (p. 120).
Pelo texto se vê a excessiva preocupação do Revmo. Pe. João Mohana com o bem-estar aqui na terra. Repetimos: semelhante modo de se exprimir gera confusão, e desvia a atenção do fiel do mais importante: procurar primeiro o reino de Deus, sabendo que os demais bens se nos darão de acréscimo, na medida em que nos forem necessários. A lição é de Jesus Cristo (cf. Mat. 6, 33).
É verdade que logo abaixo o Autor acrescenta: "Salvar a alma", bom amigo, quer dizer: atender também às exigências biológicas" (p. 120). E o "também" salva algo. Supõe que existam outras exigências. Mas é tão pouco para quem passou longo tempo a focalizar e sublinhar fortemente os problemas materiais. É tão pouco, que não evita que o leitor, especialmente o não crente, fique com um conceito naturalista da Religião. É tão pouco, que não salva o Autor da acusação de exagero, pelo menos, senão de unilateralismo...
Uma curiosa característica do Eden do Pe. Mohana é que ele seria comunitário: "Deus quer que nós homens celestializemos a terra em regime comunitário. Esta é a intenção expressa do Pai" (p. 170). Que significa aqui "comunitário"? Não é êste um termo um tanto ambíguo? Nesse paraíso haverá comunidade de bens? Que confusão - não trará tudo isso ao espírito de um não crente, que ignora muitas vezes os rudimentos da religião...
Quanto ao nome do novo paraíso terrestre, não se faz muita questão: "Podemos cognominar a felicidade terrestre como melhor nos soe, contanto que não deturpemos o sentido que Jesus Cristo deu a ela. Reconhecendo primazia e bom gosto à denominação bíblica, podemos chamá-la "mundo em paz", "mundo melhor", "mundo novo", "família humana", "cidade de Deus" etc., além de "paraíso terrestre", "paz na terra", "reino de Deus" (p. 122).
O Céu, última fase da evolução universal
Por mais apetecível que seja esse paraíso que, por alguns aspectos, lembra o milenarismo, um dia teremos que deixá-lo: morreremos. Será a nossa apoteose. O Autor se estende a respeito nas páginas 128 e 129:
"Se assim não fosse [se todo aquele que vê Jesus Cristo e nele crê não tivesse a vida eterna e ressuscitasse no último dia], a morte do homem não seria uma apoteose. Esta reflexão é de uma das inteligências geniais de nosso século, o cientista cristão Teilhard de Chardin, ao observar "o fenômeno humano" no fenômeno universal. A niilificação, a volta do homem ao nada, seria a bancarrota de toda a obra divina, porque tudo evolui, numa unidade minuciosa, do menos complexo para o mais complexo. Do grão de areia até o homem há um luminoso caminho concatenado, empolgante.
Se a lei é evoluir, o coroamento da evolução, a última etapa, é o desabrochar na imortalidade, não no nada. A imortalidade do homem é uma coerente exigência da imperturbável evolução do cosmo. O céu é necessariamente a última fase da evolução universal" (p. 129).
Não vemos como, na mente do Autor, se mantenha a doutrina tradicional da Igreja sobre a distinção entre a ordem natural e a sobrenatural, e a absoluta incapacidade daquela com relação a esta. Porquanto, se o "céu é NECESSARIAMENTE a última fase da evolução universal" (grifamos), somos obrigados a aceitar que o mundo, que está na ordem natural, positivamente se orienta para o Céu, que pertence à ordem sobrenatural. Isso para não dizer nada da teoria evolucionista. Sobre ela já se tem externado "Catolicismo" (cf. n°s. 5, 79, 133, 138, 144, 149, 151, 153, 177, 183, 184 etc.), e Pio XII na "Humani Generis" não a tem como tese demonstrada. Enfim se o Céu é necessàriamente a última fase da evolução universal, onde ficam os condenados, para não falar nos demônios? Ou o Revmo. Autor admite a apocatástase de Orígenes?
Um terreno semeado de armadilhas: o da História
Leão XIII, falando da Idade Média na Encíclica "Immortale Dei", tece-lhe estes elogios extraordinários: "Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados. Nessa época, a influência da sabedoria cristã e sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias, todas as relações da sociedade civil". O Revmo. Pe. João Mohana parece ignorar esse texto do Soberano Pontífice. Do contrário, não escreveria: "Infelizmente a Humanidade ainda não teve a dita de viver em estruturas políticas, econômicas e sociais de inspiração evangélica, onde cada homem seria rodeado por uma atmosfera fiel ao Evangelho, ao plano de Deus. Até agora temos vivido em estruturas capitalistas e em estruturas marxistas" (p. 123).
Leão XIII é de outra opinião. Ainda sobre a Idade Média ele afirma: "Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa, frutos cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá corromper ou obscurecer" (Leão XIII, Enc. "Immortale Dei", Ed. Vozes,. pp. 15-16).
Artifício algum conseguirá obscurecer os valores cristãos da Idade Média. Não adianta objetar que não havia então geladeira ou coca-cola, que a medicina era atrasada e se morria de apendicite. E não se diga que os medievais eram como certos cristãos do passado que "não dispunham das lentes das ciências sociais, que nos permitem enxergar agora todas as pretensões do Evangelho" ("O Mundo e Eu", p. 126).
Uma segunda observação ao texto do Revmo. Padre é que há um ligeiro equívoco, de ordem histórica, em considerar que até agora somente vivemos em dois tipos de estruturas: a capitalista e a marxista (p. 123). Aliás, outra confusão de igual gênero se encontra na página 185, onde se fala dos "homens que o Evangelho intitula de "servos do Dinheiro" (Mt. 6, 24) e o marxismo rotula de "grupos econômicos". (Na Idade Média chamavam-se "feudos" e após a Renascença, "casas")".
