Com um banquete no restaurante Ca' D'Oro e uma sessão pública solene no auditório do Othon Palace Hotel, em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade homenageou S. Excia. Revma. o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, pelo seu 70.° aniversário, transcorrido no dia 20 de junho p.p.
À sua chegada à capital paulista, no dia 17, o Exmo. Sr. Bispo foi recebido na Estação Rodoviária por todo o Conselho Nacional da entidade e por centenas de sócios e militantes, além de numerosos amigos e admiradores.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enalteceu, no banquete, a atuação pública desenvolvida pelo ilustre Prelado e os laços de íntima amizade que o unem à TFP.
Na sessão solene — durante a qual S. Excia. Revma. foi condecorado pelo Governo Polonês no Exílio, com sede em Londres — estavam presentes os sócios e militantes da TFP paulista, representantes das Secções e Núcleos de diversos Estados brasileiros, membros das TFPs argentina, chilena, equatoriana, uruguaia e norte-americana, bem como delegações das colônias das seguintes nações subjugadas pelo comunismo: Albânia, Bielo-Rússia, Hungria, Polônia, Rumânia, Tcheco-Eslováquia e Ucrânia.
O Coro São Pio X, da TFP, entoou vários motetes, e uma senhora da colônia tcheca entregou ao Sr. Bispo de Campos uma "corbeille" de flores.
O primeiro orador da sessão foi o Coronel-Aviador Tomasz Rzyski, Ministro de Assuntos Sociais do Governo Polonês no Exílio, que analisou a dramática situação dos católicos atrás da Cortina de Ferro. Ao conferir a Cruz de Oficial da Ordem da Polônia Restituta ao Exmo. Sr. Bispo, afirmou que este a merecera por sua luta contra o comunismo e em prol da libertação da Polônia e de todos os povos subjugados.
Instituída em 1921, após a vitória do Marechal Pilsudski sobre o exército soviético, a qual permitiu a restauração do Estado polonês, essa condecoração atualmente é concedida às personalidades que, em todo o mundo, se distinguem no combate ao comunismo.
Discursando depois, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira assinalou todo o afeto e respeito que a grande família de almas da TFP vota à pessoa de D. Mayer, elevado à dignidade de sucessor dos Apóstolos pelo Papa Pio XII, e que se tornou, pelos méritos de seus feitos e de sua fidelidade, um dos Bispos mais insignes da Igreja em nossos dias.
Sobre a homenagem do Governo Polonês no Exílio, disse que a condecoração "em forma de cruz" constituía "uma cruz colocada junto a outras cruzes sobre esse peito que tem beneficiado tantas almas, que tem enfrentado tantos riscos, e contra o qual se têm quebrado tantas ondas". O Presidente do Conselho Nacional da TFP ressaltou o simbolismo da condecoração recebida de um governo que lembra tristeza, dor, exílio, e representa o ideal grandioso da Polônia católica: "É uma luta que condecora outra luta. É uma analogia, uma afinidade de ideais que se osculam neste momento".
Falou também o Sr. Cosme Beccar Varela Hijo, Presidente da TFP argentina, que felicitou o Governo Polonês no Exílio por sua sábia resolução de condecorar o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, "Pastor que dá a vida por suas ovelhas, cuja voz excede os limites de sua Diocese e brilha no mundo inteiro, através de suas famosas Pastorais, a última das quais, sobre os Cursilhos de Cristandade, de tanta ressonância e tão vitoriosa!" "A posição enérgica do Bispo de Campos, que alenta tantos dos que combatem o bom combate no Ocidente, certamente conforta o ânimo dos que, na querida Polônia, resistem e esperam a hora gloriosa da restauração que certamente virá", finalizou.
O Sr. Bispo de Campos, profundamente comovido, agradeceu as manifestações dos oradores, e enalteceu o heroísmo do povo polonês, sempre fiel à Igreja Católica ao longo dos séculos. Particularmente grato pela condecoração — "homenagem de um povo mártir, que persevera ainda durante estes dias de provação" — acrescentou S. Excia. Revma.: "A energia do martírio é penhor seguro de uma ressurreição, nesta vida, para a Polônia, enquanto nação, e para os indivíduos, o de uma glória imperecível na eternidade".
O ilustre homenageado concluiu ressaltando os profundos vínculos de amizade que o ligam tanto à figura ímpar do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira — líder que se distingue por sua profunda fé e sua fidelidade à Igreja Católica — quanto a esta admirável e valorosa família de almas, constituída pelas TFPs dos diversos países.
