O SR. CHARLES DE GAULLE

SABE

MOSTRAR-SE PRESTATIVO

Alberto Luiz Du Plessis

A superioridade do poderio norte-americano sobre o russo é muito grande e, para desespero dos comunistas, aumenta constantemente. A prosperidade econômica yankee, sempre crescente, é um fato tão incontestável, que já existem observadores idôneos para os quais o mundo hodierno não mais apresenta dois supergrandes, seguidos de potências intermediárias e pequenas, mas sim um supergrande, cercado de várias potências menores, entre as quais a Rússia.

Incapaz de vencer num confronto direto, que significaria o seu esmagamento, o comunismo procura atalhos e estratagemas. Dos mais importantes entre estes são os que consistem em procurar isolar Washington de seus aliados e causar conflitos esparsos por todo o mundo, de maneira a desgastar o adversário, dispersando lhe as forças. Isto que aqui dizemos é proclamado pelos próprios vermelhos, através da afirmação de que é preciso criar vários Vietnãs. Tão alto e bom som o proclamam, que muitos comentaristas chegaram a se perguntar se a crise do Oriente Médio, tão bruscamente desencadeada em junho último, não visaria enredar os Estados Unidos numa nova luta de guerrilhas. Neste caso, pelo menos, o feitiço virou contra o feiticeiro, e o único resultado obtido foi ver-se mais de um bilhão de dólares de equipamento militar soviético destruído em poucas horas.

Uma das regiões onde este esquema comunista, tendente a multiplicar os focos de conflito, mais força faz para se impor, é o continente americano. Para isto foi até criada uma organização específica, a OLAS, que recentemente reuniu em Havana um congresso de movimentos subversivos de toda a América. A OLAS, com maior ou menor êxito, tem procurado promover perturbações em quase todos os países desta parte do mundo, além de ter lavrado um tento com a permissão que lhe foi dada de abrir uma filial no Chile, onde o mesmo inefável Sr. Frei, que prende seus adversários direitistas, alega que as leis pátrias não lhe dão meios de proibir entidades declaradamente subversivas.

O próprio território norte-americano não permanece imune a esta agitação de origem comunista. Várias organizações negras, extrapolando de suas reivindicações antidiscriminatórias, entraram no campo da revolução pura e simples. Stokely Carmichael, líder do Poder Negro, a mais virulenta destas entidades racistas, tomou parte no congresso da OLAS, e no momento faz um giro por capitais comunistas. Enquanto isto, seu preposto, Rap Brown, circula pelos Estados Unidos, deixando atrás de si um rastro de incêndios, saques e mortes.

Neste panorama de agitações que se vai criando artificialmente nas três Américas, existia, porém, um oásis de paz; o Canadá, esse imenso país onde, numa prosperidade constante, coabitam populações de origem francesa e de origem anglo-saxônica. É bem verdade que os franco-canadenses sempre se queixaram de discriminações por parte de seus conterrâneos anglo-saxões, mas parece que tais discriminações, sem dúvida censuráveis, afetavam mais os justos melindres dos descendentes de franceses do que os valores fundamentais de sua existência. De qualquer modo, viviam as duas comunidades numa concórdia bastante grande, para proveito mútuo e progresso do país.

Eis senão quando, de bordo do cruzador Colbert, desembarca em território canadense o Sr. Charles de Gaulle, convidado, na qualidade de Presidente da República Francesa, para uma visita oficial ao antigo "Dominion". O general, sabidamente, gosta de tomar atitudes destinadas a uma repercussão estrondosa, e tal objetivo, pelo menos, foi alcançado nesta sua viagem.

Desde que pôs o pé em terra, em quase nenhuma de suas palavras deixou ele de fazer uma provocação ao governo que o hospedava, incitando a todo momento e por todas as maneiras os franco-canadenses à revolta e à secessão. Tão reiteradas foram as manifestações do Sr. de Gaulle neste sentido, tão evidente era o seu desejo de jogar a maior quantidade possível de lenha na fogueira por ele mesmo ateada — comportando-se assim de maneira nunca vista nos anais das visitas de Chefes de Estado — que o gabinete de Ottawa viu-se obrigado a declarar que a atitude do incivil convidado era inaceitável.

Imediatamente S. Excia. declarou-se ofendido e, como uma prima donna temperamental, cancelou o resto do programa, partindo de volta para a França.

Procurando conturbar uma região da América que ainda permanecia infensa às agitações a que aludíamos — e uma região, além do mais, que é vizinha dos Estados Unidos — o velho general, que com palavras sonoras se afirma tão cioso de sua independência, presta um grande serviço ao comunismo internacional. E não é a primeira vez que tal coisa sucede. Será que o Presidente de Gaulle julga adequado à grandeur francesa tornar seu país caudatário da OLAS e de Fidel Castro?


