Um pronunciamento altamente autorizado
O Bispo Diocesano reprova comunicado contra a TFP
Durante a recente reunião da Comissão Central da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada no Rio de Janeiro, o secretariado de imprensa do venerando órgão distribuiu uma notícia dos trabalhos que não poupa acusações à TFP. Essa notícia foi largamente difundida pelos jornais. Apresentamos aqui o seu texto autêntico, tal como foi distribuído por aquele secretariado:
"SOCIEDADE "TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE". D. Vicente Scherer ficara encarregado de apresentar êste assunto. Dissertou sobre a história do “integrismo” desde seus primórdios, no século passado, mostrando que a TFP insere-se nessa corrente. Um dos aspectos mais graves de sua atividade é a sua interferência na vida das Dioceses. Terminada a exposição de D. Scherer, vários Bispos tomaram a palavra buscando esclarecer melhor a questão e trazendo cada um a própria experiência a respeito. No final, ficou decidida a constituição de uma comissão de três membros para propor à Comissão Central medidas práticas a respeito".
A propósito dessa notícia, o Exmo. Revmo. Sr. D. ANTONIO DE CASTRO MAYER enviou ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a lúcida e incisiva carta que passamos a transcrever:
"Campos, 30 de outubro de 1968. Muito prezado Dr. Plínio: Com pesar, tomei conhecimento de um comunicado distribuído pelo serviço de imprensa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a propósito dos assuntos ventilados na reunião de sua Comissão Central, realizada neste mês. Há nele um julgamento sobre a natureza e as atividades da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, de cujo Conselho Nacional o prezado Amigo é digno e eficiente Presidente, que não corresponde à realidade. Diz o comunicado que a TFP insere-se na corrente "integrista" do século passado. Diz, além disso, que um dos aspectos mais graves de sua atividade é a sua interferência na vida das Dioceses. Tal julgamento, sem diminuir em nada a consideração e o respeito que devo aos ilustres membros da Comissão Central da CNBB, em consciência, devo reprovar.
É verdade que o comunicado relaciona-se com a reunião da Comissão Central, da qual não faço parte. Não obstante, nas atuais circunstâncias, meu silêncio poderia parecer uma tácita aprovação concedida ao ato da Diretoria da CNBB. É, pois, no cumprimento de um dever de consciência, que venho manifestar ao prezado Amigo meu pesar e meu desacordo com relação ao julgamento que a Comissão Central da CNBB fez da natureza e atividades da TFP. "Non dicas malum bonum aut bonum malum", adverte o Pontifical ao Bispo, quando ele se sagra. Foi a advertência que ditou esta carta. De fato, sei que a TFP não tem qualquer ligação, nem real nem ideológica, com o chamado "integrismo", aliás tão misterioso que pôde um escritor francês intitular um de seus livros "L'intégrisme, cet inconnu". É certo que a TFP fez campanhas contra a reforma agrária socialista e confiscatória, que combateu a implantação do divórcio no projeto de novo Código Civil, que despertou no povo a repulsa contra a infiltração comunista nos meios católicos. Tachar de integrismo a oposição a tais reformas é fazer abstração de princípios fundamentais da doutrina católica. Com efeito, são pontos líquidos da lei natural — campo em que age a TFP — o direito de propriedade e a indissolubilidade do matrimônio. Por isso mesmo, a Igreja sempre os ensinou e defendeu, numa tradição ininterrupta: um, contra o socialismo invasor; outra, contra os assaltos da sensualidade. Assim também, o comunismo, desde que apareceu, Ela o considerou intrinsecamente mau, na definição clara da Encíclica "Divini Redemptoris" de Pio XI. E para que não houvesse dúvida sobre o alcance doutrinário desse Documento papal, Pio XII declarou que é em virtude da doutrina cristã que se deve rejeitar o sistema social do comunismo (Aloc. Natal, 1955).
Deduzir das campanhas da TFP que ela é integrista, é concluir demais. A não ser que — hipótese de excluir-se — se queira, como em certos círculos da França, tachar de "integrista" todos e só aqueles que combatem o comunismo e o relaxamento dos costumes entre os fiéis.
