OS FRANCISCANOS DISPOSTOS A COLABORARCOM OS MARXISTAS?
Cunha Alvarenga
Ao estabelecermos o confronto entre o Catolicismo e o marxismo, não nos é lícito mudar arbitrariamente as regras do jogo. Estamos diante de duas concepções do mundo diametralmente opostas. Tanto é censurável desfigurar uma quanto a outra para preparar as bases da coexistência, de um diálogo ou de uma colaboração. A menos que caiamos no mais delirante subjetivismo, não podemos isolar do Catolicismo nenhum dos elementos essenciais que o compõem como Religião revelada, destinada a guiar pela doutrina e a alimentar pelos Sacramentos a vida dos homens sobre a terra e a assim conduzi-los à bem-aventurança eterna. De modo análogo, "o marxismo não é uma teoria filosófica abstrata, nem um simples método historiográfico, e nem um corpo de doutrinas econômicas e filosóficas limitado, mas uma completa concepção do mundo — apoiada sobre o materialismo dialético e histórico — em que todos esses aspectos se encontram presentes, organicamente fundidos" ("Pequena Enciclopédia do Socialismo e do Comunismo", apud "O Marxismo", Pe. Jorge Lojacono, S. J., Edições Paulinas, São Paulo, 1968, pp. 5-6).
Eis porque dizia Lenine que o comunismo deve ser "a doutrina, o ensinamento puro do marxismo". E acrescentava: "Fazei quantos acordos quiserdes para alcançar os fins práticos do movimento, mas sem barganhar princípios e sem fazer concessões teóricas" ("Que fazer?", Lenine — apud obra cit. do Pe. Lojacono, p. 6).
O comunismo ou o marxismo-leninismo não é só uma heresia monstruosa: é um inimigo declarado do Credo católico e da lei natural, razão pela qual declarou a Santa Igreja pela voz de Pio XI: "Intrinsecamente mau é o comunismo, e não se pôde admitir, em campo algum, a colaboração recíproca, por parte de quem quer que pretenda salvar a civilização cristã" (Encíclica "Divini Redemptoris", de 19 de março de 1937).
"Os Franciscanos estão dispostos a colaborar"
Tudo isso são verdades ultraconhecidas, mas as vicissitudes dos tempos nos obrigam a constantemente recordá-las. Assim é que há poucos dias nos chegou da Cidade do México a seguinte lamentável notícia:
"Os Franciscanos estão dispostos a um contato, diálogo e até mesmo colaboração com os marxistas, segundo declarou nesta capital o Superior Geral da Ordem, Padre Constantino Koser, que preside o III Encontro Franciscano da América Latina.
Numa entrevista concedida ao jornal "Excelsior", o Padre Koser, que é brasileiro, afirmou que "a política invadiu todos os campos e que o Clero não é uma exceção". "Entretanto, quando se fala da politização do Clero, imagina-se logo participação na vida partidária. Esta não é, absolutamente, nossa intenção".
Sobre a posição da Ordem com relação às correntes ideológicas atuais, o Padre Koser disse: "Nós reconhecemos no marxismo, no socialismo, que é um marxismo moderado, uma série de elementos que nos permitem o diálogo, a coexistência e até mesmo a colaboração. É certo que não podemos admitir o teor materialista dessas ideologias. Porém, há aspectos altamente positivos no interior desses sistemas que, se bem aplicados, poderão conduzir à libertação".
E concluiu: "Creio que há na América Latina uma vocação firme para a construção de um regime socialista, orientado pelo Evangelho" (apud "O Estado de São Paulo", de 29 de outubro de 1972).
Não pode ser batizado
Temos a salientar nessas declarações atribuídas ao Superior Geral da Ordem dos Frades Menores duas partes principais. Na primeira, procura ele proceder à amputação dos elementos julgados indesejáveis no marxismo, para com este manter diálogo, coexistência e até mesmo colaboração, — fazendo tábula rasa do que do lado de cá nos diz a Santa Igreja, pela voz de Pio XI, quanto a ser tal colaboração inadmissível, e, do lado de lá, do que adverte Lenine quanto à necessidade de manter íntegra a doutrina marxista, no âmago da qual se acha o materialismo histórico. A menos que nos queiramos enganar quanto às verdadeiras feições do marxismo, como separá-lo de sua concepção materialista da vida?
