"Gesta tua non laudantur"

(continuação da página 3)

Irmão, nunca absolutamente duvidamos desta tua excelente vontade, e nada mais desejamos do que, se algum cuidado por esta causa te angustia, o lances fora.

Nem só, porém. Na dita carta Nos expões teus obsequiosos sentimentos, te mostras prontíssimo a fazer tudo aquilo que por Nosso Cardeal Secretário de Estado, em carta de 18 de dezembro do ano passado, te foi significado por Nossa autoridade e ordens, perguntas a Nossa decisão sobre muitas coisas, pedindo humildemente que manifestemos qual a Nossa mente sobre tudo isto, para que possas plena e perfeitamente conhecer o caminho seguro que deves seguir no pôr em prática as Nossas disposições contidas na referida carta.

A este respeito, Venerável Irmão, julgamos dever significar-te que, não podendo as instruções que pediste serem executadas na condição em que agora estás, privado de liberdade de ação, seriam elas, senão inúteis, inoportunas ao menos nestas circunstâncias, pois para a exata execução delas se requereria teu trabalho e ação pessoal.

Entretanto, enquanto freme tão grande tempestade é necessário, venerável Irmão, que com oração assídua e ânimo cheio de confiança esperemos os tempos e os momentos que o Pai celeste pôs, em seu poder.

Nesta expectativa conforte-se o teu coração e conta com o Senhor que é nosso auxiliador e protetor, e não permitirá sejam afligidos em demasia os que nele põem sua esperança, nem poderá cerrar o ouvido às vozes de sua caríssima Esposa, que clama contra os que A têm angustiado.

Finalmente, pedindo para ti a plenitude de todas as graças e a abundância das consolações celestes, e ao mesmo tempo para o teu fiel rebanho a guarda e o auxílio do Príncipe dos Pastores, com muito amor no Senhor te damos a ti, a teu Clero e fiéis a Bênção Apostólica saída do íntimo do Nosso Coração.

Roma, do Vaticano, em 4 de março de 1874, 28.° ano de Nosso Pontificado.

Pius PP. IX".


Publicamos hoje nesta secção de orações a Sequência da Missa de Requiem, o "Dies Irae", em excelente tradução do Barão de Paranapiacaba (Santos, 1827 — Rio de Janeiro, 1915)

"DIES IRAE"

O dia de ira, aquele horrendo dia,
Cinza o mundo fará, como anuncia
De Davi co'a Sibila a profecia.

Oh! que terror! só de pensá-lo tremo!
Quando vier tomar o Juiz Supremo
Estreitas contas no Juízo extremo!

Tuba, espalhando extraordinário tono,
Os mortos a arrancar da cova ao sono,
A todos juntará perante o trono.

A natureza e a morte hão de assombrar-se,
Vendo o morto da campa levantar-se,
E ante o grande Juiz vir explicar-se.

Lendo-se um livro, em que estarão lançados
Os atos pelos homens praticados;
Por ele todos hão de ser julgados.

Ao sentar-Se no trono o Santo Vulto,
Será patente quanto houver de oculto
E nada poderá ficar inulto.

Que direi (ai de mim!), mísero, impuro,
Que patrono implorar em tanto apuro,
Se o justo apenas se há de crer seguro!

Grande Rei, de tremenda majestade,
Que salvas, grátis, cheio de bondade,
Salva-me, ó diva fonte de piedade!

Recorda-te que eu sou, Juiz piedoso,
Causa de teu martírio glorioso!
Não me deixes no dia temeroso!

Cansado de buscar-me, Te assentaste;
Remiste-me na cruz, onde expiraste;
Não seja em vão o quanto trabalhaste.

Justo Juiz, que punes o pecado,
Dá-me, Senhor, o ver-me perdoado
Antes do dia às contas destinado.

Qual réu, que ante a justiça comparece,
Eu gemo; a culpa as faces me enrubesce!
Perdoa a quem te faz humilde prece!

Tu, que a Maria indulto concedeste,
E ao ladrão sobre o Gálgota atendeste,
De esperança também minh'alma encheste.

