A VELHA EUROPA, UM CONTINENTE DE ANÕES POLÍTICOS

Homero Barradas

Com o embargo petrolífero árabe às nações ocidentais, tornou-se nua e crua a verdade de que a Europa transformou-se num continente deserto de líderes. Ao menor aceno de Faiçal, cujo braço é movido pelos russos por baixo das dobras de seu farto manto, quase todos os dirigentes europeus prostraram-se em direção a Meca, como qualquer beduíno o faz umas tantas vezes por dia.

A humildade dos dirigentes políticos foi acompanhada, em geral, por todas as lideranças sociais. Não provocou reação maior, de que se tenha tido notícia, por parte de expoentes intelectuais, militares, autoridades eclesiásticas ou empresários. Eles vêm há tantos anos se dobrando ante os mitos esquerdistas, que agora lhes foi muito natural dobrar-se, até o chão, ante uma chantagem esquerdista, encenada com a colaboração dos reis e emires do petróleo.

Vem a propósito uma pergunta: serão, esses dirigentes europeus, verdadeiros líderes?

* * *

Às nações europeias caberia hoje um papel de liderança no mundo. Foram elas que, recebendo a Fé católica, fizeram desta o fundamento de uma nova civilização, a qual foram desenvolvendo à sombra da Igreja. Foram elas que levaram a Fé e a civilização aos mais remotos lugares da terra, alargando, assim, consideravelmente, os limites da pequena Cristandade medieval. Nada seria mais natural do que ocuparem hoje um lugar de liderança, ao lado do vigor jovem dos países que nasceram à sua sombra e que são um prolongamento dela nos outros continentes.

Mas foram essas mesmas nações europeias que engendraram no seio da civilização cristã o monstro da Revolução gnóstica. Hoje, estão colhendo os frutos. A Revolução campeia desenfreada pela terra, chegando aos piores extremos do materialismo. Consequentemente, a influência no mundo de hoje não cabe mais ao que tem maior experiência, mais tradição, costumes mais refinados, mas ao que tem maior força bruta, mais astúcia e mais dinheiro. Daí a Europa não encontrar seu lugar no mundo hodierno.

* * *

Depois da segunda Guerra Mundial, os norte-americanos derramaram dinheiro sobre o Velho Continente, através do Plano Marshall, com a finalidade de evitar novos desastres como o da República de Weimar, e o surgimento de novos mistificadores, como Hitler. Mas não era de dinheiro que a Europa estava necessitada. Era de Fé.

Agora se torna evidente a falência do Plano Marshall. O desenvolvimento, a indústria, o turismo, a riqueza não curaram as feridas da Europa. Ela toda, hoje, é uma imensa República de Weimar e os Estados Unidos estão prontos a capitular, como a Inglaterra e a França em Munique, e a assinar acordos com todos os tiranos,

Ainda há pouco, um jornal português dizia em editorial: "O declínio do nosso velho continente é irreversível; ou será que ainda podemos — à beira de um abismo a que nos conduziram as abdicações fáceis e as atitudes desonestamente demagógicas de nossos governantes — encetar o penoso caminho do regresso ao bom senso? Não vale a pena criar mais "realidades" mitológicas! A Europa é um continente de anões políticos que nada e ninguém poderá salvar do desastre".

Os verdadeiros líderes europeus foram aqueles que guiaram seus povos no caminho da vocação que Deus lhes deu. E a vocação da Europa é inquestionavelmente a civilização cristã. Verdadeiros líderes foram Carlos Magno, São Gregório VII, Godofredo de Bouillon, São Luís IX, São Fernando de Castela, São Pio V... É até penoso pensar nesses gigantes, quando se tem à frente os "anões políticos" de que falava o jornal lusitano.

* * *

Mesmo em meio às crises da civilização cristã — quando a Europa já se laicizara e se liberalizara — houve líderes que, se não em virtude da fé, ao menos em virtude de seu patriotismo e de sua formação tradicional, souberam desempenhar o papel que lhes cabia, no momento necessário.

Churchill foi um deles. Graças à sua tenacidade, num dos momentos mais difíceis da história de sua pátria, ele soube infundir confiança e combatividade em seu povo e, assim, salvar todo o mundo da diabólica tirania hitlerista. Como ele mesmo disse, "nunca tantos deveram tanto a tão poucos". Em novembro passado, a Inglaterra inaugurou um monumento em sua memória, com 6 metros de altura, mas não encontrou outro filho, com estatura suficiente para tirar a nação da crise presente, talvez mais grave do que a de 1940.

Na Europa do após guerra, a democracia-cristã e o socialismo, ora fingindo brigar, ora de mãos dadas, à custa de tantos malabarismos, de tantas capitulações, de tantas traições, vão tratando de exterminar a estirpe de homens verticais e altaneiros, de que a história de suas nações é rica. Substituem-nos pelos pigmeus que conhecemos, prontos ao salam aleik fatídico ante Moscou e Pequim, e suas marionetes do deserto.


DIPLOMATA VIETNAMITA VISITA A TFP

Esteve em visita à TFP em São Paulo, nos dias 16 e 17 de março último, o Sr. Nguyen Huu Chi, Embaixador do Vietnã do Sul na ONU, que veio ao Brasil integrando a delegação de seu país à posse do Presidente Ernesto Geisel.

Na noite de 16, sábado, o diplomata sul-vietnamita proferiu conferência para os sócios e militantes da TFP no auditório do Othon Palace Hotel (ver notícia em outro local desta edição).