Também não vejo como se possa censurar a TFP porque faz uso do direito, que lhe assegura a Constituição do País, de externar suas idéias e realizar suas campanhas, pacificamente — como sempre tem feito — em logradouros públicos. Pacificamente, digo, porque não se pedem atribuir à TFP as agressões de que ela tem sido vítima. Seria uma impudência.
E não venham acusar esta carta de "divisionismo". A união não é coisa que se possa impor na base de um julgamento falso. Seria, aliás, ilícita. Tanto mais, quanto se toleram divergências nada menos do que na aceitação de um Documento do Papa, como é a Encíclica "Humanae Vitae", publicado precisamente com a intenção de reunir os católicos em torno da doutrina e da prática relativas ao ponto delicado do controle dos nascimentos.
Resta-me felicitá-lo e a toda a TFP, pelos brilhantes êxitos das campanhas realizadas contra o agro-reformismo socialista e confiscatório, contra o divórcio e contra a notória infiltração comunista em meios católicos.
Que Nossa Senhora continue a proteger a TFP, como tem feito até o presente, são meus votos, os mais ardentes".
Prestigiosos aplausos à campanha do abaixo-assinado
No decorrer de sua campanha de assinaturas para a mensagem ao Papa pedindo medidas contra a infiltração esquerdista em meios católicos, recebeu a TFP numerosas e expressivas manifestações de apoio e simpatia por parte de altas personalidades da vida política, social, intelectual e religiosa do País.
Já consignamos em nosso número anterior as declarações de dois Prelados que o Brasil inteiro conhece e admira, os Exmos. Srs. Arcebispo de Diamantina, D. GERALDO DE PROENÇA SIGAUD, e o Bispo desta Diocese, D. ANTONIO DE CASTRO MAYER, bem como o prestigioso aplauso da SENHORA YOLANDA COSTA E SILVA.
Queremos registrar hoje mais alguns pronunciamentos que, por sua repercussão junto à opinião pública, representaram valioso contributo para o êxito da campanha da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.
Ministro do Interior; Ministro das Minas e Energia
O General ALBUQUERQUE LIMA, Ministro do Interior, em entrevista coletiva à imprensa, em Recife, no dia 28 de agosto p.p., declarou que a campanha de assinaturas da TFP era um movimento em defesa da Igreja, "apoiado pelos verdadeiros católicos".
Por sua vez, o Ministro das Minas e Energia, Cel. COSTA CAVALCANTI, falando à imprensa carioca no dia 28 de setembro, explicou ser pessoalmente favorável a movimentos de opinião como o da TFP. "Por pensar assim — acrescentou — foi que assinei o manifesto lançado por aquela organização contra a infiltração comunista no seio da Igreja". Disse mais o Deputado Costa Cavalcanti que, como ele, vários outros Ministros também haviam assinado o documento, bem como um grande número de oficiais superiores dos três ramos das Forças Armadas. Esclareceu o Sr. Costa Cavalcanti que o seu procedimento foi plenamente consciente, pois teve o cuidado de ler e de estudar o assunto antes de decidir apoiá-lo publicamente. Para ele a TFP postula uma doutrina política perfeitamente coincidente com as melhores tradições brasileiras.
No Legislativo bandeirante
A Deputada DULCE SALLES CUNHA BRAGA pronunciou na Assembléia Legislativa de São Paulo um discurso elogiando a atuação da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Afirmou que subscrevera "com entusiasmo e convicção" a mensagem promovida pela TFP contra a atuação de eclesiásticos e leigos que favorecem o comunismo.
Por outro lado, acentuou a importância da ação social desenvolvida pela entidade, que mantém em diversas cidades do País, sem fins lucrativos, moradias para universitários, comerciários e trabalhadores. Lembrou que, além disso, a TFP vem oferecendo às classes menos favorecidas os serviços de ambulatórios médicos gratuitos no Rio, São Paulo e Belo Horizonte.
A parlamentar paulista acentuou que, numa época em que a confusão se estabeleceu nos próprios meios católicos, "a TFP tomou a iniciativa da luta contra a subversão" e "assumiu sozinha os riscos de uma campanha por todos os títulos meritória, nem sempre bem compreendida".