Que os rogos meus escutes não mereço;
Mas Tu, que és bom, Senhor, dá-lhes apreço,
Senão nas chamas infernais pereço.

Do impuro capro o servo teu preserva,
Lugar entre as ovelhas lhe reserva,
E à tua destra o mísero conserva.

Quando os malditos forem repelidos,
E no fogo perene comburidos,
Põe-me ao lado, Senhor, dos escolhidos.

Rogo-Te suplicante, humilde, aflito,
E como em cinza o coração contrito,
Que não me julgues, afinal, precito.

Nesse dia de pranto e de amargura,
Em que surgir do pó da sepultura,
Para julgada ser a criatura,

Poupa-me, ó Deus! apague a tua graça,
Pio Jesus! de meu pecado a jaça!
Concede-me descanso. Assim se faça.


Em Porto das Caixas, Estado do Rio

O CRUCIFIXO QUE SANGROU

Flávio Braga

O milagre aconteceu na igreja matriz da Imaculada Conceição da pequena cidade de Porto das Caixas, perto de Niterói, no Estado do Rio. Era o dia 26 de janeiro de 1968, o segundo de um tríduo de orações pela santificação do Clero e incremento das verdadeiras vocações sacerdotais.

As cerimônias do tríduo, que tinham começado pontualmente às 20 horas, estavam pela metade, quando algumas paroquianas notaram que o piedoso crucifixo em estilo barroco, que ocupa a parte central do altar-mor, passara a tomar uma coloração muito viva.

Terminadas as orações, o Vigário incumbiu um coroinha de fazer uma verificação, de perto, a respeito do alarme dado pelas piedosas senhoras.

O garoto pôde constatar, então, que gotas vermelhas escorriam pelos pés da imagem, descendo da chaga do lado e dos joelhos. Ele tocou no estranho líquido e um grito saiu-lhe vibrante da garganta: "O crucifixo está sangrando!"

Estabeleceu-se uma discussão entre os assistentes: de um lado, o Vigário julgava que a pintura vermelha das chagas se havia liquefeito, enquanto outras pessoas logo creram que se tratava de sangue verdadeiro.

* * *

Cerca das 22 horas, com a igreja lotada por uma multidão de fiéis, confirma-se o milagre portentoso, que havia começado pouco antes: durante duas horas seguidas, o crucifixo verteu abundante sangue de todas as chagas, sob os olhares contritos e maravilhados de quantos se encontravam na pequena igreja de Porto das Caixas.

Depois tudo cessa. À meia noite o Vigário constata que não restam senão placas de sangue coagulado em toda a imagem e sobre uma toalha colocada aos pés do Divino Crucificado.

* * *

O Exmo. Revmo. Sr. Arcebispo Metropolitano de Niterói, D. Antonio de Moraes Junior, ordenou que fossem realizados exames do liquido recolhido da imagem. Assim foi que três laboratórios diferentes, desconhecendo a origem do material, atestaram tratar-se de sangue humano! O Sr. Arcebispo chegou, desse modo, à conclusão de que não podia tratar-se de uma fraude, autorizando então o culto ao crucifixo milagroso.

Desde esta época, a pequena cidade fluminense assiste a um contínuo passar de peregrinos que, contritos, vão-se ajoelhar aos pés da imagem que verteu sangue.

* * *

Há quase dois mil anos o sangue de Jesus foi derramado no Gólgota pela remissão de nossos pecados e hoje, quando crucifixos vertem sangue verdadeiro, o que pode significar senão que há almas — e em não pequeno número — que recusam beneficiar-se da Paixão e Morte do Salvador da humanidade? Especialmente, há almas que, tendo sido consagradas ao Redentor, maculam sua missão. Pois, convém lembrar, as chagas do Crucificado verteram sangue em Porto das Caixas exatamente num tríduo de orações especiais pela santificação do Clero. (ABIM — Agência Boa Imprensa).


ESCREVEM OS LEITORES

Sr. Pierre Joseph Auge, Campos: "Je donne mon appui, à ceux qui ont le courage de prevenir, de parler et d'agir — pour la plus grande gloire de Dieu".

