ELEIÇÕES CHILENAS: TFP ESCLARECE E ALERTA A OPINIÃO PUBLICA
Texto de
Gustavo Antonio Solimeo
A vitória de Salvador Allende nas eleições presidenciais chilenas encheu de euforia todos os comunistas e seus congêneres. E não sem razão, pois em mais de cem anos de intensa pregação ideológica esta é a primeira vez que um candidato oficialmente marxista chega ao poder pelas urnas.
Enquanto as tubas da propaganda apregoavam aos quatro ventos que o marxismo registrara grande progresso no Chile, a opinião pública ia-se deixando convencer, no Brasil como no resto do mundo, de que esse fato indicava um avanço irreversível das massas latino-americanas para a esquerda. Ao mesmo tempo, segundo o famoso princípio de Clausewitz, procurava-se desalentar toda ação anticomunista, apresentando como inútil a resistência ao que seria a marcha inexorável da História.
Essa atitude fatalista só ao comunismo poderia aproveitar, e era necessário que alguma voz se erguesse para denunciar o grande "bluff" que se queria impor à opinião mundial.
Se a vitória de Allende a muitos colheu de surpresa, o mesmo não se deu nos círculos da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Há anos acompanhava a entidade com apreensão o desenvolvimento da política interna do país irmão, que tanto reflexo podia ter sobre a nossa própria. Em 1967 um dos diretores da TFP, o jovem advogado e fazendeiro Fabio Vidigal Xavier da Silveira, lançou sobre Frei o apodo de o Kerensky chileno, no já hoje célebre livro em que mostra como o Presidente democrata-cristão andino estava preparando o caminho para um futuro regime marxista em seu país. Entre os aliados da Democracia-Cristã neste último, apontava o Autor setores do Clero progressista e organizações católicas.
Assim, não é de se estranhar que a palavra capaz de esclarecer o público brasileiro e sul-americano tenha partido da TFP, pela voz a todos os títulos autorizada do Presidente de seu Conselho Nacional. Em artigo sereno, profundo e objetivo — que a TFP fez seu como manifesto à nação — analisou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira o resultado das eleições chilenas, tornando patente que a vitória do candidato da Unidade Popular de nenhum modo representara um progresso do comunismo no país amigo. Pelo contrário, porcentualmente a votação de Allende regrediu em relação à eleição anterior, e a escassa margem de 1,4% que ele obteve sobre o segundo colocado lhe veio de fatores outros que um crescimento numérico das fileiras marxistas chilenas. Antes de tudo, cumpre assinalar o contingente de votos de inocentes-úteis frequentadores de igreja, que o Clero progressista certamente carreou para Allende.
A escandalosa atitude do Emmo. Cardeal Silva Henríquez, logo depois de ratificada pelo Congresso a eleição do candidato do Partido Socialista, não deixou margem a dúvidas quanto a este último ponto. E é por isso que os jovens propagandistas da TFP saíram pelas ruas de todo o Brasil apregoando alto e bom-som que "Pastores entregaram o Chile ao lobo vermelho".
"São Paulo assaltada por anjos medievais"
"São Paulo foi assaltada por anjos medievais. Ficção científica? Alucinação dantesca? Realidade pura. De repente, surgidos das entranhas obscuras da mitologia, eles invadem as ruas, dominam praças, fixam posições de ataque [...]. Não podemos negar que há uma certa beleza imemorial nesses estandartes que lembram leões dourados em campos vermelhos. Mas é absolutamente incompreensível que eles ainda tremulem em nossos céus, galhardamente erguidos por paladinos cuja envergadura mental recorda, pelo seu sectarismo e fanatismo, a estreiteza medieval..."
Foi com essas palavras ao mesmo tempo indignadas, atônitas e admirativas, que o redator anônimo de certa folha universitária de São Paulo se referiu ao lançamento da mais recente campanha da TFP, na Capital paulista, de onde se irradiaria por todo o País.
Essa campanha durou de 11 de setembro a 5 de outubro p.p. Seu êxito foi eloquente, e de uma eloquência contra a qual nada há que redarguir: a eloquência dos números. Com efeito, tal foi a aceitação do público para a difusão que a TFP fazia do "best-seller" do Sr. Fabio Xavier da Silveira, "Frei, o Kerensky chileno", e do artigo-manifesto do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mostrando a verdade a respeito da vitória de Allende, que em dez dias praticamente se esgotaram os 4700 exemplares que restavam do livro e os 2800 jornais remanescentes de nossa edição de junho-julho de 1967, a qual estampara em primeira mão aquela vibrante reportagem. Para que a campanha pudesse prosseguir, reapresentamos em nosso número de outubro, com a tiragem de 25 mil exemplares, o texto de "Frei, o Kerensky chileno", junto com o artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Ademais, 550 mil volantes com o texto deste último foram distribuídos ao público nas ruas das cinquenta cidades (14 Estados) em que se desenvolveu a campanha.
