(continuação)
1.600.368 CONTRA MINORIA
campanha receberam assim boa divulgação. As refutações, entretanto, foram muitas vezes recusadas, ou reproduzidas em minúsculos resumos. Fatos inteiramente inverídicos — como a queima de uma bandeira russa, por elementos da TFP, por ocasião da Missa celebrada no Rio pela libertação da Checoslováquia — foram publicados com títulos hostis e imerecido realce. O desmentido correspondente ou não saía, ou saía muito minguado.
Para furar esse verdadeiro cerco, a TFP teve que se servir de anúncios pagos, em grandes jornais. Através deles a Sociedade procurava informar periodicamente o público sobre o desenvolvimento da campanha.
Num desses anúncios — correspondente ao total de 335.300 assinaturas obtidas em 8 dias — fazia-se cordialmente um apelo aos órgãos de difusão que se vinham mostrando hostis, no sentido de adotarem uma atitude de efetiva imparcialidade no informar, dessa mesma imparcialidade de que a maioria deles costuma fazer praça.
Sentindo-se atingidos por essa censura cortês, e percebendo a repercussão que ela não podia deixar de ter na opinião pública, alguns jornais, rádios e TVs abriram-se um pouco mais, mas, mesmo assim, apenas o mínimo necessário para não ficar excessivamente chocante o seu boicote.
O anúncio comunicando a obtenção de 500 mil assinaturas em 13 dias tinha o seguinte texto, que não podemos deixar de reproduzir aqui:
"A TFP ao povo. Uma propaganda cheia de lábia ia abalando o Brasil. Mas a TFP liquidou com este "bluff". A lábia dizia: os católicos devem marchar para extrema esquerda a fim de sincronizar com os anseios do povo. A TFP provou o contrário. Em apenas 13 dias!... 500.000 brasileiros... já pediram a Paulo VI medidas para conter a infiltração esquerdista em meios católicos. [Segue-se a lista das cidades com as assinaturas]. Se a História no ano 2.000 for imparcial, proclamará que: — apesar dos silêncios inexplicáveis... — apesar das invectivas desconcertantes... — apesar das agressões sistemáticas... — os jovens militantes da TFP, universitários, comerciários, operários, provaram que a propaganda labiosa blefava e que o Brasil hodierno diz não para o progressismo esquerdista".
O anúncio comemorativo da milionésima assinatura é reproduzido na última página desta edição.
Não podendo mais permanecer silenciosos, certos setores da grande imprensa desencadearam o que a TFP definiu, num comunicado oficial, como "campanha de calúnia e terrorismo publicitário": foi uma verdadeira maré de difamações destinadas, visivelmente, a aniquilar a TFP. Começou-se por difundir aos quatro ventos — juntamente com outras balelas a que aludimos neste noticiário — que a TFP ilaqueara a boa-fé da Senhora Yolanda Costa e Silva, fazendo-a dar o seu apoio a uma mensagem que conteria ataques ao Presidente Eduardo Frei, então em visita ao Brasil.
Não surtindo efeito esta primeira onda, lançou-se uma segunda, que consistia em propalar que a TFP estava empenhada numa conspiração para derrubar o Governo! Transcrevemos a seguir o comentário, repassado de desprezo, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira opôs, num de seus artigos semanais para um matutino paulista, a essa absurda acusação:
"Como se fossem postas em ação pelo aceno de uma vareta mágica, as mil trombetas do terrorismo publicitário se puseram a deitar alaridos, de norte a sul, contra a TFP. A calúnia entrou por toda parte, e encontrou eco por vezes até em jornais de larga e incontestável reputação. De repente, como se a vareta se tivesse cansado de a reger, a orquestração parou com a mesma simultaneidade com que começara. O que resta agora dessa furibunda investida do terrorismo publicitário? Nada...
"Não é de meu feitio perseguir o opositor vencido, nem ir ao encalço do adversário que cessou de atacar. Calou a detração, calo-me eu. Mesmo porque nada há de mais desengraçado, para tema de um artigo, do que a calúnia velha, que perdeu a vida e a capacidade de impressionar.
"Limito-me, pois, a afirmar aqui que a suposta participação da TFP em uma conspiração contra o Governo não passa de uma balela inventada pela infâmia e veiculada pelo sensacionalismo".