Dona Alina da Costa, Rio de Janeiro (GB) : "Gosto muito do CATOLICISMO porque é cem por cento verdadeiro. Espero que continue sempre assim. Infelizmente muita coisa começa bem, a gente confia, e depois!... Os senhores sabem".

Deputado Abel Rafael Pinto, Brasília (DF) : "Minhas sugestões a respeito de CATOLICISMO: 1 — Renascer as "Virtudes esquecidas"; 2 — Os assuntos do Chile não merecem edição especial. Nosso espaço deve ser reservado para os assuntos internos, que são muitos e exigem orientação. O Chile deve ser considerado, mas uma página chega".

Da. Teresa Sousa Nogueira, Fortaleza (CE) : "[CATOLICISMO], é um jornal excelente. É uma centelha viva na alerta contra os invasores, subvertedores da verdade, dentro do que diz respeito à Religião, à família e à Pátria, em todo o mundo. No que concerne ao caso da vida e da política no Chile, foi de uma antevisão extraordinária".

Da. Maria Teresa Nolasco Nascimento, Niterói (RJ) : "CATOLICISMO tem sido um incentivo à nossa esperança na preservação da verdadeira Fé Católica.

Sugestão a respeito do CATOLICISMO: que o quadro "Virtudes esquecidas" esteja presente em todos os números de CATOLICISMO".

Sr. Raimundo da Costa Machado, Oeiras (PI) : "Respeitosas saudações e votos a Deus pela continuidade triunfal de vossa missão, neste ano da Graça de 1974.

[...] Recebi pontualmente todos os números até setembro do ano recém-findo. Mas ainda não chegaram a minhas mãos os referentes a outubro, novembro e dezembro. Já tenho, entretanto, os brilhantes artigos do grande Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, transcritos da "Folha de São Paulo" e que me têm vindo, graças a generosa distribuição feita por esse benemérito CATOLICISMO.

[...] Gostaria de continuar recebendo tais inspirados trabalhos.

[...] Sirvo-me da oportunidade para vos agradecer os momentos de legítimo prazer espiritual que me proporciona a leitura de CATOLICISMO e de seus idôneos, eruditos e seletos Colaboradores".


Correspondendo este nosso número à celebração da Semana Santa, apresentamos excertos deste notável sermão sobre os Passos de Nosso Senhor, de um dos maiores oradores sacros brasileiros, Monte Alverne.

Frei Francisco de Monte Alverne nasceu no Rio de Janeiro em 1784 e tomou o hábito franciscano no Convento de Santo Antônio daquela cidade em 1801. Ocupou altos cargos na Ordem e, em 1816, foi nomeado Pregador Régio. Orador de rara eloquência, seus sermões atraíam sempre numerosa concorrência. Em 1836 ficou cego e abandonou o púlpito. Viveu recolhido em sua cela durante dezoito anos, até que, em 1854, o Imperador Pedro II o convidou para pregar na festa de São Pedro de Alcântara, na Capela Imperial. Deixou publicados numerosos Sermões, Orações Fúnebres, Discursos e um compêndio de Filosofia. Morreu no Rio de Janeiro em 1858.

O império e o poder foram postos sobre os seus ombros

Quando eu me proponho sondar o mais profundo de todos os mistérios; quando apareço diante de vós para traçar o quadro de um Deus revestido de forma de pecador, oferecendo-Se em holocausto pelos crimes de todas as gerações, e lançado no meio da terra como o último dos seres criados; quando eu tenho de apresentar de rastros aos pés do homem Aquele, que coberto de nossa miséria, não Se tinha despojado de sua divindade; quando venho renovar a lembrança do Filho do Homem conduzindo sobre seus ombros o patíbulo infame, em que devia expirar; conquistando o universo com o opróbrio de sua Paixão; envergonhando a sabedoria do século; erguendo sobre as ruínas de todos os cultos em testemunho de sua vitória o instrumento fatal, destinado a infamar seu nome, e suas ações famosas; salvando o homem no mesmo lenho de que partira a desobediência, e a desgraça; não posso deixar de convidar-vos a admirar com o Apóstolo esta loucura da Cruz anunciada aos reis, e aos filósofos, enobrecida com os mais espantosos portentos, defendida com o sangue dos mártires, confessada sobre as fogueiras, vitoriosas da força, e da violência; e acreditada em todo o mundo a despeito do orgulho dos romanos, e da política dos gregos (1).