"Sapos" e comunistas não gostaram
Enquanto o grande público manifestava profundo interesse tanto, pelo livro do Sr. Fabio Xavier da Silveira, como pelo manifesto da TFP, uma minoria, constituída por "sapos" e esquerdistóides de todo naipe, mostrava-se profundamente desagradada com a campanha.
"A reação mais bem organizada foi a dos "sapos", escreveu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em sua coluna semanal num matutino paulista: "com uma uniformidade de atitude espantosa, que faz pensar numa palavra de ordem, esses burgueses bem instalados na vida passam pelos sócios e militantes da TFP, sem os ver nem ouvir. Com os olhos postos num vago longínquo, a cara discretamente carrancuda, o passo rápido, não respondem nem sequer com um aceno à oferta amável do "best-seller" de meu amigo Fabio. E nem abrem a mão para aceitar meu artigo".
E mais adiante: "Enquanto desse modo agem os "sapos", os comunistóides de rua e os jovens fanatizados pelo Clero progressista, com mil perguntinhas, objeçõezinhas e debiques, tentam interromper nosso trabalho. Um ou outro agride até com violência. Assim, um tipo, em Porto Alegre — eu melhor diria, um assassino em germe — atirou contra os nossos um paralelepípedo de rua. Naturalmente, esse "valente" ficou covardemente anônimo".
Em Belo Horizonte: desfile grandioso
Ponto alto da campanha em Belo Horizonte foi um desfile dos propagandistas da TFP, com suas capas e estandartes, pela Avenida Afonso Pena, artéria principal da Capital mineira.
Esse desfile teve lugar no dia 1o de outubro, e provocou enorme impressão sobre a população belo-horizontina.
Depois de enfrentarem uma estúpida agressão na Praça Barão do Rio Branco (ver comunicado da TFP em outro local desta edição), os jovens da TFP iniciaram a sua caminhada, dirigindo-se para a Praça 7 de setembro, subindo a Avenida Afonso Pena até a Rua Guajajaras, e terminando na Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Durante o desfile cantavam o hino "Queremos Deus" e davam brados de "Tradição! Família! Propriedade!", entremeando-os com os slogans da campanha: "Nosso manifesto demonstra: o comunismo não progrediu no Chile!" — "Leiam nosso manifesto: Pastores entregaram o Chile ao lobo vermelho!" — "Plinio Corrêa de Oliveira denuncia: a trama progressista no Chile!" —"O livro de Fabio Xavier da Silveira: Frei, o Kerensky chileno!" Além de dezenas de estandartes menores, era conduzido um grande estandarte da entidade, de 12 metros, tarjado de preto, a indicar luto pela entrega do Chile ao comunismo. Uma faixa ostentava os seguintes dizeres : "Pelo Chile, país irmão — luta, luto e oração".
Grande massa popular se postava de ambos os lados da imponente Avenida Afonso Pena, e das janelas dos prédios milhares de pessoas observavam a caminhada. Ao longo do percurso os propagandistas da TFP foram várias vezes saudados com aplausos partidos espontaneamente do meio da multidão.
Chegados à Igreja do Sagrado Coração de Jesus, sócios e militantes da TFP entraram com seus estandartes, para assistirem à Santa Missa e oferecerem-na por intenção do Chile. Deu-se então um fato deplorável e que nada justificava: o DOPS pôs verdadeiro cerco ao templo, com um aparato policial que incluía até cães amestrados para a caça a bandidos; o advogado Leo Daniele, militante da Tradição, Família e Propriedade, foi detido arbitrariamente, permanecendo preso durante três horas e meia. Findo o ato religioso, diretores da TFP mineira foram notificados pelos agentes do DOPS para não prosseguirem com o desfile. Tendo deliberado conformar-se com a determinação abusiva, os propagandistas da TFP cantaram novamente o hino de São Luís Grignion de Montfort "Queremos Deus", e se retiraram do templo, dispersando-se.
No dia 2 a TFP convidou a população de Belo Horizonte para participar da recitação do terço que, encerrando a campanha em Minas, promoveria diante de uma de suas sedes, a fim de pedir a Nossa Senhora da Conceição Aparecida que livrasse o Chile da ameaça comunista e nunca permitisse que o Brasil se visse em uma situação como a da nobre nação irmã (notícia em outro local deste número).