De qualquer modo, bem ou mal, a imprensa teve que falar da TFP. Foi impossível manter a "conspiração de silêncio". Temos à mão mais de 2.200 recortes de jornais, relativos à campanha, — dos quais 1.200, pelo menos, detratam a TFP, seus sócios e colaboradores. São jornais de todo o Brasil, e também do Exterior.
Num próximo número de "Catolicismo" pretendemos dedicar um noticiário especial às repercussões da campanha na imprensa, nacional e internacional.
Para este número, uma palavra apenas: do contato direto com o público em cerca de duzentas cidades, e do estrondo publicitário que, bom grado, mau grado, se produziu, resultou que não há hoje em dia pessoa medianamente informada, no Brasil, que não tenha notícia da TFP. E não saiba que a entidade é uma forma nova que se implanta para bloquear o passo do comunismo em nossa Pátria.
Celebrações, em São Paulo, da milionésima assinatura
Para assinalar a obtenção — em 30 dias — da milionésima assinatura, diretores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade e militantes de São Paulo reuniram-se num almoço festivo numa fazenda amiga. Após colherem assinaturas em Jundiaí, Itatiba e Amparo, no período da manhã, os militantes se dirigiram para a Fazenda Morro Alto, que fica perto desta última cidade, e aí lhes foi servida a tradicional feijoada paulista. À tarde, após Missa celebrada pelo Revmo. Frei Jerônimo Van Hintem, O. Carm., discursaram para os dirigentes da entidade e militantes, no pátio da fazenda, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e o Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, que ressaltaram o alcance do trabalho desenvolvido pelos sócios da TFP e pelos militantes, na coleta de um milhão de assinaturas.
Durante a semana que se seguiu a essa festa, duas grandes faixas de percalina rubra, em forma de estandarte, medindo 1,20 metros de largura por 4,50 de altura, foram erguidas no Viaduto do Chá, em São Paulo, anunciando em letras douradas garrafais, simplesmente: "TFP — 30 dias — 1.000.000".
Também para celebrar o extraordinário resultado que representava o milhão de assinaturas, a TFP publicou, em grandes órgãos de imprensa do País, um comunicado em que respondia às principais calúnias da máfia comuno-progressista contra a campanha. Ver na última página desta edição a reprodução deste comunicado.
Estandartes e coletores, de luto pela invasão da Checoslováquia
Na madrugada de 21 de agosto, as tropas soviéticas, em conexão com outras forças do Pacto de Varsóvia, invadiram a Checoslováquia.
A oportunidade recomendava uma demonstração que exprimisse os sentimentos da TFP perante uma tão brutal agressão, e contribuísse para acentuar a repulsa que esta encontrou desde logo na opinião nacional.
A TFP saiu então às ruas, no prosseguimento de sua coleta de assinaturas para a mensagem ao Papa, com sinais de luto pela invasão da Checoslováquia. Os militantes usavam uma larga faixa negra atravessada sobre o peito, e os estandartes estavam tarjados de preto. Cartazes e slogans esclareciam que ao repúdio pelo crime dos soviéticos se juntavam os votos da TFP de que o comunismo em breve fosse varrido daquele país.
Mais uma vez a opinião pública viu com simpatia a manifestação da TFP e aplaudiu a iniciativa.
Caravana ao Norte e Nordeste
A TFP possui Secções atuantes no Ceará e em Pernambuco, e começa a irradiar, muito promissoramente, sua atuação em outras capitais do Norte e Nordeste do País, onde já conta com vários simpatizantes. Entretanto, o número de coletores com que poderia contar, nessas cidades, não era de molde a obter uma quantidade de assinaturas que, chegando a ser impressionante, pudesse opor um desmentido proporcionado à atroada publicitária que apresenta aquelas regiões do País como focos potenciais de comunismo.
Daí nasceu a ideia de se organizar uma caravana que percorresse as principais capitais do Norte e do Nordeste. Quarenta e cinco militantes de São Paulo dirigiram-se primeiramente para Recife, onde, em colaboração com os operosos coletores locais, em quatro dias obtiveram 29 mil assinaturas. Em seguida, em grupos de dois ou três, percorreram outras capitais e cidades, permanecendo alguns dias em cada uma. A receptividade do público foi sempre das melhores. Não fosse a falta de cobertura policial, em certos casos, para conter a ação dos baderneiros de esquerda, bem como a exiguidade de tempo e coletores, os totais atingidos teriam sido ainda mais impressionantes (ver na última página os resultados obtidos).
