"Catolicismo" une-se ao júbilo de toda a nação brasileira, que no dia 7 deste mês celebra mais um aniversário de sua independência. E ao ensejo da nobre efeméride todos os que nesta folha militam - com funções de direção ou de administração, como redatores, colaboradores ou propagandistas - prostram-se aos pés da imagem de Nossa Senhora da Conceição, vítima dos terroristas, em seu oratório da sede da Presidência do Conselho Nacional da TFP, em São Paulo, para pedir à mesma Senhora que livre o Brasil do flagelo do comunismo e do progressismo. Pois só assim poderá a Terra de Santa Cruz realizar como lembrava o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em recente discurso diante daquele mesmo oratório "tudo aquilo que estava nas intenções da Providência que ela realizasse, quando a voz de D. Pedro I bradou "Independência ou morte", e do alto do Céu a Virgem Santíssima deu ao Brasil novo o seu primeiro sorriso materno".
TFP ARGENTINA CONTRA OS PROGRESSISTAS E OS FALSOS MODERADOS
Sob o Titulo de "A TFP, 280 mil argentinos e os Sacerdotes do Terceiro-Mundo", a Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade lançou no dia 6 de agosto p.p. mais um "Diálogo directo com el público argentino" — volantes distribuídos na via pública pelos sócios e militantes da entidade — contendo vigoroso pronunciamento sobre a participação de membros do chamado "Movimento de Sacerdotes para o Terceiro-Mundo" e de associações ou grupos vinculados ao Clero progressista, nos recentes acontecimentos que abalaram a nação vizinha. O documento teve larga repercussão em todo o país; 85 mil exemplares do "Diálogo Directo" se escoaram, nas ruas mais centrais de Buenos Aires, o texto foi reproduzido por dois dos principais diários portenhos, "La Razón" e "La Nación" e a agência. "Telam" distribuiu-o a todas as emissoras de rádio do Interior. Uma semana depois, o Episcopado Argentino dava a lume uma nota censurando a declaração emitida pelos membros do "Movimento de Sacerdotes para o Terceiro-Mundo" reunidos em Santa Fé, a que alude o pronunciamento da TFP platina, e reafirmando o direito de propriedade. Essa nota dos Bispos não foi, entretanto, acompanhada de nenhuma medida disciplinar concreta contra os culpados.
É do seguinte teor o pronunciamento da TFP platina:
"A TFP dirige-se à opinião pública do País para declarar:
• 1 — Os recentes acontecimentos ligados ao assassinato do Tenente-General Pedro Eugenio Aramburu e ao assalto da cidade de La Calera puseram em evidência que se encontram implicados nestes fatos, ou há grave suspeita de que o estejam, o Pe. Alberto Carbone, ex-assessor espiritual do Conselho Arquidiocesano da Juventude Estudantil Católica, membro do Secretariado do Movimento do Terceiro-Mundo, e diretor de "Enlace", órgão desse movimento, o Pe. Fulgencio Rojas, ex-Capelão do Liceu Militar General Paz, de Córdoba, e vários jovens católicos, integrantes de movimentos de apostolado leigo, alunos da Universidade Católica de Córdoba e amigos dos referidos sacerdotes.
• 2 — Direta ou indiretamente,, solidarizaram-se com a atitude revolucionária dos acusados vários movimentos que atuam em meios católicos, dentre os quais se destacam os seguintes:
a) Movimiento do Terceiro-Mundo, composto, segando dizem, por trezentos Sacerdotes ("La Razón", edições dos dias 8, 21 e 27 de julho p.p.). Invocando a autoridade dos documentos assinados por Bispos Latino-americanos em Medellin, solidarizam-se abertamente com a revolução violenta para levar a cabo "mudanças radicais";
b) Conselho da Associação dos Jovens da Ação Católica, por intermédio de seu Presidente e sete Vogais ("La Razón", 16 de julho p.p.);
c) Movimento Familiar Cristão, pela assinatura de seu Assessor Eclesiástico e de dirigentes seus ("La Razón", 16 de julho), e uma segunda vez por meio de sua Comissão Arquidiocesana ("Clarin", 4 de agosto);
d) Federação de Agrupamentos Integralistas Universitários de Córdoba ("La Razón", 13 de julho);
e) o Pe. Carlos Mugica, cujas surpreendentes declarações de 15 de junho p.p. são públicas e notórias ("La Razón", 16 de julho);
f) uma adesão indireta que nos interessa destacar é a que apareceu nos jornais de hoje ("Carim, p. 28), subscrita por duzentas pessoas, várias das quais pertencem às classes altas do País. Isto é uma prova a mais de que o progressismo esquerdista penetrou nos ambientes mais inesperados, e de que ele não é fruto da pobreza — como pretendem seus fautores — mas de uma corrupção ideológica da qual são eles os responsáveis.