À falta de argumentos, estrondo publicitário
"Quem sai à chuva é para se molhar", diz o velho ditado, lembrado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em artigo para a imprensa diária. A TFP previa a tormenta que desabaria sobre ela a propósito de sua campanha. Já no manifesto sobre as eleições chilenas havia advertido o Presidente de seu Conselho Nacional: "É de se prever que certas afirmações aqui contidas causem desagrado e até protestos em alguns círculos, especialmente do chamado progressismo cristão. A esses lembramos simplesmente que os fatos que alegamos são incontestes e incontestáveis..."
E é por não encontrarem o que contestar nos fatos apresentados pelo eminente pensador brasileiro que os progressistas, os "sapos", vários jornais, rádios e televisões, de todo o País, numa orquestração perfeita, se coligaram contra a TFP num imenso estrondo publicitário, que procurava em vão atemorizar os sócios, militantes e simpatizantes da entidade, para lhes enregelar o entusiasmo, paralisar o dinamismo e desagregar a coesão.
"Contávamos com isto — escreveu o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira — pois tal é o costumeiro desfecho de nossas campanhas: uma contra-ofensiva dos que não concordam com a atuação por nós desenvolvida a bem do País e da civilização cristã".
A seguir, lembra o Presidente do Conselho Nacional da TFP que, em 1966, quando aquela Sociedade estava em plena campanha contra o divórcio, a Comissão Central da CNBB, numa atitude inusitada, baixou um comunicado contra ela, que a todos surpreendeu. Em mensagem pública ao Episcopado a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade ponderou, entre outras considerações, que golpear o porta-bandeira em plena luta é favorecer o adversário da própria bandeira.
A mesma reflexão caberia para o episódio que ocorreu na presente campanha: quando esta se encontrava em seu auge, o Cardeal Primaz do Brasil saiu a público com um ataque contra a TFP, poucos dias antes de dar a lume uma fogosa apologia de D. Helder. Em nossa última edição estampamos a resposta da TFP a essa tomada de atitude do Emmo. Sr. D. Eugenio Sales ("Análise, defesa e pedido de diálogo / Carta aberta da TFP ao Cardeal D. Eugenio Sales").
E para pasmo de muitos, D. Geraldo Sigaud escolheu o mesmíssimo momento para atacar a TFP, a qual se viu obrigada a emitir o comunicado que estampamos igualmente em nosso número de novembro.
Em artigo para a imprensa paulista o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira fez nos seguintes termos, a análise da rumorosa ofensiva publicitária a que aludimos:
"Onde o fenômeno se apresentou de um modo mais acentuado foi Belo Horizonte. Porém, uma ou outra de suas características se notou quase por toda parte.
Enuncio três destas características, ou melhor, três dessas anomalias típicas da recente erupção de ódio:
1 — INTEIRA PERDA DA OBJETIVIDADE. Assim, em Belo Horizonte, há uma igreja situada em local muito transitado, na qual nossos jovens se reuniram para rezar após um dia de campanha. A cidade toda, absolutamente toda, sabe que se trata de um templo católico apostólico romano, isto é, a Igreja do Coração de Jesus. Para incompatibilizar a TFP com a população belo-horizontina, um jornal da Capital mineira teve a inconcebível audácia de afirmar que aquela igreja é greco-cismática. E essa balela circulou largamente pela imprensa de outros lugares. Para honra de nosso jornalismo, é preciso dizer que uma tão frontal negação de uma verdade evidente, é muito rara. Por que então se chegou a tal extremo com a TFP?
2 — COMPLETO FECHAMENTO A QUALQUER DEFESA DA TFP. Em Belo Horizonte, nenhum jornal publicou as retificações e desmentidos da TFP. Em outros lugares, houve folhas que fizeram o mesmo. Outras publicaram, em lugares secundários, resumos ridiculamente pequenos de nossas retificações. E isto quando, na véspera, haviam publicado com gordos títulos as notícias contrárias a nós. Poucas foram as que publicaram convenientemente nossos comunicados. Também tudo isto é raro em nosso meio. Por que se chegou a tal extremo com a TFP?
3 — ALARDE DO QUE É CONTRA, SILÊNCIO SOBRE O QUE É A FAVOR. No transcurso da campanha, D. Geraldo Sigaud, Arcebispo de Diamantina, publicou declarações sobre o distanciamento ocorrido entre ele e a TFP.