Guerrilhas, estratagema de guerra psicológica

Em entrevista coletiva à imprensa, realizada na sede da TFP argentina, no dia 12 de setembro p.p., os Srs. Cosme Beccar Varela Hijo, Francisco Javier Tost Torres e Julio C. Ubbelohde, diretores da entidade, exprimiram a preocupação desta com a atual situação latino-americana.

"Esta situação — declararam — se caracteriza por uma generalização, ou pelo menos uma tentativa de generalização, de guerrilhas por várias partes do continente, generalização esta cuja gravidade está muito menos nas guerrilhas em si mesmas consideradas, do que na propaganda que se faz sobre a gravidade delas.

É mais ou menos notório que essas guerrilhas não encontram alento na população dos respectivos países. Várias vozes se atearam e se extinguiram por falta de apoio".

Depois de lembrar nesse sentido vários episódios significativos, prosseguiram os entrevistados:

"É evidente que as guerrilhas não são de modo nenhum a expressão de um paroxismo de indignação das populações, e sim o resultado de um trabalho artificial que representa uma tentativa de arrastar fragmentos de nossos povos, e sobretudo de criar uma sensação de insegurança na classe dominante, de molde a levá-la a fazer concessões, pensando que é preferível ceder para não perder. De maneira tal, que as guerrilhas são mais uma operação de guerra psicológica do que uma operação propriamente de guerra para a conquista do poder.

Esta manobra comunista foi brilhantemente denunciada pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, catedrático da Universidade Católica de São Paulo e autor elogiado recentemente pela Santa Sé, em seu livro "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo". O comunismo internacional está colocando suas melhores esperanças nesta nova estratégia, com a qual espera conquistar aquilo que a força das armas não lhe permite alcançar.

Sendo evidente que o público pouco percebe do que há de fraudulento nesse jogo de guerrilhas autênticas e de propaganda guerrilheira, a TFP está muito alarmada com tal estado de coisas. É impossível determinar exatamente até que ponto a manobra psicológica da propaganda guerrilheira está impressionando verdadeiramente o povo, e em que medida essa propaganda pode conseguir por tais meios os resultados políticos esperados pelo comunismo. Em conseqüência, a TFP argentina considera necessário lançar uma contra-ofensiva que se oponha a tais manobras, e o melhor meio para fazê-lo consiste em acentuar os aspectos da guerrilha que são mais contrários à índole do nosso povo, de tal maneira que se crie uma verdadeira consciência da incompatibilidade absoluta que existe entre a guerrilha e os argentinos.

Os principais aspectos dessa incompatibilidade são: 1) o caráter comunista e ateu, e, portanto, intrinsecamente oposto à civilização cristã, que revestem as guerrilhas; 2) o seu caráter de violência e de desordem, que se opõe aos anseios de cordura, paz e trabalho que animam o povo argentino na imensa maioria de seus elementos de todas as classes sociais".

Como um dos meios de evidenciar essa incompatibilidade, a TFP argentina julga necessária uma ampla divulgação dos crimes do governo de Fidel Castro. A esse respeito o Presidente do Conselho Nacional da entidade, Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, escreveu ao Ministro do Exterior de seu país, propondo que a Chancelaria faça traduzir e difundir por todo o território nacional o recente relato oficial da OEA — que não teve a devida repercussão na imprensa platina — a respeito dos atentados que se cometem em Cuba contra quem não é comunista. Consignando que a TFP da Argentina "está preparada para colaborar com o Ministério, organizando uma ampla distribuição do documento, não só em Buenos Aires, mas também nas províncias, bem como para atuar junto à imprensa para que dele se ocupe como merece", o Sr. Beccar Varela sugere ainda que a Chancelaria convide todas as nações latino-americanas a, em conjunto, denunciar na ONU as aludidas crueldades. "Poucas atitudes — pondera a carta — teriam tanta eficácia para neutralizar a propaganda que Fidel Castro vem abertamente desenvolvendo com a intenção de atear o incêndio das guerrilhas em nosso continente".

Em resposta datada de 10 de agosto, o Chanceler Costa Mendez declarou que terá em muita conta a colaboração oferecida pela entidade, e a manterá informada de tudo o que nesse particular se realize.

Por fim os entrevistados exprimiram seu aplauso à recente lei anticomunista promulgada pelo General Ongania. "Essa atitude do governo — ponderaram — atende ao interesse do povo argentino, e no que a ela respeita a SADTFP o aplaude francamente. É sintomático que sejam muito poucas as vozes que se levantaram para apoiar essa lei, embora tal apoio não implique necessariamente em apoiar a política geral do governo".