Telegrama ao Papa: a campanha continua
Ao ensejo da viagem do Papa Paulo VI à Colômbia, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou a Sua Santidade um "telex" no qual comunicava o êxito que a campanha vinha alcançando, e informava que a TFP julgava não dever retirar ao povo tão preciosa ocasião de expor ao Vigário de Cristo suas graves apreensões e angústias. Nestas condições, continuaria a Sociedade a coletar assinaturas, as quais seriam posteriormente entregues em Roma. É a seguinte a íntegra do despacho:
"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade redigiu uma mensagem apresentando a Vossa Santidade a homenagem de seu mais profundo respeito e amor filial, por ocasião da chegada de Vossa Santidade ao continente americano. Na mesma mensagem implora ela ao Augusto Pontífice medidas destinadas a conter a infiltração de tendências socialistas e comunistas nos meios católicos. Tendo pedido ao povo brasileiro que subscrevesse essa mensagem, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade já colheu mais de um milhão de assinaturas, em apenas 30 dias, destacando-se entre os signatários Arcebispos, Bispos, Ministros de Estado, Marechais, Almirantes, Brigadeiros do Ar, Governadores e Secretários, de Estado, Senadores, Deputados, prefeitos e vereadores municipais, professores universitários e pessoas de todas as classes sociais, desde a distinta Esposa do Sr. Presidente da República até trabalhadores manuais. Como o número de signatários continua a crescer, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade julga dever não retirar ao povo essa preciosa ocasião de expor ao Augusto Vigário de Cristo suas graves apreensões, e assim continuará a coleta de assinaturas, que serão posteriormente entregues a Vossa Santidade em Roma. Reiterando a Vossa Santidade a expressão de sua profunda veneração e afirmando seu propósito de continuar, no campo cívico, a atuar em favor da ordem natural, luminosamente exposta pelos Romanos Pontífices, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade pede a Bênção Apostólica. — Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional".
Uma notícia atribuída a D. Helder Camara
A imprensa carioca publicou declarações do Arcebispo de Recife, D. Helder Camara, de regresso da Colômbia, segundo as quais o Santo Padre teria recusado audiência aos "representantes da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, pois foi avisado previamente de que o representante desta entidade, D. Sigaud, havia mantido contatos, no Brasil, com elementos radicais do meio militar, contrários a todo e qualquer tipo de reformas".
A este propósito, a TFP deu a lume a nota que estampamos na p. 12 deste número
A entrega ao Santo Padre Paulo VI será em Roma
Conforme as declarações da TFP, a entrega ao Santo Padre da mensagem do Conselho Nacional e dos abaixo-assinados de adesão à mesma será feita em Roma.
A TFP brasileira está mantendo contatos com suas congêneres argentina, chilena e uruguaia para o envio de uma delegação conjunta das quatro entidades, que proceda à entrega simultânea das assinaturas angariadas nos quatro países.
No dia 8 de outubro, quando encerrávamos a presente edição, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou este novo telegrama a Sua Santidade: "A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade tem a honra de comunicar ao Vigário de Cristo haver obtido 1.586.218 assinaturas para a mensagem pedindo a Sua Santidade medidas contra a infiltração comunista em meios católicos. O encerramento da campanha de coleta de assinaturas se deu em São Paulo perante um público calculado em duas mil pessoas, com a presença de autoridades e pessoas de todas as classes sociais. Entregaremos oportunamente a Sua Santidade as listas com as assinaturas coletadas. — Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional".
Campanha repercute em círculos do Vaticano
A imprensa diária publicou, no dia 24 de setembro, com destaque, o seguinte despacho de uma agência noticiosa internacional, o qual, embora não tenha sido confirmado, indica que o abaixo-assinado da TFP impressionou círculos vaticanos e europeus:
"CIDADE DO VATICANO, 23 (UPI-FOLHA) — Fontes autorizadas da Santa Sé revelaram hoje que o Papa Paulo VI fará, dentro em pouco — talvez na audiência coletiva de depois de amanhã — uma advertência pública a todos os católicos, sobre a possibilidade de suas atividades políticas estarem sendo usadas em favor dos comunistas.
"Observadores do Vaticano disseram que o discurso do Papa poderá ter consequências muito importantes, talvez trazendo de volta a "guerra fria" entre o comunismo e a Igreja, que culminou em 1948, com a excomunhão dos católicos que votassem nos partidos comunistas.
