As TFPs da Argentina, Chile e Uruguai e os Jovens Cristãos Tradicionalistas Colombianos

CONTRA OS PROFETAS DO ATEÍSMO

Texto de Gustavo Antonio Solimeo

Demos já em nossa edição de julho uma breve notícia sobre a campanha de difusão do número 4-5 da revista "TRADICIÓN, FAMÍLIA, PROPIEDAD", que denuncia — com base nos documentos de "Ecclesia" e de "Approaches" — a trama do IDO-C e dos "grupos proféticos" para implantar o ateísmo na Igreja. Apresentamos hoje outras informações a respeito do transcorrer da campanha.

Como salientamos naquela ocasião, a iniciativa da SOCIEDADE ARGENTINA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE, alcançou desde o início um êxito incomum. E isso apesar do clima de inquietação em que estava mergulhada a nação vizinha, pois, como se recorda, o lançamento da campanha deu-se em dias de séria crise política, relacionada com o assassínio do líder sindicalista Vandor.

Não seria de estranhar que o público portenho, cujo pendor para as questões políticas é bem conhecido, não se interessasse por uma temática de caráter ideológico e doutrinário, bem diferente da que no momento apaixonava a todos. Os fatos, contudo, demonstraram o contrário. Lançado nas ruas centrais de Buenos Aires, foi o número extraordinário de "Tradición, Familia, Propiedad" acolhido com profundo interesse, e até mesmo com entusiasmo em certas áreas. Inúmeras foram as manifestações de apoio recebidas pelos jovens da TFP argentina, e em apenas vinte dias de campanha foram vendidos 11 mil exemplares do jornal.

Consignamos já, em número anterior, o silêncio da grande imprensa platina. Até o fim da campanha os grandes diários se obstinaram em ignorar um acontecimento que vinha despertando a curiosidade e interesse de milhares de pessoas. Apenas alguns jornais do interior trouxeram notícias da atuação da SADTFP nas ruas da Capital Federal.

Um questionário e uma legenda

Juntamente com os exemplares de "Tradición, Familia, Propiedad" os propagandistas da TFP distribuíam ao público dois volantes. Um deles apresentava em fac simile a carta em que o Exmo. Revmo. Arcebispo de Mendoza, Mons. Alfonso Buteler, como noticiamos em nossa edição de julho, aplaude e abençoa a entidade pela publicação desse número de seu jornal. O outro volante continha um questionário com estas perguntas:

"1 — Sobre a ação do IDO-C e dos "grupos proféticos", tem o Sr. alguma experiência pessoal a relatar?

2 — Sobre a ideologia dos aludidos grupos "progressistas", que buscam a "desalienação" do homem e a fundação de uma "Igreja-Nova", tem o Sr. algum comentário a fazer ou alguma observação pessoal a relatar?"

Essas eram perguntas que muitos se faziam a si mesmos ao tomar conhecimento dos documentos de "Approaches" e de "Ecclesia". Assim, foram numerosas as respostas identificando este ou aquele movimento, tal ou qual fato, etc., com as manifestações "proféticas".

Entre as ilustrações desse número de "Tradición, Familia, Propiedad" há uma foto do Pe. Jacinto Luzzi, S. J., Sacerdote que "Approaches" menciona como um dos elementos do IDO-C na Argentina. A legenda desse clichê causou especial impressão sobre o público. Reproduz ela palavras textuais em que o conhecido Jesuíta afirma que "um cristão" que "empunhe a metralhadora [...] talvez deva atirar para matar, mas não odiará [...], como se dissesse: amo-te, ainda que te tire a vida"! Comenta o jornal da TFP platina: "Assim pensam, em relação a quantos discordam deles, os dialogantes e ecumênicos membros do IDO-C..."

Em Rosário

No dia 2 de agosto, quarenta sócios e colaboradores da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade dirigiram-se a Rosário, segunda cidade do país e palco então de uma candente questão eclesiástica. Pouco tempo antes, 33 Sacerdotes daquela Arquidiocese tinham renunciado a seus cargos, em sinal de protesto contra uma determinação do Exmo. Arcebispo, Mons. Guillermo Bolatti, com a qual não se quiseram conformar. A população se dividiu, ficando a grande maioria ao lado do Arcebispo, enquanto que os progressistas apoiavam abertamente os Padres rebeldes.

A campanha de difusão de "Tradición, Familia, Propiedad" se iniciou normalmente no centro da cidade, com grande aceitação por parte do público rosarino. A certa altura, por volta das 13 horas, quando o movimento nas ruas era diminuto, um magote de desordeiros, mais tarde identificados como estudantes de notória filiação esquerdista, avançou sobre os propagandistas da TFP, arremessando-lhes pedras, laranjas e outros projéteis, aos gritos muito significativos de "Viva la Iglesia Nueva!" —"Viva el Che!" — "Vamos adelante, nos guia el Comandante!" — "La vida por el Che!" — "Ustedes son los que van al paredón!", etc.

Os integrantes da caravana da TFP reagiram na medida do necessário para conter a agressão, e depois se retiraram ordenadamente do local, para preservar contra as provocações baderneiras o caráter pacífico de sua atuação.