Depois de "endossar integralmente" um artigo em que o jornalista Theóphilo de Andrade, no "Diário de São Paulo" do dia 7 de agosto, dava seu apoio à iniciativa da TFP, concluiu a Deputada Dulce Salles Cunha Braga: "Sublime a missão deste grupo de homens valorosos e de boa formação, que constituem a vanguarda da TFP e que, arrostando sacrifícios, conseguiram sacudir a opinião pública brasileira, chamando-lhe a atenção para um problema dos mais graves. Este manifesto já contém em todo o país cerca de 800 mil assinaturas e o seu objetivo é alcançar um milhão de adesões. Estou procurando dar o meu quinhão, correndo uma lista entre as pessoas de minhas relações, e exorto outros bons católicos a que façam o mesmo".
Um Sacerdote ilustre
O Exmo. Mons. DEUSDEDIT DE ARAÚJO, Vigário da Paróquia das Perdizes, em São Paulo, uma das figuras de maior relevo do Clero paulista, enviou ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira uma carta, da qual destacamos o seguinte tópico:
"Peço à benemérita Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade aceitar o meu apoio integral, em todas as suas patrióticas campanhas; assim, neste movimento desassombrado, pela Santa Igreja, que sofre os desatinos dos "progressistas" da mentira. Pouco nos importa a opinião tola do Bispo de Volta Redonda que, há pouco, em programa de televisão, não se conduziu na retilínea do ofício pastoral. A ação da TFP, nesta hora sombria da nacionalidade, quando tanto padecemos os servos de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, afigura-se-me clareira de esperança em meio da floresta escura e de perigos.
O momento histórico não é de sossego e de silêncio. É de luta intimorata daqueles que amam a Esposa Mística do Senhor Jesus".
Na Câmara Municipal de São Paulo
O Vereador Pe. ORLANDO GARCIA DA SILVEIRA, líder da ARENA na Câmara Municipal de São Paulo, proferiu da tribuna dois discursos defendendo a TFP e a campanha promovida pela entidade.
No seu primeiro pronunciamento, feito no dia 9 de agosto, assim se expressou o edil paulistano :
"Esse movimento, esse grupo de rapazes que procuram coletar assinaturas para chamar a atenção das Autoridades Eclesiásticas para certas questões que estão agitando o povo cristão, — também acho que esse movimento é digno e merecedor do nosso crédito. Procurado por esses rapazes, assinei o que desejavam de mim, porque, afinal de contas, eles estão procurando defender a propriedade, a família e os princípios cristãos.
E por que não querem dialogar com eles, quando muitos dos nossos querem, muitas vezes, dialogar até com inimigos da Igreja? Por que não querem, então, dialogar com aqueles que estão dentro da Igreja, defendendo os princípios tradicionais da Igreja?"
No segundo discurso, pronunciado em 21 de agosto, depois de denunciar que "alguns Clérigos e Religiosos, embaidos e iludidos, estão fazendo, no Brasil, justamente o jogo do comunismo", assim se exprimiu o Pe. Orlando Garcia da Silveira:
"Ora, êste movimento que existe em São Paulo e no Brasil todo, em defesa da família, da propriedade e das tradições nossas grandiosas, é um movimento que deve ser prestigiado. Existem aqueles que invectivam contra esse movimento alegando que são os beócios que agem dessa maneira. Eu pergunto, e aqueles que destroem tudo isso, o que são? Esses que estão invadindo a Checoslováquia, que querem a destruição das tradições, a destruição da família, esses não são beócios? Esses são nossos amigos, esses são nossos aliados? E é lamentável que os nossos jornais muitas vezes façam comentários favoráveis a essa classe de extremismo que procura destruir tudo o que há de sagrado, e invectivam contra esses jovens, esses rapazes que procuram defender aquilo que nós, os brasileiros legítimos, os brasileiros de tradição e de sentimentos alevantados, através da história de nossa Pátria sempre procuramos defender, inspirados nos princípios cristãos".
