Publicado em 16 jornais diários e distribuído ao povo em 25 cidades, de Fortaleza a Porto Alegre
TEXTO DA CARTA DA TFP AO EXMO. ARCEBISPO DE OLINDA E RECIFE
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, enviou no dia 21 de junho p. p. a S. Excia. Revma. o Sr. D. Helder Camara, Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, uma carta em que denuncia como subversivas em seus fins e em seus métodos as medidas propostas pelo Revmo. Pe. Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico de Recife, para solução dos problemas brasileiros.
Eis a íntegra do documento:
"A SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE, apresentando a V. Excia. seus respeitosos cumprimentos, pede toda a atenção de V. Excia. para o conteúdo do parecer concernente ao relatório destinado ao Conselho Episcopal Latino-Americano, parecer êste de autoria do Revmo. Pe. Joseph Comblin, professor do Instituto Teológico de Recife.
Apesar de volumoso e difuso, o documento é meridianamente claro quanto aos objetivos de seu autor, e aos métodos por ele preconizados.
Contra arrendadores e acionistas
O parecer do Revmo Pe. Comblin visa implantar no Brasil a tríplice reforma urbana, agrária e empresarial, partindo do conceito de que o arrendamento de imóveis urbanos e rurais, bem como a aplicação de capitais sob a forma de cotas ou ações de empresas comerciais, são anti-sociais e injustos. A conseqüência lógica desta asserção do Sacerdote belga é que tais aplicações de capital e arrendamentos devem ser proibidos por lei.
Elogio do comunismo cubano
Concebendo um dos principais fins do desenvolvimento como a implantação do nivelamento de classes absoluto, o Pe. Comblin faz o elogio — como altamente propícias ao desenvolvimento — da revolução comunista eclodida nas primeiras décadas deste século no México, bem como da revolução de Fidel Castro.
Necessário garrotear a maioria
Para realizar as reformas de espírito marcadamente comunista que deseja para o Brasil, o Pe. Comblin afirma ser impossível persuadir da utilidade delas a maioria do País, a qual ele acusa de indolente e infensa a medidas revolucionárias.
Por isto, o professor do instituto fundado por V. Excia. planeja duas revoluções, uma no Estado e outra na Igreja.
Revolução político-social
A revolução no Estado consiste em derrubar o governo pela agitação de grupos de pressão fanatizados, que manobrem habilmente a opinião pública.
Obtido esse resultado, o Pe. Comblin deseja que os líderes dessa minoria de agitadores estabeleçam sobre o País uma ditadura férrea, que leve a cabo reformas de base confiscatórias e igualitárias, análogas às que Fidel Castro efetuou em Cuba.
Revolução na Igreja
A fim de dar a esta ditadura minoritária um apoio que reputa indispensável, o Pe. Comblin — que qualifica nosso Episcopado e nosso Clero de indolentes e acumpliciados com os mil abusos por ele atribuídos às elites dominantes — propõe a virtual anulação da autoridade dos Bispos, sujeitando-os à ditadura de um órgão que se entrevê ser um verdadeiro politburo eclesiástico. Segundo parece, o Pe. Comblin tem a esperança de que os membros desse órgão constituam uma camarilha de Bispos extremistas, a dominar a Igreja no Brasil.
O Pe. Comblin quer ainda a abolição de todas as Ordens religiosas, fundidas numa só instituição anorgânica e totalitária, posta a serviço do seu sonhado politburo epíscopo-extremista. Ele pede também que se proíba que do Exterior continuem a vir os Padres, que demandam abnegadamente o Brasil a fim de suprir a deficiência numérica do Clero nacional.
Liquidação das Forças Armadas
Para chegar à realização de todos esses fins, o professor do Instituto Teológico de Recife pleiteia como medida eventualmente necessária, além da desmoralização do Governo, e das Forças Armadas, a dissolução do Exército Nacional e a distribuição de armas ao povo.
