A TFP faz celebrar na Capital paulista
MISSA PELAS VÍTIMAS DO COMUNISMO
"A multidão que lotou a Catedral, na qual se notava a presença expressiva de autoridades e pessoas, gradas, como também um número enorme de jovens, bem indica a preocupação da ameaça que o comunismo internacional representa para todos os países. No momento em que em outras nações parece haver um adormecimento na consciência desse perigo, é próprio à inteligência intuitiva, penetrante e subtil do brasileiro não se deixar entorpecer pelos anestésicos da distensão comunista e continuar sempre vigilante".
Assim se exprimiu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, falando à imprensa, à saída da cerimônia promovida em São Paulo pela TFP, em conjunto com entidades representativas das nações sob o jugo comunista, no dia 12 de novembro p.p.
Desde 1967, vem a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade promovendo, por ocasião do aniversário da revolução bolchevista de 1917, Missas em sufrágio das almas de todas as vítimas que o comunismo tem feito em todo o mundo, ao longo destes anos em que se acha implantado na Rússia, sendo especialmente lembrados os brasileiros que tombaram em defesa das instituições e da civilização cristã; o Santo Sacrifício é também oferecido para implorar da divina Misericórdia a libertação dos povos opressos pela tirania marxista.
Em rito ucraniano
Desta vez a cerimônia teve lugar na Catedral Metropolitana de São Paulo, iniciando-se às 10h30 com um cortejo formado por elementos da colônia portuguesa local, que, em trajes típicos, conduziram através da nave central da igreja até o presbitério uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. A presença dessa imagem evocava as advertências e promessas da Virgem na Cova da Iria em 1917, quando predisse a propagação do comunismo e prometeu a vitória final de seu Imaculado Coração.
A Santa Missa foi celebrada em rito ucraniano católico, e a participação do Coral Ucraniano de São Paulo muito contribuiu para realçar o esplendor da venerável liturgia bizantino-eslava. Celebrou o Revmo. Pe. João Malániak, da Ordem de São Basílio Magno. O Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer tomou lugar no presbitério, e ao final do ato foi convidado pelo celebrante a dar a bênção aos fiéis.
Lanceiros do Regimento de Cavalaria 9 de Julho da Polícia Militar fizeram a guarda de honra ao longo do corredor central do templo e junto à imagem de Nossa Senhora de Fátima.
Caminhada cívica
Ao término da cerimônia litúrgica, o Exmo. Sr. Bispo de Campos, as autoridades, os membros do Conselho Nacional da TFP e o público presente dirigiram-se à escadaria da Catedral para participar de expressiva manifestação cívico-religiosa.
Uma magnífica coroa de flores — preito da TFP à memória das vítimas do comunismo — foi depositada nos degraus da imponente escadaria, onde se viam igualmente os retratos de dois insignes Purpurados, glória do Sacro Colégio no século XX pela sua denodada e intransigente atuação contra o comunismo: os Emmos. Cardeais József Mindszenty, Arcebispo de Esztergom e Primaz da Hungria, e Josyf Slipyj, Metropolita de Lwów e Arcebispo-Maior dos ucranianos.
O Coral Lituano de São Paulo cantou então o tradicional hino a Nossa Senhora da Aurora, Padroeira da Lituânia, como homenagem aos estudantes que se revoltaram em Kaunas, em julho último, contra o despotismo soviético, opressor da Fé e da Pátria.
Clarins do Regimento 9 de Julho deram a seguir o toque de silêncio em memória de quantos o comunismo matou nestes 55 anos, em atentados, revoluções e guerras.
Acompanhados pela Banda da Polícia Militar, os presentes cantaram o hino "Queremos Deus!" Erguendo grandes hastes metálicas em forma de "V" e de cruz, com as cores da entidade, dourado e vermelho, jovens militantes da TFP proclamavam em coro: "Em Fátima, Nossa Senhora prometeu: — Vitória! Vitória! Vitória da Santa Cruz!" O ato terminou com o Hino Nacional, e com o brado tradicional: "Pelo Brasil: Tradição! Família! Propriedade! — Brasil! Brasil! Brasil!"