O Papa confirma os fiéis na adesão a grandes verdades rejeitadas pelo progressismo
PROFISSÃO DE FÉ DO SANTO PADRE PAULO VI
Ao encerrar, no dia 30 de junho p.p., o Ano da Fé, consagrado à comemoração do décimo nono centenário do glorioso martírio dos Santos Apóstolos São Pedro e São Paulo, o Papa Paulo VI pronunciou solenemente uma Profissão de Fé que contém as verdades principais da Revelação, as quais são, ora mais, ora menos, obscurecidas pelas elucubrações de certos teólogos e pensadores católicos contemporâneos.
Pela importância do documento, não só à vista de sua augusta origem, como da atualidade de seu conteúdo — tanto maior quando se considera o que representa a Fé genuína para a salvação — julgamos atender à expectativa de nossos leitores transcrevendo aqui o texto integral desse novo Símbolo. Acrescentamos-lhe alguns subtítulos para facilitar a leitura.
"Cremos em um só Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, Criador das coisas visíveis, como êste mundo, onde se desenrola a nossa vida passageira; Criador das coisas invisíveis, como os puros espíritos, que também são denominados Anjos (cf. Dz.-Sch. 3002); e Criador, em cada homem, da alma espiritual e imortal.
UNIDADE E TRINDADE DE DEUS
Cremos que êste Deus único é absolutamente uno na sua essência infinitamente santa, assim como em todas as suas perfeições, na sua onipotência, na sua ciência infinita, na sua providência, na sua vontade e no seu amor. Ele é "Aquele que é", como revelou a Moisés (cf. Ex. 3, 14); Ele é Amor, como o Apóstolo São João nos ensina (cf. 1 Jo. 4, 8); de tal maneira que estes dois nomes, Ser e Amor, exprimem inefavelmente a mesma divina Realidade dAquele que Se quis dar a conhecer a nós e que, "habitando numa luz inacessível" (cf. 1 Tim. 6, 16), é em Si mesmo acima de todo nome, de todas as coisas e de toda inteligência criada. Só Deus pode dar-nos o conhecimento exato e pleno de Si mesmo, revelando-Se como Pai, Filho e Espírito Santo, eterna Vida, de que nós somos por graça chamados a participar, aqui na terra, na obscuridade da fé, e, depois da morte, na Luz eterna. As relações mútuas que constituem eternamente as três Pessoas, que são, cada uma dElas, o único e mesmo Ser divino, são a bem-aventurada vida íntima de Deus três vezes Santo, infinitamente além do que podemos conceber na medida humana (cf. Dz.-Sch. 804). Entretanto, rendemos graças à Bondade divina pelo fato de numerosíssimos crentes poderem dar testemunho conosco, diante dos homens, da Unidade de Deus, embora não conheçam o Mistério da Santíssima Trindade.
Cremos, portanto, no Pai que gera eternamente o Filho; no Filho, Verbo de Deus, que é eternamente gerado; no Espírito Santo, Pessoa incriada, que procede do Pai e do Filho, como seu eterno Amor. Assim, nas três Pessoas divinas, "coaeternae sibi et coaequales" (cf. Dz.-Sch. 75), superabundam e consumam-se na superexcelência e glória próprias do Ser incriado, a vida e a felicidade de Deus perfeitamente uno, e sempre "deve ser venerada a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade" (cf. Dz.-Sch. 75).
JESUS CRISTO
Cremos em Nosso Senhor Jesus Cristo, que é o Filho de Deus. Ele é o Verbo eterno, nascido do Pai antes de todos os séculos e consubstancial ao Pai, "homoousios to Patri" (cf. Dz.-Sch. 150), e por Ele tudo foi feito. Ele Se encarnou por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria e Se fez homem. Portanto, é igual ao Pai segundo a divindade, e inferior ao Pai segundo a humanidade (cf. Dz.-Sch. 76), e é uno, Ele próprio, não por uma impossível confusão de naturezas, mas pela unidade da Pessoa (cf. ibid.).