*

Desamparado de seu Pai celeste, traído por seus mesmos discípulos, não encontrando entre aqueles, a quem dera a vida, e a saúde, um só, que advogasse sua causa; insultado, proscrito e blasfemado pelos reis, os grandes, e o senado de sua nação, Jesus Cristo é arrastado ao tribunal do governador da Judéia (2). O Filho do Homem sentia acender-se cada vez mais os fogos da caridade, que O abrasavam, à medida que se avizinhava o instante da execução. Sua alma se impacientava com os aprestos, que retardavam este batismo de sangue de que falava a seus discípulos com tanto entusiasmo. Seus inimigos pedindo sua morte não sabiam que lisonjeavam seus desejos, e apressavam seu triunfo. Convinha — diz São Paulo — que Jesus Cristo morresse, a fim de que o Novo Testamento, que Ele fizera em nosso favor, se confirmasse com seu sangue (3). Uma morte comum não bastava; era necessário que sua morte fosse trágica; era mister que todo o seu sangue fosse entornado, e suas veias esgotadas, a fim de que Ele nos pudesse dizer: — Este sangue, que vós vedes hoje derramado em remissão dos pecados, é o sangue do Novo Testamento, que se fez imutável por minha morte cruel, e vergonhosa (4).

Suspenderam-se os hinos triunfais, que ressoavam nas abóbadas celestes. Os anjos esperavam em silêncio o resultado desta luta, que devia realizar a mais espantosa revolução. A morte, e o pecado, o mundo, e o inferno davam-se os golpes mais decisivos. O cálice do furor, e da ira do Senhor devia ser completamente esgotado. Jesus Cristo é condenado à morte... (5). Humanidade, eu te saúdo! Estão quebrados teus grilhões! Recebe, ó nova Igreja, as homenagens da terra! Um só momento, e Tu serás vista sentada sobre os destroços da Sinagoga, e da idolatria; um só momento, e as nações aparecerão prostradas diante do lenho misterioso a quem devem sua liberdade e sua exaltação.

Carregado de sua cruz, atropelado de seus algozes, Jesus Cristo arrasta-Se com dificuldade: cada um de seus passos é uma queda. A morte está pintada em seu rosto. Sua cabeça está coroada d'um diadema de dor; seus cabelos estão envoltos em sangue. Coberto de feridas, retalhado com açoites, atado com grossas cordas, cercado da guarda romana, o filho de tantos Reis, e tantos Patriarcas, o homem de milagres, o benfeitor de Israel caminha para o lugar de seu suplício.

Que espetáculo, o Filho unigênito de Deus, inocente, sem mancha, separado dos pecadores, e mais alto que os Céus (6), levando em seus ombros seu infame patíbulo! Que ignomínia aos olhos da impiedade — exclama Santo Agostinho — mas que mistério tão sublime aos olhos da fé, e da piedade! Sim, continua o mesmo Padre, se a impiedade zomba de um Rei, que em lugar das insígnias do seu poder, e dos emblemas de sua realeza, conduz sobre seus ombros o lenho vergonhoso, em que deve ser justiçado; a fé, e a piedade reconhecem este Rei de majestade, que carrega Ele mesmo a cruz, que deve ser um dia colocada sobre a testa dos Reis, e dos Imperadores, sinal funesto às paixões, e aos poderes deste mundo; e que cobrirá de glória, e magnificência esses homens chamados para colher suas palmas, e suas coroas junto à Cruz do Salvador.