O Sr. Bispo de Campos foi calorosamente aplaudido pelos presentes, e o Coro São Pio X encerrou a cerimônia entoando o "Magnificat", em ação de graças pelos anos de vida tão fecundos em obras e em dedicação à Santa Igreja, do Sr. D. Antonio de Castro Mayer.
Na Estação Rodoviária de S. Paulo, calorosa recepção a D. Mayer
Pela sua admirável atuação contra o comunismo, o Exmo. Revmo. Sr. D. Antonio de Castro Mayer foi condecorado pelo Governo Polonês no exílio: “uma luta que condecora outra luta...”
"O crepúsculo artificial do Chile Católico" é o título de um livro de 206 páginas, lançado na Itália pela Editora "Cristianità". O volume contém uma coletânea de artigos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, comentando as principais passagens do processo de degradação econômica, social, civil, moral e religiosa do Chile católico, durante o governo de Eduardo Frei e sob o regime de Salvador Allende.
Aparecem também na obra três manifestos e uma carta da TFP chilena, nos quais são recordados, com responsabilidade e firmeza, os princípios da ordem social natural e cristã.
O país para o qual a "parábola chilena" mais serviria era a Itália, onde os grupos socialistas trabalham ardorosamente para a promoção de uma "revolução na liberdade".
Por essa razão, os acontecimentos andinos tiveram uma profunda repercussão naquele país europeu. Quando da queda de Allende, os promotores da "revolução na liberdade" manifestaram sua indignação, difamando o Chile. Os que, pelo contrário, veem o problema com clareza, empenharam-se em mostrar a realidade. Participando desse esforço, a importante organização "Alleanza Cattólica", dirigida pelo brilhante líder católico Giovanni Cantoni, editou a coletânea intitulada Crepuscolo Artificiale del Cile Cattolico".
A municipalidade de São Paulo homenageou a memória de nosso colaborador e membro do Conselho Nacional da TFP, Eng.° José de Azeredo Santos, dando o seu nome a uma rua do Subdistrito do Limão, naquela Capital. O decreto correspondente foi assinado pelo Prefeito Miguel Colasuonno em data de 31 de maio p.p.
A esse propósito, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, enviou o seguinte telegrama ao Chefe do Executivo paulistano:
"Congratulo-me cordialmente com V. Excia. pela homenagem prestada à memória do Eng.o José de Azeredo Santos, um dos fundadores e diretores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Dando o nome dele a uma rua de nossa cidade, V. Excia. prestou merecido preito ao exímio profissional que com tanta inteligência e dedicação trabalhou por ela".
PADRE MANOEL BERNARDES
Da "Luz e Calor":
Se alguém não crê em qualquer artigo ou ponto de nossa Santa Fé Católica, ou advertidamente duvida de ser verdade, assentando em que é coisa que pode ser não ser assim: neste caso a fé com que crê os outros pontos ou artigos, não é verdadeira e sobrenatural, senão uma sombra e semelhança dela: porque por aquela infidelidade se lhe destruiu a Fé Divina; e é claro que, se crera nos mais artigos pelo motivo que deve crer (que é a veracidade de Deus, e a sua revelação declarada pela autoridade da Igreja), esse mesmo motivo o obrigara a crer todos inteiramente: pois Deus, que revelou uns, revelou também outros; e a Igreja que ensina aqueles, ensina também estes. Por onde o herege que confessa a Deus Trino e Uno, porém nega a presença real de Cristo na Eucaristia, de nenhum destes pontos tem fé verdadeira; porque (como em semelhante caso disse São Jerônimo) no primeiro ponto fez do Evangelho de Cristo, evangelho de homem; no segundo fez do Evangelho de Cristo, evangelho do demônio (In cap. 1 ad Galat. v. 11). Esta é (diz gravemente Arnóbio) a nobreza, a excelência da Fé Católica, cuja luz se parece com a dos olhos: se picamos estes, ainda que não seja mais que com a ponta de uma agulha em qualquer parte deles, toda sua luz se turba, e ficamos às escuras. Se ofendemos a fé, ainda que seja em um só ponto, e com uma só dúvida consentida com advertência, toda sua luz se perde, e ficamos nas trevas da infidelidade. — ["Luz e Calor", I Parte, Doutrina IV, § I, Tipografia Porto Médico Ltda., Porto, 5.a edição, 1927, pp. 73-74].