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CENTENÁRIO DO PATROCÍNIO DE SÃO JOSÉ / MANDAMENTO

† Antonio, Bispo de Campos.

Dia 8 de dezembro deste ano de 1970, transcorre o primeiro centenário do ato pontifício que declarou São José, Esposo de Maria Santíssima, Patrono da Igreja Universal.

Atendendo ao desejo expresso por grande número de Padres do I Concílio do Vaticano, o Santo Padre Pio IX, de saudosa memória, através do Decreto "Quemadmodum Deus" da Sagrada Congregação dos Ritos, proclamou Patrono da Igreja Universal a São José, casto Esposo de Maria e Pai nutrício do Filho de Deus feito homem, Jesus Cristo.

O fundamento desse celeste e universal patrocínio, expôs o Papa Leão XIII, na Encíclica "Quamquam Pluries". Semelhante ofício celestial de São José é o complemento natural da função sublime que o grande Patriarca exerceu na terra, como chefe da Sagrada Família, guarda da intemerata Mãe de Deus, e Pai adotivo do Divino Redentor.

De fato, não podemos separar do Verbo Encarnado sua missão de Redentor do mundo. Jesus Cristo Se fez homem e Redentor ao mesmo tempo. Ele Se fez homem, como Redentor. Por isso, a função de São José sobre o Menino Deus se estende a todos os que na Igreja constituem o Corpo Místico de Cristo Redentor. Vale dizer que São José, por um direito natural, é o Patrono de toda a Igreja. Com argumentação semelhante, Leão XIII mostra que a nobre missão de São José junto à Virgem Mãe, se estende naturalmente a quantos a Maternidade Divina transforma em filhos de Maria Santíssima.

Eis que, em todos os tempos, a Igreja confiou sempre na especial proteção do Santo Patriarca São José. O mesmo faziam os Santos, como consta abundantemente da hagiografia cristã.

No entanto, foi a situação aflitiva da Santa Igreja que levou Pio IX ao Decreto "Quemadmodum Deus", proclamando o Patrocínio universal de São José sobre toda a Igreja. Diz o Pontífice da Imaculada: "Verdadeiramente, nestes tristíssimos tempos, quando a própria Igreja, perseguida em todos os lugares, por seus inimigos, está oprimida por tão grandes calamidades, que os homens ímpios imaginam que as portas do inferno prevaleceram contra Ela", torna-se necessário o patrocínio de São José para que Ela "possa servir a Deus com segurança, e com toda a liberdade, uma vez suplantados os erros e adversidades".

Tais palavras de Pio IX podem ser repetidas hoje, com a mesma, senão com maior propriedade. Porquanto, a crise por que passa hoje a Igreja pôde ser caracterizada por Paulo VI como uma autodemolição. Não são mais os inimigos de fora, mas os próprios filhos que, aliciados pelo desejo ardente de se conformarem com as máximas do mundo, tramam a destruição de sua própria Mãe, a Santa Igreja.

É, pois, necessário avivar nossa confiança no patrocínio de São José, e intensificar o exercício dos atos que atraem tão excelsa proteção.

Portanto, não só em vista de uma digna comemoração do centenário do ato de Pio IX, como, mais especialmente, pela singular e urgente precisão em que nos encontramos de recorrer ao patrocínio de São José, mandamos:

1 — Que no novenário que precede e prepara a festa da imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria, após a Bênção do Santíssimo Sacramento, se recite a oração "A Vós, São José, recorremos em nossa tribulação", com que invocamos o patrocínio de tão poderoso Patriarca;

2 — Que o povo seja instruído sobre o patrocínio universal de São José, de maneira a aumentar sua confiança e devoção ao Santo Varão, escolhido por singular providência divina para Pai nutrício do Verbo Encarnado, e guarda puríssimo da Virgem Mãe.

Dado e passado em Nossa Episcopal Cidade de Campos, sob Nosso sinal e selo de Nossas Armas, aos vinte e um dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e setenta, na festa da Apresentação da Bem-aventurada Virgem Maria no Templo.

L. S.