Cumpriu-se a letra de Isaías: — A condecoração, que significava seu império, foi posta sobre seu ombro: Et factus est principatus super humerum ejus (7). Com efeito — diz São Cirilo — Jesus Cristo deixou ver sobre seu ombro a condecoração gloriosa do seu império, e seu principado sobre as nações, quando cheio de resignação, e humildade carregou Ele mesmo sua cruz. Era bem digna, continua o grande Patriarca de Alexandria, era bem digna de significar seu principado essa cruz pela qual o inferno foi vencido, e o mundo chamado ao conhecimento, e à graça de Jesus Cristo. Declarai às nações — dizia o Profeta — declarai às nações, que o Todo-Poderoso dilatou sua dominação com o poder de sua cruz: Dicite in nationibus, guia Dominus regnavit a ligno (8). Quebrou-se o cetro, e arruinou-se o império do príncipe deste mundo. Ele, que julgava arrastar Jesus Cristo ao suplício como seu cativo, foi arrastado ele mesmo em triunfo, ligado ao carro da Cruz, como assegura São Paulo (9). Esta cruz, de que o tirano deste século esperava fazer o troféu de suas armas com a destruição do pecado, que constitui toda a sua força, foi esmagado dos pés do Reparador à face do universo. Esta cruz com que ele queria oprimir o homem, e em que pretendia pregar o gênero humano para o assassinar. Jesus Cristo, foi o instrumento vitorioso, que aniquilou seu poder, e aumentou seu suplício; foi o tribunal, em que foi riscada a sentença de nossa reprovação; a árvore da vida, em que a morte foi exterminada; o altar da expiação, em que nosso crime foi apagado com o sangue do Cordeiro sem mancha.

Não diga mais o homem, que o Redentor do mundo podia traçar o plano de nossa justificação, sem expor-Se a tão duros sofrimentos — exclama São Bernardo. — Sem dúvida, assim o podia realizar. Mas Jesus Cristo suportou os trabalhos mais difíceis para obrigar o homem a amá-Lo com mais fervor, a fim de que a dificuldade da redenção o fizesse tão reconhecido para com o seu Redentor, como a facilidade de sua criação o tornara ingrato, e insensível para com o Deus, que o extraíra do nada.

*

Apesar de nossas iniquidades, ó Deus, nós somos vossos filhos. Vós nos abatestes a tamanha humilhação, a fim de levantar-nos por vossa Cruz a um estado de perfeição digna de Vós. Sofrei que Vos digamos como uma pecadora célebre pelo estrondo de sua penitência: - Qui plasmasti me, miserere mei: Vós nos criastes, Vós amassastes com as vossas mãos o barro, de que somos formados, olhai-nos pois com piedade. Temos desfigurado o primor de vossa onipotência; já não somos o mesmo. Contudo nós sabemos que se Vós sois bastante poderoso para castigar-nos, não duvidamos também, que tendes bastante bondade para dissimular os nossos pecados. Se Vós quisésseis perder-nos, bastava que Vos tivésseis conservado no seio de vossa glória; mas Vós deixastes o esplendor de vosso Pai eterno, trocastes o assento de vossa magnificência pelo opróbrio da cruz, para ostentar não o vosso rigor, porém a vossa misericórdia. Derramai sobre nós esta misericórdia: esquecei o vosso rigor. Vós dissestes em outro tempo, que reinaríeis sobre os pecadores com todo o aparato de vossa justiça: In brachio extento, et in furore effuso regnabo super vos (10). Hoje esses mesmos braços estão amortecidos, e abraçados com a Cruz, em que nos viestes salvar. Estendei sobre nós esses braços; e reinai sobre nós pela efusão do vosso amor: In brachio extento regnabo super vos. Seja vossa cruz a segurança de nossa paz, seja vosso sangue o penhor de nossa eterna felicidade.

NOTAS: 1) 1 Cor. 1, 23, 24. 2) Mat. 27, 2. 3) Marc. 10, 38. 4) Mat. 26, 28. 5) Mat. 27, 36. 6) Hebr. 7, 26. 7) Isai. 9, 26. 8) Sl. 95, 10. 9) Coloss. 3, 15. 10) Ezeq. 20, 33.