Censura da imprensa, rádio e TV
De outro lado, pede o Pe. Comblin que uma enérgica censura de imprensa, rádio e televisão reduza ao silêncio os descontentes. As elites que não se conformarem com essa política, deseja o Pe. Comblin que abandonem o País.
Tribunais de exceção
Acusando o Poder Judiciário de corrompido pela burguesia e pelo Clero, o Pe. Comblin reclama a instituição de tribunais de exceção, para julgar rapidamente quantos se oponham a essa ditadura comuno-reformista.
Elogio da revolução violenta
Caso esses processos não deem resultado, o Pe. Comblin considera legítimo o emprego da violência a fim de chegar à implantação do regime por ele sonhado.
Este o aspecto sinistro do parecer do Sacerdote belga.
Impostura grosseira e ridícula
O referido parecer tem também um caráter de ridícula impostura. Ele qualifica a estrutura social hodierna do Brasil e da América Latina como "uma das mais aristocráticas que jamais houve na História". Ela se constituiria de duas classes, uma de brancos opressores e exploradores, e outra de índios, negros e mestiços explorados e oprimidos. Qualquer brasileiro sabe a que ponto nesse quadro não existe nem uma imagem da realidade, nem sequer uma caricatura dela, mas uma invenção de todo em todo gratuita: uma inverdade integral que é impossível não qualificar de grosseira impostura.
Essa a síntese do extenso e massudo parecer publicado largamente pela imprensa.
O documento é autêntico
O Pe. Comblin — em declarações à imprensa — não negou a autenticidade do texto que lhe é atribuído. Limitou-se a alegar que êste era um mero rascunho. Nada porém, pode justificar esse pretenso "rascunho" em que ao apelo à subversão no País, à revolução na Igreja, se juntam a calúnia contra o Poder Civil, a Hierarquia Eclesiástica, as Forças Armadas e a Magistratura, e a configuração de um quadro grosseiramente falsificado da realidade nacional.
Um Sacerdote a planejar isto?
A opinião pública brasileira se acha estarrecida diante da idéia de que um Sacerdote pense, diga e planeje coisas tais. Ela se encontra perplexa e apreensiva diante do fato de que êste Sacerdote, sendo estrangeiro, se atreva a intervir de tal maneira nos assuntos brasileiros.
A Nação se sente alarmada e indignada vendo que um tal agitador tenha podido esgueirar-se no corpo docente do instituto Teológico que V. Excia. fundou precisamente para estudar a realidade brasileira e mobilizar o povo para a ação cívica e política.
Medidas contra são indispensáveis
Assim, a SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE está certa de interpretar os anseios de milhões de brasileiros, pedindo a V. Excia. que expulse do Instituto Teológico de Recife, e da ilustre Arquidiocese em que ainda refulge a gloriosa recordação de Dom Vital, o agitador que se aproveita do sacerdócio para apunhalar a Igreja, e abusa da hospitalidade brasileira para pregar o comunismo, a ditadura e a violência no Brasil.
Essas medidas, Sr. Arcebispo, são as únicas que podem desafrontar a Nação.
A atitude da Igreja, punindo e repelindo severamente o Sacerdote subversivo, fará ver que Ela apóia desde já as medidas que a autoridade civil tomará, por certo, para resguardar contra os manejos do Pe. Comblin a segurança nacional.
Levando ao conhecimento de V. Excia. isto que é, quase diríamos, uma reivindicação de todos quantos amam a tradição brasileira e a família brasileira, e vêem no exercício da dupla função da propriedade — individual e social — um imperativo de justiça e uma condição de prosperidade nacional, pedimos a favorável acolhida de V. Excia.
Com as expressões de toda a consideração que tributamos à alta dignidade eclesiástica de que está V. Excia. revestido na Igreja de Deus, subscrevo-me
Atenciosamente
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
Presidente do Conselho Nacional".