Da Praça da Sé, os sócios e militantes da TFP, acompanhados por grande número de populares, dirigiram-se em solene caminhada cívica, através das RR. 15 de novembro, Av. São João, Ana Cintra, Dona Veridiana e Martinico Prado, até o oratório de Nossa Senhora da Conceição, vítima dos terroristas, instalado na sede da entidade à Rua Martim Francisco. À frente do cortejo, entre os estandartes rubros com o leão rompante, via-se o andor com a imagem de Nossa Senhora de Fátima que presidira à Missa, bem como os retratos dos Cardeais Slipyj e Mindszenty, flanqueados por bandeiras da Ucrânia e da Hungria, que eram conduzidas por compatriotas seus.
Aplaudidos pelo povo ao longo do trajeto, os sócios e militantes da TFP alternavam o cântico do "Queremos Deus!" e outros hinos religiosos, com proclamações como: "O Brasil é — terra de Santa Cruz!"; "Brasil, sim — comunismo, não!"; "Tradição, Família, Propriedade — uma força jovem, a serviço do Brasil:"
Personalidades presentes
Compareceram à Catedral o Embaixador da China Nacionalista, Sr. Fu-Sung Chu, vindo especialmente de Brasília; o representante do Governador Laudo Natel, Sr. Juvenal Rodrigues de Moraes; o Secretário de Estado do Planejamento, Sr. Miguel Colassuono; o representante do Prefeito Figueiredo Ferraz, Sr. Teruo Massita; o Presidente do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo, Juiz Ítalo Galli; Conselheiro Aloysio Gomide, que esteve durante largos meses sequestrado em poder dos tupamaros no Uruguai, onde exercia as funções de Cônsul do Brasil; os Cônsules Gerais da China e da Coréia do Sul, Srs. Ping-chao Su e Jae Sun Kim; o Comandante e o Subcomandante do CPOR, Coronel Antonio Cursio Neto e Tenente-Coronel Josué de Figueiredo Evangelista; o Diretor do Departamento Regional do Interior (DERIN) da Secretaria da Segurança, Sr. Benedito Nunes Dias; o titular da Delegacia de Ordem Política, Sr. Alcides Cintra Bueno Filho, e o Delegado do DEOPS Sr. Lisandro Bártolo; o Delegado Regional do Ministério do Trabalho, Sr. Aluisio Simões de Campos; o Coronel Hélio da Costa Nunes Pinto; o Subcomandante do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, Major Senazelli, representando o Comandante, Tenente-Coronel Eduardo Monteiro; os representantes dos Comandantes do 15.°, 22.° e 23.° Batalhões Policiais Militares, Tenentes-Coronéis Raul da Luz, Francisco Torres de Araújo e Alcione Pinheiro de Castro; oficiais do Exército e da Polícia Militar; o Vereador Marcos Mélega e o representante do Vereador Samir Achoa, Vice-Presidente da Câmara Municipal de São Paulo; representantes de entidades cívicas e delegações de albaneses, croatas, sérvios, macedônios, búlgaros, romenos, checos, eslovacos, eslovenos, russos, chineses, coreanos, vietnamitas, cubanos, chilenos, alemães orientais, lituanos, letonianos, poloneses, húngaros, georgianos, ucranianos, armênios, estonianos, bielo-russos e tibetanos.
5 milhões de mortos
Entrevistado por jornalistas ao final da cerimônia, o Embaixador da China declarou: "Milhões de chineses, hoje em dia, estão sofrendo o peso do comunismo, e isto há bastante tempo, havendo estimativa de que o número dos que ele matou ascende a 5 milhões. Este é um dia significativo para mim, pois me é grato tomar parte nesta Missa pelas vítimas do comunismo".
Autoridades enviam mensagens
Por não terem podido comparecer à Missa ou à conferência promovidas pela TFP, numerosas autoridades e personalidades enviaram mensagens — ofícios, cartões, telegramas — ao Conselho Nacional da entidade. Entre essas mensagens destacamos as dos Srs. Antonio José Rodrigues Filho, Vice-Governador do Estado; Antonio Delfim Netto, Ministro da Fazenda; General Humberto Souza Mello, Comandante do II Exército; General Paulo Carneiro Thomaz Alves, Comandante da 2.a Região Militar; General Sérvulo Mota Lima, Secretário da Segurança Pública; Sr. Getúlio Lima Júnior, Secretário da Saúde; General Enéas Nogueira, Chefe do Estado-Maior do II Exército; General José Fragomeni, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras; Coronel Josio Lery dos Santos, Chefe da Agência de São Paulo do Serviço Nacional de Informações; Sr. José M. Aguado, Cônsul Geral da Espanha; Coronel-Aviador Adeéle Migon, Comandante da Base Aérea de Cumbica; Tenente-Coronel José Santer Peret Antunes, Comandante do 4.° Batalhão de Infantaria Blindada (Batalhão Raposo Tavares), de Quitaúna; Tenente-Coronel Waldyr Coelho, Comandante do 2.° Batalhão de Engenharia de Combate, sediado em Pindamonhangaba; Sr. Alberto Brandão Muylaert, Procurador-Chefe da Procuradoria da República em São Paulo; Comendador Angelo Eduardo Carrara.