"Círculos do Vaticano informaram que o Papa ficou muito preocupado com a ocupação de Catedrais no Chile e na Itália, e com as atitudes de círculos católicos latino-americanos favoráveis ao uso da violência como forma de atingir a justiça social.
"Um grupo conservador brasileiro – a organização Tradição, Família e Propriedade — afirmou ter conseguido 1.500.000 assinaturas para uma carta ao Papa denunciando o que chama de infiltração comunista na Igreja, pedindo que o Papa agisse contra "os Sacerdotes progressistas e leigos favoráveis ao comunismo" (cf. Folha de São Paulo, de 24-9-68).
*
Não podemos encerrar este noticiário sem um breve comentário de natureza espiritual.
Jornal católico, como o seu próprio nome diz, "Catolicismo" deve apresentar a seus leitores não só o aspecto natural dos acontecimentos, como também uma visão sobrenatural deles.
Depois da análise que fizemos da situação nacional e do perigo que representa para o País a infiltração esquerdista na Igreja, não é possível deixar de reconhecer que a Providência, atuando pela mediação de Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, derramou sobre a nossa Pátria um conjunto especial de graças. Essas graças atuaram sobre o povo brasileiro — que a elas correspondeu — e vimos esse fato magnífico que foi o pronunciamento maciço do público em defesa dos princípios básicos da civilização cristã, ameaçados por uma minoria de eclesiásticos e leigos que se declaram católicos. A própria Igreja ganhou com este embate, no qual a aludida minoria viu-se denunciada e repelida pela enorme multidão.
Não será fácil depois disto, a esses que se dizem católicos esquerdistas, continuar a agir com a afoiteza a que estavam habituados. A opinião pública aprendeu a os conhecer, e será preciso que eles procedam com muito maior discrição — ou que arrisquem tudo numa última cartada, desmascarando-se definitivamente e totalmente.
Peçamos a Nossa Senhora Aparecida, a quem devemos agradecer mais esta grande vitória, que nos livre agora do supremo desvario a que podem ser induzidos os inimigos de nossa Religião e de nossa Pátria.
Ver na Página 18 noticiário da sessão de encerramento da campanha
Ao longo de sua campanha, a TFP sofreu ataques tanto mais surpreendentes quanto partiam de representantes da Hierarquia. Amplamente divulgados pela imprensa, a Sociedade os silenciou mediante respostas respeitosas e firmes;
DEFENDENDO-SE DOS ATAQUES MAIS INESPERADOS
Resposta a departamento do Secretariado Sul-2 da CNBB
Dois dias depois de iniciada a campanha de coleta de assinaturas, O DEPARTAMENTO DE OPINIÃO PÚBLICA DO SECRETARIADO REGIONAL SUL-2 da CNBB divulgava um comunicado contra a iniciativa da TFP. A propósito a Secção paranaense da Sociedade deu a público uma nota em que exprime "a profunda decepção com que tomou conhecimento do comunicado". Reza o documento da TFP do Paraná:
"Na legítima defesa de seu renome e para fazer prevalecer a verdade, a TFP torna pública as seguintes observações:
1 — Ao contrário do que poderiam imaginar pessoas menos informadas, o referido Departamento não é órgão de todo o Episcopado Nacional, mas o é apenas do Episcopado Paranaense;
2 — O dito Departamento não é constituído pelos Srs. Bispos do Paraná, mas é apenas um organismo a serviço deles;
3 — O Departamento em questão faltou com a verdade ao afirmar que a TFP está "se servindo do nome, da autoridade e do prestígio da Igreja e do Santo Padre". É só ler o abaixo-assinado para verificar que estamos enviando uma mensagem ao Sumo Pontífice, o que é bem diferente de falar em nome do Sumo Pontífice;
4 — Ademais, o Departamento faltou com a verdade ao afirmar que em nosso abaixo-assinado estamos "atacando a Igreja, membros da Hierarquia e Clero". Basta ler nosso abaixo-assinado e nossos folhetos de propaganda para verificar a falsidade da afirmação;
5 — Além do mais, o Departamento incide em uma suprema incoerência. Ele ataca a TFP como se esta fosse contra o Clero, quando defendemos em nossos folhetos o Episcopado e o Clero contra as furiosas acusações do Pe. Comblin. Assim, o Departamento defende o clérigo anticlerical e subversivo e ataca os bons brasileiros que, atuando no campo cívico, saíram em defesa das instituições e também daquilo que o Clero nacional tem de mais respeitável".