Ampla divulgação em todo o País
A carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Exmo. D. Helder Câmara foi publicada na íntegra pelos seguintes jornais: "Diário de Pernambuco", "Diário da Manhã" e "Diário da Noite", de Recife; "A Tarde", de Salvador; "O Povo" e "Correio do Ceará", de Fortaleza; "Folha de São Paulo" e "O Estado de S. Paulo", da Capital paulista (êste último em seção livre); "O Globo", do Rio de Janeiro (edições local e nacional); "Correio Brasiliense", da Capital federal; "Correio do Povo", de Porto Alegre; "Diário do Paraná" e "Jornal de Curitiba", da Capital paranaense; "Estado de Minas Gerais", de Belo Horizonte; "Diário Fluminense", de Niterói; "Diário dos Campos", de Ponta Grossa. O documento foi ainda apresentado em resumo pelo "Jornal do Comércio", de Recife, "Diário de Notícias", de Salvador, "Notícias Populares" e "Diário Comércio e Indústria", de São Paulo, "Última Hora", de Belo Horizonte, e "Diário Popular", de Curitiba, tendo recebido referências elogiosas por parte de diversos órgãos de imprensa, entre os quais o "Jornal do Comércio", do Rio de Janeiro, na secção "Vida Católica".
O pronunciamento da TFP foi comentado da tribuna da Câmara Federal, na sessão de 25 de junho, pelo Sr. Cunha Bueno. Lendo trechos da carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira ao Arcebispo de Olinda e Recife, o parlamentar paulista manifestou-se "estarrecido" com a atitude do Pe. Comblin, que qualificou de "episódio sem precedentes na história da Igreja e na história de nosso próprio País". O Deputado Cunha Bueno declarou endossar o pensamento expresso na carta e estar integralmente solidário com ela.
Até o momento de encerrarmos esta edição a TFP havia feito imprimir 200 mil volantes contendo o texto da carta, os quais estão sendo distribuídos diretamente à população, na via pública — encontrando calorosa acolhida por parte da grande maioria — nas cidades de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Fortaleza, Barbacena, Juiz de Fora, Montes Claros, Ouro Preto, Americana, Barretos, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, Santo André, São Bernardo do Campo, São José do Rio Preto, Porto Alegre, Recife, Salvador, Brasília, Cons. Lafaiete, Sabará, Contagem, Nova Lima, Londrina e Blumenau.
Entrementes, jornais de Fortaleza e do Rio informavam que o Exmo. Revmo. Sr. D. Helder Câmara declarou que não responderá à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, acrescentando que, "afinal, todos têm direito de fazer críticas, e eu simplesmente as ouço, respondendo-as quando necessário".
Incidente cresce inesperadamente nas manchetes dos jornais
Teve inesperada repercussão na imprensa diária da Guanabara e de São Paulo o incidente provocado por um Sacerdote diante da Igreja de Santo Inácio, no Rio, no dia 30 de junho p.p., quando colaboradores da TFP distribuíam na via pública volantes com a carta do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira ao Exmo. Sr. D. Helder Câmara. Os jornais publicaram notícias sensacionalistas, apresentando uma versão desfigurada do ocorrido.
Na imprensa paulista
O vespertino paulista "Folha da Tarde" estampou uma grande manchete na primeira página, cujas letras garrafais tomavam, em duas linhas, a largura toda do jornal: "Inimigos de D. Helder atacam Igreja no Rio". O texto vinha na página 2, com a seguinte epígrafe: "Polícia protegeu fanáticos que interromperam a missa com cartazes contra Dom Helder". Rezava, assim:
"Os católicos foram obrigados lutar ontem, diante da Igreja Santo Inácio, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro: elementos da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, carregando estandartes vermelhos e usando braçadeiras e distintivos dessa organização direitista, ocuparam a frente da igreja, na hora da missa das 18 horas, e começaram a gritar "abaixo os esquerdistas", ao mesmo tempo que distribuíam panfletos de ataque a dom Helder Câmara, arcebispo de Recife.