Na entrevista coletiva à imprensa, dada pela TFP argentina, o Presidente do Conselho Nacional da entidade, Sr. Cosme Beccar Varela Hijo (à esquerda ), fala com dois jornalistas


OEA mostra atrocidades em Cuba

O relatório da OEA sobre atrocidades da ditadura fidel-castrista, ao qual alude a TFP argentina na entrevista coletiva que noticiamos nesta página, foi divulgada pelo seguinte telegrama da Associated Press, datada de 10 de julho p.p.:

"A Organização dos Estados Americanos, em documento oficial publicado hoje, informou que o regime cubano submete seus prisioneiros políticos a um tratamento inumano, violando os direitos do homem.

O informe da comissão declara que, do exame das denúncias, se concluiu ser verdade que:

1) As autoridades e o governo de Cuba continuam violando o direito à vida, mediante sentenças judiciais nas quais se impõe a pena capital por fuzilamento após julgamentos realizados sem garantias processuais nem meios eficazes de defesa dos acusados.

2) Em outros casos, a violação do direito à vida é praticada por agentes de corpos armados sem forma alguma de julgamento.

3) Nas prisões morreram prisioneiros políticos em conseqüência dos maus tratos físicos a que foram submetidos, ou por falta de assistência médica, e, em alguns casos, tais situações provocaram o suicídio de vários presos políticos.

4) Em geral, os presos políticos são submetidos a tratamentos cruéis, infamantes e inusitados.

5) Nas prisões para mulheres aplica-se às prisioneiras políticas um tratamento incompatível com a condição feminina.

6) As autoridades carcerárias extraem sangue de numerosos presos políticos condenados à morte, sem sua autorização.

7) Existem em Cuba campos de concentração onde são recolhidos numerosos presos políticos para executarem trabalhos forçados e receberem doutrinação política obrigatória.

8) Continuam funcionando o tribunais de justiça chamados populares ou revolucionários, alguns dos quais de caráter ambulante, sem jurisdição determinada, integrados por pessoas sem capacidade ou experiência judiciária e que atuam de acordo com ordens expedidas por superiores militares ou políticos, e em desacordo com o direito.

9) Comumente a justiça é aplicada em processos sumaríssimos, em uma só instância e sem reconhecer ao acusado direito de defesa.

10) esses tribunais violam o princípio da irretroatividade das leis penais em prejuízo do acusado, e o princípio da autoridade da coisa julgada, bem como o princípio pelo qual se presume que todo acusado é inocente enquanto não se provar a sua culpa.

11) Os acusados não são julgados de modo imparcial, e os julgamentos são presenciados por multidões que intervêm no processo com manifestações de caráter político.

12) O rigor das penas impostas não é proporcional aos delitos imputados aos acusados.

13) Não existe em Cuba um procedimento judiciário que ampare as pessoas contra os atos da autoridade que viola, por excessivo rigor de julgamento, os direitos fundamentais do homem".


VERDADES ESQUECIDAS

HÁ PESSOAS A QUEM DEUS

E OS ANJOS TÊM HORROR

São João Maria Vianney, Cura de Ars

Do Catecismo sobre a impureza:

Há almas que estão tão mortas, tão apodrecidas, que emperram na sua infecção sem o perceber e não podem mais desvencilhar-se dela. Tudo as leva ao mal, tudo lhes lembra o mal, mesmo as coisas mais santas; elas têm sempre essas abominações diante dos olhos: semelhantes ao animal imundo que se habitua à imundície, que se compraz nela, que se revolve nela, que nela dorme, que ronca na sordície, ... essas pessoas são um objeto de horror aos olhos de Deus e dos santos Anjos. [...].

Oh, meus filhos, se não houvesse algumas almas puras para indenizar a Deus e Lhe desarmar a justiça, haveríeis de ver como seríamos punidos... Porque agora esse crime é tão comum no mundo, que faz tremer. Pode-se dizer, meus filhos, que o inferno vomita as suas abominações sobre a terra, como as chaminés vomitam a fumaça.

O demônio faz tudo quanto pode para manchar a nossa alma, e no entanto nossa alma é tudo, ... o nosso corpo não é mais que um monte de podridão: ide ver ao cemitério o que é que se ama quando se ama o próprio corpo. [...].

Só de ver uma pessoa já se reconhece se ela é pura. Há nos seus olhos um ar de candura e de modéstia que leva a Deus. Vêem-se outras, ao contrário, que têm um ar todo inflamado... Satanás põe-se em seus olhos para fazer cair os outros e arrastá-los ao mal.

Os que perderam a pureza são como uma peça de pano molhada em azeite: lavai-a, fazei-a secar, a mancha volta sempre; assim, também, é preciso um milagre para lavar a alma impura. — [apud "Espírito do Cura d'Ars nos seus Catecismos, Homilias e Conversações", pelo Abbé A. Monnin — Editora Vozes, Petrópolis, 1937 — pp. 93-94].