• 3 — No dia 2 de maio de 1970 encerrou-se em Santa Fé um encontro de três dias de Sacerdotes do Terceiro-Mundo, com a participação de 120 padres e de dois Bispos, Mons. Antonio Devoto, de Goya, Corrientes, e Mons. Antonio Frasca, de Rafada, Província de Santa Fé. No fim do referido encontro emitiram eles uma declaração na qual dizem: "O Movimento definiu-se pelo socialismo no sentido exposto, por considerá-lo mais de acordo com o Evangelho e como um dos principais elementos que, nessa ordem, constituem o sinal dos tempos". "Não obstante, consideramos que não haverá socialismo autêntico na América Latina sem essa tomada do poder por autênticos revolucionários, surgidos do povo e fiéis a êste". "Ratificamos o dito e realizado pelos integrantes do Movimento nas ações populares de Córdoba, Rosário, Tucumán, El Chocón, etc., que marcaram novas etapas no processo da libertação nacional- ("La Prensa", 3 de maio p.p.).
Estas declarações, para quem compreende que a doutrina é o antecedente necessário dos fatos e que a Revolução sofística precede a Revolução prática (cf. Plinio Corrêa de Oliveira, "Revolución y Contra Revolución", Ediciones Tradición, Familia y Propiedad, P. 78), teriam bastado para compreender para onde caminha o progressismo. A TFP o sabe e o adverte constantemente. Só a vontade suicida de não incomodar-se ou de não querer ver a realidade permanece em uma surdez real ou aparente, mas sempre cúmplice.
• 4 — Estes fatos inegáveis, que chocam por sua evidência capaz de atravessar as mais espessas camadas da otimismo, vêm demonstrar o acerto e a importância das campanhas realizadas pela TFP, especialmente em 1968 e 1969.
Em 1968, dirigiu uma "Reverente e Filial Mensagem ao Papa Paulo VI", apoiada pela assinatura de 280 mil argentinos, na qual se manifestavam "graves apreensões pelas agitações e pelos desígnios de certa minoria organizada de eclesiásticos e leigos que se proclamam católicos" acrescentando que, com efeito:
"— essa minoria difama a generalidade dos Bispos e Sacerdotes da Argentina e de toda a América Latina, acusando-os de retrógrados e sem consciência, e exalta uns. poucos Bispos dos quais espera apoio para a subversão comunista,
"— essa minoria quer instaurar uma tirania política, social e econômica que, a exemplo de Fidel Castro — pelo qual ela mal dissimula sua admiração — comece a confiscar as propriedades agrárias e urbanas, assim como as empresas industriais e comerciais, e acabe por implantar oficialmente o comunismo,
"— essa minoria, a fim de obter a instauração de tal tirania, justifica a violência das massas e está disposta a assumir a liderança destas contra os proprietários que não aceitem pacificamente o confisco de seus bens".
Em consequência os signatários da Mensagem imploravam ao Vigário de Cristo "a adoção de medidas que eliminem o gravíssimo perigo a que essa minoria expõe a Argentina".
Mensagens semelhantes foram patrocinadas pela TFP brasileira, pela TFP chilena e pela TFP uruguaia, totalizando dois milhões de assinaturas de sul-americanos.
Em 1969 desenvolveu-se a campanha de difusão do número especial de "Tradición, Familia y Propiedad", intitulado "Grupos ocultos tramam a subversão na Igreja". Nesse número foi denunciada a ação dos chamados "grupos proféticos", verdadeira ponta de lança do progressismo, e do IDOC, mostrando que em sua ação e em sua doutrina esses organismos se propõem a completa desalienação da Igreja de toda dependência a um Deus transcendente, transformando-A, portanto, em uma Igreja ateia; e de toda hierarquia interna, reduzindo-A a um igualitarismo total. Coerentemente com isso, os "grupos proféticos" propõem-se fazer da Igreja um instrumento da revolução social propiciada pelo comunismo, com o qual eles são afins.