As pessoas que se dirigiam à igreja reagiram e passaram a agredir os manifestantes, também envolvendo-se no conflito jornalistas que àquela hora participavam de uma assembléia geral, no Colégio dos Jesuítas.
Durante mais de quatro horas os manifestantes permaneceram à porta da Igreja. Quando os populares perceberam que o papel que eles distribuíam continha ataques ao padre Helder, passaram a acusá-los de "fascistas". Um, choque de soldados da Polícia militar, formado de 40 homens fortemente armados, além de um carro da Rádio Patrulha, foram enviados para o local, com a missão de "garantir a liberdade dos manifestantes contra os subversivos".
A confusão teve início quando o grupo, protegido pela Polícia, começou a distribuir uma carta dirigida pelo Sr. Plinio Correia, presidente da Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a dom Helder, acusando de "subversivas, em seus fins e métodos, as medidas propostas pelo padre Comblin".
Estava celebrando a missa o padre Rubem Ferreira. Ele interrompeu o ato religioso e disse aos assistentes que havia na porta do templo "um grupo de fascistas distribuindo manifestos com ataques à Igreja". Paramentado, o sacerdote dirigiu-se ao meio da rua, enquanto as duas facções trocavam socos e pontapés. Mas os policiais não deixaram que o padre interferisse, dizendo que "estavam ali para garantir a livre manifestação". Nesse momento, o tumulto se generalizou, alguns estandartes foram queimados e a polícia teve que entrar em ação.
Os jornalistas deixaram a assembléia de que participavam e entraram na luta também, contra os direitistas. Depois voltaram ao Colégio para decidir criar um pacto de defesa mútua, pelo qual os repórteres se protegerão durante a cobertura dos acontecimentos de rua, quando quase sempre são agredidos pela Polícia. Decidiram ainda, diante da crise estudantil e dos últimos movimentos de rua, "tomar uma posição em termos de classe", apoiando os estudantes e operários em sua luta contra o regime e a repressão policial".
Notícias semelhantes foram publicadas em outros diários paulistas, com destaque, e quase sempre com chamada na primeira página. Cada uma enriquecia a imaginosa narração dos fatos com alguns pormenores ao gosto da redação. O "Diário da Noite" (edição nacional) assevera que os jovens que distribuíam os volantes fugiram à chegada da Polícia Militar, e na pressa "deixaram cair um estandarte vermelho, que foi queimado sob os gritos de populares e na presença do Padre Rubem Ferreira, que defendia o Arcebispo de Recife e Olinda". Afirma o "Jornal da Tarde" que os jovens da TFP levavam faixas com os dizeres "abaixo os esquerdistas da Igreja". Também a "Folha de S. Paulo" (edição da tarde), "A Gazeta" e "O Estado de S. Paulo" relataram os fatos em semelhante diapasão.
Nos jornais do Rio
Igual alarde em torno do incidente fizeram diversos jornais cariocas. A "Última Hora" publica duas fotos, numa das quais aparece o estandarte da TFP e na outra o Pe. Rubem Ferreira que, revestido ainda dos paramentos sagrados, increpa os rapazes que distribuíam a carta dirigida ao Arcebispo de Recife. Pouco antes teria o Sacerdote afirmado em seu sermão, que Dom Helder é um Prelado da Igreja e que portanto os ataques a ele são um ataque à própria Igreja, razão por que conclamava os fiéis a se solidarizarem com S. Excia. Revma. Diz ainda o jornal que o Pe. Ferreira "foi retirado da porta da igreja por quatro paroquianos, que o convenceram de que os manifestantes queriam passar por vítimas". "O País" garante, por sua vez, que jornalistas que realizavam uma assembléia no Colégio Santo Inácio formaram um "cordão de isolamento em torno da igreja para evitar uma invasão, com medo de que os manifestantes tentassem depredá-la". Acrescenta que um inspetor do DOPS "garantiu as manifestações e endossou as acusações de "comunistas nojentos" que se faziam contra os Padres". O diário "Correio da Manhã", notoriamente esquerdista, conta que um Sacerdote, preocupado com a presença de agentes e viaturas da Polícia em frente à sua igreja, pediu ajuda a profissionais da imprensa que estavam reunidos no Colégio anexo, e que, "imediatamente, mais de cem jornalistas organizaram uma cadeia humana na frente da igreja e, na medida que os membros da TFP ofendiam Comblin, gritavam "fora fascistas". Segundo "O Jornal", "os Padres se prepararam para reprimir o grupo à força, e foram buscar reforço entre os jornalistas".