Cumpre registrar o gesto altamente simpático do Sr. Aldo Giannini, Administrador Regional de São Miguel, da Prefeitura Municipal de São Paulo, que estendeu aos moradores da área sob sua jurisdição o convite recebido para a Missa, fazendo-o mimeografar e distribuir largamente.
Texto de Gustavo Antonio Solimeo
Conferência do Embaixador chinês
A convite da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, o Embaixador Fu-Sung Chu discorreu sobre problemas do Extremo-Oriente, e especialmente sobre a atual situação da China comunista e da China livre, em conferência realizada perante numeroso público no auditório do Club São Paulo, na noite de 13 de novembro. O Governador do Estado fez-se representar pelo Sr. Paulo Macedo de Souza.
Falando em inglês, advertiu o orador: "Desde a alteração da política norte-americana em relação à China, a situação mundial mudou tanto, que até os comunistas chineses tiveram que fazer reajustes necessários na condução de sua política exterior. Suas tratativas com os EUA e o Japão são parte desta mudança que representa uma acentuada alteração tática. O fato de estarem tratando com dois de seus maiores inimigos não significa qualquer modificação de sua política básica. Isto é o que é chamado pelos comunistas de tática simultânea "da associação e da contestação". Eles podem estar tratando com o Japão e os EUA, mas não têm moderado em nenhum grau seu ritmo de infiltração e atividades subversivas nessas duas nações, como também em outros países do mundo livre".
"Estamos fazendo o máximo na luta contra o comunismo — prosseguiu o diplomata chinês — mas nosso trabalho é somente uma parte da grande luta mundial. Para derrotar a conspiração comunista, as nações livres do mundo devem também preparar um amplo programa e uma estratégia coordenada, tanto militar como política".
E mais adiante:
"A atividade comunista intensificada nas Filipinas, nestes últimos meses, com forte apoio dos comunistas chineses, é uma inegável prova da intervenção de Peiping nos assuntos internos dos outros países. É um exemplo típico de subversão comunista.
Há ainda um relatório da crescente atividade de espionagem dos comunistas chineses na França. A conhecida revista "Paris-Match" relatou recentemente que eles têm apoiado a abertura de mais restaurantes chineses naquele país, pois que os restaurantes constituem uma cobertura clássica para espiões. A revista declara que os comunistas chineses estão mandando 4 mil agentes de inteligência para a França".
"Tenho repetidamente feito advertências a respeito da atitude de fechar os olhos ao verdadeiro caráter do comunismo — acrescentou o Sr. Fu-Sung Chu — porque não desejo ver nenhum de nossos amigos tão profundamente enganados a ponto de se entregarem avidamente à ideia de que os comunistas chineses abandonaram suas intenções subversivas e agressivas. Também tenho declarado com insistência que eles têm um programa geral para a agressão e a subversão. Estão jogando com a fraqueza do mundo livre, sabendo que podem contar com a desunião e com a falta de solidariedade por parte deste".
Depois de afirmar que o comunismo "na origem, na filosofia e na prática é contrário ao espírito chinês", o Embaixador da República da China frisou que "não devemos cair no engodo de que o que acontece no Vietnã, na Coréia e nas Filipinas não é de nossa alçada. Ao contrário, aqueles fatos nos dizem muito respeito, porque o que acontece lá, ainda que longe, certamente afetará o futuro de todos nós".
"O mínimo — concluiu o orador — com que cada país do mundo livre poderia contribuir para esse combate comum seria dispensar-nos, a nós que estamos no front da luta, o apoio moral de que necessitamos, não ajudando o nosso inimigo".