Em março de 1969 foi publicada em "Tradición, Familia y Propiedad" uma "Interpelação a Sacerdotes sociais, ou socialistas?" Era dirigida ao grupo de Padres que havia realizado uma manifestação na Praça de Mayo, no dia 20 dezembro de 1968, entre os quais estavam precisamente o Pe. Carbone e o Pe. Mugica, e perguntávamos-lhes qual o alcance de sua doutrina sobre a revolução social que se declaravam dispostos a apoiar. A TFP demonstrava que no meio das ambiguidades dos pronunciamentos desses Sacerdotes estava patente a intenção de produzir uma mudança violenta, na linha do comunismo.
• 5 — ANTE A SITUAÇÃO EXISTENTE, QUALQUER MEDIDA SERÁ INÚTIL, ENQUANTO A HIERARQUIA ECLESIÁSTICA NÃO EXTERMINAR A OBRA DO MAL IMPONDO A CESSAÇÃO DAS IDEOLOGIAS SUBVERSIVAS NOS AMBIENTES CATÓLICOS, COM EXEMPLAR CASTIGO DOS CULPADOS. A HISTÓRIA JULGARÁ SEVERAMENTE A ATITUDE ENIGMÁTICA DOS BISPOS QUE PUDERAM CORRIGIR TUDO ISTO E INEXPLICAVELMENTE CRUZARAM OS BRAÇOS.
• 6 — Por último, nesta hora dramática de nossa História, a TFP convida o povo argentino a sustentar os sagrados princípios da civilização cristã, opondo-se antes de tudo à doutrina e à ação do progressismo. Não é só a violência que constitui um mal. O pior é o erro e a mentira dos falsos moderados, que vão levando a Igreja e a Pátria à revolução comunista.
Buenos Aires, 6 de agosto de 1970. / Pelo Conselho Nacional da Sociedade Argentina de Defesa da Tradição, Família e Propriedade: COSME BECCAR VARELA HIJO, CARLOS FEDERICO IBARGUREN, JULIO C. UBBELOHDE".
MISSA EM LATIM
"Todo sacerdote pode sempre celebrar em latim"; "a Sagrada Congregação do Culto Divino concede a todo Sacerdote que celebre em latim, a faculdade de conservar o Ordo Missae de São Pio V". É o que esclarece a Cúria Diocesana em lúcido e incisivo comunicado datado de 1.° do corrente, cujo inteiro teor é o seguinte:
"Com o fim de atender a consultas de alguns Sacerdotes da Diocese, a propósito da celebração do Santo Sacrifício da Missa em latim, o Sr. Bispo diocesano lembra:
1 — que o II Concílio do Vaticano, confirmando tradição imemorial da Igreja, estabeleceu que o latim é a língua litúrgica do rito latino (Constituição "Sacrosanctum Concilium", n.° 36, § 1.o. De onde, todo Sacerdote pode sempre celebrar em latim, não necessitando, para isso, autorização especial, uma vez que a lei universal, acima citada, não foi revogada por nenhuma outra lei, igualmente, universal;
2 — que o mesmo Concílio tornou possível o uso do vernáculo, em algumas partes do Ordinário da Missa, concessão que deve ser confirmada pela Santa Sé (Const. "Sacr. Conc.", n.° 36, § 2.° e ss., e n.° 54). Como consequência, dentro dos limites fixados pelo Concílio, é lícito ao Sacerdote o uso do vernáculo; não, porém, de maneira que, praticamente, venha a abolir a lei universal que estabelece o latim como a língua litúrgica do rito latino. Porquanto, seria incompreensível que a regulamentação de uma exceção pudesse destruir a própria lei da qual é exceção;
3 — que ainda o mesmo Concílio recomenda seja o povo fiel levado a dizer e responder em latins as partes do Ordinário da Missa que lhe tocam (Const. "Sacr. Cone.", n.° 54);
4 — lembra, enfim, o Sr. Bispo que a Sagrada Congregação do Culto Divino concede a todo Sacerdote que celebre em latim, a faculdade de conservar o "Ordo Missae" de São Pio V, ou seja, a Missa tradicional, de todos conhecida, que, em boa parte, remonta aos tempos apostólicos. O texto da instrução, lido pelo próprio Papa, Paulo VI, ao povo no dia 26 de novembro de 1969, pode ver-se no "Osservatore Romano", de 27 de novembro de 1969, edição italiana, ou em "La Documentation Catholique", de 21 de dezembro de 1969, p. 1103, coluna 2.
Campos, 1.° de setembro de 1970. a) Pe. Henrique Conrado Fischer, Chanceler".