Ele habitou entre nós, cheio de graça e de verdade. Ele anunciou e instaurou o Reino de Deus e nos fez conhecer nEle o Pai. Deu-nos o seu mandamento novo de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou. Ensinou-nos o caminho das Bem-aventuranças evangélicas: pobreza de espírito, mansidão, sofrimento suportado com paciência, sede de justiça, misericórdia, pureza de coração, vontade de paz, perseguição suportada pela justiça. Padeceu sob Poncio Pilatos, Cordeiro de Deus que carregou sobre Si os pecados do mundo: morreu por nós na Cruz, salvando-nos com o seu Sangue redentor. Foi sepultado e, por seu próprio poder, ressuscitou ao terceiro dia, elevando-nos por meio de sua Ressurreição a essa participação da vida divina que é a vida da graça. Subiu ao Céu e virá de novo, mas desta vez com glória, para julgar os vivos e os mortos: cada um segundo os seus méritos, — os que corresponderam ao Amor e à Misericórdia de Deus, indo para a vida eterna; os que os recusaram até o fim, indo para o fogo que não se extinguirá jamais.
E seu Reino não terá fim.
O ESPÍRITO SANTO, QUE ILUMINA E CONDUZ A IGREJA
Cremos no Espírito Santo, que é Senhor e que dá a vida; que é adorado e glorificado com o Pai e com o Filho. Foi Ele que nos falou por meio dos Profetas; Ele nos foi enviado por Jesus Cristo, depois da sua Ressurreição e de sua Ascensão ao Pai. Ele ilumina, vivifica, protege e conduz a Igreja; Ele purifica os membros dEla se estes não se furtam à ação da graça, que penetra no mais íntimo da alma, torna o homem capaz de responder ao apelo de Jesus: "Sede perfeitos, como também o vosso Pai celestial é perfeito" (Mat. 5, 48).
MARIA SANTÍSSIMA
Cremos que Maria é a Mãe sempre Virgem do Verbo Encarnado, nosso Deus o Salvador Jesus Cristo (cf. Dz.-Sch. 251- 252), e que, em razão desta eleição singular, Ela foi, em consideração dos méritos do seu Filho, resgatada de maneira sublime (cf. "Lumen Gentium" 53), preservada de toda mancha do pecado original (cf. Dz.-Sch. 2803), e repleta do dom da graça mais do que todas as outras criaturas (cf. "Lumen Gentium" 53).
Associada por um vínculo estreito e indissolúvel aos Mistérios da Encarnação e da Redenção (cf. "Lumen Gentium" 53, 58, 61), a Santíssima Virgem Maria, a Imaculada, foi, no termo de sua vida terrestre, elevada em corpo e alma à glória celeste (cf. Dz.-Sch. 3903) e configurada ao seu Filho ressuscitado, antecipando a sorte futura de todos os justos. Cremos que a Santíssima Mãe de Deus, Nova Eva, Mãe da Igreja (cf. "Lumen Gentium" 53, 56, 61, 63; cf. Paulo VI, Aloc. para o encerramento da III Sessão do Concílio Vat. II: AAS, LVI [1964] 1016; cf. Exort. Apost. "Signum Magnum", introd.); continua no Céu a desempenhar o seu papel materno, em relação aos membros de Cristo, cooperando para o nascimento e desenvolvimento, da vida divina nas almas dos resgatados (cf. "Lumen Gentium" 62; cf. Paulo VI, Exort. Apost. "Signum Magnum", P. 1, n. 1).
O PECADO ORIGINAL
Cremos que em Adão todos pecaram; isto significa que a falta original, cometida por ele, fez com que a natureza humana, comum a todos os homens, caísse num estado em que arrasta as conseqüências desta falta e que não é aquele em que ela se encontrava antes, em nossos primeiros pais, constituídos em santidade e justiça, e em que o homem não conhecia o mal nem a morte. É a natureza humana assim decaída, despojada da graça que a revestia, ferida nas suas próprias forças naturais e submetida ao domínio da morte, que é transmitida a todos os homens, e é neste sentido que cada homem nasce em pecado. Professamos, pois, com o Concílio de Trento, que o pecado original é transmitido com a natureza humana, "não por imitação, mas por propagação", e que, portanto, ele é "próprio de cada um'' (cf. Dz.-Sch. 1513).
O SACRIFÍCIO DA CRUZ
Cremos que Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo Sacrifício da Cruz, nos resgatou do pecado original e de todos os pecados pessoais cometidos por cada um de nós, de modo que, segundo a palavra do Apóstolo, "onde abundou o pecado, aí também superabundou a graça" (cf. Rom. 5, 20).