Visita à TFP
No dia 13, pela manhã, o diplomata chinês visitou a sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.° 341, onde foi recebido pelo Presidente, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, e pelos Conselheiros. Em seguida, os diretores da entidade ofereceram ao Sr. Fu-Sung Chu um almoço no Automóvel Club.
MENSAGEM DE D. ANTONIO DE CASTRO MAYER
"CATOLICISMO" ESTEVE PRESENTE COM A SUA PALAVRA DE ESCLARECIMENTO
OS FATOS SE ATROPELAM NO ANSEIO DE CHEGAR AO DESENLACE DA CRISE
† Antonio, BISPO DE CAMPOS
Aqui estamos, no limiar do vigésimo segundo aniversário de "Catolicismo", para dar graças a Deus pelo trabalho realizado no ano findo e pela fidelidade de nosso mensário à Igreja e ao seu programa inicial.
Denso pois o ano de 1972. Dir-se-ia que os fatos se atropelam no anseio de chegar logo ao desenlace da crise que pesa sobre o mundo e a Igreja.
E "Catolicismo" esteve presente a todos esses eventos, com sua palavra de esclarecimento e orientação, mostrando, na realidade atual, os insondáveis desígnios de Deus que castiga com misericórdia, e salientando qual a diretriz a tomar no momento presente.
Comentou assim nosso mensário os acontecimentos mais marcantes do ano, a visita de Nixon à China e à Rússia, no âmbito internacional, registrando a obra de sapa que faz o comunismo difuso, inoculando nas almas o espírito materialista, o desejo desordenado do gozo da vida, a capitulação diante de qualquer esforço, espírito que prepara a aceitação pacífica da tirania marxista.
Dentro de nossas fronteiras, "Catolicismo" alegrou-se com a passagem do sesquicentenário de nossa Independência. Fato que lhe deu aso a registrar como na fidelidade à Tradição Cristã está a condição da prosperidade pátria.
A comemoração do 150.° aniversário de nossa autonomia política deu especial relevo a nosso mensário, pois a bela "Prece no sesquicentenário" do seu colaborador Prof. Plinio Corrêa de Oliveira mereceu transcrição em várias Câmaras Municipais do País. Deu, além disso, a "Catolicismo" a honra insigne de uma colaboração de Sua Alteza Imperial e Real D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, muito digno e respeitável Chefe da Família Imperial Brasileira.
Em torno desses fatos de maior repercussão, "Catolicismo" continuou com suas secções de sempre, levando os leitores a se habituarem a julgar os eventos temporais com o critério sobrenatural da Revelação.
Nota fúnebre deste ano findo foi a ausência de nosso colaborador Dr. Fábio Vidigal Xavier da Silveira, que a Providência chamou a Si ao encerrar-se o ano de 1971. Justa homenagem prestou-lhe nosso mensário, a quem ele emprestou o brilho de seu estilo e a segurança de sua análise dos fatos contemporâneos, especialmente no best-seller de sua autoria, "Frei, o Kerensky chileno". Estamos certos de contar com suas preces junto ao trono de Maria, tão edificante foi sua morte, como apostólica sua vida.
Por todos esses benefícios de Deus Nosso Senhor, "Catolicismo" Lhe rende humilde ação de graças.
Resta-nos suplicar à Bondade Divina queira abençoar a quantos se empenham por que "Catolicismo" continue fiel à sua missão apostólica em benefício das almas e exaltação da Santa Igreja de Cristo. Imploramos assim favores celestiais sobre o diretor, colaboradores, funcionários e leitores de "Catolicismo". Que a todos Deus Nosso Senhor conceda pelas mãos imaculadas de Maria Santíssima a fortaleza de perseverar no bem.
Legendas: Em dezembro reproduzimos o texto integral da Pastoral já famosa.
A passagem do sesquicentenário de nossa independência (foto ao alto da página) foi assinalada por "Catolicismo" com uma edição especial. A visita de Nixon à China comunista (foto acima) deu ocasião de publicarmos um esclarecedor artigo de Plinio Corrêa de Oliveira em nosso número de abril.
"Deus julgará" – foi a advertência que formulamos, em artigo de Plinio Corrêa de Oliveira, a propósito da visita do Presidente norte-americano a Moscou (foto). Em fevereiro, destacamos a personalidade de nosso colaborador Fabio Vidigal Xavier da Silveira, falecido ao encerrar o ano de 1971(foto em baixo).