A campanha, bem como a agressão sofrida pelos propagandistas, repercutiram largamente na cidade, sendo noticiadas pelas emissoras de rádio e pelos jornais. No dia seguinte, domingo, a venda teve lugar nas proximidades das principais igrejas de Rosário, e os fiéis mostravam-se simpáticos, de modo geral, manifestando o seu repúdio ao ato de violência dos esquerdistas na véspera. É curioso como certos jornais de Buenos Aires, como "La Nación" e outros, que haviam até então ignorado ostensivamente a campanha que se desenvolvia sob seus olhos, se mostraram solertes em noticiar o incidente ocorrido a 200 km de distância... Serão seus correspondentes da província mais eficientes que os repórteres da Capital? Ou terá sido esta a maneira encontrada pela redação para mencionar uma campanha que, por estas ou aquelas razões, não lhe agradava noticiar, mas sobre a qual não mais podia silenciar sob pena de passar por facciosa ante seus próprios leitores?

Nas páginas de "Asi", que se diz "a revista de maior circulação na Argentina", o incidente de Rosário cresceu enormemente de proporções, transformando-se em uma "batalha campal" que teria envolvido "uma centena" de jovens da TFP e um número muito maior de elementos contrários. Segundo a revista, os esquerdistas teriam ateado fogo ao carro de um dos dirigentes da campanha, destruindo o veículo e com ele milhares de exemplares de "Tradición, Familia, Propiedad". Na realidade, o carro teve apenas um vidro quebrado, através do qual os desordeiros retiraram alguns exemplares do jornal, que queimaram na calçada... Tampouco houve intervenção policial para restabelecer a ordem, como fantasia "Asi", pois quando a autoridade chegou ao local os agressores já se haviam retirado. A reportagem de "Asi" se esquece, por outro lado, de dizer que a TFP voltou às ruas de Rosário no dia seguinte, sem qualquer contratempo e com grande êxito, sendo vendidos nesses dias — um total de pouco mais de cinco horas de trabalho — 1.200 exemplares do jornal. Essa versão deturpada dos fatos correu mundo, por obra de certos correspondentes das agências internacionais.

Em Mendoza

A cidade de Mendoza, importante centro agrícola, recebeu nos dias 9 e 10 de agosto a visita de uma caravana de sócios e militantes da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, que para lá se dirigiram a fim de divulgar o número de seu jornal que denuncia os profetas do ateísmo e sua gigantesca máquina publicitária. Como já dissemos, o Exmo. Arcebispo Metropolitano de Mendoza, Mons. Alfonso Buteler, havia enviado uma carta ao Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, presidente da TFP platina, cumprimentando e abençoando a entidade pela publicação daquele número de "Tradición, Familia, Propiedad".

A acolhida dispensada na importante cidade do Norte aos propagandistas foi das mais calorosas, e as vendas atingiram a casa dos mil e setecentos exemplares. A imprensa local dedicou largo espaço à campanha, e entrevistou os dirigentes da SADTFP.

20 mil exemplares num mês

Três tiragens sucessivas do jornal, num total de 20 mil exemplares, esgotaram-se em pouco menos de um mês de campanha em Buenos Aires e nas grandes cidades de Rosário e Mendoza. Houve assim necessidade de se providenciar uma tiragem popular de "Tradición, Familia, Propiedad", para as vendas no interior do país, a exemplo do que fizeram "Catolicismo" e "Fiducia".

Campanha no interior

Com uma peregrinação de todos os sócios e colaboradores da TFP argentina ao Santuário Nacional de Nossa Senhora de Luján, inaugurou-se simbolicamente no dia 27 de setembro a campanha de vendas no interior. Foram todos consagrar à Padroeira do país os trabalhos de divulgação do número especial de "Tradición, Familia, Propiedad" que denuncia os profetas do ateísmo.

O início efetivo dessa segunda fase da campanha ocorreu em 12 de outubro, para terminar no dia 2 de novembro. Uma perua, levando a reboque um "trailler", deixou a Capital conduzindo nove propagandistas. Aos sábados e domingos, os sócios e militantes que por motivo de compromissos profissionais ou escolares não puderam se afastar de Buenos Aires, organizaram, como no Brasil, "caravanas de fim de semana", demandando os centros mais próximos à Capital.

Foram visitadas, assim, cerca de trinta cidades, nas diversas províncias da nação irmã, encontrando-se por toda parte uma receptividade popular tão calorosa como nos grandes centros. Despertou especial interesse o folheto que acompanhava a "edição popular" do jornal — ademais do já mencionado questionário e do fac simile da carta do Arcebispo de Mendoza — o qual trazia uma breve explicação sobre o que é a SADTFP e um rápido apanhado sobre suas atividades e campanhas anteriores.

No dia de finados, a caravana que percorria o interior dirigiu-se para Rosário, onde encontrou-se com uma "caravana de fim de semana", procedente de Buenos Aires. Naquela importante metrópole do interior a campanha de difusão do número especial de "Tradición, Familia, Propiedad" foi simbolicamente encerrada com uma grande venda à saída das igrejas e nos bairros populares.