No domingo, os dirigentes da TFP ofereceram ao Sr. Nguyen Huu Chi um almoço no Hotel Eldorado. Em seguida, o Embaixador visitou a sede do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, na Rua Maranhão, acompanhado pelo Prof. Plínio Corrêa de Oliveira e demais membros do referido Conselho.

Percorrendo demoradamente as dependências do amplo imóvel, o ilustre visitante mostrou-se impressionado com a decoração, que conjuga harmoniosamente elementos da mais genuína tradição brasileira com outros da cultura francesa e europeia em geral. Na ocasião, o diplomata manteve contato cordial com jovens colaboradores da entidade. Depois, visitou outras sedes da TFP, dedicando especial atenção às instalações do Secretariado do Conselho Nacional e às do Serviço de Imprensa.

Na despedida, o Embaixador Nguyen Huu Chi exprimiu a sua admiração pela pujança e organização do movimento e pelo entusiasmo e dedicação que notou em todos os sócios e militantes com quem teve contato.


Verdades esquecidas

A Igreja deve não só ensinar a verdade, mas também denunciar o erro

PIO PP. XI

O primeiro dom de amor do Sacerdote ao seu meio, e que se impõe da maneira mais evidente, é o dom de servir à verdade, à verdade inteira, e desmascarar e refutar o erro sob qualquer forma, máscara ou disfarce com que se apresente. — [Encíclica "Mit Brennender Sorge", de 14 de março de 1937 — sobre os erros, do nacional-socialismo — "Acta Apostolicae Sedis", vol. XXIX, p. 163].

PIO PP. XII

A Igreja, sempre transbordante de caridade e de bondade para com os desgarrados, mas fiel à palavra de seu Divino Fundador que declarou: "Quem não está coMigo, está contra Mim" (Mat. 12, 30), não pode faltar a seu dever de denunciar o erro e de arrancar a máscara aos semeadores de mentiras. — [Radiomensagem do Natal de 1947 — "Discorsi e Radiomessagi", vol. IX, p. 393].


TFP REJUBILA-SE E ORA NO 10° ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE MARÇO

Manifestando seu júbilo pelo transcurso do décimo aniversário da Revolução de 64, no dia 31 de março a TFP hasteou em todas as suas sedes o estandarte social e promoveu vigília de preces no oratório instalado em sua sede da Rua Martim Francisco, n.o 665, em São Paulo, que guarda a imagem de Nossa Senhora danificada por uma bomba terrorista. Antes de cada turno de orações, os sócios e militantes recitaram o "Magnificat".

Eis a íntegra do comunicado que o Serviço de Imprensa da TFP distribuiu na data comemorativa da Revolução:

"A TFP assinala com alegria o transcurso do décimo aniversário da Revolução de 64.

O perigo que ameaçava a Pátria há dez anos atrás foi o maior registrado em sua História. De um lado, a vitória da subversão acarretaria o virtual desaparecimento da soberania nacional. De outro lado, conferindo ao progressismo redobrados meios de influência e ação, expunha à deterioração a genuína Fé Católica.

Assim, a TFP rende graças a Nossa Senhora Aparecida pela proteção que dispensou ao povo brasileiro naquela grave emergência. E exprime seu reconhecimento aos brasileiros valorosos que, pelo pensamento, pelo exemplo, ou pela ação, contribuíram para a vitória de 64, bem como em prol da manutenção de frutos dela ao longo deste decênio.

Especialmente, a TFP recorda com emoção os que tombaram na luta, sacrificando generosamente suas vidas em defesa da civilização e do Brasil.

Alegrando-se por ter concorrido por sua ação ideológica para a criação do clima de vigilância patriótica e cristã do qual resultou a gloriosa Revolução, a TFP hasteará o estandarte social em todas as suas sedes no dia de hoje. E junto ao oratório que guarda a imagem de Nossa Senhora danificada por bomba terrorista, os sócios e militantes, que se revezarão em vigília de oração, começarão os respectivos turnos recitando o "Magnificat". As orações serão feitas especialmente para que Nossa Senhora preserve e incremente a civilização cristã em nossa Pátria e conceda a esta, segurança, bem estar e grandeza sob o signo da Santa Cruz".


Novos Diretores

Em assembleia geral ordinária realizada em 15 de março p.p., os sócios-fundadores da TFP elegeram novos dirigentes da entidade, para o biênio que se iniciaria no dia seguinte. A mesa do Conselho Nacional ficou assim constituída: Presidente, Prof. Plinio Corrêa de Oliveira; Vice-Presidente, Prof. Fernando Furquim de Almeida; Secretário, Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho (o CN tem como membros natos todos os sócios-fundadores). Para a Diretoria Administrativa e Financeira Nacional foram escolhidos: Superintendente, Sr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira; Vice-Superintendente, Sr. José Carlos Castilho de Andrade; Vogais, Srs. Adolpho Lindenberg, Caio Vidigal Xavier da Silveira, Eduardo de Barros Brotero, Luiz Nazareno de Assumpção Filho e Marcos Ribeiro Dantas.

Legenda:
- O Embaixador Nguyen Huu Chi visita a sede do Conselho Nacional da TFP acompanhado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
- Estátua de Sir Winston Churchill, diante do Parlamento de Londres, inaugurada recentemente com a presença da Rainha Elizabeth II (foto AFP, especial para "Catolicismo")