Feudos = casas = grupos econômicos = servos do dinheiro (Mt. 6, 24). Eis aí, numa fórmula, o Evangelho de São Mateus condenando o feudalismo e outras coisas mais de cambulhada. Não é simplificar demais? Não é um pouco exagerado? Não há, aí, uma certa falta de caridade, porque falta de justiça?
Consumada essa identificação simplista de feudos e famílias nobres com grupos econômicos, etc., o Autor continua: "Esses, ou essas, insinuaram-se, avançaram na carne da Igreja, manietando-a, contaminando-a, forçando membros docentes, nomeando-os, demitindo-os, fabricando-os, liquidando-os, levando até o coração da Igreja a CORRUPÇÃO DA NOBREZA EM TODOS OS TEMPOS. O clero encharcou-se de vícios, forrou-se de espírito burguês, até adotou o luxo e a etiqueta dos ricos, agarrou-se ao conforto domiciliar do feudalismo" (p. 185 — grifamos).
Segundo o Revmo. Pe. João Mohana, a nobreza em todos os tempos foi corrupta. Jesus Cristo, entretanto, pertenceu a essa classe, pois era Príncipe da casa de David. A nobreza deu à Igreja inúmeros Santos, mesmo durante a Idade Média, no tempo do negregado feudalismo. Por que tanta agressividade para com a nobreza, depois de S. Revma. nos haver premunido contra toda agressividade pois que "a agressividade é a marca do pagão" (p. 183)?
Haveria muito o que falar sobre a etiqueta e o luxo, e sobre "o conforto domiciliar" do feudalismo, porém prossigamos o "passeio" e vamos contemplar a Revolução Francesa nas páginas 186-187: "Mais recentemente, quando a Revolução Francesa era ainda puro clamor de justiça contra o paganismo da aristocracia (que desgraçadamente estava superlotada de cristãos, pelo menos intitulados), a Igreja docente não deu testemunho de solidariedade aos espoliados, às vítimas do pecado burguês, nobre naquela época. Conservou-se inerte, e até ao lado da corte, na corte".
Em que momento a Revolução Francesa foi "puro clamor de justiça"? Em que documentos e princípios se baseia tal afirmação? Os modernos estudos históricos sobre essa época acabaram com a fábula do povo faminto e da Bastilha atulhada de vítimas da tirania. Aristocratas pagãos rotulados de cristãos... deveria o Revmo. Pe. João Mohana saber que numerosos representantes da nobreza e vários membros da Família Real, ao tempo da Revolução Francesa, eram cristãos sinceros. Por exemplo, entre os parentes mais próximos de Luís XVI, a Bem-aventurada Maria Clotilde de Sabóia, a Carmelita Luísa de França, Madame Elisabeth, que teve morte heróica por causa da fé. O próprio Papa Pio VI declarou que Luís XVI foi morto por ser católico (cf. "Catolicismo", n.° 85, de janeiro de 1958). Se havia corrupção na nobreza, havia também nas outras classes. Não se oculte o que havia de mau entre os nobres, mas também não se pretenda justificar os jacobinos. A História imparcial não aprecia tais unilateralidades, que sobretudo não podem fundamentar conclusões de ordem moral.
Coisa análoga pode-se dizer do Clero francês de 1789. Muitos de seus representantes ficaram inertes na corte. Outros não. Destes, muitos permaneceram do lado da Igreja, na corte, nos campos, no exílio, nas prisões e até na guilhotina. Desgraçadamente houve membros do Clero que defenderam a Revolução, contra a Igreja, na corte e nos campos, nas reuniões dos clubes e nas arruaças. Defenderam a Revolução e ajudaram a profanar os altares. Chegaram até à apostasia. Tipo deles é o tristemente célebre Bispo de Autun, Talleyrand.
Após a injúria ao Clero heróico que não apostatou na Revolução, temos o elogio irrestrito do Clero atual, como se também hoje não houvesse muito que lamentar em muitos Padres: "Hoje — diz o Autor — temos a felicidade de ver um clero que trabalha, que se coerentiza, que se despoja de privilégios não-evangélicos, que se autentica sempre mais e mais" (p. 187).
Tão severo com os eclesiásticos e nobres do século XVIII, o Revmo. Autor se torna mais benigno ao retroceder no tempo. Assim é que reserva estes elogios a... Lutero: "homem genial", de "comprovada sinceridade inicial", embora tenha cometido o "equívoco de julgar que poderia curar o doente [a Igreja] degolando-o" (p. 13).
Infelizmente, o Revmo. Padre não nos dá as fontes históricas que lhe servem de base para afirmar que Martinho Lutero era "de comprovada sinceridade inicial". Nem mesmo o desejo de atrair os irmãos separados pode justificar uma afirmação tão leviana. E será que o que ele fez não foi mais do que um equívoco?
Um último reparo, de passagem. Na lista de "santos contemporâneos" do heresiarca, o Revmo. Pe. João Mohana coloca São Francisco de Assis, que morreu 257 anos antes de Lutero nascer, Santa Catarina de Siena, cuja alma subiu ao Céu 103 anos antes de Lutero vir conturbar o mundo, e Santa Brígida, que viveu 110 anos antes do nascimento do apóstata de Wittenberg. Isto é de somenos importância, mas convém tirar o "contemporâneo" na próxima edição. Esse engano está nas páginas 190 e 191.