Também no Exterior
Essa versão deturpada dos fatos ultrapassou as fronteiras do País, difundida pela agência noticiosa EFE. Assim é que o importante diário "La Razón", de Buenos Aires, estampou, sob o título de "Camilismo e anticamilismo" — numa significativa alusão ao Sacerdote-guerrilheiro Camilo Torres — um longo despacho daquela agência no qual se lê, entre outras fantasias, que “o Pe. Ferreira, que celebrava a Missa nesse momento, saiu à rua e teve que ser protegido por quatro paroquianos para não ser atacado pelos manifestantes, enquanto gritava: ‘Ou estamos com a Igreja, ou somos traidores’”. Eis a íntegra do telegrama:
"RIO DE JANEIRO (EFE) — Grupos de católicos foram protagonistas de vários incidentes diante de diferentes igrejas da cidade quando representantes da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade distribuíam panfletos contra monsenhor Helder Câmara e o teólogo belga Joseph Comblin. O incidente mais grave registrou-se diante da igreja de Santo Inácio, no bairro de Botafogo, ao término da missa oficiada pelo padre Ferreira. Um grupo de jovens católicos travou luta com os distribuidores de panfletos, que se haviam colocado diante do citado templo arvorando duas bandeiras vermelhas com um leão estampado. Os católicos não suportaram a crítica dirigida a monsenhor Câmara, e do insulto passaram à ação, trocando-se golpes e pontapés, até que a polícia interveio para acalmar os ânimos dos exaltados, sem chegar a efetuar detenções. O Pe. Ferreira, que celebrava a Missa nesse momento, saiu à rua e teve que ser protegido por quatro paroquianos para não ser atacado pelos manifestantes, enquanto gritava : "Ou estamos com a Igreja, ou somos traidores". Em Sorocabana [sic], os promotores da distribuição do referido manifesto foram também recriminados por fiéis que se retiravam das igrejas, os quais expressaram: sua indignação contra eles, proferindo insultos. O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, monsenhor Castro Pinto, alertou a população contra o desvirtuamento da verdade em torno da divulgação do documento do padre Comblin, qualificado por alguns setores como "subversivo".
Outro incidente?
"O Estado de S. Paulo" trouxe ainda a seguinte correspondência de sua sucursal de Belo Horizonte, sob o título de "Carmelitas condenam movimento":
"Os Padres Carmelitas da Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Belo Horizonte, voltaram a condenar domingo as atividades da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família, e Propriedade — TFP — cujos membros aproveitaram a saída dos fiéis das Missas dominicais para distribuir, um panfleto no qual o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira denuncia como "subversivo" o Padre Joseph Comblin, autor de um estudo sobre a necessidade de mudanças de estrutura social. [...] Depois de afirmar em todas as Missas que os membros da TFP, "embora algumas vezes se baseiem em declarações de Bispos, para fazer suas campanhas, mas não têm qualquer ligação com a Igreja Católica", os Padres Carmelitas impediram que os elementos daquela entidade distribuíssem a publicação na porta da igreja, obrigando-os a se afastarem do local".