O BATISMO E SEUS EFEITOS
Cremos num só Batismo, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para a remissão dos pecados. O Batismo deve ser administrado mesmo às criancinhas que não foram ainda capazes de cometer pecado pessoal, a fim de que, tendo nascido privadas da graça sobrenatural, renasçam "da água e do Espírito Santo" para a vida divina em Jesus Cristo (cf. Dz.-Sch. 1514).
A IGREJA CATÓLICA
Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre essa pedra que é Pedro. Ela é o Corpo Místico de Cristo, sociedade visível instituída com órgãos hierárquicos e comunidade espiritual, simultaneamente; Igreja terrestre, Povo de Deus em peregrinação aqui na terra, e Igreja cumulada de bens celestes; germe e primícias do Reino de Deus, por meio da qual continuam, ao longo da história humana, a obra e as dores da Redenção; e que aspira pela sua realização completa, para além do tempo, na glória (cf. "Lumen Gentium" 8, 5). No decurso do tempo, o Senhor Jesus edifica a sua Igreja pelos Sacramentos que emanam de sua Plenitude (cf. "Lumen Gentium" 7, 11). É por eles que a Igreja faz com que os seus membros participem no mistério da Morte e da Ressurreição de Cristo, na graça do Espírito Santo que Lhe dá vida e ação (cf. "Sacrosanctum Concilium" 5, 6; cf. "Lumen Gentium" 7, 12, 50). Ela é, portanto, santa, não obstante compreenda no seu seio pecadores, porque Ela não possui em Si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que Lhe ofuscam o brilho da santidade. É por isso que Ela sofre e faz penitência por estas faltas, tendo o poder de curar delas os seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo.
Herdeira das promessas divinas e filha de Abraão segundo o Espírito, por aquele Israel de que Ela conserva com amor as Escrituras e do qual Ela venera os Patriarcas e os Profetas; fundada sobre os Apóstolos e transmitindo de geração em geração a sua palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com êle; perpetuamente assistida pelo Espírito Santo, Ela tem o encargo de conservar, ensinar, explicar e difundir a Verdade que Deus revelou de maneira ainda velada pelos Profetas e plenamente pelo Senhor Jesus. Cremos em tudo o que está contido na Palavra de Deus, escrita ou transmitida, e que a Igreja nos propõe para acreditarmos como divinamente revelado, seja por uma afirmação solene, seja pelo magistério ordinário e universal (cf. Dz.-Sch. 3011). Cremos na infalibilidade de que goza o Sucessor de Pedro, quando ensina "ex cathedra" como Pastor e Doutor de todos os fiéis (cf. Dz.-Sch. 3074), e que o Corpo dos Bispos possui também, quando com ele exerce o magistério supremo (cf. "Lumen Gentium" 25).
A IGREJA FUNDADA POR CRISTO É INDEFECTIVELMENTE UNA
Cremos que a Igreja, fundada por Jesus Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica. No seio desta Igreja, a rica variedade dos ritos litúrgicos e a diversidade legítima dos patrimônios teológicos e espirituais e das disciplinas particulares, longe de prejudicarem a sua unidade, manifestam-na grandemente (cf. "Lumen Gentium" 23; cf. "Orientalium Ecclesiarum" 2, 3, 5, 6).
Reconhecendo também a existência, fora do organismo da Igreja de Cristo, de nume-. rosos elementos de verdade e de santificação, que Lhe pertencem como coisa própria e tendem à unidade católica (cf. "Lumen Gentium" 8), e crendo na ação do Espírito Santo, que suscita no coração dos discípulos de Cristo o amor por esta unidade (cf. "Lumen Gentium" 15), Nós temos a esperança de que os cristãos que não estão ainda em plena comunhão com a única Igreja se reunirão um dia num só Rebanho e com um único Pastor.
FORA DA IGREJA NÃO HÁ SALVAÇÃO
Cremos que a Igreja é necessária para a salvação, pois Cristo, que é o único Mediador e Caminho de salvação, torna-Se presente para nós no seu Corpo que é a Igreja (cf. "Lumen Gentium" 14). Mas o: desígnio divino da salvação estende-se a todos os homens; e aqueles que, sem culpa de sua