Ao Exmo. Secretário-Geral da CNBB
O Presidente do Conselho Nacional da TFP, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, enviou ao Exmo. D. ALOISIO LORSCHEIDER, Secretário-Geral da CNBB, uma carta em que refuta declarações daquele Prelado à imprensa contra a ação da entidade. Destacamos dela o seguinte trecho:
"A TFP saiu a campo em defesa destas instituições [Forças Armadas, Poder Civil, Clero e autoridades judiciárias]. Seria natural que V. Excia. apoiasse a campanha. Pelo contrário, não teve uma palavra de censura ao subversivo e anticlerical Sacerdote [o Pe. Comblin]. E, mais ainda, V. Excia. declarou à imprensa que a TFP afirmava estar agindo em nome da Igreja. Em bem da verdade, queira V. Excia. exibir as provas dessa grave acusação, esclarecendo, também, se se pronunciou em nome da CNBB, da qual é Secretário-Geral, ou em nome próprio".
Ao Exmo. Bispo de Volta Redonda
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira respondeu igualmente ao Exmo. D. WALDIR CALHEIROS, Bispo de Volta Redonda, o qual declarara aos jornais ignorar o abaixo-assinado da TFP. "Dado que V. Excia. — ponderou o Presidente do Conselho Nacional da entidade — se ufana de estar constantemente a par do que deseja o povo, convidamo-lo a tomar na devida conta os resultados dessa campanha, que constitui uma das mais vigorosas manifestações de opinião popular nos últimos tempos. Assim ficará sabendo que incontáveis brasileiros conhecem e repudiam tristes sintomas de radical esquerdização, que ultimamente vêm induzindo em confusão muitos meios católicos".
Ao Exmo. Vigário-Geral de Porto Alegre
A imprensa de Porto Alegre estampou com grande destaque as declarações do Vigário-Geral daquela Arquidiocese, Exmo. MONS. URBANO ALLGAYER, atribuindo à TFP o pichamento de paredes da Catedral Metropolitana. Em vista disso, o Sr. João Menezes Costa, Presidente da Secção do Rio Grande do Sul da Sociedade, enviou àquele Sacerdote uma carta da qual destacamos os seguintes trechos:
"Assevera V. Revma. que os pichamentos com que amanheceu nossa Catedral têm ligação com a campanha de abaixo-assinados que estamos promovendo contra a infiltração comunista na Igreja. A TFP censura veementemente tal pichamento, atentatório à dignidade de nossa veneranda e querida Catedral. Métodos de ação como este são contrários aos hábitos da TFP, como é notório em todo o País. Se V. Revma. se julgou em condições de nos assacar esta imputação caluniosa, é de justiça que exiba em público as provas em que se baseou.
V. Revma. assevera que a TFP está — a propósito do documento do Pe. Comblin — atacando a Santa Igreja. Nos folhetos que distribuímos, nenhum ataque existe à Igreja. Num deles, pelo contrário, defendemos a Igreja contra as furiosas investidas do Pe. Comblin. Não compreendemos como possa V. Revma. ter, a tal ponto, falseado a realidade".
E mais adiante: "Não sabemos se o pichamento da Catedral foi de autoria de um grupo de comunistas empenhados em criar um pretexto para que pessoas como V. Revma. venham em socorro do Pe. Comblin, ou se foi obra de alguma organização anticomunista que não a TFP. Em todo caso, a própria fotografia de "Zero Hora" sobre o pichamento traz a sigla de uma organização anticomunista que não é a nossa. Perguntamo-nos porque V. Revma., tão pronto em suspeitar, não suspeitou dessa organização".
— "Ataques como este são característicos de uma campanha de intimidação que, entretanto, não tem, de nenhum modo, empanado o brilhante e crescente sucesso do abaixo-assinado", comentou a TFP em nota distribuída à imprensa.