Essas declarações foram reproduzidas, glosadas, vociferadas por toda parte.
Ao mesmo tempo, D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, nos escreveu uma carta de caloroso apoio à campanha que vínhamos desenvolvendo. Nosso Serviço de Imprensa distribuiu largamente esse primoroso documento. Entretanto, poucos jornais o publicaram. Mais uma vez, pergunto: por que se procedeu assim com a TFP?
Não sei. Mas de uma coisa sei. E o leitor também sabe a quem aproveita tudo isso. É a quem atacamos, é o comunismo.
Que nexo há, então, entre o comunismo e essa campanha? Como se dá que pessoas não comunistas, a ela se associem com tal furor?
São perguntas sobre as quais não há dados para se escrever nada, por ora.
Mas a História o dirá...”
Professores e eclesiásticos apóiam TFP
Em meio a essa ofensiva de verdadeiro terrorismo publicitário contra a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, recebeu esta numerosas e expressivas manifestações de simpatia e de apoio à sua atuação. Entre elas cabe destacar a já referida carta do Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer, que transcrevemos em nossa edição de novembro. Também merece menção especial o abaixo-assinado de 240 professores dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, que reproduzimos no presente número.
COMUNICADO DA TFP À FAMÍLIA MINEIRA
A secção de Minas Gerais da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade não obteve que nenhum jornal, rádio ou TV da Capital mineira publicasse um comunicado seu desmentindo as inverdades veiculadas a propósito de incidentes ocorridos por ocasião do desfile que ela realizou pela Avenida Afonso Pena, no dia 1.° de outubro. Por isso, na noite do dia 2 fez distribuir de porta em porta, em Belo Horizonte, 10 mil volantes com o seguinte texto, subordinado ao título de "COMUNICADO DA TFP À FAMÍLIA MINEIRA / DESMENTIDO AO TERRORISMO PUBLICITÁRIO":
"A Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — Secção de Minas Gerais dirige-se, através deste folheto, aos lares, às famílias da Capital, apresentando-lhes um relato sucinto do que realmente aconteceu.
A referida entidade levou a cabo a 1.° de outubro p.p. uma brilhante jornada de difusão do mensário de cultura "Catolicismo", editado em Campos, sob a égide do grande Bispo e teólogo D. Antonio de Castro Mayer.
Nesse número de "Catolicismo" está publicado o artigo-manifesto do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, esclarecendo a opinião pública sobre a pretensa vitória do marxismo no Chile. E também — em nova edição — o já famoso "best-seller" de Fabio Vidigal Xavier da Silveira, intitulado "Frei, o Kerensky chileno".
A TFP agradece a ótima acolhida que recebeu, desta vez, como de costume, da parte da população de Belo Horizonte, e exprime seu entusiasmo ante a difusão que está obtendo esse número de "Catolicismo".
Ao mesmo tempo, a TFP se sente no dever de elucidar a opinião pública mineira sobre duas agressões feitas naquela data, contra seus sócios e militantes, as quais serviram de ocasião para que se levantasse contra ela um bem concatenado e impetuoso estrondo publicitário.
Agressão
O primeiro episódio se deu na Praça Barão do Rio Branco, às 15h15. Um grupo de arruaceiros desconhecidos lançou uma Kombi contra nossos propagandistas, começou a insultá-los, sem outros motivos, passando logo depois à agressão física. Os militantes, no exercício do direito da legítima defesa, aos brados de "agressores", "agressores", revidaram, de maneira a conter os agressores. Posteriormente, apareceu no local uma viatura do DOPS.
Agressão análoga ocorreu na Praça Sete, durante o desfile. Os sócios e militantes da TFP, mais uma vez, foram obrigados a revidar em legítima defesa.
O desfile
Iniciou-se então o desfile, programado desde a véspera, como parte da jornada de difusão do artigo-manifesto do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
O cortejo saiu da Praça Barão do Rio Branco, às 15h30, dirigindo-se para a Praça Sete, continuando até a rua Guajajaras, terminando na Igreja do Sagrado Coração, onde foi celebrada Missa em ação de graças pela campanha e para que o Chile não caia sob o jugo comunista.
Quando o cortejo chegou à igreja, os diretores da TFP receberam notificação do DOPS para não prosseguirem no desfile.
Notificada a proibição aos sócios e militantes pela Diretoria Seccional da TFP, estes deliberaram, conformar-se à determinação. Antes de saírem do templo cantaram com entusiasmo o hino de São Luís Grignion de Montfort "Queremos Deus", como preito de amor à civilização cristã.
