DENODO E EFICÁCIA DA TFP MERECEM AS HONRAS DA DINAMITE

Uma bomba de dinamite de alta potência foi colocada na madrugada do dia 20 de junho na entrada de uma das sedes da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, à Rua Martim Francisco, n.° 665-669, na Capital paulista. A explosão ocorreu às 3 horas e o estrondo foi ouvido a quilômetros de distância, despertando os moradores dos bairros de Santa Cecília, Higienópolis e Vila Buarque.

No imóvel está instalado o gabinete do Presidente do Conselho Nacional da TFP, Prof. Plínio Corrêa de Oliveira. À hora do atentado encontrava-se no local apenas o Sr. Gregório Vivanco Lopes, militante da Tradição, Família e Propriedade, que dormia em uma dependência dos fundos, não atingida. Saindo à rua o referido militante ainda socorreu os moradores da casa vizinha, uma habitação coletiva cuja porta fora bloqueada pelos escombros do prédio da TFP. Avisados pelo Sr. Vivanco Lopes, ou atraídos pelo ruído, acorreram ao local diversos diretores, sócios e auxiliares da entidade, bem como grande número de pessoas residentes nas imediações.

Compareceu prontamente uma viatura da Rádio Patrulha, que chamou uma guarnição do Corpo de Bombeiros para prevenir o risco de incêndio e desmoronamento. Mais tarde chegaram ainda os delegados da 3a Circunscrição Policial, do DOPS e da Polícia Federal, bem como peritos da Polícia Técnica. Foi instaurado inquérito, que corre pela Delegacia de Ordem Social do DOPS.

Foram enormes os danos materiais causados

Foram vultosos os danos materiais causados pelo petardo, tendo sido avaliados em 20 mil cruzeiros novos. Construído no alinhamento da rua, o prédio tem no andar térreo uma pequena entrada aberta para fora (com uma portinhola de metal), pela qual se tem acesso à porta externa. Nesse recinto é que foi colocada a carga de explosivo. Produziu esta um enorme rombo na fachada e na parede contígua, desde o chão até o teto, bem como grandes rachaduras em diversas paredes internas. Através do rombo, um armário de livros caiu do piso superior sobre a calçada. Tão violento foi o deslocamento de ar, que a grade de ferro da janela da frente foi arrancada e arremessada ao meio da rua. Lambris, móveis, cortinas, livros, papéis, aparelhos telefônicos foram destruídos ou seriamente danificados.

A dependência mais atingida foi a sala do andar superior situada em cima da entrada onde detonou a bomba. Duas de suas paredes e seu piso foram parcialmente destruídos. Fato digno de nota é que um quadro com um retrato autografado de São Pio x foi encontrado intacto sobre os destroços da parede em que estava suspenso.

Quem jogou a bomba?

Falando à imprensa pouco depois da explosão, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira declarou não ter razões para atribuir a autoria do crime mais especialmente a este ou aquele agente.

Em artigo publicado na imprensa diária alguns dias depois, comentou o Presidente do Conselho Nacional da TFP: "O que valeu à TFP — pergunto — a honra daquela bomba? A convicção, o denodo e a eficácia com que ela se afirmou em 1961-1963 contra a reforma agrária de Jango, com que ela se opôs em seguida ao divórcio, e clamou depois contra a infiltração comunista na Igreja. Pois nenhum outro fato há que possa explicar tal ódio contra nossa entidade".

Um comunicado do gabinete do Secretário da Segurança Pública de São Paulo, divulgado no dia 25 de junho, inclui a bomba contra a sede da TFP numa lista de atentados praticados por terroristas naquela semana, entre os quais a colocação de bombas em dois outros edifícios, o assalto a um quartel da Força Pública e o trucidamento, de dois policiais que serviam numa viatura da Rádio Patrulha. Tais atos teriam por objetivo, segundo a nota da Secretaria da Segurança Pública, "inquietar a cidade e atemorizar pela violência a ordeira e laboriosa população de São Paulo".

É oportuno observar que, entre os numerosos atos de terrorismo que tem havido em São Paulo nos últimos tempos, êste é o primeiro que visa uma entidade de objetivos essencialmente cívicos e ideológicos.

Manifestações de solidariedade

Desde a manhã do dia 20 aglomerou-se junto ao prédio sinistrado uma pequena multidão de curiosos. Numerosos foram então os populares que testemunharam a sua repulsa ao ato vandálico e a sua simpatia à TFP. Na campanha de venda do número de abril-maio desta folha, que a entidade lançou na semana seguinte (noticiário em outro local desta edição), foram sem conta as expressões no mesmo sentido colhidas pelos jovens que vendiam os jornais. — Não faltaram tampouco os que perguntavam, com ódio, se a bomba não bastara para coibir a atuação da sociedade.

Cabe destacar que o Eminentíssimo Cardeal Agnelo Rossi, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, determinou, que o Vigário Episcopal da Região Centro, Mons. José de Mattos Pereira, visitasse o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira a fim de levar uma palavra de solidariedade a propósito do brutal atentado.

A bomba colocada no prédio da Presidência do Conselho Nacional da TFP, em São Paulo, destruiu de alto a baixo o canto formado pela fachada e pela parede lateral direita, esfacelando também parte da laje de concreto do piso superior