Ainda ao departamento de um Regional da CNBB
Tendo O DEPARTAMENTO DE OPINIÃO PÚBLICA DO SECRETARIADO REGIONAL SUL-2 da CNBB, em longo comunicado subscrito pelo Revmo. CÔNEGO PAULO HAROLDO RIBEIRO, procurado refutar, pelos jornais, a nota da TFP paranaense, respondeu esta, também pela imprensa:
"Temos a reafirmar que aquele órgão faltou à verdade, ao falar de "membros da mesma Sociedade [TFP] que, servindo-se do nome, da autoridade e do prestígio da mesma Igreja e do Santo Padre, o Papa Paulo VI, aproveitam-se para levar o descrédito à mesma Igreja e gerar confusão nos meios católicos e cristãos de Curitiba e do Brasil". Se a afirmação de que no comunicado do Regional Sul-2 se faltou com a verdade desagradou ao Côn. Paulo Haroldo Ribeiro, só lhe resta o caminho de exibir as provas de sua acusação". Depois de transcrever diversas afirmações anticlericais do Pe. Comblin "em seu famigerado estudo", conclui a TFP paranaense: "O Côn. Paulo Haroldo Ribeiro, em sua nota, sustenta que não conhece nenhum clérigo anticlerical. Perguntamos se o Pe. Comblin não é anticlerical e se não são anticlericais os clérigos que o apoiam. Torna-se absolutamente impossível, para o porta-voz do Departamento de Opinião Pública do Regional Sul-2 da CNBB, fugir a estas duas questões".
Ao Exmo. Administrador Apostólico de Botucatu
O Presidente do Conselho Nacional da TFP enviou uma carta ao Exmo D. ROMEO ALBERTI, Administrador Apostólico de Botucatu, respondendo a declarações prestadas por aquele Prelado à imprensa paulista:
"Tomei conhecimento da seguinte declaração de V. Excia., publicada em "A Gazeta" de 24 de julho: "O movimento [o abaixo-assinado da TFP] não tem sentido. Que existem Sacerdotes desejosos de levar a mensagem do Evangelho à realidade brasileira, é verdade. Que estes Sacerdotes sejam subversivos e comunistas, não é verdade. Portanto, essa coleta de assinaturas não tem sentido".
Peço vênia para manifestar a V. Excia. minha enorme surpresa à vista desta declaração. Tão enorme, que supõe até tratar-se de um equívoco da imprensa. Com efeito, o escrito do Pe. Comblin regorgita de afirmações censuráveis. E não poucos eclesiásticos se têm manifestado pela imprensa, a favor deste documento. Eu compreenderia que alguém dissesse que está de acordo com o Pe. Comblin. Mas, que não seja subversivo e de extrema-esquerda o pensamento do Sacerdote belga e dos que o apoiam, parece-me incompreensível. Por isto mesmo, também me parece incompreensível dizer que a campanha da TFP não tem sentido.
No momento em que a Igreja dialoga com todos e até mesmo com Sacerdotes que lhe enviam mensagens as quais estarreceram ponderáveis setores da opinião pública, estou certo de que V. Excia. não me levará a mal que lhe peça uma palavra de explicação a respeito deste assunto".
Ao Exmo. Arcebispo de Porto Alegre
Tendo sido publicadas em vários pontos do País declarações do Exmo. Arcebispo de Porto Alegre, D. VICENTE SCHERER, sobre a atuação da TFP, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira emitiu a respeito a seguinte nota:
"Quero crer que as declarações do Sr. Arcebispo de Porto Alegre não tenham sido reproduzidas com exatidão. Como, entretanto, o Prelado não as retificou, vejo-me na contingência de defender contra elas o renome da TFP.
Tendo sido pichada com dizeres anticomunistas a Catedral de Porto Alegre, S. Excia. declarou achar "estranho que aconteça [tal fato], justamente quando um grupo de pessoas, portando cartazes, saem às .ruas para ganhar publicidade abordando muitas vezes, transeuntes para assinar listas sem o menor escrúpulo". E, mais adiante, acrescenta que o pichamento parece ter "certa ligação com a Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade".
Como se vê, a acusação — como foi publicada — é imprecisa em tudo, exceto no mencionar o nome da entidade acusada. Quanto ao mais, é um modelo de imprecisão. S. Excia. não afirma que há "certa ligação" entre a TFP e o pichamento, mas apenas que "parece" haver. E não precisa de que natureza seja a "certa ligação" de que fala. Perguntamos como seria tal "ligação". A TFP teria executado o pichamento? Tê-lo-ia inspirado? Seria este pichamento obra apenas de algum popular indignado com o escrito do Pe. Comblin? Sobre tudo isto, o Sr. D. Scherer é vago.