Na segunda parte de sua argumentação, alude o Revmo. Frei Constantino Koser à "libertação" a que podem conduzir os "aspectos altamente positivos" do "marxismo moderado", e mostra acreditar "que há na América Latina uma vocação firme para a construção de um regime socialista, orientado pelo Evangelho".
Ora, moderado que seja, e mesmo, para argumentar, admitindo-se que ele possa ser despido do materialismo histórico, o socialismo não pode ser batizado, há de ser sempre pagão, tanto assim que "socialismo religioso, socialismo cristão são termos contraditórios", como diz Pio XI na "Quadragesimo Anno". O socialismo é incompatível com o verdadeiro conceito de liberdade, mesmo porque "não pode ser concebido sem violência" (doc. cit.). E é em nome dessa verdadeira liberdade que a Igreja o condena. Realmente, é nota essencial do socialismo a negação de que haja direitos naturais anteriores ao Estado e dele independentes — base da doutrina social católica. E quando Pio XI fala em violência, não se trata apenas do combate à mão armada contra a propriedade e a iniciativa privada, como acontece nos países situados por detrás da cortina de ferro e de bambu, mas também do assalto por meio de leis e decretos ou por medidas administrativas e fiscais, como vemos no Chile de Frei e de Allende, ou onde quer que o socialismo assuma os disfarces ditos democráticos.
Por definição, o socialismo é sinônimo de totalitarismo, que de início pode em determinados casos ser parcial, mas tendendo sempre à radicalização, pois seu fim último é invariavelmente o mesmo. Não se trata, portanto, de uma questão de método na implantação do regime, mas da doutrina política e social revolucionária em si mesma considerada. Os métodos subversivos e violentos apenas agravam o mal. Mas pelos processos suasórios e "evolutivos", por meio de medidas parlamentares, administrativas e fiscais na aparência bem pacíficas, teremos da mesma forma a implantação do "reino legal da fraude e da violência", na incisiva frase de São Pio X (Carta Apostólica "Notre Charge Apostolique", de 25 de agosto de 1910, sobre os erros do Sillon).
Tênue esperança
Só uma tênue esperança nos alenta: a de que a entrevista do Revmo. Padre Geral haja sido horrivelmente deturpada e que ele tenha querido dizer justamente o contrário do que lhe foi atribuído. Hipótese, porém, difícil de ser aceita, porque não houve desmentido e à vista de todo o contexto da notícia, que confere ponto por ponto com o linguajar do Clero progressista. Devemos, assim, admitir, desolados e inconformados, que estamos diante de mais um triste sinal dos tempos.
160 participam da XV SEFAC
Reunindo 160 jovens de treze Estados, a TFP promoveu em São Paulo nos dias 1.o a 5 de novembro p. p. a XV SEFAC — Semana Especializada para a Formação Anticomunista.
Os participantes, na sua maioria estudantes secundários e universitários, acompanharam com grande interesse e entusiasmo o intenso programa de conferências, círculos de estudos, projeções de filmes e audiovisuais sobre questões da atualidade. Na sessão de encerramento, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira discorreu sobre o tema "A ação da TFP no mundo moderno".
Estiveram representadas as seguintes Unidades da Federação: Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Guanabara, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
FLAGRANTES DA MISSA PELAS VÍTIMAS DO COMUNISMO
Na escadaria da Catedral à saída da Missa, o Exmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer com autoridades e dirigentes da TFP.
A foto dá bem a ideia da multidão que acorreu à Catedral de São Paulo para assistir à Missa mandada celebrar pela TFP.
Grupo de representantes de nações subjugadas pelo comunismo.
Após a Missa, sócios e militantes da TFP foram em caminhada cívica até o oratório de N. S. da Conceição, vítima dos terroristas. Nas fotos, o desfile na Av. São João e na R. Martinico Prado.