Comunicado da TFP esclarece o que realmente ocorreu no Rio e em Belo Horizonte
Esclarecendo os fatos apresentados por esse noticiário fantasioso, o Serviço de Imprensa da TFP distribuiu aos jornais o seguinte comunicado:
"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade promoveu a distribuição ao público em São Paulo, Belo Horizonte e Guanabara, de volantes contendo o texto integral da carta em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da entidade, profligando o documento do Pe. Comblin, pede a D. Helder Câmara, Arcebispo de Recife, providências contra o Sacerdote subversivo.
A referida distribuição transcorreu num ambiente de inteira tranqüilidade, dando ensejo a que inúmeras pessoas manifestassem sua calorosa simpatia pela atitude enérgica da TFP face à intervenção do Sacerdote comuno-católico nos assuntos nacionais.
Uma nota dissonante ocorreu entretanto na Guanabara, em frente à Igreja de Santo Inácio. E, como sobre ela se veiculassem em alguns órgãos da imprensa com grande alarido notícias inexatas, a TFP se sente no dever de fornecer ao público a exata versão dos fatos ocorridos.
Por volta das 16:30 horas, postou-se em frente à Igreja de Santo Inácio um grupo de jovens da TFP, que levavam consigo quatro estandartes da associação — o bem conhecido estandarte rubro com o leão rompante. E, fazendo uso da liberdade que a Constituição concede a todos os brasileiros, começaram a distribuir aos transeuntes o volante alusivo ao documento subversivo do Pe. Comblin. A distribuição, feita com a cortesia que notoriamente caracteriza os jovens que em nome da TFP se dirigem ao público, era igualmente acolhida pelos transeuntes com a afabilidade peculiar a nosso povo.
A certa altura, porém, saiu da Igreja de Santo Inácio um Sacerdote paramentado, o Padre Rubem Ferreira. Com ele vieram algumas pessoas provenientes do próprio templo e outras procedentes do Colégio Santo Inácio (contíguo à igreja). Quer o Sacerdote, quer os manifestantes, aos brados invectivavam os jovens da TFP de fascistas, e protestavam enraivecidamente contra a distribuição dos volantes. O motivo que os agressores alegavam é que eram entusiastas de D. Helder Câmara e, assim, não permitiam a distribuição. Cumpre notar, a êste propósito, que tais volantes não contêm qualquer alusão ao Arcebispo de Recife.
Enquanto tais fatos se passavam, os jovens da TFP continuavam a distribuição a apreciável distância da porta da igreja, limitando-se a afirmar, por meio de megafone, que estavam no exercício pacífico de um direito consagrado por lei.
Em determinado momento, o fanatismo desses intolerantes admiradores de D. Helder Câmara, chegou a um tal ponto, que caminharam rumo aos jovens da TFP e passaram a agredi-los, chegando até a atingir um deles com socos e pontapés. Estes últimos defenderam-se por algum tempo, mas, notando que o tumulto tornava impossível a distribuição dos volantes, retiraram-se numa "Rural Willys" de propriedade de um deles.
É falso que um dos estandartes da TFP tenha sido arrebatado e queimado pelos transeuntes.
Conclusão na página 6
Nestas fotos de um vespertino carioca vê-se o Pe. Rubem Ferreira sair à rua, paramentado, para invectivar os jovens da TFP que, a 20 m da Igreja de Santo Inácio, distribuíam a carta sobre o Pe. Comblin; em baixo, com seu estandarte alçado, os moços afirmam energicamente que é seu direito prosseguir na distribuição
Homenagem a soldado vítima do terrorismo
Por ocasião do atentado terrorista contra o Quartel General do II Exército, em São Paulo, no qual pereceu a sentinela Mário Kosel Filho, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou ao Brigadeiro Faria Lima, Prefeito da Capital paulista, o seguinte telegrama: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, participando da indignação geral contra o atentado de que foi vítima o valoroso sargento Mário Kosel Filho, sugere a V. Excia. que confira o glorioso nome desse jovem militar à nova rua, ainda sem nome, para a qual dá uma parte do terreno em que se encontra o Quartel General da 2a Divisão de Infantaria".