Quando uma pessoa, sobre a qual pesa a responsabilidade de uma alta função faz uma tão grave acusação contra uma entidade, é indispensável que entre em precisões sobre todos esses matizes. E, quando não está em condições de os precisar, a justiça pede que não divulgue sua acusação. Pois a ninguém é lícito difundir juízos que, por seu próprio caráter vago, são manifestamente temerários.
Aliás, a bem dizer, S. Excia. não publicou um juízo sobre a TFP, mas meras suspeitas. Ele mesmo o confessa quando declara textualmente "não ter conhecimento de quem possa ser o autor do pichamento".
Assim, enquanto a ética recomenda que jamais se tente prejudicar a fama de alguém sem ter colhida cuidadosamente as provas, no presente caso o respeitável mas açodado acusador confessa que o insulto que atirou à face da Sociedade, não passa de meras suspeitas... A estas suspeitas a TFP está no dever de opor o mais categórico desmentido, pedindo ao mesmo tempo ao Sr. D. Scherer que investigue com cuidado qual a autoria do pichamento, e depois saia novamente a público, dizendo que resultados encontrou.
Já anteriormente àquele Arcebispo, o Vigário-Geral de Porto Alegre, Mons. Urbano Allgayer, fizera à TFP análogas acusações, respondidas com brilho pelo Eng.° João Menezes Costa, Presidente da Secção gaúcha da entidade. Este último perguntou ao Vigário-Geral porque suspeitava da TFP, cujo nome não estava pichado nas paredes da Catedral, e não do CCC, cujas sigla ali estava pichada. O Vigário-Geral não pôde responder. Igual pergunta agora nos toca apresentar atenciosamente ao Sr. Arcebispo D. Vicente Scherer.
Este último, como vimos acima, acusa também os valorosos e abnegados moços que colhem assinaturas, de serem pessoas que "saem às ruas para ganhar publicidade", etc., etc. Seria indispensável que S. Excia. fornecesse provas de mais esta acusação. Porquanto, a imagem que o Brasil inteiro tem na retina e no coração, a respeito dos coletores de assinaturas da TFP, é de jovens abnegados, invariavelmente corteses, incapazes de forçar quem quer que seja a assinar a contragosto, e aos quais até mesmo adversários de uma lealdade autêntica não têm recusado testemunhos da maior admiração".
Prossegue a nota da TFP, em resposta a outra acusação:
"Que haja Bispos formalmente comunistas, ao que nos consta é pouca gente que ousa dizê-lo. Há rumores em muitos círculos de que este ou aquele Bispo tem, sobre este ou aquele ponto, ideias que se ressentem, em grau maior ou menor, de uma influência comunista. S. Excia. está categoricamente persuadido do contrário: é direito seu dizê-lo com toda a ênfase que deseje.
Mas isto não lhe dá o direito de afirmar que dirigentes da TFP estão empenhados em difundir que "há Bispos comunistas". Ainda aqui, pedimos a S. Excia. que aponte onde encontrar — em nossos numerosos escritos e material de propaganda — fundamento para tal acusação.
O que afirmamos em nosso abaixo-assinado é claro e preciso. Não pode ser deturpado para mais ou para menos.
E isto, perto de 600 mil brasileiros, assinando nossas listas, o têm por público e notório.
Ou nosso País é uma terra de imbecis, ou é preciso dar o devido valor a este maciço e impressionante depoimento do povo".
Ao Exmo. Arcebispo de Florianópolis
A Secção de Santa Catarina da TFP distribuiu à imprensa o seguinte comunicado:
"A Secção de Santa Catarina da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade em face do pronunciamento do Exmo. Sr. Arcebispo de Florianópolis, D. AFONSO NIEHUES, publicado em "O Estado", no dia 24 de julho último, julga-se no dever de apresentar ao público os seguintes esclarecimentos:
1 — O Sr. Arcebispo de Florianópolis, reconhecendo embora que "qualquer pessoa ou entidade" tem "o direito e liberdade de dirigir-se diretamente ao Papa, a fim de apresentar as suas queixas ou formular seus pedidos", ponderou que esta Sociedade "não deveria agir, na esfera religiosa, sem entendimento prévio com o respectivo Bispo Diocesano".
Em vista desta declaração, a TFP julga oportuno lembrar que, o abaixo-assinado por ela promovido tendo âmbito nacional, seria da maior dificuldade tomar contato previamente
(continua)