NO CHILE

Tal como seus congêneres "Catolicismo", "Tradición, Familia, Propiedad", "Credo" e "Lepanto", também "Fiducia", órgão da TFP chilena, dedicou um número especial à denúncia dos organismos semiclandestinos infiltrados na Igreja para transformá-La em uma Igreja-Nova, ateia, materialista, revolucionária. Essa denúncia se consubstanciou na reprodução integral dos estudos de "Ecclesia" e de "Approaches" sobre os "grupos proféticos" e o IDO-C, e na transcrição dos "Resumos analíticos" que "Catolicismo" fez de ambos esses artigos.

Como em ocasiões anteriores, a agressão brutal, covarde e traiçoeira foi, mais uma vez, a resposta das esquerdas à iniciativa pacífica da SCDTFP e à acolhida simpática e cordial que o povo andino lhe dispensou.

O lançamento da campanha: êxito e agressão

Envergando pela primeira vez capelos encarnados iguais aos adotados pela TFP do Brasil, e erguendo os já conhecidos estandartes rubros com o leão dourado, os sócios e militantes da Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade saíram às ruas de Santiago no dia 13 de agosto. O ponto escolhido para o lançamento da campanha do número especial de "Fiducia" foi o Parque Gran Bretaña, na intersecção da Avenida Costanera com a Puente del Arzobispo.

O público acolheu com naturalidade e, de modo geral, com simpatia a inovação da capa. O interesse pelo tema do jornal — sonoramente apregoado pelos propagandistas — foi enorme; basta dizer que em apenas noventa minutos de campanha foram vendidos 320 exemplares de "Fiducia".

Os comunistas vinham há meses mantendo em Santiago um clima de inquietação e terror, através de assaltos a bancos e outros atentados. Nessas condições não podiam eles e seus comparsas suportar o desassombro da TFP, que de estandarte desfraldado saía às ruas denunciando a atividade de organismos comunistizantes infiltrados na Igreja. A reação não se fez esperar e revestiu-se de uma brutalidade e selvageria inauditas.

Corria normalmente a venda do jornal quando, os propagandistas foram atacados de surpresa por cerca de duzentos indivíduos identificados logo como comunistas, democratas-cristãos e esquerdistas em geral, vindos, ao que parece, da Universidade do Chile. Ficou patente que o assalto fora premeditado e bem planejado, bastando considerar que os baderneiros aproximaram-se furtivamente, esgueirando-se por entre as árvores do Parque, até que, a uma ordem, quando já se achavam perto, lançaram-se ao ataque sem dar um grito, nem fazer ruído que pudesse advertir de sua presença. Avançavam correndo sempre, e ao passar arremessavam pedras e desferiam golpes; alguns deles empunhavam armas brancas e objetos contundentes. Como resultado da agressão, um sócio da TFP saiu ferido na cabeça e foram roubados um estandarte e três capas.

Os propagandistas de "Fiducia" — aliás em enorme inferioridade numérica, pois não passavam de 35 — dispersaram-se sem opor violência à violência, no uso da legítima defesa, porque sabiam que o objetivo dos esquerdistas era envolver a TFP em incidentes repetidos para depois apresentá-la à opinião pública como violenta e desordeira, dando assim ao Governo — democrata-cristão e esquerdizante — pretexto para proibir a campanha tão auspiciosamente iniciada.

Os militantes da Tradição, Família e Propriedade não se intimidaram, porém, e voltaram ao mesmo local instantes depois de se terem dispersado os agressores, vendendo mais 150 exemplares de "Fiducia" em hora e meia de atividade.

A propósito dessa primeira agressão a Sociedade Chilena de Defesa da Tradição, Família e Propriedade emitiu um comunicado no qual observa que "tão furibunda reação faz pensar que o comunismo e seus congêneres

(continua na página 4)

Legendas:
- Em Rosário, estudantes esquerdistas procuram perturbar a campanha da SADTFP; os baderneiros iniciam a provocação com risadas insolentes e brandindo um exemplar do jornal; os da TFP enfrentam-nos com altivez; os da TFP avançam bradando seus slogans, e fazendo o adversário recuar 30 metros; retirando-se a fim de preservar o caráter pacífico da campanha, os propagandistas recolhem-se a um prédio próximo, e repelem os agitadores que tentam invadir o local. Vendo que nada conseguiam, estes se afastaram. :
- Argentina: Na campanha em Mendoza, uma religiosa vestida à antiga olha com simpatia para o estandarte da TFP. Nas zonas rurais do Uruguai a campanha contra os profetas do ateísmo teve uma nota diferente: um militante a cavalo abria o desfile dos propagandistas de "Lepanto". O povo saía às ruas para ver.
- Santiago: Quando o grande estandarte da TFP chilena passava diante da casa de certo deputado socialista, este não se conteve e içou como réplica a minúscula bandeira de Cuba que se vê à esquerda da porta.
- Ainda em Santiago, crianças param na rua, enlevadas com a campanha de difusão de "Fidúcia".