Tendo sido sobre o assunto promovido verdadeiro estrondo publicitário contrário à TFP, esta Secção formula seu mais enérgico protesto e afirma a falsidade completa de todas as versões desairosas que têm sido veiculadas sobre o fato.
Não dispondo dos meios necessários para dar ao referido estrondo publicitário uma réplica, difundida com proporcional amplitude, a TFP confia, entretanto, no proverbial bom senso do povo mineiro, bem como na simpatia com que ele sempre acompanhou nossas atividades, e está certa de que a opinião pública saberá discernir entre a calúnia soez e a verdade cristalina.
Desmentido
A versão de que o advogado Leo Daniele teria sido preso por ter tentado arrebatar um microfone das mãos de um radialista é totalmente falsa. Na realidade, o Sr. Leo Daniele, militante da Tradição, Família e Propriedade, se limitou a tomar alguns apontamentos, enquanto falava o radialista. Este, inexplicavelmente agastado, pediu a intervenção de um policial, o qual levou o Sr. Leo Daniele ao DOPS, liberando-o mais tarde.
Atitude tendenciosa da imprensa
A respeito da agressão sofrida por sócios e militantes da TFP, no início de seu desfile, convém apresentar um formal desmentindo às versões distorcidas, divulgadas por órgãos da imprensa escrita e falada.
Assim, não corresponde à verdade que os jovens tenham provocado "grande confusão, espancamento e perturbação do trânsito, ao se dirigirem para a igreja ortodoxa brasileira", conforme noticiou "O Diário", em sua edição de 2 de outubro.
De acordo com a nota distribuída no dia anterior pelo nosso Serviço de Imprensa, os três indivíduos identificados no DOPS e mais um companheiro lançaram uma perua Kombi sobre os propagandistas e iniciaram depois uma agressão, que foi revidada pelos militantes da TFP, em legítima defesa.
Também a notícia de que os nossos rapazes se dirigiram para a igreja ortodoxa brasileira situada na confluência das avenidas Carandaí e Alfredo Balena, carece de objetividade, pois, segundo é notório, a Igreja do Sagrado Coração, aí situada, é católica apostólica romana.
Ainda sobre o incidente na Praça Barão do Rio Branco, não corresponde à realidade a versão apresentada pelo "Diário de Minas": "Quando a Kombi passou por outro grupo, mais de vinte homens da TFP avançaram sobre o veículo, batendo com os estandartes no carro, amassando-o, enquanto o motorista Euclides e seus companheiros Roberto Lima e Rafael Pelozi, eram arrancados da Kombi e surrados".
Com efeito, nenhum sócio ou militante bateu com estandartes na perua, amassando-a, nem arrancou qualquer dos seus ocupantes do interior da mesma, os quais iniciaram a agressão.
Versão distorcida
Sobre a magnífica jornada de difusão do mensário "Catolicismo" e o imponente desfile pela Afonso Pena, que impressionou a população de Belo Horizonte, o conceituado órgão "Estado de Minas", inexplicavelmente, registrou apenas que os jovens se dirigiram "escoltados por agentes do DOPS para a Igreja do Sagrado Coração de Jesus". Esta formulação facciosa sugere a ideia de que os rapazes seguiram presos até aquele templo religioso.
"Muita gente [...] entrou na briga, ao lado dos rapazes da Kombi" — afirmou o "Diário de Minas". Acrescentando que "soldados, com empurrões e cassetetes, conseguiram dissolver o grupo".
Quando os ocupantes da Kombi iniciaram a violência, os militantes reagiram, contendo-os após alguns minutos. Não houve nenhuma outra interferência policial e nem tampouco foram usados "cassetetes".
Nota-se também o intuito de colocar a TFP contra os populares, nesta versão de "O Diário": "Envergando as suas conhecidas capas escarlates, com o símbolo de um leão heráldico, um grupo da TFP acabou por insistir demasiado com os populares, a ponto de provocar o primeiro desentendimento, que ocorreu com um grupo de outros jovens, que passava numa Kombi de chapa número 2-21296-12. [...] iniciou-se a agressão, tendo os ocupantes do veículo reagido contra os pontapés que eram desferidos na Kombi [pelos militantes da TFP]. O conflito degenerou. Os "TFP", usando os mastros de suas bandeiras, passaram a desferir golpes nos populares".
Na verdade, os nossos sócios e militantes se limitaram a defender-se contra uma selvagem tentativa de atropelamento e de agressão,
(continua)